domingo, 16 de fevereiro de 2014

Liturgia Romana - Pe. Fernando António SJ

Habituámo-nos a olhar quase com inveja e com um estranho e injustificado sentimento de inferioridade as tradições litúrgicas orientais… quando nós, Católicos Romanos, temos uma tradição litúrgica belíssima, feita sobretudo de Pão e de Vinho e da Palavra de Deus, gestos e palavras que herdámos de Cristo, pelos Apóstolos, e que unem Céu e terra pela nova Árvore da Vida, a Cruz de Cristo.

A nossa liturgia é feita de luz e de fogo, de treva e de silêncio, de gesto e de repouso… É feita do mais puro incenso e do óleo perfumado do Crisma, e daqueles gestos que foram exprimindo na nossa história e na nossa cultura a presença consoladora de Deus entre nós: “Eu estarei convosco todos os dias…”.

A nossa tradição produziu textos belíssimos, herdados dos nossos primeiros pais na fé, na era dos mártires, e escritos por grandes Padres da Igreja e autores eclesiásticos como S.Leão Magno, S.Agostinho, São Tomás de Aquino…

A nossa tradição ergueu a maioria dos mais belos edifícios sagrados construídos na história da humanidade, onde trabalharam os melhores arquitectos, os melhores escultores, os melhores pintores, e tudo isto para o culto divino... E na Casa de Deus sempre encontraram o conforto do lar paterno os filhos de Deus, ricos e pobres, santos e pecadores... e mesmo os filhos pródigos...

E que dizer da música inspirada que ao longo da história os compositores escreveram para a nossa liturgia… desde o Canto Gregoriano, continuando com Palestrina, Byrd, Mozart… e por tantos outros contemporâneos?… E tudo isto, puro dom de Deus que, pela Igreja, foi sendo comunicado, vivido e realizado de geração em geração, e que agora, como tesouro precioso e imerecido é depositado na fragilidade das nossas mãos pobres, feridas e pecadoras… 

No vídeo, “Ave verum corpus”, hino eucarístico, de William Byrd (1543-1623), grande compositor inglês que manteve a sua fé católica mesmo no meio das perseguições, cantado pelo coro da Westminster Abbey na Missa Papal, durante a Comunhão.
Ave verum corpus natum de Maria Virgine. Vere passum, immolatum in cruce pro homine. Cuius latus perforatum unda fluxit et sanguine. Esto nobis praegustatum mortis in examine. O Iesu dulcis, o Iesu pie, o Iesu fili Mariae. Miserere mei. Amen.
(Avé, ó verdadeiro corpo nascido da Virgem Maria. Padeceu verdadeiramente, imolado na cruz pelo Homem. De cujo lado trespassado fluiu água e sangue. Faz que nós Te possamos saborear na prova suprema da morte. Ó doce Jesus, ó piedoso Jesus, ó Jesus filho de Maria. Tem misericórdia de mim. Ámen)
Gravação feita pelos Tallis Scholars: http://www.youtube.com/watch?v=G4rWsH1hkQ8
Gravação feita pelos King’s Singers: http://www.youtube.com/watch?v=809ypF_-T00


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