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domingo, 14 de abril de 2024

Não há nenhum noite como esta

Não há em todo o ano litúrgico, que é o vôo circular em que a Igreja contempla amorosamente os mistérios de Cristo, momento mais jubiloso e mais belo em que, antes de acender o Círio Pascal, o Diácono canta o “Exultet Jam Angélica Turba Caelorum...” que é, sem dúvida alguma, o maior primor que os homens, com inspiração divina e engenho próprio jamais lograram compor em toda a história do cristianismo e do mundo. 

Quem já adulto, e já doloridamente vivido, teve a felicidade de ouvi-lo pela primeira vez no esplendor do Movimento Litúrgico, pôde apreciar, nessa adamantina condensação, todo o apuro, todo o requinte de infinito bom-gosto que a Igreja, ex abundantia operis, trouxe à civilização, e até hoje guarda a lembrança do estremecimento da alegria que nessa noite sentiu como antecipação de todas as promessas de Deus:
 
O vere beata nox, quae sola meruit scire tempus et horam in qua Christus ab inferis ressurrexit! – Ó bem-aventurada noite, única que mereceu conhecer o dia e a hora em que Cristo ressuscitou dos mortos. Inebriada de alegria a Igreja delira, e chega à amorosa inconveniência, à desmedida loucura de cantar:

O certe necessarium Adae peccatum... O felix culpa... – Ó necessário pecado de Adão...Ó culpa feliz.

E depois, agora mais senhora de si, gravemente repete a grande história do Verbo de Deus desde a madrugada da Criação, desde a promessa feita a Abraão, e através das palavras dos profetas até aquela outra madrugada do primeiro dia da semana em que Maria Madalena e a outra Maria vieram visitar o sepulcro.

Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e Salomé, haviam comprado aromas para embalsamá-Lo, e pelo caminho diziam: “Quem nos levantará a pedra do sepulcro?”

Chegadas, viram a pedra rolada, e então as duas mulheres voltaram correndo para anunciar aos apóstolos o que viram e ouviram do anjo que estava ao lado do sepulcro: Ele ressuscitou!

E daí em diante começaram as páginas mais transluminosas, e mais banhadas de alegria das Sagradas Escrituras. Cada quadro tem uma luz suave e mais penetrante do que todo o alvorecer da Criação.

Agora num relâmpago, vemos Maria Madalena voltar-se para o vulto que julgava ser o do jardineiro, e com ela ouvimos:
 - Maria! E logo a resposta de adoração: - Raboni!
 
Mais adiante é no Cenáculo, onde estavam fechados e tristes os apóstolos, que Jesus ressuscitado aparece e lhes diz: “A paz seja convosco.” 

E agora é na estrada de Emaús que dois discípulos caminham conversando a respeito de tudo o que havia acontecido, e à certa altura percebem que alguém caminha com eles, e lhes pergunta: “De que falais enquanto caminhais?” Os viandantes ficaram tristes, e o que se chamava Cleofas respondeu ao desconhecido: “Serás tu, forasteiro em Jerusalém, o único a ignorar o que se passou nestes dias?” “O que aconteceu?”, perguntou o desconhecido. E os peregrinos contaram a história de Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus, que os príncipes dos sacerdotes e magistrados entregaram para ser condenado à morte, e morte de cruz; e disseram que estavam tristes porque esperavam que ele libertasse Israel, e agora já três dias passaram... É verdade que algumas mulheres, que se achavam conosco, dizem que seu corpo desapareceu do sepulcro e que um anjo anunciou que Ele estava vivo! Mas eles ainda duvidavam...

Disse-lhes então o desconhecido: “Ó homens sem inteligência, como tarda vosso coração em crer o que os Profetas anunciaram!” E começando por Moisés, percorrendo todos os Profetas, o desconhecido ia explicando as palavras de Deus à medida que se aproximava de Emaús. O desconhecido deu a entender que tomava outro caminho, mas a pedido dos peregrinos entrou com eles num albergue. “Fica conosco!” pediam os peregrinos, e Jesus, com eles à mesa, tomou o pão, benzeu-o, partiu-o, e deu-lhes, e então seus olhos se abriram, mas Jesus desaparecera.

