sábado, 29 de novembro de 2025

12 notáveis privilégios de Maria Santíssima

Uma alma verdadeiramente católica deve exultar ao tomar conhecimento de dons especialíssimos concedidos por Deus a nossa Mãe celeste.

Um dos temas que mais atrai a ira dos protestantes é a devoção devida a Nossa Senhora. Incompreensões e calúnias de todo género circulam a esse propósito.

Discutindo com protestantes, acabei por constatar que, na raiz dessa posição, está sempre presente o orgulho. E este vício manifesta-se num ponto fundamental: o igualitarismo. Para uma pessoa orgulhosa, tudo aquilo que o outro possui, e ele não, é considerado um rebaixamento. Segundo tal mentalidade, para se evitar isso dever-se-iam suprimir todas as desigualdades. Aceitar-se-ia, quando muito, Deus como único ser diferente, mas nada de santos e criaturas privilegiadas.

Essa é uma mentalidade anti-católica. Para uma pessoa de mentalidade católica, o facto de outro possuir algo que ela não tem não representa uma afronta, não constitui uma agressão. Mas, pelo contrário, sentimo-nos felizes reconhecendo e amando a hierarquia estabelecida por Deus.

Arquitectura da Criação

Dito isto, compreende-se que um católico, quanto mais conheça privilégios de Nossa Senhora, sinta-se especialmente comprazido. E, realmente, Deus Nosso Senhor cumulou-A com uma série de privilégios altíssimos. O que é perfeitamente arquitectónico no plano da criação.

O primeiro privilégio, do qual decorrem muitos outros, é a Imaculada Conceição, mediante a qual Nossa Senhora foi preservada do pecado original. Convinha que a Mãe de Deus fosse isenta de qualquer mancha de pecado.

Desse privilégio decorre a ausência da inclinação para praticar o mal. A Mãe de Deus não experimentava nenhuma das más inclinações que podem levar ao pecado, e, graças à sua fidelidade, não cometeu a mínima imperfeição.

Igualmente — e este é o terceiro privilégio — Nossa Senhora teve um parto miraculoso e sem dor. Quando Adão e Eva pecaram, Deus disse a Eva: “Darás à luz com dor os filhos” (Gen 3, 16). Sendo Nossa Senhora isenta do pecado original, compreende-se que o parto d'Ela não pagasse tributo à dor. O que é explicável, pois não convinha que a vinda do Salvador — alegria do Universo — ocorresse em meio à dor, mas sim numa atmosfera de júbilo.

Um quinto privilégio: o seu corpo não se corrompeu no túmulo. A perda da vida acarreta a destruição da matéria, mas no caso d'Ela a morte não teve poder sobre a matéria. Nada se alterou, nada se perdeu. Por isso a sua morte é comparada ao sono, à Dormição. 

O quarto privilégio foi a sua santa morte. A morte é fruto do pecado original. Disse Deus a Adão: “Tu és pó e em pó te hás de tornar” (Gen 3, 19). Como a Virgem Santíssima foi concebida sem pecado original, não havia razão para Ela morrer. Poderia ir directamente para o Céu, sem passar pela morte. Entretanto, Nossa Senhora desejou não ficar isenta dessa provação, pela qual até seu Divino Filho tinha passado. Por isso faleceu, mas de morte tão suave que, na linguagem católica, fala-se em Dormição da Beatíssima Virgem Maria. A sua morte não foi causada por doença ou velhice. Dominava-a tal amor de Deus, que Ela morreu mais propriamente devido a esse amor.

Obra-prima da Criação

Um sexto privilégio é a plenitude das graças recebidas. Deus é grandioso, generoso, porquanto cria sem nenhuma necessidade de criar, fazendo-o porque assim o quer. E, ao criar, Deus decidiu que ao menos uma mera criatura recebesse tudo o que é possível a um ente criado receber. Assim, recebeu Ela já no primeiro instante do seu ser todas as graças possíveis.

Então, manifesta-se um sétimo privilégio. Em tese, seria possível Ela a receber e rejeitar. Mas Nossa Senhora foi inteiramente fiel à graça, que A preservou de toda imperfeição.

Um oitavo privilégio foi a maternidade divina. Deus é a Sabedoria, e tudo o que faz decorre de uma razão altíssima. Qual seria o sentido de existir uma criatura a mais perfeita possível, isenta do pecado original e cheia de graça, e não lhe tocar uma vocação superior? Seria como uma obra de arte que não fosse exposta ao público e permanecesse fechada num cofre. Nossa Senhora é a obra-prima da criação, sendo lógico, portanto, que recebesse uma vocação proporcional à sua especialíssima situação. E que vocação pode haver mais alta do que a de ser Mãe de Deus?

Maternidade e virgindade

Tratemos de um nono privilégio. Deus quis que a Sua Mãe fosse Virgem. Por quê? Não é regra comum da vida que maternidade e virgindade sejam incompatíveis? A virgindade não é apenas algo físico, mas corresponde também a um estado de alma. Quis Deus que as mães votem um amor especial, do ponto de vista natural, pelos seres que geraram. Mas para Nossa Senhora Ele almejava mais. Ela devia ser dotada de todo o amor possível de Mãe, mas concomitantemente, de todo o desapego das coisas do mundo que a virgindade produz nas almas. E, Nossa Senhora, a mais perfeita das mães, devia ter alma de Virgem, a fim de fazer o mais perfeito sacrifício possível e praticar o supremo desapego: entregar seu próprio Filho para ser imolado, com vista a redimir nossos pecados.

