sábado, 27 de fevereiro de 2021

Apenas há repouso em Jesus Cristo Crucificado

Tu que descanso buscas com cuidado
neste mar do mundo tempestuoso
não esperes de achar nenhum repouso
senão em Cristo Jesus Crucificado.

Se por riquezas vives desvelado,
em Deus está o tesouro mais precioso;
se estás de fermosura desejoso,
se olhas este Senhor ficas namorado.

Se tu buscas deleites ou prazeres,
nele está o dulçor dos dulçores
que a todos nos deleita com vitória.

Se porventura glória ou honra queres,
que maior honra pode ser nem glória
que servir ao Senhor grande dos senhores?

Luiz Vaz de Camões in 'Obras de Luiz de Camões' - Vol. II


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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Eu quero morrer!

P. Nuno quer morrer por eutanásia ou por suicídio assistido?
Evidentemente que não, pois isso não seria morrer, mas sim ser assassinado.
 
Tendo em conta, porém, que nesta crise pandémica parece haver um pavor generalizado da morte, quero afirmar peremptoriamente que quero morrer. Mas, confesso, que não quereria morrer de qualquer modo, mas sim com as predisposições necessárias para, pelo menos, ir para o Purgatório; e para isso conto com as vossas preciosas orações e sacrifícios.

De facto, e isto não é uma lamentação nem uma queixa, o meu apostolado sacerdotal, na prática, morreu. É certo que celebro Missa quotidiana para os doentes e enfermos (no nosso convento), mas também é verdade que alguns deles, sacerdotes, poderiam fazer o mesmo com maior proveito e fruto espiritual para todos. Actualmente, e seguramente com toda a razão, sou considerado incapaz de Celebrar, e homiliar em outras Eucaristias, de confessar, de dar assistência Espiritual ou de colaborar em qualquer outra actividade. Ninguém pense, pelas almas, que isto seja algum queixume. Não passa de uma verificação factual, dos desígnios da Providência Divina.
 
Sem pôr de modo nenhum em causa a minha Ordenação Sacerdotal nem o apostolado que exerci, com a Graça de Deus, nos primeiros anos, parece-me justo concluir que aquilo que Nosso Senhor me concedeu foi por tempo limitado e que, por isso, Lhe devo dar muitas Graças, aceitando e acolhendo com muita alegria a radical substituição por outros.
 
Finda, como estou persuadido, a minha missão só peço ao Pai Misericordiosíssimo que por Seu Filho Jesus Cristo, caso eu esteja preparado, me leve o mais depressa possível, purificando-me de todos os pecados, para Si.
 
À honra de Cristo. Ámen.

Padre Nuno Serras Pereira



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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

As graças do Terço

“Felizes as pessoas que rezam bem o Santo Rosário, porque Maria Santíssima lhes obterá graças na vida, graças na hora da morte e glória no Céu.”

Santo António Maria Claret


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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

10 razões para o véu estar de volta às igrejas

Até há não muito tempo, as mulheres católicas cobriam as suas cabeças na igreja e agora muitas estão a optar por voltar a fazê-lo. Quais são as razões que fundamentam esta decisão?

1) Está no Novo Testamento!

«Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo. Felicito-vos porque em tudo vos lembrais de mim e guardais as tradições, conforme eu vo-las transmiti. Mas quero que saibais que a cabeça de todo o homem é Cristo, a cabeça da mulher é o homem, e a cabeça de Cristo é Deus.

Todo o homem que reza ou profetiza, de cabeça coberta, desonra a sua cabeça. Mas toda a mulher que reza ou profetiza, de cabeça descoberta, desonra a sua cabeça; é como se estivesse com a cabeça rapada. Se a mulher não usa véu, mande cortar os cabelos! Mas se é vergonhoso para uma mulher cortar os cabelos ou rapar a cabeça, então cubra-se com um véu.

O homem não deve cobrir a cabeça, porque é imagem e glória de Deus; mas a mulher é glória do homem. Pois não foi o homem que foi tirado da mulher, mas a mulher do homem. E o homem não foi criado para a mulher, mas a mulher para o homem. Por isso, a mulher deve trazer sobre a cabeça o sinal da autoridade, por causa dos anjos. Todavia, nem a mulher é separável do homem, nem o homem da mulher, diante do Senhor. Pois, se a mulher foi tirada do homem, o homem nasce da mulher, e tudo provém de Deus.

