Na 1º Regra escrita por S. Francisco, não aprovada pelo Papa, constam várias coisas que parecem, mas não são dissonantes entre si. Por ex., no capítulo 12 diz-se “Todos os irmãos onde quer que estejam ou vão, guardem-se de maus olhares e da conversação com mulheres. E nenhum se entretenha ou viaje a sós com elas ou partilhe à mesa do mesmo prato.”; no 13º: “Se algum dos irmãos por instigação do demónio, cair em fornicação, dispa-se-lhe o hábito, de que se tornou indigno pelo seu torpe pecado. E, deposto o hábito, seja expulso da nossa Religião (da Ordem Franciscana). Etc.
No capítulo 16, 6 consta uma frase citada, hoje em dia, a propósito da relação com os muçulmanos, a saber: mostrem-se “submissos a toda a humana criatura por amor de Deus”. Aqui, claramente, a palavra submisso significa serviço e humildade, no sentido Cristológico[1]. Este sentido, consta imediatamente, no mesmo capítulo, a seguir ao nº 6: “ ... anunciem a palavra de Deus, para que creiam no Deus omnipotente, Pai, Filho e Espírito Santo, Criador de todas as coisas, no Filho Redentor e Salvador, e sejam baptizados e se façam cristãos, porque, quem não renascer da água e do Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus.”
Isto é, aliás, confirmado por São Boaventura, que testemunha: “Não se considerava amigo de Cristo, se não se preocupava com almas que Ele resgatara. ‘Nada se devia antepor à salvação das almas’, dizia. E apresentava como prova o facto de o Filho Unigénito de Deus se ter dignado morrer na Cruz por amor das almas.”
São Francisco de Assis, não foi, como hoje se diz, dialogar com o sultão. Foi sim anunciar-lhe o Evangelho para que se convertesse.
Padre Nuno Serras Pereira
[1] “E, realmente, eram menores porque a todos submetidos, buscando sempre o último lugar e os serviços a que estivesse ligada alguma humilhação a fim de merecerem, fundamentados na verdadeira humildade, sobre ela erguer o edifício espiritual de todas a s virtudes” in Tomás de Celano, Vida Primeira, nº38.
1 comentário:
Também já li a mesma explicação por D. Viganò. E se assim foi--pois não poderia ter sido de outra forma--é muito grave, meter S. Francisco nesta embrulhada toda e, muito mais grave ainda, se a intenção for a da manipulação!
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