Um décimo privilégio de Nossa Senhora: Assunção aos Céus, em corpo e alma. Compreende-se igualmente que, segundo o plano divino, um ser tão perfeito deveria receber um prémio perfeito. Em contraste com os outros seres mortais, Ela está no Céu em corpo e alma.

Dispensadora das graças

Tendo-a chamado a Si, de forma tão privilegiada, compreende-se que Deus A tenha coroado como Rainha do Céu e da Terra. Este é o décimo-primeiro privilégio.

Finalmente, o décimo-segundo: a omnipotência que Jesus Cristo lhe concedeu, estabelecendo-A como dispensadora de todas as graças. Tal privilégio, altíssimo sem dúvida alguma, é também um extraordinário prémio para todos nós. Afinal, quem se beneficia dele? Nossa Senhora recebe todas as graças para as distribuir aos outros. Ela é a dispensadora, Aquela que entrega.

Voltamos ao início do artigo. Poderia alguém, com espírito de fé, lamentar tais privilégios? Posso eu sentir-me diminuído pelo facto de ser Ela a dispensadora de todas as graças? Como não ficar jubiloso ao saber que tão perfeita Mãe dispõe do poder de espargir entre os seus filhos as graças divinas? Peçamos então o poderoso auxílio d'Ela. E rezemos pela conversão daqueles a quem o orgulho cega, não querendo entender a beleza de uma Mãe tão cheia de privilégios, que a todos eleva.

Valdis Grinsteins in catolicismo.com.br


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sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Novena da Imaculada Conceição

Oração para todos os dias (29 de Novembro a 7 de Dezembro)

Deus vos salve, Maria, cheia de graça e bendita mais do que todas as mulheres, Virgem singular, Virgem soberana e perfeita, eleita para Mãe de Deus e preservada por Ele de toda a culpa desde o primeiro instante da vossa Concepção. Tal como por Eva nos veio a morte assim nos vem a vida por vós, que pela graça de Deus fostes eleita para ser Mãe do novo povo que Jesus Cristo formou com o Seu Sangue.

 

A vós, puríssima Mãe, restauradora da caída linhagem de Adão e Eva, vimos confiantes e suplicantes nesta novena, para rogar que nos concedais a graça de sermos verdadeiros filhos vossos e de vosso Filho Jesus Cristo, livres de toda a mancha de pecado.

 

Confiantes, Virgem Santíssima, que haveis sido feita Mãe de Deus não apenas para vossa dignidade e glória, senão também para salvação nossa e proveito de todo o género humano. Sabendo que jamais se tenha ouvido dizer que um de quantos tem acudido à vossa protecção e implorado o vosso socorro tenha sido desamparado.

 

Não me deixeis, pois, porque se me deixais me perderei. Que eu tampouco quero deixar-vos, antes bem, cada dia quero crescer mais na vossa verdadeira devoção.

 

Alcançai-me principalmente estas três graças:

A primeira, não cometer nenhum pecado mortal;

A segunda, um grande apreço à virtude cristã,

A terceira, uma boa morte.

 

Além disso, dai-me a graça particular que vos peço nesta novena (fazer aqui o pedido que se deseja obter).

 

Rezar a oração do dia correspondente (ver abaixo)

  

Bendita a Vossa Pureza!

Eternamente bendita!
Que até Deus Se delicia
Com tão graciosa beleza!
A Vós, celeste Princesa
Sagrada Virgem Maria
Vos ofereço neste dia
Alma, vida e coração!
Olhai-me com compaixão!
Não me deixeis, ó Maria!

 

Rezar três Ave-Marias

 

A tua Imaculada Concepção, oh! Virgem Mãe de Deus, alegrou o Universo inteiro.

 

Oração Final

 

Oremus! Deus meu, que pela Imaculada Concepção da Virgem preparastes digna habitação ao Vosso Filho: Vos rogamos que, como a haveis preservado de toda a mancha em previsão dos méritos da morte do Vosso Filho, assim nos concedais, por sua intercessão, chegar a Vós limpos de pecado. Pelo mesmo Cristo Senhor nosso. Amen.

 

Primeiro dia - 29 de Novembro

 

Oh! Santíssimo Filho de Maria Imaculada e benigníssimo Redentor nosso:

Tal como preservastes a Maria do pecado original na sua Imaculada Concepção, e nos concedestes o grande beneficio de nos livramos dele por meio do teu Santo Baptismo, assim vos rogamos humildemente que nos concedais a graça de nos portarmos sempre como bons cristãos.

 

Segundo dia - 30 de Novembro

 

Oh! Santíssimo Filho de Maria Imaculada e benigníssimo Redentor nosso:

Tal como preservastes Maria do pecado mortal em toda a sua vida e a nós nos dais as graças para evitá-lo e o Sacramento da confissão para remedia-lo, assim vos rogamos humildemente, por intercessão da vossa Mãe Imaculada, nos concedais a graça de não cometer mais nenhum pecado mortal, e se acontecer tão terrível desgraça, a graça de sair dele quanto antes por meio de uma boa confissão.

 

Terceiro dia - 1 de Dezembro

 

Oh! Santíssimo Filho de Maria Imaculada e benigníssimo Redentor nosso:

Tal como preservastes Maria do pecado venial em toda a sua vida, e a nós nos pedes que purifiquemos mais e mais as nossas almas para sermos dignos de vós, assim vos rogamos humildemente, por intercessão da vossa Mãe Imaculada, nos concedais a graça de evitar os pecados veniais e a de procurar e obter cada dia mais pureza e delicadeza de consciência.

