sábado, 19 de setembro de 2020

Arrependimento e morte de D. Afonso III

E semtindo sua morte muito açerqua, seendo já memfestado, requerio que lhe dessem ho sacaramento; e quando lhe foi apresentado, e comtarom os artigos da fé, como he costume, dizemdolhe se crija assi todo, e aquel samto sacramento que avia de reçeber, respomdeo el e disse: 

"Todo esso creo come fiel christão, e creo mais que elle me deu estes Regnos pera os mamteer, em dereito e justiça; e eu por meus pecados o fiz de tal guisa, que lhe darei delles muj maao comto". 

E em dizemdo esto, chorava muj de voomtade, rogamdo a Deos que lhe perdoasse...

in 'Diccionário de História de Portugal' (Rui de Abreu Torres)


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1 comentário:

Maria José Martins disse...

Fico sempre comovida com testemunhos deste género e mais, quando vêm de pessoas com cargos IMPORTANTES!
É que, atualmente, a CARGA INTELECTUAL e de LAICIDADE é tão grande...que aqueles que TESTEMUNHAM DEUS, até parecem doutro Planeta, para não dizer pior!
E a grande diferença entre os Tempos passados e os atuais, é que o Homem, mesmo devasso, ACREDITAVA, que existia um Deus que, apesar de tudo, O Amava, mas a Quem teria que prestar contas pelo seu mau desempenho neste mundo; e isso levava-o ao ARREPENDIMENTO que, como sabemos, era o caminho para a sua Salvação!
Hoje, nem imagino como será, já que NINGUÉM tem pecados ou precisa de prestar contas, pois, tudo se relativizou.