Esta pequena história que resiste a todos os maltratos da humana grosseria, tem inspirado e animado o engenho de todas as artes humanas, e poderá ainda, até o fim do mundo, ser cantada, contada, pintada e lavrada sem que a infinita profundidade de sua beleza venha a se exaurir. Por mim, neste momento, sinto com especial comoção a beleza da ação de graças dos dois peregrinos quando retomam a caminhar: — “Lembras-te como nosso coração se abrasava quando Ele, no caminho, nos explicava as Escrituras?”.
 
Peçamos nós a esses santos peregrinos que nos obtenham de Deus a mesma graça de sentir arder o coração quando ouvirmos a voz de Cristo na voz da Igreja a nos explicar os formidáveis mistérios da Pátria.

Diz-nos São Paulo na Vigília Pascal: “Se morrermos com Cristo, com Ele ressuscitaremos e viveremos". Mas nosso tardo coração sente-se amedrontado diante de tão excessiva promessa de Deus.

Na verdade, na verdade, todos os dons de Deus e todas as suas promessas são excessivas, e tamanho clarão de mistério às vezes mais nos ofusca e nos cega do que nos ilumina. “Creio... na ressurreição da carne...” balbucio eu envolvendo este artigo no mesmo global ato de fé que tem sua razão de ser na Palavra de Deus. Balbucio e tremo quando considero esta pobre carne já tão desgastada, “comme um vieux mouton qui a perdu sa laine aux ronces du chemin” – como um velho carneiro que perdeu sua lã nos espinhos do caminho. Como poderá resplender e reflorescer este pobre corpo já tão próximo do desmoronamento total?

Afina teu ouvido, ó tardo coração, e pondera que nesta Vigília Pascal, por sua Igreja, Cristo nos rememora todas as grandezas de Deus desde a criação até esse momento único em que a chama do Círio representa a grande transição, a maravilhosa travessia, a Páscoa que nos transporta de um desastrado mundo para o mundo dos ressuscitados. E pondera bem, alma de minh’alma, que um só ato vivificado pela graça de Cristo é maior do que todas as galáxias; e que as vezes que do pecado saíste por um ato de contrição e pelo perdão sacramental somam maior total de maravilhas do que todo o Universo criado. 

Na verdade, na verdade tu te deténs demais na excessiva promessa anunciada pelo Exultet porque ainda te agarras demais à ideia de que teu corpo com sua variedade de órgãos e funções, é a maior maravilha de teu ser. No que te enganas demais, alma de minha alma, porque a maior maravilha de meu ser é a graça da adoção, é o favor sobrenatural que Deus nos concede: o de podermos chamá-lo de Pai Nosso...

E nessa ordem de coisas, que importa infinitamente mais do que todas as estrelas do céu, todas as flores da terra e todos os peixes do mar, nessa ordem nova ou nessa nova criação – tudo é graça.

Gustavo Corção in 'O Globo' (29/III/1975)


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quarta-feira, 10 de abril de 2024

domingo, 7 de abril de 2024

Domingo Quasimodo

Neste Domingo, a Missa em latim começa com "Quasi modo". Se soa familiar é simplesmente porque se trata do nome do Corcunda de Notre-Dame, a personagem principal do romance 'Notre-Dame de Paris'. Com o recente incêndio na Catedral de Paris voltou a escrever-se sobre essa personagem.

Mas por que razão Victor Hugo chamou "Quasimodo" ao Corcunda mais famoso do Mundo? Simplesmente porque teria sido encontrado no Domingo a seguir ao Domingo de Páscoa, cujo introito começa com: "Quasi modo geniti infantes..." (Como bebés recém-nascidos...), uma passagem da primeira carta de São Pedro.

Este Domingo é tradicionalmente conhecido por "Dominica in Albis". Isto porque as pessoas eram baptizadas no dia de Páscoa e, para comemorar a pureza que tinham na sua alma pelo perdão do pecado original e dos pecados pessoais, usavam uma túnica branca durante toda a semana. 

O Domingo seguinte era o primeiro dia sem essa túnica branca, por isso dizia-se: "Dominica in Albis Depositis" (Domingo em que se tira a veste branca).