 

Quarto dia - 2 de Dezembro

 

Oh! Santíssimo Filho de Maria Imaculada e benigníssimo Redentor nosso:

Tal como livrastes a Maria da inclinação ao pecado e lhe destes domínio perfeito sobre todas as suas paixões, assim vos rogamos humildemente, por intercessão de Maria Imaculada, nos concedais a graça de ir domando as nossas paixões e destruindo as nossas más inclinações, para que vos possamos servir com verdadeira liberdade de espírito e sem imperfeição.

 

Quinto dia - 3 de Dezembro

 

Oh! Santíssimo Filho de Maria Imaculada e benigníssimo Redentor nosso:

Tal como, desde o primeiro instante da sua Concepção, destes a Maria mais graça do que a todos os Santos e Anjos do Céu, assim vos rogamos humildemente, por intercessão da vossa Mãe Imaculada, nos inspireis um apreço singular da divina graça que Vós nos adquiristes com o Vosso sangue, e nos concedais o aumentar mais e mais com as nossas boas obras e com a recepção dos Santos Sacramentos, especialmente o da Comunhão.

  

Sexto dia - 4 de Dezembro

 

Oh! Santíssimo Filho de Maria Imaculada e benigníssimo Redentor nosso:

Tal como, desde o primeiro momento, destes a Maria, com toda a plenitude, as virtudes sobrenaturais e os dons do Espírito Santo, assim vos suplicamos humildemente, por intercessão da vossa Mãe Imaculada, nos concedais a nós a abundancia destes mesmos dons e virtudes, para que possamos vencer todas as tentações e tenhamos muitos actos de virtude dignos da nossa profissão de cristãos.

  

Sétimo dia - 5 de Dezembro

 

Oh! Santíssimo Filho de Maria Imaculada e benigníssimo Redentor nosso:

Tal como destes a Maria, entre as demais virtudes, uma pureza e castidade eximias, pelas quais é chamada Virgem das virgens, assim vos suplicamos, por intercessão da tua Mãe Imaculada, nos concedais a dificilíssima virtude da castidade.

 

Oitavo dia - 6 de Dezembro

 

Oh! Santíssimo Filho de Maria Imaculada e benigníssimo Redentor nosso:

Tal como destes a Maria a graça de uma ardentíssima caridade e amor de Deus sobre todas as coisas, assim vos rogamos humildemente, por intercessão da vossa Mãe Imaculada, nos concedas um amor sincero a vós - Oh! Deus Senhor nosso! Nosso verdadeiro bem, nosso benfeitor, nosso Pai - e que antes queiramos perder todas as coisas que ofender-Vos com um pecado que seja.

 

Nono dia - 7 de Dezembro

 

Oh! Santíssimo Filho de Maria Imaculada e benigníssimo Redentor nosso:

Tal como haveis concedido a Maria a graça de ir ao Céu e de ser nele colocada no primeiro lugar depois de Vós, vos suplicamos humildemente, por intercessão de Maria Imaculada, que nos concedais uma boa morte, que recebamos bem os últimos sacramentos, que expiremos sem mancha nenhuma de pecado na consciência e vamos ao Céu para sempre.



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quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Dia da Medalha Milagrosa

No dia 27 de Novembro de 1830, Nossa Senhora das Graças apareceu a uma freira francesa chamada Catarina Labouré, pedindo que mandasse cunhar uma medalha com um conjunto de características que se vêem nesta imagem. A medalha de Nossa Senhora das Graças, que se espalhou pelo mundo inteiro, é conhecida como Medalha Milagrosa.

A mesma Nossa Senhora das Graças apareceu, inesperadamente, a Afonso Ratisbonne, em Roma no dia 20 de Janeiro de 1842. Aquela visão fugaz causou uma tal impressão no jovem austríaco que passou de judeu, maçom e inimigo da Igreja a baptizado, jesuíta e sacerdote católico. Dedicou o resto dos seus dias à conversão dos judeus. 



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terça-feira, 25 de novembro de 2025

Entrevista ao Arcebispo Salvatore Cordileone

Em entrevista conduzida pelo Padre Javier Olivera Ravasi, o Arcebispo de São Francisco, Mons. Salvatore Cordileone falou sobre alguma questões litúrgicas:

- O problema da ‘Missa nova’ é que, se é nova hoje, amanhã será antiga e, portanto, torna-se uma coisa do passado.

- Os jovens de hoje vêem como o Novus Ordo é celebrado em muitas paróquias e encaram-no como algo do passado, e procuram algo mais duradouro.

- A ligação com os nossos antepassados na Fé toca a alma e, ao mesmo tempo, fala-nos hoje.

- Na Missa Tradicional todos os gestos são claros e precisos. Não há lugar para adaptações.

- Os sacerdotes não vão ‘inventar’ se a Missa é rezada em latim. Ao passo que é fácil alterar a liturgia em vernáculo.

- A primeira forma de catequese é o modo como a Missa é celebrada. É assim que o nosso povo é formado na Fé.

- Se a liturgia fosse celebrada de acordo com o Concílio Vaticano II e com todos os documentos sobre a liturgia, seria muito diferente daquilo que vemos frequentemente, como as ‘Missas rock’n’roll’. O que a Igreja nos pede é: canto gregoriano e latim.


