sábado, 15 de novembro de 2014

Madre Teresa de Calcutá e a Divina Providência - Um caso de fome

[Este episódio passa-se em 1946. As Missionárias da Caridade ainda não tinham sido fundadas e a Madre Teresa pertencia às freiras do Loreto e tinha sob a sua responsabilidade um colégio de muitas alunas em Calcutá]

Na sua prontidão para corresponder a qualquer manifestação da vontade de Deus com um ansioso "Sim", a Madre Teresa aventurava-se por vezes a situações muito perigosas. Em Agosto de 1946, irrompeu em Calcutá o conflito hindu-muçulmano, acompanhado de uma impressionante violência. No final do "Dia da Grande Matança", como veio a ser conhecido, havia cinco mil pessoas mortas nas ruas, e pelo menos dez vezes mais feridas. Todas as actividades da cidade, incluindo a provisão de alimentos, foram suspensas. Incitada pelas necessidades das suas pupilas, a Madre Teresa decidiu abandonar a segurança dos muros do convento para ir à procura de comida.
"Saí de St. Mary's, Entally. Tinha trezentas raparigas no internato e não tínhamos que comer Não se podia sair à rua, mas eu saí. Foi então que comecei a ver os corpos abandonados nas ruas, esfaqueados, espancados, jazendo em estranhas posições, mergulhados no sangue ue deles havia jorrado, já seco. Nós tínhamos estado protegidas pelos muros do convento. Sabíamos que tinha havidao distúrbios. Algumas pessoas tinham saltado o muro para dentro do convento, primeiro um hindu, depois um muçulmano.  [...] Tínhamo-los recebido e ajudado a fugir e a evitar o perigo. Só quando eu saí para as ruas é que vi a morte que os perseguia. Uma carrinha cheia de soldados mandou-me parar e disse-me que eu não devia andar nas ruas. Que ninguém devia andar nas ruas, disseram eles. Eu respondi-lhes que tinha precisado de sair, de correr esse risco, porque tinha comigo trezentas estudantes que não tinham nada que comer. Os soldados tinham arroz, de maneira que me levaram de carro para a escola e descarregaram sacos de arroz."
in Madre Teresa, Vem, Sê a Minha Luz (p. 55)



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