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quarta-feira, 3 de abril de 2024

Como rezar o Regina Caeli

Durante o tempo pascal, que vai do Domingo de Páscoa até ao Pentecostes, em vez da Oração do Anjo (Angelus) reza-se o Regina Caeli, para sublinhar a alegria cristã pela ressurreição de Nosso Senhor.

Português:

V. Rainha do Céu, alegrai-vos, Aleluia!
R. Porque Aquele que merecestes trazer em Vosso ventre, Aleluia!
V. Ressuscitou como disse, Aleluia!
R. Rogai por nós a Deus, Aleluia!
V. Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria, Aleluia!
R. Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!

Oremos. Ó Deus, que Vos dignastes alegrar o mundo com a Ressurreição do vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, concedei-nos, Vos suplicamos, a graça de alcançarmos pela protecção da Virgem Maria, Sua Mãe, a glória da vida eterna. Pelo mesmo Cristo Nosso Senhor. Ámen.

Latim:

V. Regina caeli, laetare, alleluia.
R. Quia quem meruisti portare, alleluia.
V. Resurrexit, sicut dixit, alleluia.
R. Ora pro nobis Deum, alleluia.
V. Gaude et laetare, Virgo Maria, alleluia.
R. Quia surrexit Dominus vere, alleluia.


Oremus. Deus, qui per resurrectionem Filii tui, Domini nostri Iesu Christi, mundum laetificare dignatus es: praesta, quaesumus; ut per eius Genetricem Virginem Mariam, perpetuae capiamus gaudia vitae. Per eundem Christum Dominum nostrum. Amen.



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segunda-feira, 1 de abril de 2024

domingo, 31 de março de 2024

Onde está o teu aguilhão, ó morte? Cristo ressuscitou e foste arrasada!

Quem tiver piedade e amor a Deus, regale-se nesta gloriosa e brilhante festa; quem for servo bom, entre alegre no gozo de seu Senhor; quem suportou a fadiga do jejum, receba agora a sua remuneração; quem trabalhou desde a primeira hora, receba hoje o seu justo salário; quem veio após a terceira hora, festeje com gratidão; quem chegou após a sexta hora, entre sem hesitar, porque não será castigado; quem se atrasou até à nona hora, venha sem receio; quem chegou somente na décima primeira hora, não tenha medo por causa da sua demora, porque o Senhor é generoso, acolhe o último como o primeiro; remunera o operário da décima primeira hora como o da primeira; cobre um com sua misericórdia e outro com sua graça; a um dá, a outro perdoa; aceita as obras e abençoa a intenção; recompensa o trabalho e louva a boa vontade.

Entrai, pois, todos no gozo de nosso Senhor; primeiros e últimos recebei a recompensa; ricos e pobres, alegrai-vos juntos; justos e pecadores, honrai este dia; vós que jejuastes e vós que não jejuastes, regozijai-vos uns com os outros; a mesa é farta, saciai-vos à vontade; o vitelo é gordo, que ninguém se retire com fome; Tomai todos parte no banquete da fé; participai todos da abundância da graça; que ninguém se queixe de fome, porque o reino universal foi proclamado; que ninguém chore por causa de seus pecados, porque o perdão jorrou do túmulo; que ninguém tema a morte, porque a morte do Salvador nos libertou a todos.

Ele destruiu a morte, quando a ela se submeteu; despojou o inferno, quando a ele desceu; o inferno tocou o seu corpo e foi aniquilado. Foi isto que profetizou Isaías, exclamando: "o inferno ficou aflito ao encontrar-te; o inferno foi aniquilado e arruinado; aniquilado e menosprezado, aniquilado e executado, aniquilado e espoliado, aniquilado e subjugado. Agarrou um corpo e encontrou um Deus; apossou-se da terra e achou-se defronte ao céu; pegou no que viu e caiu donde não viu”. 

Onde está tua vitória, ó inferno? Onde está o teu aguilhão, ó morte? Cristo ressuscitou e foste arrasada! Cristo ressuscitou e os demónios foram vencidos! Cristo ressuscitou e os anjos rejubilaram-se! Cristo ressuscitou e a vida foi restituída! Cristo ressuscitou e não ficou morto nenhum no túmulo! Porque Cristo, pela sua ressurreição dos mortos, tornou-se primícias de todos os mortos. A Ele honra e glória pelos séculos dos séculos. Amen.

