Há quatro rotinas com as quais o homem pode desenvolver a
sua capacidade mnemónica:
Primeiro, revestindo as coisas que ele quer se lembrar com
imagens adequadas, mas não muito comuns: porque as coisas extraordinárias
despertam mais admiração em nós e, portanto, a alma se aplica com mais força;
daí que nos lembremos melhor do que vimos na infância. Ora, essa busca por
semelhanças ou imagens é necessária na medida em que ideias simples e
espirituais desaparecem mais facilmente da alma se não estiverem relacionadas
de alguma maneira às imagens corporais: uma vez que o conhecimento humano é
mais forte no campo das realidades sensíveis. Assim também a memória é colocada
na parte sensível.
Segundo, é necessário que o que o homem queira memorizar o
coloque de modo ordenado no seu pensamento, para mudar facilmente de uma
memória para outra. Por isso, o filósofo [De mem. et rem. 2] escreve: "Às
vezes as reminiscências tomam a sua sugestão do local; e isso porque se passa
facilmente de um lugar para outro».
Terceiro, é necessário que a pessoa se aplique com solicitude e carinho ao que se quer recordar quanto
mais algo está profundamente impresso na alma, mais difícilmente é apagado. De
facto, Cícero escreve [Ad Herenn. 3, 19] que "a solicitude mantém intactas
as imagens das coisas representadas".
Quarto, as coisas que queremos lembrar devem ser repensadas com
frequência. Então o filósofo [De mem. et rem. 1] afirma que "pensamentos
frequentes guardam a memória": pois, como ele ainda diz [ib., C. 2],
"o costume é como uma segunda natureza"; e é por isso que lembramos
imediatamente as coisas em que pensamos muitas vezes, passando de uma para a
outra quase de acordo com uma ordem natural.
in Summa Theologica II-II, q. 49, 1 art.
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