sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Tendências "religiosas" modernas

O verdadeiro adversário está no panteísmo, nas suas múltiplas formas. Arranhe-se qualquer sistema filosófico com ares de novo, qualquer forma mais ou menos recente de "espiritualismo", e, logo abaixo do verniz, encontrar-se-á o panteísmo. 

O Universo é divino, e a Humanidade, parte integrante do Universo, também é divina. A felicidade do Homem consiste em tomar consciência de seu carácter divino, excitando dentro de si a sensação vivida da sua própria divindade, o que consegue por uma série de exercícios mentais ou fórmulas litúrgicas mais ou menos mágicas, cujas modalidades variam de sistema a sistema, e em geral - como acontece em toda a magia - são conhecidas apenas por uns poucos iniciados. 

Esta manifestação das energias divinas no íntimo do nosso ser, além de nos prestar toda a sorte de serviços psíquicos interiores úteis e deleitosos, também é muito proveitosa para o próprio cosmos. Com efeito, quanto mais excitamos em nós as energias divinas, tanto mais elas se activam nos outros seres. E, à medida em que se activam nos outros seres, progride todo o Universo cujo desenvolvimento consiste, em essência no desdobrar das energias divinas que se encontram neles mais ou menos como o vento no espaço.

Este sistema traz, evidentemente, a morte da inteligência. Se o homem quer conhecer Deus, e comunicar-se com Ele, não deve estudar nem pensar. Basta-lhe conhecer os métodos aptos a suscitar nele a experiência sensível da presença e da acção das energias universais e divinas dentro de si mesmo.

Também a vontade perde a sua razão de ser dentro deste sistema. Não há propriamente uma união com a divindade por meio do esforço da vontade aplicada em praticar o bem e evitar o mal. Basta que o Homem consiga despertar dentro de si por meio de métodos adequados a sensação experimental de que seu ser está naturalmente impregnado de forças divinas; o que aliás não é tão difícil pois todo o iniciado conhece tais métodos e nele se pode exercitar.

Está claro que nada disto teria capacidade de sedução, nem encanto, se não se envolvesse nos véus do mistério. Assim, a magia ressurrecta do século XX inventou não só vocábulos mas vocabulários inteiros, novos e complicados, todo um sistema literário cheio de figuras esfumaçadas e vistosas, em que estas afirmações fundamentais, variáveis aliás de escola para escola quase ao infinito nos seus pormenores, vão sendo postas em circulação para uso da pobre Cristandade diluída, narcotizada e insensível do século XX.

Daí, evidentemente, uma imensa confusão de conceitos, de sistemas, de tendências. 

Assim, fora das fronteiras da Igreja grassa uma religiosidade que em última análise é perfeitamente ímpia. E nos meios católicos? Ao mesmo tempo que formulamos a pergunta, contrai-se de tristeza nosso coração. Manda a verdade que se diga que também aí a confusão existe.

'Sob o signo da confusão e da esperança' in Catolicismo nº 13, Janeiro de 1952


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2 comentários:

Maria José Martins disse...

E o pior de tudo é que a Igreja já introduziu essas filosofias em "algumas" das nossas paróquias e Colégios, através da Yoga para crianças, com a desculpa de que somente se usa a técnica! Ora, eu penso, que é o mesmo que as despertar para um interesse futuro na dita filosofia... É dar-lhes o veneno a provar! E como diz um senhor Padre entendido nessa matéria: "abrir as portas a Satanás", porque todas essas doutrinas esotéricas não vêm de Deus! E ele confirma-o, com relatos de pessoas possessas, que ele mesmo tratou e cujo historial passava por aí!
É pena, que os GRANDES DOUTORES e Místicos da Igreja pareçam estar esquecidos, perante estas "aberrações!"
A maior parte dos Católicos que frequentam essas aulas, até se escandalizam, quando alguém lhes tenta esclarecer o perigo em que se encontram e lhes fala que toda "essa paz" que procuram, a podem encontrar nos Sacramentos, na Oração, na Adoração, no Louvor a Deus... porque Deus produz todos esses efeitos e muito mais, desde que O busquemos com Humildade, Fidelidade e Amor, ao mesmo tempo que MUDAREMOS o mundo, porque não pomos o TAL EGO em primeiríssimo lugar e ACREDITAMOS que, d/Ele, só pode vir o Bem, mesmo que não seja no IMEDIATO!
E tudo isto nos ensina Santa Teresa de Ávila na sua Obra, "Caminho de Perfeição!"
Mas quem a lê ou, pelo menos, A RECOMENDA?!

O GRANDE SINAL - THE WARNING disse...

Amen