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sábado, 22 de novembro de 2025

Santa Cecília, padroeira dos músicos e artistas

Santa Cecília nasceu provavelmente no ano 150, em Roma. Era filha de um senador romano, da nobre família dos Metelos. Era cristã, e desde pequena fez voto de castidade para viver o amor de Deus e de Cristo. Como cristã, numa época tão antiga, e em Roma, certamente herdou a Fé dos discípulos de São Paulo, que levou a Fé até Roma, e de São Pedro, o primeiro Papa. Cecília herdou a Fé desses santos homens e de tantos outros que foram martirizados exatamente em Roma. O Cristianismo que Cecília recebeu em sua formação, era o Cristianismo dos mártires, dos heróis da Fé. Cecília foi cristã numa Igreja perseguida, numa Igreja que ainda era minoritária, porém, cheia de profunda fé, esperança e coragem.

No transcorrer normal da sua vida, quando jovem, Santa Cecília foi prometida e dada em casamento a um jovem chamado Valeriano. No dia do casamento, ela estava muito triste. Então, chamou o seu noivo e contou-lhe toda verdade sobre sua Fé. Disse que tinha feito um voto de castidade para Deus, e começou a falar das glórias de Deus e de Jesus Cristo ao jovem, que a ouvia boquiaberto com a força das suas palavras e a convicção que vinha do seu coração. Tal foi o poder das palavras de Cecília que, após ouvi-la, ele se converteu, entendeu a promessa da sua noiva e disse que iria respeitar a sua decisão. Naquela mesma noite ele recebeu o Batismo. Valeriano contou ao seu irmão Tibúrcio o que acontecera e este também, impressionado, se converteu. Ambos eram pagãos.

Santa Cecília, então, vendo a maravilha que Deus fazia através dela, agradecida, cantou para Deus: "Senhor, guardai sem manchas o meu corpo e minha alma, para que não seja confundida". Foi um canto inspirado e emocionante, que tocou profundamente o coração de todos. 

O prefeito de Roma, Turcius Almachius, teve conhecimento da conversão dos dois irmãos e ambicionou o tesouro (património) dos dois, visto serem nobres e ricos. Estes, no entanto, já tinham distribuído todos os seus bens aos pobres. O prefeito de Roma exigiu, então, sob pena de morte, que os dois abandonassem a nova Fé. Mas eles, alimentados com a força do Cristianismo nascente e cheios do poder de Deus, não renegaram a sua Fé. Assim, foram condenados à morte e decapitados. 

Santa Cecília foi chamada ao conselho romano logo em seguida. Isso aconteceu provavelmente no ano 180. O conselho exigiu primeiro que ela revelasse onde estaria o tesouro dos dois irmãos. Ela disse que tudo já tinha sido distribuído aos pobres.O prefeito, furioso, exigiu que ela renunciasse a Fé Cristã e adorasse aos deuses romanos. Cecília negou-se mostrando muita coragem e serenidade diante de todos. Condenaram-na à tortura. Mas, estando diante dos soldados romanos para ser torturada, ela falou-lhes sobre as maravilhas de Deus, sobre a verdadeira Religião, sobre sentido da vida, que é o seguimento de Jesus Cristo. Os soldados, maravilhados com uma mensagem que nunca tinham ouvido, ficaram do lado de Cecília, dizendo que iriam abandonar o culto aos deuses. Essas inúmeras conversões foram milagres que Deus operou através de Santa Cecília, para que essas pessoas alcançassem a felicidade e a salvação.

O prefeito, então, aborrecido e furioso, deu ordens para outros algozes trancarem Santa Cecília no balneário de águas quentes do seu próprio castelo, logo na entrada dos vapores. Ali, ela seria asfixiada pelos vapores ferventes que aqueciam as águas. Ninguém conseguia ficar ali por mais de alguns minutos. Era morte certa. Porém, para surpresa de todos, milagrosamente ela foi protegida e nada lhe aconteceu. Todos ficavam impressionados com a Fé daquela jovem, frágil, que enfrentava a morte sem receio por causa da grande Fé que tinha em seu coração. 

Mas o prefeito, irredutível, mandou que ela fosse morta com três golpes de machado em seu pescoço. O algoz obedeceu, mas não conseguiu arrancar a sua cabeça, coisa que ele estava acostumado a fazer com apenas uma machadada. Santa Cecília permaneceu viva ainda por 3 dias, conversando e dando conselhos a todos que corriam para vê-la e rezar por ela.  

Por fim, pressentindo sua morte iminente, Santa Cecília pediu ao Papa que entregasse todos os seus bens aos pobres e transformasse a sua casa numa igreja. Antes da sua morte, durante os seus últimos momentos neste mundo, ao sentir que a sua missão estava cumprida, mesmo sendo ainda tão jovem, Cecília conseguiu cantar louvando a Deus, cantando as maravilhas de Deus. Por isso, ela é a padroeira dos músicos e da música sacra. 

Depois disso, a fisicamente frágil e interiormente forte jovem romana que desafiou os poderes deste mundo entregou o seu espírito ao Pai Celestial. Após a sua morte foi sepultada pelos cristãos na catacumba de São Calisto e desde então passou a ser venerada como mártir. 