São João Crisóstomo


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sábado, 6 de maio de 2023

Nossa Senhora que corre ao encontro de Jesus ressuscitado

Foi mais uma vez cumprida a tradição na cidade de Sulmona (Itália): Nossa Senhora correu ao encontro do Seu Filho quando O viu pela primeira vez depois da Ressurreição.

Este evento foi fotografado pela primeira vez em 1861, existindo ainda essa fotografia na Confraternidade de Santa Maria do Loreto. Mas existem relatos que provam que remonta ao Séc. XVII, há cerca de 400 anos.

Quando Nossa Senhora chega perto de Jesus, os membros da confraternidade abraçam-se jubilosamente, simbolizando a imensa alegria que uniu Mãe e Filho naquele encontro histórico.


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quinta-feira, 13 de abril de 2023

Sexta-Feira da Oitava da Páscoa é dia de Abstinência?

Sexta-Feira é um dia tradicionalmente associado à penitência porque foi o dia no qual Nosso Senhor foi crucificado e morreu na cruz para nos salvar. Para nos associarmos, mesmo que pouco, aos sofrimentos de Jesus também nós fazemos sacrifícios nesse dia da semana. Um dos mais antigos é a abstinência da carne, isto é não comer carne à Sexta-Feira.

Na Lei da Igreja esta obrigatoriedade sempre previu excepções. No Código de Direito Canónico de 1917 eram dias de abstinência obrigatória todas as Sextas-Feiras do ano excepto se fosse um dia de preceito, ou seja um dia tão importante que fosse obrigatório ir à Missa: dia de Natal ou dia da Imaculada Conceição, por exemplo. 

No novo Código de Direito Canónico, de 1983, a excepção a essa abstinência das Sextas-Feiras acontece sempre que nesse dia existe uma Solenidade, mesmo que não seja dia de preceito. 

A Oitava da Páscoa, os 8 dias que se seguem ao Domingo de Páscoa, são tratados, liturgicamente, como se fossem a Solenidade do dia de Páscoa. Por isso esta Sexta-Feira, segundo a lei actual, parece não ser de abstinência. 

Legalmente é esta a conclusão lógica, à luz dos cânones actuais. No entanto quem quiser fazer abstinência não perde nada, sabendo que é um costume que vem dos primórdios da Igreja, associando essa penitência ao arrependimento dos seus pecados e pedindo a graça de não voltar a pecar.


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segunda-feira, 10 de abril de 2023

Prefácio Pascal cantado pelo Papa Pio XII

Uma rara gravação da voz do Papa Pio XII enquanto canta o prefácio da Missa de Páscoa.

V. Dóminus vobíscum.
R. Et cum spíritu tuo.
V. Sursum corda.
R. Habémus ad Dóminum.
V. Grátias agámus Dómino, Deo nostro.
R. Dignum et justum est.


Vere dignum et justum est, æquum et salutáre: Te quidem, Dómine, omni témpore, sed in hac potíssimum die gloriósius prædicáre, cum Pascha nostrum immolátus est Christus. Ipse enim verus est Agnus, qui ábstulit peccáta mundi. Qui mortem nostram moriéndo destrúxit et vitam resurgéndo reparávit. Et ídeo cum Angelis et Archángelis, cum Thronis et Dominatiónibus cumque omni milítia coeléstis exércitus hymnum glóriæ tuæ cánimus, sine fine dicéntes.


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domingo, 9 de abril de 2023

Christus Resurrexit! Vere Resurrexit! Alleluia, Alleluia!

Santa Páscoa, caros amigos!

Ao raiar do terceiro dia, os amigos de Cristo quando chegaram ao local viram o sepulcro vazio e a pedra rolada para o lado. De várias formas eles aperceberam-se da nova maravilha; mas mesmo assim não se aperceberam bem que o mundo tinha morrido durante a noite. O que eles contemplavam era o primeiro dia de uma nova criação, um novo Céu e uma nova Terra.

E, no semblante de um jardineiro, Deus passeava de novo no jardim, na brisa, não da tarde, mas da madrugada.

