sábado, 22 de julho de 2023

Dia de Santa Maria Madalena, apóstola dos Apóstolos

Maria Madalena, Maria de Betânia e Maria pecadora, citadas no Evangelho, são a mesma pessoa, segundo o Papa São Gregório Magno, grande estudioso dos santos e criador do Calendário Gregoriano. Também os Padres latinos, desde Tertuliano, Santo Ambrósio, São Jerónimo, Santo Agostinho, até São Bernardo e São Tomás de Aquino, reconhecem nas três uma e a mesma pessoa: a Santa Maria Madalena penitente, que seguiu Nosso Senhor durante a Paixão.

Maria Madalena teria nascido em Betânia, cidade da Judeia, de pais muito ricos, tendo por irmãos Marta e Lázaro. Como parte da sua herança recebera o castelo de Magdala, de onde lhe veio o nome.

Uma lenda fala da sua esplêndida formosura, cabeleira famosa, do seu engenho, e relata ser ela casada com um doutor da Lei que a trancava em casa quando saía. Altiva e impetuosa, Maria teria fugido com um oficial das tropas do César e se estabelecido no castelo de Magdala, perto de Cafarnaum. As suas desordens e escândalos logo se espalharam pela região.

Enquanto isso, Nosso Senhor iniciara a sua peregrinação: a fama dos seus milagres e a santidade de vida estendia-se pelas terras da Palestina. Atormentada por demónios, e pelos remorsos da sua consciência culpada, Maria foi procurar Aquele que alguns apontavam como sendo o Messias prometido. O Senhor apiedou-se dela e livrou-a de sete demónios (Mc 16, 9), tocando-lhe também profundamente o coração.

A partir de então, começou para Madalena a completa conversão. Horrorizada ante os seus inúmeros pecados, cativada pela bondade e mansidão de Jesus, ela procurava uma ocasião em que pudesse mostrar-Lhe o seu reconhecimento e profundo arrependimento.

Essa ocasião surgiu na casa de Simão — um fariseu, provavelmente de Cafarnaum —, que havia convidado o Mestre para uma refeição. Durante um banquete ao qual Jesus participava, inesperadamente Madalena irrompeu na sala, foi diretamente até Jesus, rompeu um vaso de alabastro que levava apertado ao peito, e “começando a banhar-Lhe os pés com lágrimas, enxugava-os com os cabelos da sua cabeça, beijava-os e os ungia com o bálsamo” (Lc 7, 38).

Perdoada, convertida, Maria Madalena foi viver com os seus irmãos em Betânia. Uma vez, as duas irmãs receberam a visita do Messias. Maria sentou-se junto ao Salvador para absorver as suas palavras divinas, enquanto Marta se afanava nos afazeres domésticos para bem receber o seu divino Hóspede. E julgou que a sua irmã fazia mal, pois em vez de ajudá-la, estava ali sentada esquecida da vida. Disse Jesus: “Marta, Marta, afadigas-te e andas inquieta com muitas coisas. Entretanto uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada” (Lc 10, 38-42).

Em outra visita do divino Mestre a Betânia, Maria Madalena, já não mais “a pecadora”, ungiu novamente os pés do Redentor com precioso perfume, o que levou Judas a reclamar do “desperdício”, pois podiam vender o perfume e “dar o dinheiro aos pobres”. Nosso Senhor interveio: “Deixai-a; ela reservou isso para o dia da minha sepultura; porque sempre tendes os pobres convosco, mas a mim não tendes sempre” (Jo 12, 1-8).

Chegou o momento da Paixão. Aos pés da cruz, Maria Madalena acompanhava Nossa Senhora e São João Evangelista. Depois do sepultamento, Maria também estava junto ao túmulo, de fora, chorando. Enquanto chorava, se inclinou para o interior do sepulcro e viu dois anjos vestidos de branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus havia sido colocado, um na cabeceira e outro aos pés.