O túmulo de Santa Cecília ficou desaparecido por muitos séculos. No século IX, Santa Cecília apareceu ao Papa Pascoal I (817-824). Logo depois, o seu túmulo foi encontrado e lá estava o caixão com as relíquias da Santa. O corpo dela estava intacto, na mesma posição em que ela fora enterrada. Ao lado da Santa estavam também os corpos de Valeriano e Tiburcio.  No ano de 1599, o Cardeal Sfondrati mandou abrir o túmulo de Santa Cecília, e o seu corpo foi encontrado na mesma posição que estava quando o Papa Pascoal I a encontrou.

in farfaline.blogspot.com

Oração a Santa Cecília

Ó Virgem e mártir, Santa Cecília, pela fé viva que vos animou desde a infância, tornando-vos tão agradável a Deus e ao próximo, merecendo-vos a coroa do martírio, convertendo pagãos ao Cristianismo, alcançai-nos a graça de progredir cada vez mais na Fé e a professá-la através do testemunho das boas obras, especialmente servindo aos irmãos necessitados. 

Alcançai-nos também a graça de sempre louvar a Deus com canções espirituais. Gloriosa Santa Cecília, que os vossos exemplos de Fé e virtude sejam para todos nós um brado de alerta, para que estejamos sempre atentos à vontade de Deus, na prosperidade como nas provações, no caminho do Céu e da salvação eterna. 

Santa Cecília, padroeira dos músicos e artistas, rogai por nós. 


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quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Textos dos Sumos Pontífices sobre Maria Co-Redentora

Papa Pio IX
«Assim como Cristo, mediador de Deus e dos homens, assumida a natureza humana, apagando a escritura do decreto que nos era contrário, a pregou triunfante na cruz, assim a Santíssima Virgem, unida a Ele por vínculo estreitíssimo e indissolúvel, exercendo com Ele e por Ele as Suas eternas inimizades contra a serpente venenosa e triunfando plenamente desta, lhe esmagou a cabeça com o pé imaculado.» (Bula Ineffabilis Deus, 8 de Dezembro de 1854)

Papa Leão XIII
«A Virgem, isenta da mancha original, escolhida para ser Mãe de Deus e associada por isso mesmo à obra da salvação do género humano, goza junto de Seu Filho de um favor e de um poder tão grandes que jamais os homens nem os anjos o puderam, nem poderão, alcançar semelhante.» (Supremi Apostolatus, 1 de Setembro de 1883)

«Aquela que fora cooperadora no sacramento da redenção do homem, seria também cooperadora na dispensação das graças dele derivadas.» (AAS 28 [1895-1896], 130-131)

Papa São Pio X
«A consequência desta comunidade de sentimentos e sofrimentos entre Maria e Jesus é que Maria mereceu ser reparadora digníssima do orbe perdido e, portanto, a dispensadora de todos os tesouros que Jesus nos conquistou com a Sua morte e com o Seu sangue.» (Ad diem illud, 2 de Fevereiro de 1904)

Papa Bento XV
«Os Doutores da Igreja ensinam geralmente que a Santíssima Virgem Maria, que parecia ausente da vida pública de Jesus Cristo, esteve, contudo, ao Seu lado quando foi para a morte e foi pregado na cruz, ali estando por disposição divina. Com efeito, em comunhão com Seu Filho sofredor e agonizante, suportou a dor e quase a morte; abdicou dos direitos de Mãe sobre o Filho para conseguir a salvação dos homens; e, para aplacar a justiça divina, na medida em que lhe competia, imolou o Seu Filho, de tal modo que se pode dizer, com razão, que redimiu o género humano com Cristo. E por isso toda a sorte de graças que auferimos do tesouro da redenção nos advêm, por assim dizer, das mãos da Virgem dolorosa.» (Epist. Inter sodalicia, 22 de Maio de 1918)

Papa Pio XI
«Ó Mãe de piedade e de misericórdia, que acompanháveis o vosso doce Filho, enquanto realizava no altar da cruz a redenção do género humano, como Corredentora nossa associada às Suas dores..., conservai em nós e aumentai cada dia, vos pedimos, os preciosos frutos da redenção e da vossa compaixão.» (Radiomensagem, 28 de Abril de 1935)

Papa Pio XII
«Tendo Deus querido que, na realização da redenção humana, a Santíssima Virgem Maria estivesse inseparavelmente unida a Cristo, de tal modo que a nossa salvação é fruto da caridade de Jesus Cristo e dos Seus padecimentos associados intimamente ao amor e aos sofrimentos de Sua Mãe, é perfeitamente razoável que o povo cristão, que recebeu de Jesus a vida divina por meio de Maria, após as devidas homenagens ao Sacratíssimo Coração de Jesus, manifeste também ao Coração amantíssimo da Mãe celeste os correspondentes sentimentos de piedade, amor, acção de graças e reparação.» (Haurietis Aquas, 15 de Maio de 1956)

Concílio Vaticano II
«Concebendo Cristo, dando-lhe à luz, alimentando-o, apresentando-o ao Pai no templo, padecendo com o seu Filho quando morria na cruz, cooperou de modo inteiramente singular na obra do Salvador, com a obediência, a fé, a esperança e a ardente caridade, para restaurar a vida sobrenatural das almas. Por isso, é nossa Mãe na ordem da graça.» (Lumen Gentium, n. 61).

(Compilação do Padre Jorge Hidalgo)


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terça-feira, 18 de novembro de 2025

Começa hoje a Novena de Nossa Senhora das Graças (Medalha Milagrosa)

Quando Nossa Senhora das Graças apareceu a Santa Catarina Labouré pediu-lhe que fizesse uma medalha, através da qual teria muitas graças para dar a quem a usasse com devoção. Foram tantos os milagres que hoje em dia é conhecida como "Medalha Milagrosa".