Julgai por vós mesmos: será decoroso que a mulher reze a Deus de cabeça descoberta? E não é a própria natureza que vos ensina que é uma desonra para o homem trazer cabelos compridos, ao passo que, para a mulher, deixá-los crescer é uma glória, porque a cabeleira lhe foi dada como um véu? Mas, se alguém quiser contestar, nós não temos esse costume, nem tão-pouco as igrejas de Deus.» (Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 11, 1-16)

2) A Igreja cobre com um véu as coisas que são sagradas 

O tabernáculo é coberto com um véu. O cálice é coberto com um véu. O altar é coberto com um véu. Moisés cobriu o rosto depois de ter visto Deus. Uma mulher que se cobre com um véu mostra reverência a Deus, simbolizando a noiva de Cristo, que é a Igreja; mas também honra a si mesma como mulher diante de Deus.

3) Homens e mulheres são diferentes 

Homens representam Cristo, o noivo, e é por isto que temos o sacerdócio masculino. As mulheres representam a Igreja, a noiva. 

O piedoso uso do véu vai contra uma sociedade que nos diz que homens e mulheres são iguais, que existem muitos géneros, e que o “género” não é importante quando as pessoas querem casar. O uso do véu denuncia em alta voz a modernidade e as suas mentiras. Uma mulher que escolhe ser submissa como esposa, como mulher, ao marido é contra tudo o que a nossa sociedade nos diz a respeito do homem e da mulher. São Paulo comenta sobre a submissão das mulheres aos seus maridos e sobre a submissão da Igreja à Cristo. E também do amor de Cristo pela Igreja a ponto de sofrer por ela até a morte e, portanto, os maridos devem amar as suas esposas da mesma maneira. 

4) Homens e mulheres são iguais 

O Cristianismo defende que homens e mulheres têm a mesma dignidade em Deus; e São Paulo o di-lo bem na passagem em que diz às mulheres para cobrirem as suas cabeças. O uso do véu pelas mulheres não deve ser considerado como algo que as diminua em relação aos homens. 

5) Um véu acentua a beleza natural de uma mulher 

São Tomás de Aquino explica no seu comentário sobre o uso do véu que os seres humanos, em geral, aumentam a sua beleza natural com o que vestem. As mulheres, naturalmente, possuem belos cabelos e o véu ornamenta e acentua esta beleza. Geralmente, queremos trazer o melhor de nós mesmos para a liturgia e o uso do véu é uma maneira de fazê-lo. 

6) Faz parte da Tradição dos Apóstolos 

São Paulo escreve que deseja que os coríntios conservem as tradições tais como ele as transmitiu. São Paulo está a transmitir a tradição das mulheres cobrirem as suas cabeças e dos homens não o fazerem. Esta tradição veio dos Apóstolos e foi mantida até aos anos 1970, quando tantas tradições litúrgicas caíram em desuso. 

O Código de Direito Canónico de 1917 requeria que as mulheres cobrissem as suas cabeças e proibia que os homens fizessem o mesmo. O Código de Direito Canónico de 1983 omitiu a passagem sobre as mulheres terem que cobrir as suas cabeças, mas manteve a proibição dos homens. 

7) Algumas mulheres rezam melhor assim 

Algumas escolhem não apenas usar o véu na igreja, mas em qualquer momento de oração, seja privada ou pública. É algo que as ajuda concentrar-se. 

Uma oração para se rezar ao colocar o véu e entrar numa igreja é: “Felizes os convidados para o banquete nupcial do Cordeiro”. 

8) Usando um véu a mulher está imediatamente vestida para a igreja 

Seja num dia durante a semana ou ao Domingo, quando uma mulher põe um véu na igreja diz a si mesma e aos outros que está vestida para a igreja. Uma mulher, que vai à Missa depois do trabalho, pode mentalmente distinguir o “vestir-se para o trabalho” do “vestir-se para a igreja” ao usar um véu. Uma mulher que fica em casa com os filhos enquanto usa “roupas de mãe” o dia todo pode estar instantaneamente vestida para a igreja ao colocar um véu. 