Disseram então "Mulher por que choras?" Ela respondeu: "Levaram meu Senhor e não sei onde o colocaram". Dizendo isto se voltou e viu Jesus de pé. Mas não podia imaginar que era Jesus. E Jesus lhe disse: "Mulher por que choras? A quem procuras?" Pensando ser Ele o jardineiro ela respondeu: "Senhor se foste tu que O levaste me diga onde O puseste que eu irei busca-LO" Jesus responde: "Maria". Ela então reconhece-O e grita em hebraico "Raboni!" (que quer dizer Mestre!).

De acordo com uma antiga tradição do Oriente, Maria Madalena acompanhou São João Evangelista e a Virgem Maria a Éfeso onde morreu e foi sepultada.

No Ocidente, a tradição diz que ela viajou para Provença, França com Santa Marta e São Lázaro. A tradição conta que São Maximino, um dos 72 discípulos do Senhor, e São Sidónio (o cego de nascença de que fala o Evangelho, e que foi curado por Nosso Senhor) e mesmo José de Arimatéia estão entre os que os acompanharam na conversão da Gália.

São Maximino foi bispo de Aix, e São Lázaro encarregou-se da igreja de Marselha. Santa Marta reuniu em Tarascão uma comunidade de virgens, e Maria Madalena, depois de ter trabalhado na conversão dos marselheses, retirou-se para viver na solidão numa montanha entre Aix, Marselha e Toulon, “La Sainte Baume” (a Santa Montanha ou Santa Gruta), como dizem os habitantes do lugar. Lá permaneceu cerca de trinta anos, levando vida contemplativa e penitencial.

Ela foi milagrosamente transportada, pouco antes da sua morte, para junto de São Maximino, que lhe ministrou os últimos sacramentos. Segundo a tradição, o seu corpo foi levado para um povoado vizinho –– a Villa Lata, depois chamada São Maximino –– onde esse bispo havia construído uma capela.

No século VIII, por temor dos sarracenos, as suas relíquias foram trasladadas para um lugar seguro, tendo ficado esquecidas até que Carlos II, Rei da Sicília e Conde da Provença, as encontrou em 1272. São Vilibaldo diz que viu a sua tumba em Éfeso (hoje Turquia) no século VIII. A comuna francesa Vezelay diz ter as suas relíquias desde o século XI.

É a padroeira das cabeleireiras, estilistas de cabelos, podólogos, pecadoras penitentes, perfumistas, manicuras, fabricantes de perfumes e de óleos para o corpo.

Na arte litúrgica da Igreja é representada segurando um alabastro de óleo.

in heroinasdacristandade.blogspot.com


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2 comentários:

Eduardo disse...

Dizia S. Bernardo que o Redentor ressuscitou a alma de Maria Madalena com uma ressurreição mais admirável do que aquela que, mais tarde, ressuscitou o seu irmão Lázaro: Na sua nova vida a Penitente de Betânia salvará mais almas do que as que perdera a Pecadora de Magdala.

Anónimo disse...

Segundo lenda autorizada, os judeus prenderam a Santa e mais 23 discípulos do Senhor e meteram-nos numa mísera embarcação, sem velas, remos e leme, abandonando-os ao sabor das ondas nas águas do Mediterrâneo. Quis a Providência que sãos e salvos às costas da Provence para grande assombro daqueles que por ali habitavam e que não paravam de olhar e admirar aquele grupo de estrangeiros ali chegados como por milagre e que, alegremente, entoavam cânticos de louvor ao Senhor. No lugar onde terminou esta estupenda e portentosa travessia , existe um santuário que é conhecido pelo nome de Santas Marias do Mar. Os ilustres desterrados dispersaram-se pelo país com o propósito de semear a doutrina da religião cristã. Lázaro foi para Marselha; Maximino escolheu a cidade de Aix, Marta dirigiu-se para Avignon e Tarrascon; Maria Madalena despediu-se de Marta e ajudou Lázaro, mas por pouco tempo, pois abandonou Marselha e foi viver solitária. Acompanhada de anjos, ou segundo lenda piedosa, transportada por eles retirou-se para St. Baume - a Santa Gruta - encravada entre Toulon, Aix e Marselha, onde se encerrou para honrar com trinta anos de heróica penitência, os trinta anos de silêncio de Jesus na terra...