domingo, 16 de agosto de 2015

Satanás e a freira

Michela conta na primeira pessoa uma história trepidante. O livro chama-se «Fuggita da Satana. La mia lotta per scappare dall'inferno» (Fugida de Satanás. A minha luta para escapar do inferno).

Michela nasceu em 1970. Os pais deixaram-na abandonada na maternidade. Viveu 6 anos num orfanato, que foi encerrado por maus tratos a menores. Michela conheceu tudo, menos o afecto. Talvez não tenha ajudado o facto (que ela própria reconhece) de ter sido, na escola, uma verdadeira peste.

Mas nem tudo correu mal. Aos 18 anos viu-se livre de todas as tutelas e começou a ganhar dinheiro. Alcançou uma certa fama como «chef» de cozinha internacional e, à conta disso, viajou pela Europa. Ganhou cada vez mais dinheiro, mas chegava ao fim do mês sem nada. Arranjava um namorado para cada estação do ano; dizia que eram namoros de «usar e deitar fora», mas cada história deixava-lhe o coração mais ferido.

Finalmente, encontrou um rapaz especial. Inteligente, boa pessoa, diferente de todos os outros pelas qualidades e também por um defeito que ela achava desagradável: era católico praticante. Essa característica estragava o sonho, porque quando Michela lhe perguntava quando é que iam para a cama, Luca respondia que depois do casamento. Ela pôs os pontos nos is: «Luca, percebe-me isto bem. Relações a 3 não funcionam. Somos tu e eu. Ponto. Deus fica fora». Mas Luca era realmente diferente dos outros.

Ao fim de 2 anos, Luca apareceu em casa de Michela, sem avisar. «Finalmente, vamos para a cama!», pensou ela. No entanto, o plano de Luca era outro: «Estive a falar com o pároco e podemos casar...». «Perfeito, vamos ao registo civil». «Não, o sacramento é importante para mim, quero casar-me contigo na igreja». «Quanto é que isso custa?». «Nada». «Nesse caso...». 

Combinou-se a data. O entusiasmo crescia, Luca era realmente fantástico. Apesar disso, nunca chegaram a casar. Luca morreu 4 dias antes da data marcada. 

A reacção de Michela foi pensar que, afinal, o dinheiro não chegava para comprar tudo o que lhe apetecia: a vida de Luca não estava à venda. Na noite do funeral foi à praia e ali jurou aos céus: «Deus, vou passar a minha vida a dizer a toda a gente que não existes; mas se existires realmente, vou empenhar-me em destruir-te». Assim começou a guerra. 

Uma guerra à beira de várias experiências-limite, até chegar junto da sacerdotisa de uma seita satânica. Nessa última etapa, que durou 2 anos, viu degradações horrorosas, viu a morte e a violência. Na noite de Natal de 1996, no meio de um ritual satânico, propuseram-lhe ser também sacerdotisa. A prova de fogo era simples: ir a Roma matar uma rapariga, chamada Chiara Amirante, que tinha fundado uma comunidade – recente, mas muito protegida pela Igreja – responsável por ter afastado algumas pessoas da seita. 

Na tarde de 5 de Janeiro de 1997, Michela partiu para Roma, com a morada da comunidade. Às 8 horas da noite tocou à porta. Entretanto, do outro lado da porta, aconteceram coisas estranhas. Chiara estava a jantar com as outras quando ouviu uma voz interior: «Vai tu abrir a porta, que esta minha filha precisa muito de ajuda». Chiara abriu a porta e abraçou Michela: «Por fim chegaste à tua casa!». 

Pegou-lhe na mão, levou-a para o quarto e perguntou-lhe como estava. Em silêncio, Michela abriu a mão e entregou-lhe a arma com que a ia matar. Depois disso, acrescentou «Já não há esperança». 

Chiara respondeu com a conversa de sempre: «Deus perdoa tudo!...». Michela foi mais explícita: «Chiara, eu conheço-os. Tenho pouco tempo. Vão matar-me. E a ti também». «Não, Michela, Nossa Senhora quis que viesses para esta casa».

Realmente, havia um truque. Michela lembrava-se do que tinha aprendido na seita: «Chiara, vocês têm uma rodela branca onde está Jesus. Quem come aquilo, salva-se». (Na altura, Michela não sabia como é que os católicos chamavam à tal rodela branca). «Sim, mas precisas de te confessar, para receber bem Nosso Senhor». (Era preciso explicar tudo à Michela).

Naquele caso, não bastava a confissão para arrumar completamente o passado. Por causa de todos os sacrilégios em que andara envolvida, era preciso informar por escrito a Santa Sé, através da Congregação para a Doutrina da Fé. A resposta chegou passados 2 dias, assinada por um tal Joseph Card. Ratzinger: «Hoje, a Igreja está em festa, porque um Filho regressou a casa». 

Poucos dias depois, na capela das irmãs da Madre Teresa, em Roma, Michela recebia a Comunhão e consagrava o seu coração ao Coração Imaculado de Maria, disposta a entrar para a comunidade de Chiara.

José Maria C.S. André in Correio dos Açores


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3 comentários:

Anónimo disse...

Impressionante como ela não ficou possessa em decorrência do envolvimento com o satanismo!!! O famoso exorcista Padre Gabrielle Amorth conta muitos casos semelhantes em que a pessoa fica possessa. Mas parece que nesse caso a misericórdia divina quis prevalecer sobre a justiça divina, talvez por causa da ignorância dela.

Anónimo disse...

Veja também esta impressionante história de conversão de um outro satanista!
http://ipco.org.br/ipco/noticias/ex-satanista-eu-realizava-rituais-satanicos-dentro-de-clinicas-de-aborto

Anónimo disse...

Uma história verdadeiramente comovente...