Quem quiser fazer a Novena de Nossa Senhora da Graças e da Medalha Milagrosa deverá rezar em cada um dos 9 dias da Novena: 

1 Pai Nosso, 10 Avé Marias e 1 Glória ao Pai. De seguida fazer a seguinte oração:

Ó Maria concebida sem pecado
Sobre Ti desceu o Espírito Santo 
E Tu nos deste o Teu filho.

Ó Maria, confidente de Santa Catarina
Ensina-nos a sentar ao pé do Senhor
Para escutar a Sua palavra e guardá-la no nosso coração.

Ó Maria, de pé junto da cruz
Conduz-nos ao pé do altar 
Para que nos tornemos uma oferenda agradável ao Pai.

Ó Maria, Mãe da Igreja
Tu que transportas o mundo e o ofereces a Deus
Roga por nós que recorremos a Ti.

Ó Maria, cumulada de Graças
Derrama os teus raios de luz
Sobre cada um de nós que tos pedimos

Ó Maria, ícone da humildade
Faz que usemos a medalha Santa
Como sinal do nosso amor aos corações de Jesus e Maria

Ó Maria, Serva do Senhor
Ajuda-nos a viver na Caridade como Santa Catarina
Que não cessa de interceder em nosso favor. Ámen.

Depois desta oração, pedir a intenção pela qual se reza a Novena. Por fim, repetir 3 vezes a invocação ensinada por Nossa Senhora a Santa Catarina Labouré:

"Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós."


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sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Novena das Almas também conhecida por Saudações de São Gregório

Dia I
Meu Senhor Jesus Cristo, eu Vos adoro suspendido nessa cruz, e suportando a coroa de espinhos em Vossa sacrossanta cabeça. Rogo-Vos, que essa nobilíssima cruz seja o escudo, que me livre dos Ministros da Vossa Justiça. Amen
Pai Nosso; Avé Maria 

Dia II
Meu Senhor Jesus Cristo, eu Vos adoro nessa cruz chagado e ferido, e dando-vos a beber fel e vinagre. Rogo-Vos, que essas preciosas chagas sejam o remédio, e saúde da minha alma. Amen 
Pai Nosso; Avé Maria 

Dia III
Meu Senhor Jesus Cristo, eu Vos adoro pela grande amargura que sofrestes na cruz,  principalmente naquela hora, em que a Vossa nobilíssima Alma saiu do Vosso bendito Corpo. Rogo-Vos, que tenhais misericórdia da minha alma na sua partida deste Mundo, e a leveis a gozar a vida eterna. Amen 
Pai Nosso; Avé Maria 

Dia IV
Meu Senhor Jesus Cristo, eu Vos adoro colocado no Sepulcro, e ungido com mirra e fragantes bálsamos. Rogo-Vos, que a Vossa preciosa morte seja minha ditosa vida. Amen 
Pai Nosso; Avé Maria 

Dia V
Meu Senhor Jesus Cristo, eu Vos adoro descendo ao Limbo, para livrar as almas que esperavam nele a Vossa vinda. Rogo-Vos, que não entre a minha alma naquelas prisões, e escuros cárceres. Amen 
Pai Nosso; Avé Maria 

Dia VI
Meu Senhor Jesus Cristo, eu Vos adoro ressuscitado da morte e subindo ao Céu, e sentado à mão direita do Eterno Pai. Rogo-Vos,  que me façais merecedor de Vos seguir a essa Glória, e ficar gozando a Vossa vista. Amen 
Pai Nosso; Avé Maria 

Dia VII
Meu Senhor Jesus Cristo, Pastor benigno, conservai os Justos em graça, apartai os pecadores da culpa, compadecei-Vos de todos os Fiéis, e favorecei amoroso a este grande pecador. Amen 
Pai Nosso; Avé Maria 

Dia VIII
Meu Senhor Jesus Cristo, eu Vos adoro vindo a Juízo, chamando os Justos ao Céu, e condenando os pecadores ao Inferno. Rogo-Vos, que a Vossa dolorosa Paixão nos livre daquelas penas, e nos conduza à eterna Vida. Amen 
Pai Nosso; Avé Maria 

Dia IX
Ó amantíssimo Pai, eu Vos ofereço a inocente morte do Vosso precioso Filho, e o amor de Vosso Divino Coração, por toda a culpa, e pena, que eu miserável pecador,  e o mais depravado de todos, mereci por minhas iniquidades. Rogo-Vos também pelos meus parentes, e amigos vivos, e defuntos, e que tenhais misericórdia de nós todos. Amen 
Pai Nosso; Avé Maria 

Petição Final (para todos os dias)
Meu Senhor Jesus Cristo, que admiravelmente revelastes o mistério da Vossa Paixão Santíssima ao vosso Bem-aventurado Servo S. Gregório: peço-Vos, que a este miserável pecador concedais alcançar perfeitamente aquela remissão de pecados, que o vosso mesmo Venerável Pontífice, com abundante Autoridade , e Benignidade Apostólica liberalmente facultou a todos os que deveras se arrependessem, e meditassem o progresso da Vossa Paixão. Vós, que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amen 

Rezar seis Pai Nosso, Avé Maria e Glória, e aplicar todas as indulgências pelas Almas do Purgatório.


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quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Sete lições da Peregrinação Summorum Pontificum 2025

No dia 24 de Outubro de 2025 realizou-se, nas instalações do Augustinianum em Roma, o 10.º Encontro Pax Liturgica, promovido no âmbito da XIV.ª peregrinação Summorum Pontificum “ad Petri Sedem”. Estes eventos reúnem, desde 2011, fiéis provenientes de todo o mundo que desejam prestar homenagem ao Papa Bento XVI, que, após tantos conflitos, iniciou a Paz Litúrgica pela publicação do seu motu proprio Summorum Pontificum. Apresentamos hoje sete lições a retirar deste acontecimento.