9) Um belo véu na presença de Deus faz com que a mulher se sinta bem 

O uso do véu faz as mulheres se sentirem bonitas e muitos maridos as consideram “atraentes”. A beleza do véu é algo que honra a Deus da mesma forma que belas arquitecturas e belos paramentos o fazem. Os véus contribuem para dar a Deus o culto que é devido a Ele. 

10) Por causa dos Anjos 

São Tomás de Aquino explica isto referindo que os Anjos estão presentes no Santo Sacrifício da Missa. Também por isso, os homens devem mostrar reverência, assim como as mulheres. As mulheres mostram reverência cobrindo as suas cabeças e os homens não as cobrindo. 

Susanna Spencer in ChurchPop


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Dia da Cátedra de São Pedro



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sábado, 20 de fevereiro de 2021

Dia dos Pastorinhos de Fátima

O texto que passo a citar mudou a minha vida. Trata-se da conversa que Lúcia, na presença dos seus primos Francisco e Jacinta Marto, teve com Nossa Senhora na primeira aparição em Fátima:
– Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.
– De onde é vossemecê? perguntei.
– Sou do Céu.
– E o que é que Vossemecê me quer?
– Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez.
– E eu também vou para o Céu? – Sim, vais.
– E a Jacinta? – Também.
– E o Francisco? – Também, mas tem que rezar muitos Terços.

(Pausa para fazer uma pergunta: Se o Francisco teve que rezar muitos Terços para ir para o Céu o que terei eu que fazer???)

– Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?
– Sim, queremos.
– Ide pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
Nossa Senhora ainda acrescentou: Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.

João Silveira


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Cardeal Sarah deixa a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos

O Cardeal Robert Sarah, até agora Prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, vai deixar esse dicastério por decisão do Papa Francisco.

É costume que quem exerce cargos na Cúria Romana apresente a renúncia ao Papa quando celebra o 75º aniversário, como acontece com os Bispos Diocesanos (Cân. 401). O Cardeal Sarah assim fez no dia 15 de Junho de 2020. O Papa Francisco não aceitou imediatamente a renúncia, mas fê-lo agora.

O Cardeal Sarah, natural da Guiné-Conacri, é considerado um dos mais "conservadores" do Colégio Cardinalício. Em 2016, como Prefeito da Congregação para o Culto Divino, fez 5 recomendações aos sacerdotes:

1 - Missas ad orientem a partir do Advento desse ano
2 - Maior uso do latim
3 - Ajoelhar para a Comunhão
4 - O silêncio dentro da Liturgia
5 - Música na Sagrada Liturgia

Infelizmente, a grande maioria dos sacerdotes não quis saber dessas boas recomendações. E estas causaram um certo mal-estar no Vaticano.

Em 2019, imediatamente antes do Sínodo da Amazónia - no qual estaria em causa o celibato sacerdotal - o Cardeal Sarah lançou um livro escrito conjuntamente com o Papa Bento XVI a defender o celibato sacerdotal. Mais uma vez, a questão criou alguma celeuma dentro da Cúria e não só.

O Cardeal Sarah é autor de best-sellers como "Deus ou nada" ou "A força do silêncio: contra a ditadura do barulho".


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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Via-Sacra nas Sextas-Feiras da Quaresma

A Igreja recomenda que se reze a Via-Sacra em todas as Sextas-Feiras da Quaresma.

O CAMINHO DA CRUZ

Ajoelhai-vos ante o altar, fazei um Acto de Contrição, e fazei a intenção de ganhar as indulgências para vosso bem, ou para as almas no purgatório. Depois dizei: 

Senhor meu Jesus Cristo, Vós percorrestes com tão grande amor este caminho para morrer por mim, e eu Vos tenho ofendido tantas vezes apartando-me de Vós pelo pecado. Mas agora amo-vos com todo meu o coração, e, porque vos amo, arrependo-me sinceramente de todas as ofensas que vos tenho feito. 

Perdoai-me, Senhor, e permitais-me que vos acompanhe nesta viagem. Vais morrer por meu amor, pois eu também quero viver e morrer pelo vosso, amado Redentor meu. Sim, Jesus meu, quero viver sempre e morrer unido a Vós. 

1ª ESTAÇÃO: JESUS É CONDENADO À MORTE.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera como Jesus, depois de haver sido açoitado e coroado de espinhos, foi injustamente sentenciado por Pilatos a morrer crucificado.

