quinta-feira, 3 de abril de 2014

Audiência do Papa Francisco sobre o Matrimónio

Quando um homem e uma mulher celebram o sacramento do Matrimónio, Deus, por assim dizer, «espelha-se» neles, imprime neles os seus lineamentos e o carácter indelével do seu amor. O matrimónio é o ícone do amor de Deus por nós. Com efeito, também Deus é comunhão: as três Pessoas do Pai, Filho e Espírito Santo vivem desde sempre e para sempre em unidade perfeita. É precisamente nisto que consiste o mistério do Matrimónio: dos dois esposos Deus faz uma só existência. A Bíblia usa uma expressão forte e diz «uma só carne», tão íntima é a união entre o homem e a mulher no matrimónio! 

Eis precisamente o mistério do matrimónio: o amor de Deus reflecte-se no casal que decide viver junto. Por isso, o homem deixa a sua casa, a casa dos seus pais, e vai viver com a sua mulher, unindo-se tão fortemente a ela que os dois se tornam — reza a Bíblia — uma só carne. (...)

No sacramento do Matrimónio há um desígnio deveras maravilhoso! E realiza-se na simplicidade e até na fragilidade da condição humana. Bem sabemos quantas dificuldades e provas enfrenta a vida de dois esposos... O importante é manter viva a união com Deus, que está na base do vínculo conjugal. E verdadeira unidade é sempre com o Senhor. Quando a família reza, o vínculo mantém-se. Quando o esposo reza pela esposa, e a esposa ora pelo esposo, aquela união revigora-se; um reza pelo outro. 

É verdade que na vida matrimonial existem muitas dificuldades, muitas; que o trabalho, que o dinheiro não é suficiente, que os filhos enfrentam problemas. Tantas dificuldades! E muitas vezes o marido e a esposa tornam-se um pouco nervosos e brigam entre si. Discutem, é assim, sempre se alterca no matrimónio, e às vezes até voam pratos! Mas não devem entristecer-se por isso, pois a condição humana é mesmo assim! E o segredo é que o amor é mais forte do que o momento do litígio, e é por isso que eu aconselho sempre aos cônjuges: não deixeis que termine o dia em que discutistes, sem fazer as pazes. Sempre! E para fazer as pazes não é necessário chamar as Nações Unidas, que venham a casa para instaurar a paz. É suficiente um pequeno gesto, uma carícia... E até amanhã! E amanhã tudo recomeça! Esta é a vida. É preciso levá-la adiante assim, levá-la em frente com a coragem de querer vivê-la juntos. E isto é grandioso, é bonito! 

A vida matrimonial é realmente bela, e devemos preservá-la sempre, cuidando dos filhos. Outras vezes eu já disse nesta Praça algo que contribui muito para a vida matrimonial. Trata-se de três palavras que é necessário pronunciar sempre, três palavras que devem existir sempre em casa: com licença, obrigado, desculpa. Eis as três palavras mágicas. Com licença: para não se intrometer na vida dos cônjuges. Com licença, como te parece isto? Com licença, permite-me. Obrigado: agradecer ao cônjuge; obrigado por aquilo que fizeste por mim, obrigado por isto. A beleza da gratidão! E dado que todos nós erramos, há outra palavra um pouco difícil de pronunciar, mas necessária: desculpa. Com licença, obrigado e desculpa. 

Com estas três palavras, com a oração do esposo pela esposa e vice-versa, voltando a fazer as pazes sempre antes que o dia termine, o matrimónio irá em frente. As três palavras mágicas, a oração e fazer as pazes sempre! Que o Senhor vos abençoe e orai por mim! Praça de S.Pedro, 2-IV-2014


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2 comentários:

Malmeida disse...

Aqui etão o tipo de declarações do Papa que não aparecem na media, porque não interessam. Se acaso o Papa cair na tentação de seguir os conselhos de alguns cardeais sobre o tema do divórcio e a aceitação de participação na comunhão dos recasados civilmente aí a media vai difundir sem cessar a notícia. E porquê? Porque francamente o que a media e os grupos que gerem hoje a opinião pública no mundo, aliás infelizmente com a participação de muitos que fazem parte do clero, o que pretendem é que a Igreja se torne em mais uma associação social que se preocupa com temas sociais e que segue a cartilha que esta gente impôem diariamente à sociedade em termos de valores morais. Portanto o meu desejo é que sinceramente, o Papa Francisco não caia na tentação de seguir as opiniões de certos cardeais, e siga ensinando à sociedade a verdadeira doutrina cristã. É claro que muitos dizem que a doutrina cristã como é difundida desde há 2000 anos não "joga" com a sociedade abandalhada a que chegámos. Mas não é a Igreja nem a sua doutrina que se têm de adapatar é a sociedade que tem de fazer escolhas e isto o Papa Francisco ainda não o disse claramente. Rezo sinceramente para que o faça.

João Silveira disse...

Tem toda a razão, a verdade continua a ser censurada à custa do sensacionalismo.