Lição n.º 1: A juventude e o número - «As praças da cidade encher-se-ão de rapazes e raparigas.» Zacarias 8, 5

De todas as edições da jornada Pax Liturgica e da peregrinação Summorum Pontificum, jamais os organizadores tiveram de enfrentar tamanha afluência. Da basílica de San Lorenzo in Lucina à basílica de São Pedro, muitos fiéis tiveram dificuldade em encontrar caminho e foram obrigados a sentar-se no chão. Na procissão de sábado, 25 de Outubro, as fotografias mostram, na via della conciliazione, a juventude dos presentes. O enviado especial permanente de La Croix em Roma, Mikael Corre, fala de cerca de mil fiéis (a polícia italiana estimou por sua vez a coluna de peregrinos em três mil pessoas), mas não nega a juventude que sobressai daquela multidão. 

Andrea Mattana, 27 anos, Hélène Frelon e Pauline Phelippeau, na casa dos vinte, uma família de Lyon, todos entrevistados pela imprensa francesa, permitem avaliar correctamente a média de idades. Acresce que o acontecimento coincidiu com o jubileu das equipas sinodais, que reuniu, com dificuldade, no mesmo fim-de-semana, dois mil participantes supostamente vindos dos diversos dioceses do mundo. Notando-se ainda, ao observar as fotografias do jubileu das equipas sinodais, uma média de idades já grisalha e marcada pela calvície. A pastoral dos números tem os seus limites, reconhecemo-lo de boa vontade, mas importa desfazer a ideia que alguns ainda não conseguem abandonar: não, o universo tradicional não é simples resíduo de nostálgicos. Olhando verdadeiramente, o que transparece é a juventude e o seu dinamismo.

Lição n.º 2: A dimensão internacional - «Vindos de todas as nações, tribos, povos e línguas, estavam diante do trono e diante do Cordeiro.» Apocalipse 7, 9

As vinte e sete associações dedicadas à defesa da liturgia tradicional mostram que o amor pelo usus antiquior não conhece fronteiras. Nada há de mais falso que restringir o amor pela Missa de São Pio V a preocupações exclusivamente franco-americanas. Neste XIV.º peregrinação Summorum Pontificum, viu-se costa-marfinenses, filipinos e brasileiros cruzarem-se com espanhóis, nigerianos e alemães. Da Serra Leoa ou da Polónia, do outro lado do Pacífico ou dos confins do golfo de Bengala, todos os continentes estavam representados, formando uma catolicidade em estado puro e oferecendo uma fotografia de família autêntica da Tradição, sem retoques nem recurso à inteligência artificial. Como dizia um participante: «O latim, esse une!»

Lição n.º 3: O clero de novo presente -  «Dei os levitas como dom a Aarão e aos seus filhos, para que cumpram o serviço da tenda do encontro em nome dos filhos de Israel.» Números 8, 19

É forçoso reconhecer: um pontificado sucede ao outro. Não se trata aqui de afirmar que Leão XIV sepulta o que Francisco tenha iniciado em tal ou qual registo ou domínio. A prudência é necessária e o vaticanista Jean-Marie Guénois não se poupa a avisar os seus leitores para não tirarem conclusões precipitadas acerca da autorização desta Missa tradicional na basílica maior do Vaticano, no altar da Cátedra de São Pedro. No entanto, a referência feita pelo respeitado Washington Post sugere um espírito de distensão. 

Com efeito, o diário americano cita palavras de um dos mestres de cerimónias papais, don Marco Agostini: «O Cardeal Burke teve, sem dúvida, luz verde do topo: claramente, porque o Papa disse: “Deixai-os fazê-lo.”» Esta saudável permissão desinibiu, legitimamente e com felicidade, muitos clérigos para se juntarem ao cardeal Burke e participar na cerimónia. Se nos últimos anos os clérigos se tornavam raros para evitar críticas ou denúncias caluniosas, no sábado passado foram várias centenas a comparecer.

Lição n.º 4: A missa tradicional, ponte entre diversidades eclesiais - «Há diversidade de dons, mas é o mesmo Espírito; diversidade de ministérios, mas é o mesmo Senhor; diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera em todos.» I Coríntios 12, 4-6

Enquanto a polarização é precisamente o mal a combater, esta Missa tradicional concedeu um grande impulso de caridade a todas as partes envolvidas na celebração. Entre as comunidades que celebram na liturgia antiga, desde logo. Tal como nos pontificais celebrados no peregrinação de Cristandade a Chartres, a Fraternidade de São Pedro, o Instituto de Cristo Rei, o Instituto do Bom Pastor, só para citar estas congregações tradicionais, uniram-se de coração para acompanhar o Cardeal Burke ao altar. 

Mas sobretudo, ao alto da hierarquia, cinco cardeais testemunharam com a sua presença apoio entusiástico à promoção da Missa de São Pio V. O cardeal Burke, como celebrante, claro está, mas igualmente o Cardeal Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana, que pontificou as vésperas na sexta-feira, 24 de Outubro. Jean-Marie Guénois salientava que os abraços públicos e amistosos do cardeal italiano com o seu homólogo americano indicavam mudança de clima. Gestos de amizade do arcebispo de Bolonha que nada ficariam a dever aos que partilharia, quatro dias mais tarde, com Leão XIV, aos pés do Coliseu, na conclusão da Reunião Internacional de Oração pela Paz. Outro prelado presente na peregrinação, o cardeal Brandmüller, sempre sorridente e atento, que fez questão, apesar dos seus problemas de saúde, de assistir à Missa em São Pedro de Roma. 

