Os célebres “estudos” de pouco servem, a não ser para alimentar uma ou outra notícia e, eventualmente, os recursos financeiros daqueles que os realizam. Pouco convencem, por serem tantos, tão variados e contraditórios.
Um jornal português dava há dias conta de um desses estudos, cujas conclusões tinham sido publicadas na célebre revista “Science”, e que revela bem um dos traços mais característicos do mundo em que vivemos. Se o refiro é porque o tal “estudo” mais não faz que confirmar aquilo que cada um de nós pode verificar com a sua própria experiência.
O objectivo era, simplesmente, o de mostrar como a mente humana seria tão rica que, por si mesma, conseguiria imaginar com facilidade conteúdos que preenchessem alguns minutos de silêncio absoluto. Para isso, os participantes só tinham que estar entre 6 a 15 minutos numa sala, sem fazer nada – sem tocar em nada e sem falar com ninguém.
A surpresa foi grande: alguns aproveitaram aquele tempo para, com umas folhas de papel que estavam à sua frente, fazerem pequenas esculturas; outros não resistiram sequer a uma maquineta que estava por ali e que sabiam de antemão que provocava um choque eléctrico que já tinham dolorosamente experimentado. Não se tratava sequer de passar horas ou dias em silêncio absoluto. Apenas alguns minutos… Conclusão: “a maioria das pessoas prefere fazer alguma coisa do que não fazer nada, mesmo que seja algo negativo”.
Vivemos num mundo simplesmente incapaz de fazer silêncio. Incapaz de suportar o silêncio exterior, e incapaz de fazer silêncio interior. Mesmo para os cristãos, basta ver o pânico e a rapidez com que tantos recusam o desafio de um retiro de silêncio, para estar mais próximo de Deus e deixar que Ele possa falar ao coração – para já não falar da quebra mesmo de alguns minutos de silêncio com o convite a meditar nalguma passagem da Sagrada Escritura.
Mas, ao sermos incapazes de silêncio, não se trata apenas da impossibilidade de escutar Deus. É que nós próprios, como seres humanos, precisamos do silêncio para nos darmos conta de quem somos. Aquele que vive sempre distraído com o ruído, que vive sempre fora de si, não é capaz de ser ele próprio.
A educação é, sem dúvida, uma das emergências que o mundo contemporâneo vive. Mas não se trata apenas da educação que transmite conhecimentos e que faz com os alunos sejam capazes de os reproduzir e utilizar em novas situações. A emergência é bem mais profunda: trata-se de ensinar a ser.
E não é apenas uma questão própria dos não crentes. É, igualmente, um problema (e grande) para todos os que acreditam em Deus. Como podemos deixar que Ele nos fale, se não somos capazes de viver uns minutos de silêncio absoluto?
in Voz da Verdade
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