(Aqui faz-se uma pequena pausa para considerar brevemente o mistério, e o mesmo nas demais estações)

Adorado Jesus meu: os meus pecados foram maiores dos que de Pilatos, dos que vos sentenciaram a morte. Pelos méritos deste doloroso passo, suplico-vos que me assistais no caminho que vai recorrendo a minha alma para a eternidade.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

2ª ESTAÇÃO: JESUS LEVANDO A CRUZ ÀS COSTAS.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera como Jesus, andando neste caminho com a cruz às costas, ia pensando em vós e oferecendo ao seu Pai pela vossa salvação a morte que ia padecer.

PAUSA

Amabilíssimo Jesus meu: abraço todas as tribulações que me tens destinadas até a morte, e vos rogo, pelos méritos da pena que sofrestes levando a vossa Cruz, me deis força para levar a minha com perfeita paciência e resignação.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

3ª ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA PRIMEIRA VEZ.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera esta primeira queda de Jesus debaixo da Cruz.

PAUSA

As suas carnes estavam despedaçadas pelos açoites; a sua cabeça coroada de espinhos, e havia já derramado muito sangue, pelo qual estava tão frágil, que apenas podia caminhar; Levava ao mesmo tempo aquele enorme peso sobre os seus ombros e os soldados empurravam-n'O; de modo que muitas vezes desfaleceu e caiu neste caminho.

Amado Jesus meu: mais do que o peso da Cruz, são os meus pecados que Vos fazem sofrer tantas penas. Pelos méritos desta primeira queda, livrai-me de cair em pecado mortal.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

4ª ESTAÇÃO: ENCONTRO DE JESUS COM SUA MÃE SANTÍSSIMA.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera o encontro do Filho com a sua Mãe neste caminho.

PAUSA

Olharam-se mutuamente Jesus e Maria, e os seus olhares foram outras tantas flechas que trespassaram os seus amantes corações.

Amantíssimo Jesus meu: pela pena que experimentasteis neste encontro, concedei-me a graça de ser verdadeiro devoto de vossa Santíssima Mãe.

E Vós, minha aflita Rainha, que fostes abrumada de dor, alcançai-me com a vossa intercessão uma contínua e amorosa memoria da Paixão de vosso Filho.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

5ª ESTAÇÃO: JESUS AJUDADO POR SIMÃO CIRINEU A LEVAR A CRUZ.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera como os judeus, ao ver que Jesus ia desfalecendo cada vez mais, temeram que Ele morresse no caminho e, como desejavam vê-Lo morrer da morte infame de Cruz, obrigaram Simão, o Cirineu, a que O ajudasse a levar aquele pesado madero.

PAUSA

Dulcíssimo Jesus meu: não quero recusar a Cruz, como o fez o Cirineu, antes bem a aceito e a abraço; aceito em particular a morte que tenhais destinada para mim, com todas as penas que a irão acompanhar. Vós haveis querido morrer pelo meu amor, eu quero morrer pelo vosso; ajudai-me com a vossa graça.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

6ª ESTAÇÃO: A PIEDOSA VERÓNICA ENXUGA O ROSTO DE JESUS.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera como a devota mulher Verónica, ao ver a Jesus tão fatigado e com o rosto banhado em suor e sangue, lhe ofereceu um lenço.

PAUSA

E limpando-se com ele nosso Senhor, deixou impresso nele a sua santa imagem.

Amado Jesus meu: em outro tempo vosso rosto era lindíssimo; mas nesta dolorosa viagem, as feridas e o sangue mudaram a sua beleza. Ah! Senhor meu, também a minha alma ficou bela aos vossos olhos quando recebi a graça do baptismo, mas tenho-a desfigurado desde aí, com os meus pecados. Vós apenas, Oh! Redentor meu!, podeis restituir-lhe a beleza passada: fazendo-o pelos méritos da vossa Paixão.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

7ª ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA SEGUNDA VEZ.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera a segunda queda de Jesus debaixo da Cruz, na qual se lhe renova a dor das feridas da sua cabeça e de todo o seu corpo ao aflito Senhor.

