Qual é portanto a natureza do que acontece numa Jornada Mundial
da Juventude? Que forças que agem nela?
Análises em voga tendem a considerar estas jornadas como uma
espécie de festival rock em estilo eclesial com o Papa como estrela.
Há também vozes católicas que avaliam tudo como um
grande espectáculo, até bonito, mas de pouco significado
para a questão sobre a fé e sobre a presença do Evangelho
no nosso tempo.
Seriam momentos de caloroso êxtase, mas que afinal
de contas deixariam tudo como dantes, sem influenciar
de modo mais profundo a vida.
Porém, dessa maneira a peculiaridade daquelas jornadas
e o carácter particular da sua alegria, da sua força criadora
de comunhão, fica sem explicação alguma.
O Papa não é a estrela que concenttra tudo à volta de si.
Ele é total e unicamente Vigário. Remete para o Outro
que está no nosso meio.
A Liturgia solene é o centro do conjunto, porque nela
acontece o que nós não podemos realizar e de que, contudo,
estamos sempre à espera. Ele está presente. Ele vem para o meio de nós.
O céu rasga-se e a terra fica cheia de luz.
É isto que torna feliz e aberta a vida e une uns aos outros
numa alegria que não é comparável com o êxtase de um festival rock.
Nietzsche certa vez disse: "A habilidade não consiste em organizar uma festa,
mas em encontrar as pessoas capazes de sentir alegria nela".
Segundo a Escritura, a alegria é fruto do Espírito Santo.
Discurso à Cúria Romana, 22/12/2008
Discurso à Cúria Romana, 22/12/2008
3 comentários:
As jornadas são um êxito, mas parecem ser também uma cedência ao espectáculo. Há coisas que passam pela intimidade da oração e não pelo espectáculo. Ouvi falar de "feiras das vocações" e de «confissões non stop". Neste último caso, havia mesmo fotos de confessionários e de pessoas a confessar-se. Ora, isto agride o carácter reservado do sacramento. Há limites para o espectáculo. Na fé, esses limites têm o nome de decoro.
Fotografar pessoas na confissão sem lhes pedir autorização é falta de respeito, e não deve acontecer. No entanto não sabemos se foi esse o caso.
"Enrique Tapia, sacerdote, confessou em quatro idiomas “sem parar”. Os peregrinos chegavam um a seguir a outro e não apenas jovens “alguns, há décadas que não se confessavam e por ocasião deste evento decidiram fazê-lo”, conta este sacerdote.
Alguns voluntários da JMJ que colaboraram na Festa do Perdão estão impressionados. Um deles, José Francisco Vaquero, assegura que “houve alturas em que os 200 confessionários estavam ocupados”."
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