Foi há dias. Um estudo encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos propôs-se analisar o funcionamento de seis instituições. Na parte dedicada ao Hospital de Santa Maria, entre trinta entrevistas pessoais anónimas, três entrevistados, com queixas várias sobre o funcionamento do hospital, apontam um dedo vago a influências exteriores, entre outras, "da Opus Dei". O estudo não lhes pediu explicações ou demonstrações. Contentou-se com a alusão e aventurou-se a afirmar que «a Maçonaria, a Opus Dei e a ligação a partidos políticos ainda são três realidades externas que intersectam a esfera do HSM».
Não sei se estamos diante de métodos científicos inovadores que apostam na credulidade, o que sei é que, compreensivelmente, em três tempos os media reduziram as 345 páginas do trabalho a meia dúzia de linhas.
O tópico não é novo. É novo, sim, termos um estudo científico a dar acriticamente valor a afirmações que costumamos ver em caixas de comentários de sites e blogues.
Por isso o Opus Dei, que nunca foi abordado durante a elaboração do estudo, veio publicamente desmentir a insinuação e convidar a que, havendo dúvidas sobre o que é e o que faz, as autoridades competentes investiguem o que haja a investigar.
Porque há dois bens maiores a conseguir: libertar as instituições públicas de toda a intromissão ilícita; e defender as pessoas, singulares e colectivas, contra o abuso grave das insinuações caluniosas.
Ora, o ponto não é saber se há ou não católicos em determinadas funções – independentemente a que instituição da Igreja possam pertencer –, pois são cidadãos com plenos direitos.
O ponto é o "pacote de insinuações" que aquelas afirmações ditas para o ar têm dentro: que esses católicos estariam condicionados, submetidos a uma qualquer obediência e ao serviço de agendas espúrias às instituições.
E sobre isso não pode haver dúvidas: o Opus Dei dá uma formação católica que respeita escrupulosamente, e potencia, a autonomia profissional das pessoas e que enfatiza que é muito grave o dever de cada qual proteger o sigilo profissional. Não permite qualquer tipo de interferência exterior. Rejeita explicitamente o favorecimento profissional a outras pessoas só pelo facto de estarem relacionadas com o Opus Dei. Nas matérias profissionais as pessoas do Opus Dei só devem obediência aos superiores profissionais e à própria consciência.
Esse é o ponto importante. Diante dele é pouco relevante saber se há ou não pessoas do Opus Dei. Coisa que é possível saber, pois a pertença ao Opus Dei e a participação na sua formação religiosa não têm carácter secreto e estão abertas a todos: cada pessoa fala quando quiser e com quem quiser sobre o que quiser. Bastaria abordar os interessados.
E talvez não tenha dito o óbvio: as pessoas do Opus Dei acreditam em Deus. E tentam passar aquela boa notícia que o Papa Francisco aponta como a mais central de todas: «Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar». Deus, afinal, é terno e bondoso, muito melhor do que pensávamos. Pode soar "kitsch" mas não se perde nada em dizer.
Então e o Leibniz? Pois é, alguém o meteu numa história que não lhe diz respeito. Onde é que eu já vi isto?
Pedro Gil in Semanário Sol, 5 de Junho de 2015 (p.24)
(imagens acrescentadas pelo blog Senza)
Papa Francisco com o Prelado do Opus Dei, 1.Out.2014 |
3 comentários:
1 de Out de 2015?!
2014. Obrigado
a no imaginario das pessoas a opus dei e uma especie de sociedade secreta malevola para este imaginario muito contribuiu livros como o do sr dan brown e muitos programas tendenciosos da midia incrivel como se pode manipolar a verdade
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