PAUSA

Oh! pacientíssimo Jesus meu: tantas vezes me haveis perdoado e eu tenho voltado a cair e a ofender-vos. Ajudai-me, pelos méritos desta nova queda, a perseverar na vossa graça até a morte. Fazei que em todas as tentações que me assaltem, sempre e prontamente me encomende a Vós.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

8ª ESTAÇÃO: JESUS CONSOLANDO AS FILHAS DE JERUSALÉM.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera como algumas piedosas mulheres, vendo a Jesus em tão lastimoso estado, que ia derramando sangue pelo caminho, choravam de compaixão; mas Jesus disse-lhes: não choreis por mim, mas sim por vós mesmas e pelos vossos filhos.

PAUSA

Aflito Jesus meu: choro as ofensas que Vos tenho feito, pelos castigos que tenho merecido, mas muito mais pelo desgosto que tenho dado a Vós, que tão ardentemente me haveis amado. Não é tanto o Inferno que me faz chorar os meus pecados, mas ter ofendido o vosso amor imenso.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

9ª ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ DEBAIXO DA CRUZ.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera a terceira queda de Jesus Cristo.

PAUSA

Extremada era a sua fraqueza e excessiva a crueldade dos soldados, que queriam fazer-lhe apressar o passo, quando apenas lhe restava forças para mover-se lentamente.

Atormentado Jesus meu: pelos méritos da debilidade que quisesteis padecer no vosso caminho até ao Calvario, dai-me a fortaleza necessária para vencer os respeitos humanos e todos os meus desordenados e perversos apetites, que me tem feito desprezar a vossa amizade.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

10ª ESTAÇÃO: JESUS NO ATO DE O DESPIREM E DE LHE DAREM O FEL A BEBER.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera como ao ser despojado, Jesus, das suas vestes pelos soldados, estando a túnica interior pregada as carnes descoladas pelos açoites, lhe arrancaram também com ela a pele do seu sagrado corpo.

PAUSA

Inocente Jesus meu: Pelos méritos da dor que sofrestes, ajudai-me a desnudar-me de todos os afectos às coisas terrenas, para que possa eu pôr todo o meu amor em Vós, que tão digno sois de ser amado.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

11ª ESTAÇÃO: JESUS PREGADO NA CRUZ.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera como Jesus, extendido sobre a Cruz, abre os seus pés e mãos e oferece ao Eterno Pai o sacrificio da sua vida por nossa salvação; cravado por aqueles bárbaros soldados, que depois levantam a Cruz ao alto, deixando-O morrer de dor, sobre aquele patíbulo infame.

PAUSA

Oh! desprezado Jesus meu: Cravai o meu coração a vossos pés para que permaneça sempre ali amando-vos e não vos deixe mais.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

12ª ESTAÇÃO: JESUS MORRE NA CRUZ.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera como Jesus, depois de três horas de agonia, consumido de dores e exausto, inclina a cabeça e expira na Cruz.

PAUSA

Oh! morto Jesus meu: Beijo enternecido essa Cruz em que por mim haveis morrido. Eu, por causa dos meus pecados, teria merecido uma má morte, mas a vossa é a minha esperança. Eis, pois Senhor, pelos méritos da vossa Santíssima morte, concedei-me a graça de morrer abraçado aos vossos pés e consumido pelo vosso amor. Em vossas mãos encomendo minha alma.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

13ª ESTAÇÃO: JESUS É DESCIDO DA CRUZ.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera como, havendo expirado o Senhor, foi baixado da Cruz por dois dos seus discípulos.

PAUSA

José e Nicodemos depositaram-nO nos braços da sua dolorosíssima Mãe, Maria, que O recebeu com ternura e O apertou contra o seu peito trespassado de dor.

Oh! Mãe dolorosíssima: Pelo amor desse Filho, admiti-me como vosso servo e rogai-Lhe por mim.

E Vós, Redentor meu, já que haveis querido morrer por mim, recebei-me no número dos que vos amam mais, pois eu não quero amar nada fora de Vós.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

14ª ESTAÇÃO: JESUS É COLOCADO NO SEPULCRO.

Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos. Porque pela vossa Santa Cruz redimistes ao mundo.

Considera como os discípulos levaram a enterrar Jesus, acompanhando-O também a sua Santíssima Mãe, que O depositou no sepulcro com as suas próprias mãos.

