Antes de ser levada
para o hospital, a Jacinta disse que Nossa Senhora lhe tinha aparecido,
assegurando-lhe que «morria», e, por isso, achava a operação inútil. Mandou
dizer à Lúcia que Nossa Senhora «já lá a tinha ido ver; que lhe tinha dito a
hora e o dia em que morria»1 e recomendou-lhe que fosse muito boa.
A mãe foi visitá-la
várias vezes. E teve a grata surpresa, certo dia, de ser visitada pelo pai.
Pouco se demorou, porque em casa tinha muitas pessoas doentes e era preciso
cuidá-las.
Somente em 2 de
Fevereiro seguinte foi internada no Hospital D. Estefânia, para ser submetida à
operação em que os médicos punham tanta esperança. Sentiu imediatamente
a frieza e anonimato dum hospital.
Hospital D. Estefânia em Lisboa |
Apesar da insistência
da vidente, a operação fez-se e correu bem, mas sem êxito, como se viria a
constatar. Foi operada em 10 de Fevereiro. Estava tão enfraquecida que não aguentou a
anestesia total. O Dr. Castro Freire retirou-lhe duas costelas do lado
esquerdo, para que, por uma abertura, pudesse entrar a mão do operador. Chorou quando lhe
tiraram a roupa e custou-lhe muito que mãos de homens tocassem o seu corpo.
[...]
Quatro dias antes de
morrer, em 16 de Fevereiro, a Jacinta tinha muitas dores e queixava-se. A Madre
Godinho animava-a a que suportasse com paciência, porque isso agradava a Deus. Na manhã do dia
seguinte, a Jacinta disse-lhe: «Olhe, madrinha! Eu já não me queixo! Nossa
Senhora tornou a aparecer-me que em breve me viria buscar e que me tirava já as
dores!»2
E, de facto, a partir
desse dia até ao da morte, não voltou a queixar-se nem a dar qualquer sinal de
sofrimento.
in Pastorinhos de Fátima, M. Fernando Silva
1. Memórias da Irmã Lúcia I, nº6, p 46
2. Documentação crítica de Fátima, II, p.186
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