sábado, 29 de outubro de 2022

Cardeal Paccelli: vestido como um soberano, pobre como um camponês

"Em público o meu Tio queria aparecer sempre perfeito, impecável. Representava a Igreja, sentia com grande responsabilidade esta suprema dignidade. O seu comportamento e as suas roupas, exteriormente, eram impecáveis como de um soberano. Mas na realidade era muito pobre."

Giulio Pacelli, sobrinho do Cardeal Eugenio Paccelli (futuro Papa Pio XII)


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7 comentários:

A disse...

Mas a Igreja representa Jesus Cristo, e Ele foi pobre. E embora não se represente a Igreja com trajes de pobre, podia-se e devia-se a meu ver evitar alguns paramentos com riqueza excessiva. Acho que a Igreja não se devia impor pelo que tem ou ostenta, mas pela sobriedade e simplicidade. A dignidade muito bem, mas quando não se distancia do que é Cristo, e não é o que acontece.

José Lima disse...

O decoro, o aprumo e a compostura dos homens de Igreja, direito e dever hoje tão esquecido e que é inerente à dignidade do seu estado, bem como a beleza e a elevação da liturgia, são também formas de manifestação de reverência pelo divino e de expressão do autêntico culto que é devido a Cristo que, na sua vida terrena tendo efectivamente sido pobre, é antes de mais Rei, Rei do Universo, Deus das Nações e Senhor dos Exércitos, e que a este mundo há-de voltar, já não pobre, mas em todo a sua majestade e glória divinas.

Anónimo disse...

Usa-se os argumentos da reverência pelo divino e de expressão do autêntico culto que é devido a Cristo, quando na realidade Ele não quer nem precisa nada disso. Nunca vi em nenhuma mensagem a nenhum Santo que Jesus pedisse esse tipo de reverências, ou alguma vez incluísse nas suas mensagens esses temas, bem pelo contrário, ele sempre falou na pobreza. Quando olho para a foto não vejo nem pobreza e nem o que Jesus pede. Onde pediu Cristo isso? Os homens é que lhe querem dar essas honras quando na verdade o que O honra não são nem as vestes nem os bens e nem as riquezas, só o Amor no íntimo do coração O pode honrar da forma mais aproximada que Ele deseja. Todo o mundo ama S. Francisco e um dos motivos é porque foi mesmo pobre e assim se assemelhou a Cristo. Sempre na mesma linha... Oh meu Deus São Francisco volta!!! padre Pio, volta!

José Lima disse...

Cristo nunca pediu? Cristo nunca quis? Talvez ande por aí alguma presunção… Convém recordar o episódio evangélico da mulher pecadora que ungiu os pés de Jesus com um caro perfume, havendo por isso sido repreendida por um dos apóstolos - mais concretamente, por um certo Judas Iscariotes… - com o argumento de que teria sido melhor dar aos pobres o dinheiro gasto naquele perfume, argumento esse que foi de imediato reprovado por Jesus com o juízo de que, por uma lado, a mulher havia agido assim para o honrar, e de que, por outro lado, os homens sempre teriam os pobres entre si.

De facto, é do culto a Cristo prestado eminentemente por uma liturgia digna e reverente, centro fulcral da autêntica vida cristã, que fluem as graças que permitem incrementar o amor a Deus e concomitantemente ao próximo.

Quanto ao resto, tanto São Francisco de Assis como o Padre Pio, embora humílimos na sua vida pessoal, foram modelos extremados de reverência litúrgica.

Para São Francisco de Assis - http://www.salvemaliturgia.com/2011/07/sao-francisco-de-assis-modelo-de-amor.html

Para o Padre Pio - http://www.capela.org.br/Missa/padrepio.htm

Jesus Pereira disse...