PAUSA

Depois cerraram a porta do sepulcro e se retiraram.

Oh! Jesus meu sepultado : Beijo essa pedra que vos encerra. Vos ressuscitasteis depois de três dias; por vossa ressurreição vos peço e vos suplico me façais ressuscitar glorioso no dia do juízo final para estar eternamente convosco na glória, amando-vos e bendizendo-vos.

Amo-vos, ó Jesus, mais que a mim mesmo, e arrependo-me de todo coração de haver-vos ofendido; não permitais que volte a separar-me de Vós outra vez. Fazei que vos ame sempre e dispõe de mim como Vos agrade. Amém.

Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória e a seguinte oração.

Amado Jesus meu,
Por mim vais à morte,
Quero seguir a vossa sorte,
Morrendo por vosso amor;
Perdão e graça imploro,
Neste caminho de dor.

ACTO DE CONTRIÇÃO

Senhor Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes Vós Quem sois sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e porque Vos amo e estimo, pesa-me, Senhor, de todo o meu coração, de Vos ter ofendido; pesa-me também por ter perdido o Céu e merecido o Inferno, e proponho firmemente, ajudado com o auxílio da vossa divina graça, emendar-me e nunca mais vos tornar a ofender, e espero alcançar o perdão das minhas culpas, pela vossa infinita misericórdia. Amém.

Santo Afonso Maria de Ligório


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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Penitência, Jejum e Abstinência na Igreja: em 1962 e agora




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Arrependimento e Reparação

Sem uma intervenção de Deus, sem a Sua Graça, somos incapazes de nos arrepender, quando o fazemos é sempre uma resposta a esse maravilhoso e gratuito Dom que Ele nos concede. Esta é uma das razões que nos deve levar a evitar a todo o custo qualquer tipo de pecado, principalmente o grave, mas também o leve ou venial, posto que, como diz a Sagrada Escritura. “quem descuida as pequenas coisas cai insensivelmente nas grandes”. 


De facto, podemos tornar-nos insensíveis à Graça do arrependimento verdadeiro. E não sabemos até quando Deus na Sua infinita Misericórdia e Justiça suportará a nossa dureza de Coração. Estas e outras coisas que a seguir se dirão foram durante séculos objecto de pregação, ensino e meditação. Nos tempos que correm acha-se que a Salvação está no papo e que Deus é um avozinho ternurento incapaz de castigar. Mas esse não é o Deus Bíblico.

 

O arrependimento, a conversão, não consiste somente na dor de ter ofendido a Majestade Divina, mas requer uma mudança de vida disposta a reparar o mal feito (pensamentos, palavras e obras) ou o bem por fazer (omissões). Reparação a Deus, pela falta de correspondência ao Seu Amor, e reparação ao(s) próximo(s). A Deus repara-se pela confissão e Comunhão/adoração Eucarística, e demais orações. Mas em relação ao próximo, exceptuando, casos de impossibilidade, as orações, evidentemente, não bastam.

 

Se eu roubo dinheiro ou preciosidades a outrem, podem dar-me todas as absolvições, que se eu, podendo (e sem necessidade de me denunciar), não restituir o que furtei não sou perdoado. Nem o poder do Vigário de Cristo, como ensina o P. António Vieira, me poderá dispensar da restituição.

 

Do mesmo modo, quem comete actos carnais de impureza com outrem ou o/a tenta nessa mesma matéria, terá de pedir perdão e fazer tudo ao seu alcance para os persuadir à Pureza. A oração e o jejum rigoroso muito podem ajudar nesta purificação e reparação.

 

Alguns dos pecados, às vezes veniais e frequentemente graves, mais cometidos, nos dias de hoje, com uma leviandade assustadora, são os pecados da língua. A intriga, a murmuração, a maledicência, a inconfidencialidade, a insinuação, a difamação, a calúnia, reinam soberanas e impunes. Alguém, nos tempos que correm, ainda se confessará destes pecados? E, no entanto, os seus efeitos são devastadores.

 

Aqui lembro tão só alguns princípios gerais, deixando para outro texto um aprofundamento.