G.K. Chesterton in 'O Homem Eterno' (1925)


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sábado, 7 de maio de 2022

Nossa Senhora que foge na praça em Sulmona (Itália)

De longe, a Virgem reconhece o Filho Ressuscitado. Num ápice, o manto negro e o lenço caem, deixando ver um esplêndido vestido verde, revestido d'ouro e uma rosa encarnada, enquanto se levantam 12 pombas no ar. Ao meio-dia em ponto, Nossa Senhora começa assim o seu percurso, entre os aplausos das pessoas.

Quando Nossa Senhora chega junto do seu Filho, os irmãos da confraternidade abraçam-se, muitas vezes derramando lágrimas de comoção. É uma tradição que se renova há muitos anos graças à Confraternidade de Santa Maria do Loreto em Sulmona.


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terça-feira, 19 de abril de 2022

Páscoa em Nova Iorque: 3 cruzes nos arranha-céus

Em 1956 a Páscoa foi celebrada na zona financeira de Manhattan com 3 arranha-céus iluminados, representando as 3 cruzes do Calvário. Foi apenas há 66 anos, mas hoje em dia isto seria impensável, graças à perseguição que está a ser feita no Ocidente aos símbolos cristãos.

Rezemos pelos que consideram ofensiva a imagem de Deus que morre numa cruz para salvar os homens.





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quinta-feira, 14 de abril de 2022

O Sacerdote na celebração do Tríduo Pascal

A Carta aos Hebreus é o único texto do Novo Testamento que atribui a Nosso Senhor Jesus Cristo os títulos de “Sacerdote”, “Sumo Sacerdote” e “Mediador da Nova Aliança”, graças à oferenda do sacrifício do Seu corpo, antecipado na Ceia mística da Quinta-Feira Santa, consumado sobre a cruz e apresentado ao Pai com a ressurreição e a ascensão ao Céu (cf. Hb 9,11-15). Este texto é meditado na Liturgia das Horas da quinta semana da Quaresma – ou da Paixão, como no calendário litúrgico da forma extraordinária do Rito Romano – e na Semana Santa.

Nós, sacerdotes católicos, devemos contemplar sempre Cristo e ter os mesmos sentimentos d’Ele; esta ascese acontece com a conversão permanente. Como se realiza a conversão em nós, sacerdotes? No rito da ordenação é-nos pedido o ensino da fé católica, não das nossas ideias; “celebrar com devoção os mistérios de Cristo – isto é, a liturgia e os sacramentos – segundo a tradição da Igreja”, e não segundo o nosso gosto; sobretudo, “estar cada vez mais unidos a Cristo Sumo Sacerdote, que, como vítima pura, Se ofereceu ao Pai por nós”, isto é, conformar a nossa vida segundo o mistério da Cruz.

A Santa Igreja honra o sacerdote e o sacerdote deve honrar a Igreja com a santidade da sua vida – este foi o propósito de Santo Afonso Maria de Ligório no dia da sua ordenação –, com o zelo, com o trabalho e com o decoro. Ele oferece Jesus Cristo ao Pai Eterno e por isso deve estar revestido das virtudes de Jesus Cristo, para preparar-se para o encontro com o Santo dos Santos. Que importante é a preparação interior e exterior para a sagrada liturgia, para a Santa Missa! Trata-se de glorificar o Sumo e Eterno Sacerdote, Jesus Cristo. Pois bem, tudo isso se realiza em grau máximo na Semana Santa, a Grande e Santa Semana, como dizem os orientais. Vejamos alguns dos seus principais actos, com base no cerimonial dos bispos.

1. Com a Missa in Cena Domini, da Quinta-Feira Santa, o sacerdote entra nos principais mistérios – a instituição da Santíssima Eucaristia e do sacerdócio ministerial –, assim como no mandamento do amor fraterno, representado pelo lava-pés, gesto que a liturgia copta realiza ordinariamente cada Domingo. Nada melhor para expressá-lo do que o canto Ubi caritas. Após a comunhão, o sacerdote, usando o véu umeral, sobre ao altar, faz a genuflexão e, ajudado pelo diácono, segura a píxide com as mãos cobertas pelo véu umeral. É o símbolo da necessidade de mãos e corações puros para aproximar-se dos mistérios divinos e tocar o Senhor!