O Cardeal Sarah esteve na véspera no colóquio Pax Liturgica para ouvir, em especial, a conferência sobre o peregrinação Feiz e Breizh. A sua presença demonstrava o interesse em todo o trabalho de valorização do desenvolvimento da liturgia tradicional no mundo. Por fim, o cardeal Simoni, albanês de 97 anos, que recebeu a púrpura cardinalícia das mãos do Papa Francisco em 2016, condenado à morte sob o regime soviético em 1963, pena depois comutada em trabalhos forçados durante quase 20 anos, impressionou vivamente a assembleia ao recitar a oração de libertação a São Miguel no coração de São Pedro de Roma. Um momento forte, como tantos que só acontecimentos destes sabem proporcionar!

Lição n.º 5: Uma investigação encoberta - «Não espalharás falso rumor. Não te juntarás ao ímpio para dar falso testemunho. Não seguirás a multidão para fazer o mal; no teu testemunho, não torcerás a justiça.» Êxodo 23, 1-3

Nas reuniões Pax Liturgica, era impossível não abordar o estrondo ocorrido em Roma no primeiro trimestre de 2025: a fuga de informação que muitos já previam como muito provável, de que a investigação junto dos bispos de todo o mundo sobre a Summorum Pontificum, cujos resultados deveriam justificar a publicação da Traditionis Custodes em 2021, teria sido falseada. Longe de teoria conspiratória, Diane Montagna detalhou, com provas, as ambiguidades das conclusões dessa investigação. Dos três mil bispos do mundo, dois mil responderam e a maioria expressou claramente o reconhecimento de uma pacificação litúrgica consequente às reformas empreendidas por Bento XVI.

Lição n.º 6: O culminar da Missa na Basílica de São Pedro - «Quando vestia os seus paramentos de glória e se cingia de seu esplendor perfeito, subindo ao santo altar, enchia de glória o recinto do santuário.» Eclesiástico 50, 11

O Céu na Terra! São muitos os testemunhos dos participantes nesta Missa pontifical celebrada no rito secular da Igreja. Todos ficaram admirados, impressionados, comovidos ou tocados. Os curiosos e turistas baixaram instintivamente a voz e muitos deles uniram-se ao recolhimento da cerimónia. As vozes do coro da basílica romana de Santa Maria aos Mártires, a mestria do cerimoniário, o canto gregoriano e a interioridade do rito foram marcantes. O serviço de ordem da basílica, embora inicialmente surpreendido pelo excesso de assistência inesperada, mostrou dedicação exemplar. O cardeal arcipreste da basílica de São Pedro, Mauro Gambetti, evidenciou especial solicitude na organização da peregrinação e alegrou-se por, novamente, se realizar a liturgia antiga na catedral. Sem dúvida, as graças divinas derramadas nessa cerimónia serão contabilizadas para o futuro.

Lição n.º 7: Summorum Pontificum, referência de concórdia - «Orai pela paz de Jerusalém: “paz aos que te amam!” Que haja paz nos teus muros, segurança nos teus palácios!» Salmo 122, 6-7

No sermão pronunciado pelo Cardeal Burke, publicado na nossa carta n.º 1293, a sua voz calma deixava perceber a suave determinação de fazer justiça aos benefícios espirituais da liturgia tridentina. Sem reivindicações nem ataques amargos, apenas o testemunho de uma missa secular que faz bem às almas. Um parágrafo, entre outros, chamou a atenção dos observadores: 

«Tendo o privilégio de participar hoje no Santo Sacrifício da Missa, não podemos deixar de pensar nos fiéis que, ao longo dos séculos cristãos, encontraram Nosso Senhor e aprofundaram n'Ele a sua vida, graças a esta forma venerável do rito romano. Muitos foram inspirados a praticar uma santidade heróica, levando até ao martírio. Aqueles de nós que têm idade suficiente para terem crescido adorando Deus segundo o Usus Antiquior, não podem evitar considerar como isso nos inspirou a manter o olhar fixo em Jesus, especialmente na resposta à nossa vocação na vida. Finalmente, não podemos deixar de agradecer a Deus pela maneira como essa forma venerável do rito romano levou à fé e aprofundou a vida de fé de tantas pessoas que pela primeira vez descobriram a sua incomparável beleza, graças à disciplina estabelecida em Summorum Pontificum. 

Agradecemos a Deus porque, graças ao Summorum Pontificum, toda a Igreja chega a compreender e a amar cada vez mais o grande dom da liturgia sagrada tal como foi transmitida numa linha ininterrupta pela sagrada Tradição, pelos Apóstolos e seus sucessores. Por meio da liturgia sagrada, a nossa adoração de Deus “em espírito e verdade”, Nosso Senhor está connosco da forma mais perfeita que pode haver nesta terra. É a expressão mais excelente da nossa vida n’Ele. Hoje, testemunhando a grande beleza do rito da missa, sejamos inspirados e fortificados para reflectir essa beleza na bondade da nossa vida quotidiana, sob a protecção materna de Nossa Senhora.» 

Sim, deixar-se transformar pela rectidão doutrinal e pelo oceano de sagrado que oferece a liturgia tridentina, eis aquilo que, em caridade, podemos desejar ao nosso próximo.

in Paix Liturgique


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