 

1. As conversas privadas são exclusivamente de âmbito privado. Delas não se pode fazer uso com outros.

2. Toda e qualquer pessoa tem direito à honra, ao bom nome e à boa fama.

3. Quem revela um pecado grave oculto (que não é público) comete um pecado grave.

4. Há circunstâncias em que se pode ou mesmo deve declarar algo sobre outrem, a saber, a quem, pelo cargo que exerce, pode e deve ajudar a resolver a situação, ou quando se dá um crime que exige intervenção imediata, ou em caso de aconselhamento espiritual, ou numa necessidade de desabafo urgente, com pessoa que saiba guardar sigilo.

5. A difamação e a calúnia são infames.

6. A intriga e a murmuração são péssimas.

7. O segredo da Confissão é absolutamente inviolável.

8. O que é dito em direcção espiritual é de si mesmo sigilosa, não admitindo comentários nem revelações.

 

Poderia continuar, mas não me quero alongar. Chamo somente a atenção para a necessidade imprescritível de reparação. Por exemplo, repondo o bom nome das pessoas, etc.

 

À honra de Cristo. Ámen.


Padre Nuno Serras Pereira



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terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Combater na Terra, descansar no Céu

Não me digas que não queres combater; porque no instante mesmo em que mo dizes, estás a combater; nem que ignoras para que lado te inclinares, porque no momento mesmo em que isso dizes, já te inclinaste para um lado; nem me afirmes que queres ser neutro, porque quando pensas sê-lo, já não o és; nem me assegures que permanecerás indiferente, porque te desprezarei, dado que, ao pronunciares essa palavra, já tomaste o teu partido.

Não te canses em buscar asilo seguro contra os açoites da guerra, porque te cansas em vão; essa guerra se expande tanto como o espaço, e se prolonga tanto como o tempo. 

Só na eternidade, pátria dos justos, podes encontrar descanso; porque só ali não há combate; não presumas, contudo, que se abram para ti as portas da eternidade se não mostras antes as cicatrizes que levas; aquelas portas não se abrem senão para os que combateram aqui os combates do Senhor gloriosamente, e para os que vão, como o Senhor, crucificados.'

Juan Donoso Cortés in 'Ensayo sobre el catolicismo, el liberalismo y el socialismo', Edit. Comares, Granada, 2006.



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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Por que razão Sócrates odiava a Democracia?



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Apelo aos Bispos de Portugal pelo reinício das celebrações públicas

Naturalmente, o primeiro apelo que se pode fazer é o apelo à oração contínua e generosa por parte dos Católicos que, de modo absolutamente legítimo, anseiam pela reabertura das igrejas encerradas, pelo reinício das celebrações públicas e pela administração dos Santos Sacramentos. Por outro lado, urge tomar uma acção concreta, sugerindo-se, assim, que o presente apelo seja enviado, por e-mail, para a Conferência Episcopal Portuguesa e para os respectivos Bispos diocesanos e Párocos.
15 de Fevereiro de 2021
95.º aniversário da aparição do Menino Jesus à Ir. Lúcia

Ex.mo e Rev.mo Sr. Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa,
Eminências e Excelências Reverendíssimas,

Com os olhos postos em Pontevedra, local bendito em que, há pouco menos de um século, o Menino Jesus apareceu à Ir. Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, saudosa vidente de Fátima, para reforçar a necessidade da propagação da devoção dos Cinco Primeiros Sábados, com o fim de desagravar o tão ofendido Imaculado Coração de Maria, que é o próprio Coração da Santa Madre Igreja, da qual somos membros na qualidade de militantes, dirigimos este filial apelo a Vossas Eminências e Excelências Reverendíssimas.          

Portugal e o mundo estão imersos, há um ano, no caos. Mediaticamente falando, por causa do coronavírus, que tanta distância tem criado, tantas relações tem dificultado, tantos medos, muitas vezes infundados, nos tem incutido e, até mesmo, afastado do centro das nossas vidas: Deus Nosso Senhor! A cada dia, acentua-se sempre mais o antropocentrismo que caracteriza as sociedades contemporâneas: o Homem é o centro do cosmos. Querem que nos tornemos “homens vitruvianos”, deixando de parte o fim para que fomos criados, isto é, dar glória a Deus por tudo aquilo que d’Ele recebemos e em tudo aquilo que nos é permitido operar!  