2. Na Sexta-Feira Santa in Passione Domini, o sacerdote é convidado a subir ao Calvário. Às três da tarde, às vezes um pouco mais tarde, acontece a celebração da Paixão do Senhor, em três momentos: a Palavra, a Cruz e a Comunhão. Dirige-se em procissão e em silêncio ao altar. Depois de ter reverenciado o altar, que representa Cristo na austera nudez do Calvário, ele prostra-se por terra: é a proskýnesis, como no dia da ordenação. Assim, expressa a convicção do seu nada diante da Majestade divina, e o arrependimento por se ter atrevido a medir-se, por meio do pecado, com o Omnipotente. Como o Filho que se anulou, o sacerdote reconhece o seu nada e assim tem início a sua mediação sacerdotal entre Deus e o povo, que culmina na oração universal solene.

Depois faz-se a ostensão e a adoração da Santa Cruz: o sacerdote dirige-se ao altar com os diáconos e lá, em pé, recebe-a e descobre-a em três momentos sucessivos – ou mostra-a já descoberta – e convida os fiéis à adoração, em cada momento, com as palavras: Eis o madeiro da cruz, no qual esteve suspenso o Salvador do mundo

O sacerdote, após ter depositado a casula, se possível descalço, aproxima-se da Cruz, ajoelha-se diante dela e beija-a. A teologia católica não teme em dar aqui à palavra “adoração” o seu verdadeiro significado. A verdadeira Cruz, banhada com o sangue do Redentor, torna-se, por assim dizer, uma só coisa com Cristo e recebe a adoração. Por isso, prostrando-nos diante do lenho sagrado, dirigimo-nos ao Senhor: “Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz redimistes o mundo”.

3. A Páscoa do Reino de Deus realizou-se em Jesus: oferecida e consumida a Ceia, “na noite em que ia ser entregue”; imolada sobre o Calvário na Sexta-Feira Santa, quando “houve escuridão sobre toda a Terra”, mais uma vez a noite recebe a consagração da aprovação divina, na ressurreição de Cristo Senhor: por João, sabemos que Maria Madalena se aproximou do sepulcro “bem de madrugada”; portanto, aconteceu nas últimas horas da noite após o Sábado pascal.

No Novus Ordo, o sacerdote, desde o início da Vigília, está vestido de branco, como para a Missa. Ele abençoa o fogo e acende o círio pascal com o novo fogo, após ter aplicado, como na liturgia antiga, uma cruz. Depois grava sobre o lado vertical da cruz a letra grega alfa e, abaixo, a letra omega; entre os braços da cruz, faz a incisão de quatro algarismos para indicar o ano em curso, dizendo: Cristo ontem e hoje. Depois, feita a incisão da cruz e dos demais sinais, pode aplicar no círio cinco grãos de incenso, dizendo: Pelas suas santas chagas. Depois, cantando o Lumen Christi, guia a procissão rumo à igreja. O sacerdote está à cabeça do povo dos fiéis aqui na Terra, para poder guiá-lo ao céu.

É o sacerdote que entoa solenemente "Eis a luz de Cristo!". Ele canta-o três vezes, elevando gradualmente o tom da voz: o povo, depois de cada vez, repete-o no mesmo tom. Na liturgia baptismal, o sacerdote, estando de pé diante da fonte, abençoa a água, cantando a oração: Ó Deus, por meio dos sinais sacramentais; enquanto invoca: Desça, Pai, sobre esta água, pode introduzir nela o círio pascal, uma ou três vezes.

O significado é profundo: o sacerdote é o órgão fecundador do seio eclesial, simbolizado pela fonte baptismal. Verdadeiramente, na pessoa de Cristo Cabeça, ele gera filhos e, como pai, fortifica-os com o crisma e nutre-os com a Eucaristia. Também em razão destas funções maritais em relação à Igreja esposa, o sacerdote não pode senão ser um homem. Todo o sentido místico da Páscoa manifesta-se na identidade sacerdotal, chegando à plenitude, o plếroma, como diz o Oriente. Com ele, a iniciação sacramental chega ao cume e a vida cristã se torna o centro.

Portanto, o sacerdote, que subiu com Jesus à cruz na Sexta-Feira Santa e desceu ao sepulcro no Sábado Santo, no Domingo de Páscoa pode afirmar realmente: “Sabemos que Cristo verdadeiramente ressuscitou dentre os mortos”.

