"Aborte isso e tente de novo. Seria imoral trazer isso ao mundo podendo escolher"
Assim tuitou o mais famoso cientista ateu do mundo, Richard Dawkins, aconselhando sobre o que fazer com bebés com Síndrome de Down.
Para um cientista, parece não saber muito sobre bebés. Existem duas “hipóteses”: ele ou ela. Não existe “isso”, como ele escreveu na rede social.
Dawkins postou a insensível declaração ao responder a outro tuíte, em que uma mulher tinha afirmado que enfrentaria um verdadeiro dilema ético se estivesse grávida de uma criança com Síndrome de Down.
É claro que Dawkins não está sozinho nessas crenças. Virginia Ironsides, escritora britânica, chocou o público do canal BBC ao dizer: "Se um bebé vai nascer com uma deficiência grave ou é totalmente indesejado, o aborto é, evidentemente, o acto de uma mãe amorosa". Ela não parou por aí: "Se eu fosse a mãe de uma criança que estivesse sofrendo profundamente, eu seria a primeira a querer colocar uma almofada em cima do rosto dela. Se ela fosse uma criança que eu realmente amasse, que estivesse em agonia, eu acho que qualquer boa mãe faria isso".
A melhor resposta para este “conselho” veio de uma fonte inusitada: de um cientista e fã dos livros do próprio Dawkins. Este leitor confessou que teria concordado com o conselho de “abortar isso”, caso o tivesse lido 18 meses antes. Ele explica:
"Eu entendo de forma implícita o ponto de vista do Professor. O que ele diz continua a fazer todo o sentido lógico para mim. A conclusão dele é natural quando se aborda o dilema a partir de uma perspectiva lógica, usando-se as informações disponíveis, com uma mentalidade objectiva e (fundamentalmente) com um ponto de vista não religioso. Há 18 meses, eu teria até concordado.
Mas a chegada da minha filha, que nos surpreendeu por ter precisamente essa condição [da Síndrome de Down], fez brilhar uma luz sobre o abismo da nossa ignorância, sem falar do preconceito incorrecto que subjaz a esta opinião. Ao reler a opinião do Professor, eu fico horrorizado, agora, ao pensar no que eu mesmo poderia ter feito se a doença [da minha filha] tivesse sido diagnosticada durante a gravidez [da minha mulher].
Eu sei o quanto as nossas vidas são mais cheias, agora que os nossos olhos estão abertos. Mais do que isso: eu fico espantado ao ver que tudo continua sendo absolutamente normal, tanto para nós quanto para as outras famílias que conheci.
Sem saber, o nosso bebé já nos ensinou as lições mais incríveis da nossa vida até aqui. E nós não mudaríamos literalmente nada na nossa filha, nem sequer no seu perfil genético. O que mudou completamente foram as minhas ideias sobre o que é o sucesso na vida e sobre o que desejava para todas as nossas crianças. Já cheguei a esta conclusão: o que importa, no fim das contas, é a felicidade e a alegria, e eu sei que a Rosie vai ter isso em abundância.
Graças a ela, acredito que teremos mais condições de incentivar o sucesso da irmã dela e do irmãozinho que ela vai ter, agora que estamos livres daquela ideia de que o sucesso na vida depende da realização académica, da carreira e do dinheiro. Muitas dessas coisas podem levar uma pessoa ao fracasso total, mesmo que os seus pais comemorem o ‘trabalho bem feito’".
James McCallum, o pai iluminado e orgulhoso de Rosie, questiona então o cerne da proposta eugenista de Dawkins para “solucionar” a existência de crianças deficientes:
"Deveríamos eliminar os seres humanos que não se encaixam na ideia de perfeição do Professor, simplesmente porque podemos eliminá-los? Se alguém não conseguir o bebé perfeito, tente, tente e tente de novo? Eu quero saber quem é que vai dar a última palavra sobre o que seria o bebé perfeito.
Ironicamente, Dawkins quer começar a agir como o Ser que eles mais comumente descarta: Deus.
Propor a superioridade genética como o único modo de selecção só vai mostrar a amplitude monstruosa do mal-entendido que sustenta a opinião do Professor. Ele ignora a vida deliciosa, feliz, alegre e fecunda que as pessoas com Síndrome de Down têm e ignora os benefícios de aceitação que elas trazem para todos os que vivem ao seu lado".
O mundo é um lugar muito melhor graças à bondade e à alegria que as pessoas com Síndrome de Down trazem ao resto de nós.
O professor Dawkins pode não perceber o valor delas agora, mas perceberá quando se encontrar com o seu desprezado e não reconhecido Criador. Até lá, ele precisa das nossas sinceras orações por misericórdia.
adaptado de Aleteia
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