2 Dezembro 1953
Penso que sei exatamente o que quer dizer com a ordem da Graça; e, claro, com as referências a Nossa Senhora, na qual toda a minha pequena percepção de beleza, quer em majestade quer em simplicidade, está fundada. “O Senhor dos Anéis” é, claro, uma obra fundamentalmente religiosa e Católica; inconscientemente à primeira vista, mas conscientemente quando revista.
É por isto que eu não incluí, ou tive que cortar, praticamente todas as referências a qualquer coisa como “religião”, cultos ou práticas, no mundo imaginário. Porque o elemento religioso é absorvido para dentro da história e do simbolismo.
De facto, eu planeei muito pouco; e deveria estar principalmente agradecido por ter sido educado (desde os oito anos) na Fé que me nutriu e me ensinou todo o pouco que sei; e isso devo-o à minha mãe, que se agarrou à sua conversão e morreu jovem em grande parte pelas dificuldades da pobreza que daí resultaram*.
in JRR Tolkien (ed H Carpenter & C Tolkien), The Letters of J.R.R. Tolkien, Harper Collins Publishers, Londres, 2006.
*Mabel Tolkien converteu-se ao Catolicismo aos 30 anos (quando JRR Tolkien tinha 8 anos de idade), apesar de fortes protestos de familiares que deixaram de a apoiar financeiramente. Morreu quatro anos mais tarde. JRR Tolkien sempre considerou que este último período de vida da mãe como um lento martírio pela fé, testemunho este que moldou profundamente a sua vida cristã.
2 comentários:
Alguns católicos obtusos insistem em condenar de forma indiscriminada toda e qualquer literatura de fantasia, inclusive esta. É lamentável.
No mundo em que nos encontramos, onde a CONFUSÃO DOUTRINÁRIA está instalada, acho que "todo o cuidado é pouco!"
Não é Jesus que nos aconselha: "Simples como as pombas, mas prudentes como as serpentes?"
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