Mons. Nicola Bux, Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice


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domingo, 18 de abril de 2021

15 boas razões para acreditar na Ressurreição

1. HAVIA UM TÚMULO VAZIO
Os fundadores de outras “fés” estão ainda enterrados ou foram cremados e as suas cinzas foram espalhadas por países estrangeiros. Jesus não. Os académicos modernos podem afirmar o que quiserem nos seus programas televisivos...a verdade é que o túmulo estava vazio.

2. O TÚMULO TINHA UM SELO ROMANO
Um pedaço de barro estava preso a uma corda (esticada à volta de uma pedra) e ao próprio túmulo. O selo romano estava estampado no barro. Quem quebra o selo, quebra a lei; e quem quebra a lei, morre.

3. O TÚMULO TINHA GUARDA ROMANA DE SERVIÇO
A guarda era constituída de pelo menos quatro homens (possivelmente mais), soldados altamente treinados. Estes soldados eram especialistas em tortura e combate, não se assustariam facilmente  por um bando de pescadores ou cobradores de impostos. Caso adormecessem ou abandonassem o seu posto, violariam a lei, o que resultaria na sua morte.

4. O TÚMULO TINHA UMA PEDRA À SUA FRENTE
A maior parte dos académicos afirma que a pedra pesaria pelo menos duas toneladas, com provavelmente dois metros e meio de altura. Seria claramente necessário uma equipa para a levantar ou arrastar, não seria trabalho para um ou dois homens.

5. HOUVE VÁRIAS APARIÇÕES PÓS-RESSURREIÇÃO, A CENTENAS DE PESSOAS
Durante seis semanas, Ele apareceu a diversos grupos de variados tamanhos em locais diferentes. Uma vez, apareceu a mais de quinhentas pessoas – um número grande demais para ser uma fraude. Já para não falar que as pessoas a quem Ele aparecia não o viam simplesmente, mas comiam com Ele, andavam com Ele, tocavam-Lhe…Jesus até um pequeno-almoço preparou (Jo 21, 9).

6. O MARTÍRIO DAS TESTEMUNHAS É PROVA
Deixariam as pessoas para trás o seu trabalho, família e vida, iriam até ao fim do mundo, seriam horrível e brutalmente mortas e abandonariam as suas crenças religiosas anteriores, acerca da salvação, só para espalhar uma mentira? Ninguém, enquanto era decapitado, entregue aos leões, queimado em óleo, ou na fogueira, ou até crucificado ao contrário, mudou a sua história. Pelo contrário, cantaram hinos de louvor e confiança, sabendo que o Senhor que derrotou a morte os elevaria também.

7. A IGREJA PERDURA
Se a Ressurreição fosse mentira, ter-se-ia apagado há anos. A Igreja é a maior e mais velha instituição de qualquer tipo, na história da humanidade. A Igreja surgiu com os Apóstolos, após o dia de Pentecostes, no ano em que Cristo ascendeu ao Céu. Ela conquistou impérios, defendeu-se de ataques (quer vindos de dentro quer de fora) e cresceu, apesar dos seus membros pecadores, porque foi fundada por Cristo, e é guiada e protegida pelo Espírito Santo. A Igreja, tal como Cristo, é tanto divina como humana.

8. JESUS PROFETIZOU QUE IA ACONTECER
Jesus anunciou às pessoas que ia acontecer. Para Ele não foi uma surpresa. E não disse apenas: “Eu serei morto” (que outros também poderiam ter previsto) mas também que “Ao fim de três dias se levantaria dos mortos.” Estes detalhes não são ironias, coincidências ou adivinhações — são profecias, e as verdadeiras profecias vêm de Deus.

9. ESTAVA PROFETIZADO NO ANTIGO TESTAMENTO
Já era anunciado séculos antes do próprio Cristo ter nascido ou ressuscitado. Centenas de profecias acerca do Messias, o que Ele diria, faria, como viveria e como morreria… foram anunciadas por pessoas escolhidas por Deus (a maioria sem nunca se ter conhecido, já agora). Isaías, Jeremias, Zacarias, Oseias, Miqueias, ou Elias (só para nomear alguns) todos apontavam para a morte e Ressurreição de Cristo, séculos antes de acontecer.