Anônimo, o homem é corpo e alma. A reverência íntima da alma, do coração não é contrária à reverência da matéria, do corpo. Esta é uma falsa contradição, que só se torna verdadeira no hipócrita, que ostenta a piedade exterior para encobrir o vício interior. A nobreza dos objetos e paramentos de culto e dos edifícios sagrados é a nobreza da Noiva do Cordeiro que se desdobra ao seu Amado (ainda que Ele não o peça ). É verdade que Cristo foi pobre (e que como Ele São Francisco de Assis). Mas mostra-me uma censura de Cristo à grandiosidade e riqueza do templo de Jerusalém... uma crítica de São Francisco à beleza das igrejas de sua época... Acaso devemos só uma submissão teórica, intelectual, a Deus? Não a devemos totalmente, de corpo e alma, tudo entregando a Deus para lhe darmos honra e glória? Ou Lhe honramos com o coração mas reservamos os bens materiais para nós? Cobramos a pobreza nas vestes dos ministros, nos objetos sagrados para o culto e nos edifícios sagrados para quê? Para reservarmos mais para nós? Não peça a volta de São Francisco... A Igreja há muito já o pôs como modelo de virtude cristã e santidade. Amas verdadeiramente o exemplo dele? Vai e faze o mesmo.

Jesus Pereira disse...

Lendo há pouco um dos sermões do Beato John Henri Newman... Em certo momento o Beato cita I Macabeus 1, 20-24, que relata como Antíoco despojou o templo de Jerusalém de todos os objetos de valor e elementos decorativos, inclusive o ouro da fachada. E, advinhem... Antíoco é o... o tipo do Anticristo...

A quem servem os dessacralizadores do templo, os críticos do desperdício do nardo puro?

A depauperização do templo e do culto não é senão o desprezo a Deus, a quem se destina a adoração, o louvor, a honra e a glória que neles e através deles se presta.

maria José Martins disse...


E depois de ler os vários comentários, entendo, perfeitamente, a opinião de cada um.
Jesus fez-Se pobre, como me ensinaram, e a mais humilde de todas as criaturas, para que nenhum de nós pudesse ripostar fosse o que quer que fosse, pois Ele TUDO já tinha experimentado; aliás, Ele mesmo diz que podemos ser como Ele em TUDO, tendo-O como exemplo, mas NUNCA chegaremos a sofrer o que Ele sofreu: somente Ele abarcou TODO o sofrimento para poder Redimir a Humanidade!
Contudo, a Sua dignidade sempre a manteve em todas as situações e, como Deus, que nunca deixou de ser, Ele mesmo explica, depois de Ressuscitado, a Transfiguração aos Seus Apóstolos: "Já não era mais o Homem ligado às necessidades do homem. Tinha o Universo de escabelo aos Meus pés e todas as potências como servas obedientes..."-- de "O Evangelho como Me foi revelado", de Maria Valtorta
E mais, na mesma Obra, Jesus também comenta a evolução de cada Apóstolo, desde o Chamamento até ao TOTAL reconhecimento da Sua Divindade.
De homens rudes, vulgares, ríspidos e até agressivos, ao ponto de, por vezes, tratarem-No sem qualquer "parcimónia"... depois da Ressurreição, chegaram a sentir-se intimidados pela CERTEZA de QUEM ELE É, e nem sabiam como tratá-Lo! Assim, teve que ser o próprio Jesus a descontraí-los e a demonstrar-lhes que ELE era O Mesmo e NADA tinha mudado!
E, aí, o comportamento mudou naturalmente, mas a Reverência começou a fazer parte das suas atitudes, embora com a simplicidade que Jesus lhes impunha.

Logo, tal como Jesus diz na mesma Obra, foi Ele mesmo que quis escolher esse tipo de homens, em vez de ter escolhido crianças puras, fáceis de modelar...porque o Seu Objetivo é demonstrar-nos que a CONVERSÃO , apesar de lenta e demorada, é possível, se houver uma adesão TOTAL ao Seu Coração, permitindo que o PROCESSO DE PERFEIÇÃO acabe por acontecer e seja capaz de reconhecer que ELE É, REALMENTE, O SENHOR, a Quem toda a Reverência é devida!
Assim, acho muito bem que a SUA IGREJA tenha uma vida pobre e simples, mas que saiba REVERENCIAR os ACTOS, onde Deus é a GRANDE REFERÊNCIA!