segunda-feira, 17 de maio de 2021

Da Vida de S. Frei Junípero

Frei Junípero, entrando em Viterbo, desnudou-se totalmente com o propósito de ser escarnecido, como Cristo desnudado na Cruz o foi. Pondo as cuecas na cabeça, amarrou o hábito com o cordão e pendurou-o no pescoço. E assim foi nu até à praça pública da cidade. Quando ali se assentou, a malta nova, cuidando que era um louco, mas ignorando que o era por Cristo, atacaram-no com injúrias, zombarias, barro e pedregulhos.

Tendo sido assim destratado e afligido por muito tempo, voltou nu para o convento. Quando os frades o viram ficaram aturdidos e escandalizados. Irados, setearam-no com duríssimas repreensões, injúrias e ofensas (não se recordando de S. Francisco, fundador da Ordem, que se tinha igualmente despojado das suas vestes diante do Bispo de Assis e toda a multidão) julgando alguns, no seu desvario, que ele merecia ser preso ou enforcado ou mesmo queimado. 

Frei Junípero ouvia tudo isto com uma alegria tamanha chegando ao ponto de não só dar sonoras gargalhadas de contentamento, mas adiantando que confirmava o merecimento de todas aquelas penas propostas e até muito maiores por tão grande escândalo.

Suponho que esta atitude possa ser esclarecida por outro episódio da sua Santa vida, a saber:

Tendo Frei Junípero (um simples frade leigo) sido arrebatado durante a Missa, os frades não sabendo (ou não podendo) o que fazer deixaram-no sozinho.

Porém sucedeu que, quando ele voltou a si, foi ao encontro dos frades exclamando: “Quem será tão enobrecido nesta terra que não aceitasse levar de boa vontade um cesto de lama sobre a cabeça por toda esta região se lhe dessem uma casa cheia de ouro?” E dizia: “Ai! de mim! Por que não queremos suportar um pouco de vergonha para poder ganhar a vida eterna?”

À honra de Cristo. Ámen.

Padre Nuno Serras Pereira


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