10. O DIA DO SENHOR MUDOU
Após a Ressurreição, milhares de judeus (quase de um dia para o outro) abandonaram os séculos de tradição de celebrar o Sábado (dia do Senhor) no último dia da semana e passaram a santificar o primeiro dia da semana, o dia em que o Senhor, Jesus Cristo, venceu a morte e selou a nova e eterna aliança com Deus.

11. AS PRÁTICAS DOS SACRIFÍCIOS MUDARAM
Os Judeus sempre foram ensinados (e ensinavam assim os seus filhos) que era necessário oferecer um sacrifício de carne (animal) uma vez por ano, para remissão dos seus pecados. Após a Ressurreição, os judeus convertidos na altura, grande parte deles, pararam estes sacrifícios.

12. É ÚNICA ENTRE TODAS AS RELIGIÕES
Nenhum outro líder religioso, em qualquer altura, afirmou ser Deus, excepto Cristo. Nenhum outro líder religioso alguma vez fez as coisas que Jesus fez. Nenhum outro líder religioso se provou com a Ressurreição. Confúcio morreu. Lao-zi morreu. Maomé morreu. Joseph Smith morreu. Sidarta Gautama (Buda) morreu. Cristo ressuscitou dos mortos.

13. A MENSAGEM VALIDA-SE POR SI MESMA
Um coração humilde é muito mais esclarecido e iluminado do que a lógica ou razão. Um verdadeiro crente não precisa de todos os factos para crer na Ressurreição, porque o Espírito Santo revela-nos Cristo, intima e poderosamente. S. Paulo fala disto. Corações duros e cegos nunca verão Deus, até aceitarem que não são Deus.

14. O MILAGROSO FIM ENCAIXA COM A VIDA MILAGROSA
Não se percebe a lógica? Jesus curou os cegos, os surdos e dos mudos. Alimentou as multidões, curou os leprosos e curou os pecadores. Fez com que os coxos andassem e trouxe outros de volta à vida. Multiplicou comida, andou sobre as águas e acalmou tempestades apenas com a Sua voz. O milagre da Sexta-Feira Santa é que Ele não fez nenhum milagre. Ele morreu. O milagre do Domingo de Páscoa é que Ele ressuscitou dos mortos – um fim miraculoso para uma vida miraculosa. O que mais poderíamos esperar?

15. (E A ÚNICA RESPOSTA QUE REALMENTE PRECISAMOS) . . .  JESUS CONTINUA A SER RESPOSTA
O mundo não pode oferecer nenhuma cura para o sofrimento. O mundo pode ignorá-lo, insultá-lo, debatê-lo, bombardeá-lo, medicá-lo…mas não existe nenhuma cura ou sentido para o sofrimento sem olhar para Jesus Cristo. N’Ele, o nosso sofrimento faz sentido e vale a pena. Longe d’Ele, o sofrimento não tem qualquer sentido e é estéril. A fonte da eterna juventude não existe. Não existe uma droga miraculosa. Não existe cura para a morte, excepto Jesus Cristo. O que é ilógico é pensar que o Deus da Vida não deseja que vivamos eternamente.

“Como é que alguns de entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. Mas se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a vossa fé. E resulta até que acabamos por ser falsas testemunhas de Deus, porque daríamos testemunho contra Deus, afirmando que Ele ressuscitou a Cristo, quando não o teria ressuscitado, se é que, na verdade, os mortos não ressuscitam. Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé e permaneceis ainda nos vossos pecados.” (1Cor 15, 12-18)

Irmãos e Irmãs, porque sabemos o que aconteceu na Última Ceia, na cruz e no sepulcro há 2000 anos, conhecemos Deus-Pai intimamente, caminhamos com o Filho diariamente e somos guiados pelo Espírito Santo eternamente. Esta é a verdade, e que bela verdade é.

Mark Hart in lifeteen.com


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domingo, 4 de abril de 2021

Roma: desvelar do retábulo durante o Glória na Vigília Pascal

Paróquia 'Santissima Trinità dei Pellegrini' (Fraternidade Sacerdotal de São Pedro)


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