Precisamente há um mês, a 15 de Janeiro, iniciou-se o “novo confinamento”. Dois dias antes, o Governo socialista, o mesmo que se regozija com a aprovação da lei da eutanásia, para espanto comum, não instituiu qualquer limitação à liberdade de circulação para os cidadãos que pretendessem ir à igreja, tanto para a oração pessoal como para a celebração da Santa Missa. Imediatamente no dia sucessivo, a Conferência Episcopal Portuguesa abalou o mais íntimo dos fiéis com um comunicado a anunciar a suspensão ou o adiamento, «para momento mais oportuno, quando a situação sanitária o permitir», dos Baptismos, dos Crismas e dos Matrimónios. Uma semana depois, a 21 de Janeiro, uma nova nota da Conferência Episcopal «determina a suspensão da celebração “pública” da Eucaristia a partir de 23 de janeiro de 2021», excepção feita para as Dioceses de Angra e do Funchal.  Por tudo isto, para além do caos psicológico, político, económico e social, estamos a passar por uma catastrófica orfandade espiritual generalizada. Num momento em que precisamos, mais do que nunca, da solicitude dos nossos Pastores e da intensificação da oração, tanto pessoal quanto comunitária, somos privados da Santa Missa, fecham-se as portas aos Baptismos e, deste modo, à salvação de tantas almas, tal como aos Matrimónios, potenciando as ocasiões de pecado mortal. Instalou-se um caos espiritual, que queremos combater com todas as forças disponíveis, nomeadamente com a arma da oração, a mesma que, no início do turbulento século XX, animou os Pastorinhos de Fátima, que se entregaram até ao último suspiro. Não nos acomodamos diante do coma induzido em que se encontra a Igreja em Portugal!       

Assistindo-se à suspensão das celebrações e, em muitos casos, ao encerramento das igrejas, está-se a boicotar uma oportunidade privilegiada de conversão a tantas almas, considerando que o acesso aos Sacramentos é praticamente inexistente. Não podemos receber a Comunhão, os nossos filhos não podem receber o Baptismo, muitos de nós não podemos celebrar o Matrimónio, os nossos doentes, muitas vezes, morrem sozinhos e sem a absolvição sacramental. Enfim, assiste-se a tudo menos a um apelo à penitência, à conversão e à mudança de vida.

Eminências e Excelências Reverendíssimas, e se os hospitais decidissem encerrar? Se tanto elogiamos, e com justiça, a abnegação dos profissionais de saúde, porquê que, pelo contrário, temos de assistir à passividade de tantos “médicos das almas”? Será o corpo mais importante do que a alma? Esta é uma situação sem precedentes, nunca na história da Igreja Católica se assistiu a um abandono das almas por parte do clero. Se nesta situação, incomparavelmente menos grave do que epidemias passadas, acontece algo assim, o que poderá acontecer, no futuro, em situações análogas ou mais violentas? «Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que eu hei-de aliviar-vos» (Mt 11, 28). Estarão estas palavras, proferidas pelo nosso Salvador, desactualizadas?                   

Não se iludam, Eminências e Excelências Reverendíssimas, tal conduta não beneficia em nada a saúde das almas, a principal causa da vossa vocação e do vosso ministério ordenado. Pode, isso sim, agradar ao mundo hodierno, mas nunca ao Criador! Afinal, somos criaturas, mas tendemos a comportar-nos como criadores.    

Aproximando-se a quarta-feira de Cinzas e o tempo penitencial da Quaresma, que nos conduzirá à Páscoa gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo, apelamos a Vossas Eminências e Excelências Reverendíssimas que as igrejas sejam reabertas, que sejam retomadas as celebrações públicas e sejam administrados os Sacramentos, nomeadamente os do Baptismo, da Eucaristia, da Confissão, do Matrimónio e da Unção dos Enfermos. Assim agindo, não se aplicarão a nós as palavras que, em Pontevedra, o Divino Infante disse, a respeito dos Cinco Primeiros Sábados, à Ir. Lúcia: «É verdade, minha filha, que muitas almas os começam, mas poucas os acabam». E tantas são almas que inúmeras acções começam, mas muito poucas as que as terminam!     

Assegurando a nossa filial oração, é este o apelo que fazemos a todos e a cada um de vós, Pastores da Igreja Católica, na certeza de que «as portas do Abismo nada poderão contra ela» (Mt 16, 18).



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