sexta-feira, 12 de julho de 2013

Cristianismo cresce no mundo, mas diminui na Europa - M. Introvigne

A Europa está a tornar-se menos religiosa, menos cristã e menos católica. Mas o mundo está a tornar-se mais crente.

Em 28 de Junho de 2013, o mais credível Centro de estatística religiosa do mundo, o “Center for the Study of Global Christianity” (Centro para o Estudo do cristianismo global), em South Hamilton (Massachusetts), dirigido por Todd M. Johnson, publicou o seu muito aguardado relatório, intitulado "O cristianismo no seu contexto global, 1970-2020", que oferece uma ampla série de estatísticas até 2013, e uma projecção até 2020.

O resultado essencial desta extensa investigação estatística pode ser resumido numa frase: o mundo está-se tornando, não menos, mas pelo contrário cada vez mais religioso; e, em particular, está aumentando o número de cristãos e de católicos.

Contudo, este aumento depende da África e da Ásia; enquanto que as Américas se mantêm estáveis e a Europa se torna menos religiosa, menos cristã e menos católica. O relatório observa, com razão, que a eleição dum Papa argentino é um símbolo eloquente desta deslocação epocal do centro da vida religiosa e cristã para longe da Europa.

As pessoas que se declaram religiosas, no mundo, aumentaram de 82%, em 1970, para 88%, em 2013; e este número aproximar-se-á de 90% em 2020. Este aumento é devido à queda do império soviético, a perda de credibilidade do comunismo e ao avanço da religião na China, que o regime não consegue parar. Mas - como foi observado na reunião anual do CESNUR (Centro de Estudos sobre as Novas Religiões), que se realizou de 21 a 24 de junho de 2013 em Falun, Suécia - também depende de um factor demográfico. As pessoas religiosas têm mais filhos, tanto no Sul do mundo, como na Europa e na América do Norte — o que, a longo prazo, irá conter as perdas, mesmo nestas regiões.

Isto explica também porque é que as formas mais "liberais" ou progressistas de religião estão destinadas a pesar menos no futuro: elas podem ainda ganhar a guerra dos media, mas perdem, a cada dia, a guerra mais importante, que é a do número de filhos e de berços.

O mundo torna-se também mais cristão, e ao mesmo tempo mais muçulmano. Em 1970, cristãos e muçulmanos juntos representavam 48% da população mundial; em 2020 serão 57,2%. Os cristãos vão subir em 2020 para 33,3%; e os muçulmanos para 23,9%. Um habitante do planeta, em cada três, será cristão; e quase um, em cada quatro, será muçulmano.

Porém, em 1970, apenas 41,3% dos cristãos viviam no Sul do mundo - Ásia, África e América Latina – enquanto que, em 2020, serão 64,7%. Na África, onde, desde há alguns anos, os cristãos são maioria relativa, superando os muçulmanos, os cristãos serão, em 2020, quase 50%, a maioria absoluta.

Na Ásia e na África, o cristianismo cresce a uma taxa de duas vezes a do crescimento da população em geral, e isto vale também para a Igreja Católica. Contrariamente a um mito muito difundido – a Igreja Católica está com um declínio ligeiro na América Latina, devido ao crescimento não apenas do protestantismo, mas também do número de pessoas que não frequentam nenhuma igreja.

As pessoas que não frequentam nenhuma Igreja já são a maioria na Europa Ocidental; e, em 2020, serão dois terços da população, embora a Itália permaneça, e é provável que se mantenha, entre os principais países europeus, aquele onde a maior percentagem de pessoas se dizem cristãs nas pesquisas de opinião pública - oitenta por cento – ainda que estas afirmações não se traduzam depois em contacto regular, e muitas vezes nem mesmo irregular, com as instituições religiosas.

Os Estados Unidos continuam a ser o primeiro país do mundo em número de pessoas que se declaram como cristãos, embora este número tenha diminuído de 90,9% em 1970, para 80, 1% actualmente; e se preveja que desça para 78,1%, em 2020.

Em 2020, os EUA serão o único país "ocidental" no “top ten” do número de cristãos, uma lista que, em 1970, incluía a Itália e a Espanha, e que agora, depois dos Estados Unidos, inclui o Brasil, a China, o México, a Rússia, as Filipinas, a Nigéria, o Congo, a Índia e a Etiópia.

Em 2020, mais de setecentos milhões, em dois biliões e meio de cristãos (isto é, mais de um quarto), serão pentecostais e carismáticos — incluindo carismáticos católicos — e, curiosamente, o país com a maior percentagem de pentecostais e carismáticos na população total (23%) será o Congo.

Por razões de zelo missionário — mas também, como já se disse, por razões de demografia —, o segmento "evangélico", isto é, conservador, do protestantismo está crescendo a um ritmo duplo relativamente ao total da população mundial, enquanto que o protestantismo histórico "progressista" continua a perder membros, com um declínio que parece irreversível e mundial.

Estes dados fornecem uma imagem contraditoria relativamente ao martelar contínuo dos meios de comunicação social, sobre a secularização e o declínio da religião, que toma a Europa Ocidental pelo mundo.
 
Também nos dizem que a religião, como muitas outras realidades sociais, está intimamente relacionada com a demografia. As religiões avançam, e as formas mais conservadoras de religião ultrapassam as formas ditas progressistas, por uma série complexa de razões, entre as quais não podemos ignorar a constatação de que um casal mais religioso e conservador tende a ter mais filhos.

As grandes agências e os fortes poderes que promovem a irreligiosidade e o secularismo conhecem perfeitamente estas estatísticas. E é por isso que - fazendo ressoar o bombo da cultura popular com romances como "Inferno", de Dan Brown - insistem tanto nas políticas anti-natalistas.

Porque sabem que - apesar de todas as suas considerações triunfalistas sobre a secularização necessariamente vencedora – existe contra eles é uma bomba-relógio que já começou a contar. Em cada dez crianças nascidas no mundo, nove nascem em famílias que se declaram religiosas; e seis nascem num contexto que é cristão conservador ou muçulmano. Enquanto que os "progressistas", e os fãs do secularismo, têm cada vez menos filhos.


blogger

Sem comentários: