quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Afinal quem é o Salvador?

Parece - a acreditar nos grandes meios de comunicação social, nos políticos e muitos dignitários eclesiásticos - que pela primeira vez, celebrámos verdadeiramente o Natal. De facto, pelos vistos, a Salvação não está no Menino, Deus humanado, que sempre celebrámos, mas sim numa vacina, experimentada em linhas celulares derivadas de abortos provocados, que é incapaz de proteger do pecado e da morte eterna.

 

E, no entanto, a mais perigosa e mortal de todas as pandemias é a do pecado que nos traz a morte eterna. Este pecado de que ninguém fala, que ninguém combate, mas pelo contrário o promove sistematicamente, através de empresas gigantes sem escrúpulos, de poderes político-mundanos e, também, de um número, cada vez maior de dignitários eclesiásticos.

 

Ninguém se une para guerrear esta ruindade perversa, origem e nutridora de todos as outras malignidades.

 

Usam máscaras e desinfectantes para não serem contagiados e virem a padecer da Covid 19, mas não evitam, antes as procuram, as ocasiões de pecado. Recorrem aos médicos e aos hospitais para que lhes salvem a pele, mas são incapazes de buscarem um Padre para salvarem a alma. Tomam suplementos na expectativa de fortalecerem o sistema imunitário, mas não recorrem à Sagrada Eucaristia para se robustecerem contra a epidemia do pecado.

 

Sendo assim, não será de admirar que doravante o Natal passe a ser narrado e celebrado de um modo diferente. A comunicação social e os políticos proclamarão:


Anunciamos-vos uma grande alegria, hoje nasceu a vacina salvadora, que será para toda a humanidade. Isto vos servirá de sinal encontrareis frasquinhos acondicionados em sofisticados congeladores. Entretanto uma multidão de propagandistas e prelados, uns comprados outros submissos, anunciará: Glória às farmacêuticas nas eminências e paz na terra aos políticos do desenrascanço. Depois aparecem os especialistas vindos do ocidente, guiados pelo lucro luminoso, oferecendo seringas, desinfectantes e máscaras. E será melhor não continuar...

 

À honra de Cristo. Ámen.


Padre Nuno Serras Pereira



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quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

O último dia do ano do Beato Carlos da Áustria

O Beato Carlos da Áustria (Imperador da Áustria) a rezar na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no Tirol, em 1916.

O Beato Carlos da Áustria foi o último Imperador da Áustria, Rei da Hungria, Croácia e Boémia. No final do ano de 1921 foi exilado, com a sua família, na Ilha da Madeira. Aceitou a vontade de Deus e perdoou os seus inimigos. Do último dia desse ano, a poucos meses da sua morte, relata-se:

«À tarde, como devoção de encerramento do ano, houve na capela da casa uma solene Bênção Eucarística. Estávamos apenas o Imperador, a Imperatriz e nós. Também foi rezado o Te Deum. Atrás de nós, ficava um ano que tinha sido o mais duro da vida do Servo de Deus. Ele encontrava-se longe da pátria, no exílio; na mais drástica necessidade material; estava separado de seus filhos e não sabia o que o dia seguinte haveria de lhe trazer de mal. Durante o Te Deum, nós, um após o outro, fomos nos silenciando, porque a dor nos fazia fugir a voz. Somente o Servo de Deus manteve-se firme e entoou forte e claramente o cântico ambrosiano até o fim, acentuando cada palavra. (...) 

Olhei-o com admiração. Percebia-se com toda evidência que para ele, naquele momento, existia apenas Deus — ninguém mais — e que aquele Te Deum era um íntimo diálogo entre Deus e o seu mais fiel servidor. Na época, ele não sabia se tornaria a ver seus filhos, não sabia o que o dia seguinte haveria de lhe trazer, e contudo, rezou com muito fervor aquela oração de acção de graças. [...] O Beato Carlos havia aprendido o sentido de seu reinado: entregar tudo Àquele de quem ele tudo havia recebido. Tanto que, ao final de sua vida, ele dirá à sua esposa: “Deus deu-me a graça de que, sobre a terra, não exista mais nada que eu não esteja pronto a sacrificar por seu amor, para o bem da Santa Igreja” 

Giovanna Brizi in A vida religiosa do Beato Carlos da Áustria 

O Beato Carlos da Áustria, a Serva de Deus Zita Bourbon-Parma e sete dos seus oito filhos durante o exílio, na Suíça.

Os restos mortais do Beato Carlos da Áustria, aquando da sua morte, em Abril de 1922, na Madeira


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Natal no Seminário da Fraternidade Sacerdotal de São Pedro em Wigraztbad









Fotografias: fsspwigratzbad.blogspot.com

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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Não há nada melhor do que uma família que ri à volta da mesa

Assim como a vida pessoal e privada situa-se num plano inferior ao da participação no corpo de Cristo, a vida colectiva também se situa num plano inferior ao da vida pessoal e privada e não possui valor, a não ser pelo serviço que presta. A comunidade secular, uma vez que existe para o nosso bem natural e não sobrenatural, não tem finalidades maiores do que auxiliar e proteger a família, a amizade e a solidão. 

Estar feliz em casa, disse Johnson, é o objectivo de todo o esforço humano. Se considerarmos apenas os valores naturais, podemos dizer que nada há melhor debaixo do sol do que uma família que ri à volta da mesa, dois amigos que conversam bebendo café ou um homem só, lendo um livro que lhe interesse; e que toda a economia, a política, o direito, o exército e as instituições, salvo à medida que contribuem para prolongar e multiplicar tais cenas, são como um arado na areia ou uma sementeira no oceano, uma vaidade sem sentido e uma afronta para o espírito. 

As actividades colectivas são, evidentemente, necessárias; mas é aquele o seu objectivo. Aqueles que possuem essa felicidade particular talvez sejam obrigados a sacrificar grande parte dela, para que possa ser distribuída mais amplamente. É possível que todos tenham de comer menos para que ninguém morra de fome. Mas não confundamos males necessários com bem. É fácil cometer esse erro. 

Para ser transportada, a fruta deve ser enlatada, perdendo, por consequência, parte das suas propriedades. Mas há gente que acaba por preferir a fruta enlatada à fruta fresca. Uma sociedade doente precisa pensar muito em política, como um enfermo é obrigado a preocupar-se com a digestão; desprezar o assunto pode ser uma covardia fatal para ambos. Mas se ambos passarem a considerar que esses são o alimento natural da mente — se esquecerem que essas preocupações só se justificam porque lhes permitem pensar em outras coisas — então o tratamento a que se submetem por amor à saúde transforma-se em nova enfermidade mortal. 

Existe, com efeito, em todas as actividades humanas, uma tendência fatal de os meios usurparem os próprios fins que eles se destinam a servir. Assim o dinheiro acaba atrapalhando a troca de mercadorias, as regras de arte asfixiam os génios e os exames impedem os jovens de tornar-se doutos. Não se conclui, infelizmente, que os meios usurpadores sejam sempre dispensáveis. 

É provável que o colectivismo de nossa vida seja necessário e venha a aumentar; e creio que a única salvaguarda contra as suas propriedades mortais está na vida cristã; porque temos a promessa de que podemos lidar com serpentes e beber veneno, e resistir. É essa a verdade que está por trás da definição errónea de religião com que começamos. Errónea porque opõe a mera solidão ao colectivismo. 

O cristão é chamado não ao individualismo, mas à participação no corpo de Cristo. A distinção entre a colectividade secular e o corpo de Cristo é, portanto, o primeiro passo para compreender como o cristianismo, sem ser individualista, pode neutralizar o colectivismo.

C.S. Lewis in O Peso da Glória


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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

O Menino escondido

Quando era jovem - uma doença que se cura com o tempo -, já lá vão muitos e muitos anos, tinha um grupo de amigos que nos intervalos dos seus jogos de basquete e das corridas de motas se reunia num café-pastelaria. Este bando de gente amiga era muito diversificado, havia católicos praticantes e fervorosos, mas também não praticantes, outros que se foram aproximando da Fé e da Igreja; uns eram agnósticos, outros ateus, e também havia os indiferentes. Claro que estas diferenças suscitavam conversas e mesmo discussões, embora cordiais. Apesar de ao longo dos anos nos encontrarmos esporadicamente, normalmente em jantaradas, a amizade nunca se quebrou.

 

Ora, neste grupo havia um, aliás excelente pessoa, que nunca tinha tido catequese nem formação religiosa adequadas. Mas ouvindo-nos falar e discutir, um dia resolveu, por curiosidade, entrar na Igreja paroquial de S. João de Brito que encimava o largo onde nos reuníamos. Sucede que estava a ser celebrada a Santa Missa, e quando entrou os Fiéis concluíam o Prefácio da oração Eucarística, louvando a Deus, com o “Santo, Santo, Santo, é o Senhor”, etc. Não se deteve nem mais um segundo e saiu imediatamente com gargalhando, pois cuidou, como mais tarde nos disse, que os católicos não passavam de uns alienados porque aclamavam o Sacerdote celebrante chamando-lhe santo...

 

Há um conto de Sherlock Holmes, cujo nome não recordo, que narra, simplificando, a existência de um crime homicida, relatado pelos jornais, com toda a informação que a polícia local dispôs, no qual dão por culpada certa pessoa. Ora o famoso detective, partindo dos mesmos indícios e das mesmíssimas informações conclui que aquela condenação é injusta, provando com as suas investigações que o culpado era outro. A sua inteligência superior capacitava-o para ver coisas que todos os outros não percebiam, embora a realidade fosse a mesma.

 

Mutatis mutandis (mudando o que há a mudar): Um ateu, um pagão, um ignorante, etc., veem na Hóstia Consagrada um bocado de pão. Pelo contrário, um católico, não porque seja mais inteligente que os outros, mas porque, é iluminado pela Fé, um conhecimento infinitamente superior que não contradiz a razão, mas que a supera e a ilumina, vê, com os olhos da Fé, o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, ali presente, realmente, verdadeiramente e substancialmente.

 

S. Francisco Marto adorava e procurava consolar o Jesus escondido nas espécies eucarísticas, e, por isso, passava horas junto a Ele no Sacrário.

 

Onde está o Menino Jesus? Está no Sacrário, esperando, de braços e Coração aberto a nossa visita e adoração, como sucedeu com os pastores e os magos vindos do oriente, para nos consolar e salvar.

 

À honra de Cristo. Ámen.


Padre Nuno Serras Pereira



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domingo, 27 de dezembro de 2020

Puer Natus in Bethlehem

Hino de Natal em latim e português
Legendas: Iniciativa Condor


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sábado, 26 de dezembro de 2020

Jesus nasceu mesmo no dia 25 Dezembro: Maria e a Tradição

Maria Imaculada: As mães nunca se esquecem

Perguntem a qualquer mãe sobre o nascimento dos seus filhos. Ela vai dizer-vos não só a data do nascimento, mas também será capaz de recitar a hora, o local, o tempo, o peso do bébé, o comprimento do bébé e um número de outros detalhes. Eu sou pai de seis filhos abençoados e enquanto que eu algumas vezes me esqueço destes detalhes (mea maxima culpa), a minha mulher não. Como vêem, as mães nunca esquecem estes detalhes.

Agora perguntem a vocês mesmos: Iria a Santíssima Virgem Maria alguma vez esquecer-se do nascimento do seu Filho Jesus Cristo, que foi concebido sem semente humana, anunciado por anjos, nascido de uma forma milagrosa e visitado por Magos? Ela sabia desde o momento da Sua Divina Encarnação no seu ventre que Ele era o Filho de Deus e Messias. Iria ela alguma vez esquecer este dia?

A seguir, perguntem-se isto: Estariam os Apóstolos interessados em ouvir Maria contar esta história? Claro! Pensam que o santo Apóstolo que escreveu "E o Verbo fez-se carne" não estaria interessado nos detalhes minuciosos do Seu nascimento?

Sempre que eu dou uma volta com o nosso filho de sete meses, as pessoas perguntam "Que idade tem?" ou "Quando é que nasceu?" Não acham que as pessoas perguntavam estas coisas a Maria?

Portanto o aniversário exacto (25 Dez) e a hora (meia-noite) deviam ser conhecidas no primeiro século. Mais ainda, os Apóstolos teriam perguntado sobre isso e teriam, sem dúvida, comemorado o santo acontecimento que Mateus e Lucas ambos nos narram.

Nós americanos temos um feriado federal para o Martin Luther King, Jr a 16 de Janeiro. Também celebramos os aniversários de George Washington e Abraham Lincoln. Se os Americanos dão esta importância ao nascimento de um homem que acabou com a segregação racial, os Apóstolos não iriam também dar esta importância ao nascimento de Cristo nosso Salvador?

Resumindo, é completamente razoável dizer que os primeiros Cristãos sabiam e comemoravam o nascimento de Cristo. A sua fonte deve ter sido a Sua Mãe Imaculada.

Os Padres da Igreja testemunham o 25 de Dezembro

No post anterior, mostrámos que o Natal não poderia ser uma tentativa cristã de substituir um feriado pagão com um feriado cristão recém-formado. Testemunhos seguintes revelam que os Católicos afirmavam 25 de Dezembro como o Nascimento de Cristo antes da conversão de Constantino e do Império Romano.

O Papa S. Telésforo (reinou entre 126 e 137 AD) instituiu a tradição da Missa à Meia-noite na Véspera de Natal. Apesar do Liber Pontificalis não nos dar a data do Natal, este assume que o Natal já era celebrado pelo Papa e que tinha sido acrescentada uma Missa à meia-noite. Eu não duvido da tradição de maneira nenhuma.

Se formos para cerca de 70 anos mais tarde, S. Hipólito escreve de passagem que o nascimento de Cristo ocorreu numa Quarta-Feira dia 25 de Dezembro. Santo Hipólito escreveu algures entre 200 e 211 AD!! Eis a citação:
"O Primeiro Advento [vinda] de nosso Senhor na carne ocorreu quando Ele nasceu em Belém, era 25 de Dezembro, uma Quarta-Feira, quando Augustus estava no seu quadragésimo-segundo ano, que é cinco mil e quinhentos anos desde Adão. Ele sofreu no trigésimo-terceiro ano, dia 25 de Março, Sexta-Feira, do décimo-oitavo ano de Tiberius Caesar, enquanto Rufus e Roubellion eram Cônsules."
Santo Hipólito de Roma, Comentário a Daniel
Reparem também na citação acima no significado especial de 25 de Março, que marca a morte de Cristo (25 de Março era visto como o correspondente ao mês hebraico Nisan 14 - a data tradicional da crucifixão).**

Acreditava-se que Cristo, como homem perfeito, tinha sido concebido e morto no mesmo dia (25 de Março). No seu Chronicon, Santo Hipólito diz que a terra foi criada no dia 25 de Março, 5500 a.C. Então, 25 de Março era identificado pelos Padres da Igreja como:

  • a data da Criação do Mundo
  • a data da Anunciação e Encarnação de Cristo
  • a data da Morte de Cristo nosso Salvador
Na Igreja Síria 25 de Março ou a festa da Anunciação era vista como uma das festas mais importantes do ano inteiro. Indicava o dia em que Deus assumiu a sua morada no ventre da Virgem. De facto, a Anunciação e a Sexta-Feira Santa apareciam em conflito no calendário, a Anunciação superava-a - tão importante que era na tradição síria! Isto sem dizer que a Igreja Síria preservou algumas das mais antigas tradições cristãs e tinha um profunda e doce devoção por Maria e a Encarnação de Cristo!

Agora, 25 de Março era consagrado na mais antiga tradição Cristã e a partir desta é fácil descobrir a data do nascimento de Cristo. 25 de Março (Cristo concebido pelo Espírito Santo) mais nove meses leva-nos a 25 de Dezembro (o nascimento de Cristo em Belém).

Santo Agostinho confirma esta tradição de 25 de Março como a concepção messiânica e 25 de Dezembro como o Seu Nascimento:
“Porque se acredita que Cristo foi concebido a 25 de Março, dia em que também sofreu; portanto o ventre da Virgem, onde Ele foi concebido, onde nenhum mortal foi gerado, corresponde ao novo sepulcro onde ele foi sepultado, onde nenhum homem alguma vez esteve nem antes nem desde então. Mas ele nasceu, de acordo com a tradição, a 25 de Dezembro.” 
Santo Agostinho, De trinitate, Livro IV, 5 
Por volta de 400 A.D., Santo Agostinho também notou como os donatistas cismáticos se recusavam a celebrar a Epifania a 6 de Janeiro, visto que viam a Epifania como uma nova festa sem base na Tradição Apostólica. O cisma donatista começou em 311 A.D. o que pode indicar que a Igreja Latina estava a celebrar o Natal a 25 de Dezembro (mas não uma Epifania a 6 de Janeiro) antes de 311 A.D.

Entretanto, visto que é quase dia 25, contemplemos José e Maria a chegar a Belém, à procura de abrigo para a noite que aí vinha. Então foi-lhes permitido usarem uma caverna estábulo e por volta do meio dia S. José começa a preparar o lugar para o acontecimento milagroso. José e Maria deviam estar cheios de uma expectativa tranquila. Que eles rezem por nós, enquanto esperamos também ansiosamente o Menino Jesus.  

Taylor Marshall


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O Natal do Natal

Era o dia 25 de Março quando Deus humanado foi concebido, por virtude do Espírito Santo, no caminho para a Gruta Virginal da Imaculada Maria de Nazaré. No seu seio brilhou uma Luz fulgurante e imensa, que despedindo alegres luminosidades pelo mundo-universo as enviou a todos os recém gerados. A cada um deles apareceu uma multidão de Anjos jucundos e jubilosos entoando Glórias e Aleluias com exultações celebrativas. 

E de um modo só do Mistério conhecido anunciaram-lhes uma alegria desmedida, uma felicidade incomensurável: Foi concebido (nasceu no seio) o Salvador que o será para todos os concebidos, por nascer ou já nascidos. Ide depressa adorá-Lo; reconhecê-lo-eis porque sereis atraídos e o encontrareis na Gruta interior, a mais íntima e limpa de quantas houve ou haverá.

Uma multidão de miríades de miríades, de milhões de milhões, enfim, incontável, de recém concebidos viu-se num repente rodeando uma Santidade, coroada de estrêlas, revestida de Sol, tendo a Lua sob os pés, de cujo seio brotava uma Luz inefável, mais brilhante que o sol, puríssima, simplicíssima, claríssima, cristalina, suave, pacífica, castíssima Levantou-se então daquela multidão de congregados um alto clamor, um brado de grande dor: ai de nós que somos indignos de entrar na Gruta, fomos manchados da culpa de nossos primeiros pais. 

Então daquela Luz infinita esvoaçaram uns Serafins, a mais alta e nobre hierarquia angélica, duas asas alteavam-se sobre as suas cabeças, outras duas saíam das espáduas, e mais duas cobriam o resto de seus corpos celestes que aparentavam o Filho do Homem. De suas bocas sopraram um fogo poderoso e benigno que incendiou a todos os concebidos, sem os chamuscar nem consumir, antes purificandos, avivando-os e conduzindo-os, como faúlhas que não esmorecem, crepitando contentamentos e regozijos, à Presença da Luz minúscula-infinita. 

Ouviu-se então uma voz sonora – não para ouvidos já formados mas para organismos humanos, pessoais, já iniciados -, como a de um Homem já feito, brotando daquela Pesssoa miudinha, que assim Se apresentava e se punha, frágil, indefesa, vulnerável, ínfima, que dizia: Não tenham mêdo, meus filhos e irmãos mínimos, porque o Pai em Mim tem desígnios de Misericórdia sobre vós. A Misericórdia que nós somos cuidará de vós, de um modo que não é dado a conhecer às criaturas. Tende confiança, porque tanto a Justiça como a Misericórdia se cumprirão, pois são duas faces da mesma Realidade.

A inumerável multidão, depois de terem adorado o Infinito-ínfimo, regressou cheia de alegria, dividindo-se de modo a que cada um regressasse ao seu sítio. E foi nesse lugar: uns acolhidos com amor no ventre materno, outros congelados em laboratórios, aqueles despejados em sanitas, estes vítimas de experimentações letais, outros desfeitos, desmanchados, violentamente nessa habitação, que julgavam segura, outros ainda dela escorraçados, quimicamente, mecânicamente, por produtos que impedindo-os de se nutrir morriam à fome. 

Foi nesses lugares, dizia, que viram com os olhos de suas almas o Senhor da Glória, apresentar-se com todo o Seu poder e Majestade, colocando os pais destes concebidos, uns à Sua direita e outros à Sua esquerda; e olhando benignamente para os primeiros dizer-lhes: vinde benditos de Meu Pai porque o amor que destes ao mais pequenino e insignificante de todos, a Mim mesmo o destes; e de seguida com rosto severo e voz rigorosa dirá aos da sua esquerda: ide-vos malditos para o fogo do inferno, reservado para satanás e os seus anjos, porque todas as crueldades que praticastes com os mínimos entre todos, foram feitas a Mim mesmo.

Uma multidão jubilosa conclamou: Por fim, fez-se justiça! Essa mesma que nunca nos foi reconhecida na Terra, ser-nos-á concedida no Céu. Glória, honra e louvor ao Verdadeiro, o Amor imolado, a Misericórdia entregue em Sacrifício!! Amen. Amen. Pelos séculos dos séculos e eternamente. Amen.

E O Concebido apareceu irradiando lumes resplandecentes de Glória de dentro de Sua luminosa Mãe, que d’ Ele recebia todo o esplendor. E os concebidos impedidos de nascer, não osbtante a desmesurada felicidade de anteverem a Justiça realizada, uma vez que mantinham ainda réstias do fogo, em que foram abrasados para poder penetrar na Gruta Limpidíssima, perguntaram à Luz da Luz, com um ardor caritativo, se não seria possível, sem prejuízo da Justiça, resgatar e salvar os cabritos da esquerda. Ao que a Luz mostrou, em visão espiritual, que sim, que a Sua Misericórdia também era Infinita, ponto era que a quisessem receber e acolher, de modo que de cabritos, e mesmo lobos, se tornassem ovelhas. 

Ele, O Concebido, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, Consubstancial ao Pai, por Quem todas as coisas foram criadas, que morreu na Cruz para nos Salvar, só pede que cooperemos com a Sua Graça, arrependendo-nos, com verdadeira dor espiritual e detestação mal, por mais abominável que tenha sido, façamos um firme propósito de emenda de vida de vida, e recebamos o perdão no Sacramento da Confissão ou Reconciliação. Os que assim procederem serão inteiramente renovados, e uma vez transfigurados por aquela Graça que superabunda onde abundou o pecado entrarão na Glória do Seu Senhor, porque terão o Presépio no coração.

Padre Nuno Serras Pereira


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quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Há 106 anos: Noite de tréguas na Primeira Guerra Mundial

Um pouco por todo no mundo, crianças, jovens e graúdos comemoram o Natal. É interessante perceber que estes se deixam contagiar por esperança de amor e fraternidade. Contactam-se os amigos, que durante o ano foram esquecidos pelo tempo, reúne-se a família para com pompa festejar, e trocam-se presentes.

Ainda que nem todos vivam o Natal pela sua verdadeira razão de ser – o nascimento de Deus menino – quase todos partilham dos bons sentimentos do Natal cristão.

A esperança que é dada à Humanidade pelo nascimento de Jesus, o amor familiar que Ele nos pede para dar, a humildade e partilha que durante a Sua vida exemplificou, são as razões para esse preenchimento de alma que a todos cativa. É pena que não se consigam perpetuar estes sentimentos de paz e união ao longo de todo o ano.

Certa noite, em plena guerra, separados por apenas algumas dezenas de metros, encontravam-se guardas britânicos e guardas alemães. Protegidos pelas suas respectivas trincheiras, os militares mantinham-se bem protegidos, e ao mínimo sinal, disparavam para matar a quem do lado inimigo se expusesse.

A lua cheia dessa noite clareava a cor escura do céu e deixava visível o campo que existia entre eles, destruído pelas explosões de até então e onde se encontravam os corpos dos soldados abatidos de ambos os lados. O silêncio imperava. Não se ouviam tiros nem nenhum soldado gritava de dores. O frio do Inverno era rigoroso.

Foi então que dentre o silêncio alguns militares alemães começaram a cantar a música “Stille Nacht, Heilige Nacht”. Os militares ingleses duplicaram a sua atenção e ficaram à escuta. A melodia não deixava dúvidas. Era da música “Silent Night”. Terminada a cantoria, o silêncio voltava a envolver o campo de batalha.

Passados uns segundos, um soldado inglês entusiasmado grita na sua própria língua “Boa alemães!” obtendo do outro lado a resposta “Feliz Natal ingleses! Nós não disparamos e vocês não disparam”.

Os ingleses, sem estarem certos da última parte da mensagem, voltaram a reforçar a atenção. Do outro lado, um militar alemão desarmado sai da sua trincheira e caminha em direcção às trincheiras inglesas. O lado inglês retribui enviando um soldado nas mesmas condições. Depois de algumas conversas, acordaram um período de tréguas.
Estamos na noite 24 de Dezembro. Durante aquela noite, as forças alemãs e forças inglesas enterraram os seus compatriotas e confraternizam. Ajudaram-se mutuamente a escavar sepulturas e conversaram sobre as suas terras e famílias. Trocaram cigarros e alimentos, riram-se das piadas que iam dirigindo uns aos outros… A língua não era impedimento. O recurso gestual era permanentemente utilizado e todos se entendiam.

No dia seguinte, dia de Natal, um sacerdote inglês celebrou a Missa ajudado por um ex seminarista alemão, que traduzia as orações. Todos rezaram o salmo 23 com que o sacerdote começou a missa: “O Senhor é o meu pastor: nada me falta. Leva-me a descansar em verdes prados e conduz-me às águas refrescantes. Reconforta a minha alma e guia-me por caminhos rectos, por amor do seu nome. Ainda que atravesse vales tenebrosos, de nenhum mal terei medo porque Tu estás comigo.” Dedicaram a missa aos seus colegas defuntos.

Depois, juntos, cozinharam o almoço e fizeram, dentro das possibilidades de um local de guerra, um banquete. Trocaram brasões da unidade e botões de uniforme como lembranças.

As forças inglesas, habituadas a ouvir e a ler nos jornais que os alemães eram bárbaros e sem escrúpulos, descobriram que estes eram em tudo idênticos a eles, com sentimentos e anseios, com famílias e amores, com esperanças e desejos de paz.

Após o almoço, surgiram duas equipas de futebol e, improvisando uma bola com trapos, defrontou-se um jogo. Os alemães venceram por três bolas a duas.
Paralelamente decorreu uma luta de boxe entre lutadores das duas nacionalidades. Bastante acesa, a disputa foi terminada com a separação dos lutadores, para que nenhum se aleijasse mais que o suposto. Seguido disto e de comum acordo geral, manteve-se o cessar-fogo por mais alguns dias. Fizeram-se amizades e partilharam-se experiências.

É hora de regressar. De despedidas feitas, cada nação regressou às suas trincheiras. Foram disparados vários tiros, de um lado e de outro, para o ar, como forma de aviso de que tudo estava de volta. A guerra era retomada. A Alemanha queria vencer e conquistar o espaço Inglês e a Inglaterra queria defendê-lo.

Muitas daquelas amizades, feitas uns minutos, umas horas, uns dias antes, terminaram com a morte. Morreram uns milhares de soldados. A guerra só terminou 4 anos depois, com a Alemanha derrotada.

Este foi o Natal, não oficializado, daqueles homens, em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, que ficou conhecida como a Trégua de Natal e que ocorreu numa linha de 43 km que ligava Ypres até ao Canal de La Bassée.

Tiago Rodrigues


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24 de Dezembro: A Gruta de Belém

Que terão dito os anjos vendo a divina Mãe entrar na gruta de Belém, afim de dar à luz o Filho de Deus? Os filhos dos príncipes nascem em quartos adornados de ouro; e ao Rei do céu prepara-se para nascer uma estrebaria fria, para cobri-lo uns pobres paninhos, para cama um pouco de palha e para colocar uma vil manjedoura? Oh, ingratidão dos homens! Oh, confusão para nosso orgulho que sempre ambiciona comodidades e honras!

I. Continuemos hoje a meditar na história do nascimento de Jesus Cristo. Vendo-se repulsos de toda parte, São José e a Bem-aventurada Virgem saem da cidade afim de achar fora dela ao menos algum abrigo. Os pobres viandantes (viajantes)caminham na escuridão, errando e espreitando; afinal deparasse-lhes ao pé dos muros de Belém uma rocha escavada em forma de gruta, que servia de estábulo para os animais. Disse então Maria: José, meu Esposo, não precisamos ir mais longe; entremos nesta gruta e deixemo-nos ficar aqui. – Mas como? responde São José; não vês, minha Esposa, que esta gruta é tão fria e húmida que a água escorre em toda parte? Não vês que não é uma morada para homens, senão uma estribaria para animais? Como queres passar aqui a noite e dar à luz? – Contudo é verdade, tornou Maria, que este estábulo é o paço real onde quer nascer na terra o Filho eterno de Deus.

Ah! Que terão dito os anjos vendo a divina Mãe entrar naquela gruta para dar à luz! Os filhos dos príncipes nascem em quartos adornados de ouro; preparam-se-lhes berços incrustados com pedras preciosas, e mantilhas preciosas; e fazem-lhe cortejo os primeiros senhores do reino. E ao Rei do céu prepara-se uma gruta fria e sem lume para nela nascer, uns pobres paninhos para cobri-lo, um pouco de palha para leito, e uma vil manjedoura para o colocar? Ubi aula, ubi thronus? Meu Deus, assim pergunta São Bernardo, onde está a corte, onde está o trono real deste Rei do céu, porquanto não vejo senão dois animais para lhe fazerem companhia, e uma manjedoura de irracionais, na qual deve ser posto?

Ó Gruta ditosa, que tiveste a ventura de ver o Verbo divino nascido dentro de ti! Ó presépio ditoso, que tiveste a honra de receber em ti o Senhor do céu! Ó palha ditosa, que serviste de leito àquele cujo trono é sustentado pelos serafins! Sim, fostes ditosos, ó Gruta, ó presépio, ó palha; mais ditosos, porém, são os corações que tenra e fervorosamente amam esse amabilíssimo Senhor, e que abrasados em amor o recebem na santa Comunhão. Oh, com que alegria e satisfação vai Jesus Cristo pousar no coração que o ama!

II. Um Deus que quer começar a sua infância num estábulo, confunde o nosso orgulho, e, segundo a reflexão de São Bernardo, já prega com exemplo o que mais tarde havia de pregar à viva voz: Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração. Eis porque ao contemplarmos o nascimento de Jesus Cristo e ao ouvirmos falar em gruta, em manjedoura, em palha, em leite, em vagidos, estas palavras deveriam ser para nós como que chamas de amor, e como que setas que nos ferissem os corações e nos fizessem amantes da santa humildade.

É verdade, ó meu Jesus, Vós, tão desprezado por nosso amor, com o vosso exemplo fizestes os desprezos excessivamente caros e amáveis aos que Vos amam. Mas como então é possível que eu, em vez de os abraçar, como Vós os abraçastes, ao receber algum desprezo da parte dos homens, me tenha mostrado tão orgulhoso, e tenha ainda chegado a ofender-Vos, ó Majestade infinita? Pecador e orgulhoso!

Ah, Senhor, já o compreendo: eu não soube aceitar com paciência as humilhações e as afrontas, porque não Vos soube amar. Se Vos tivera amor, ter-me-iam sido doces e amáveis. Mas visto que prometeis o perdão a quem se arrepende, de toda a minha alma arrependo-me de toda a minha vida desordenada, tão diferente da vossa. Quero emendar-me, e por isso Vos prometo que para o futuro aceitarei com paz todos os desprezos que me vierem, e que os sofrerei por vosso amor, ó Jesus meu, que por meu amor tendes sido tão desprezado. Compreendo que as humilhações são as minas preciosas por meio das quais quereis enriquecer as almas com tesouros eternos. 

Já sou digno de outras humilhações e de outros desprezos, porque desprezei a vossa graça. Mereço ser pisado aos pés do demônio. Mas os vossos merecimentos são a minha esperança. Quero mudar de vida; não quero mais causar-Vos desgosto; para o futuro não quero buscar senão a vossa vontade, e por isso Vos dou todo o meu coração. Possui-o, e possui-o para sempre, afim de que eu seja sempre vosso e todo vosso.

“E Vós, ó Pai Eterno, que cada ano nos alegais com a esperança de nossa Redenção, concedei-me que com confiança possa esperar a vinda do vosso Filho unigênito como Juiz, a quem agora recebo alegremente como Salvador (1)”. Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo e de Maria Santíssima.

Referências:
(1) Or. fer. curr.

Santo Afonso Maria de Ligório in Meditações para todos os Dias e Festas do Ano (Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa)


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quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Bispo Strickland contra as vacinas que usam bebés abortados

O Bispo de Tyler (Texas), Joseph Strickland, comentou na sua conta de Twitter a questão de algumas vacinas contra a Covid usarem tecidos de bebés abortados:

«Toda a retórica sobre as vacinas desvia-se da simples verdade que foram assassinadas crianças, partes dos seus corpos foram usadas e voilá, temos uma vacina que nos dará mais alguns anos de vida. Ofendam-me como quiserem, vou continuar a falar em nome dos inocentes que foram MORTOS!»


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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Missa Tradicional ao som de Palestrina

Kyrie da Missa Papae Marcelli
Vídeo: Mass of the Ages


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O que é a Eternidade?

Eternidade é a posse perfeita e permanente de vida interminável. A eternidade em Deus é permanência sem princípio nem fim, sem passado nem futuro; é um presente continuado. Neste sentido só Deus é eterno. 

Para nós, a eternidade, ou a vida eterna, começa no momento da morte; nesse momento termina o passado e começa um presente que nunca mais acaba. Então, a alma entra na morada da sua eternidade, que será ou o Céu, embora passando pelo Purgatório, ou o Inferno. 

E a vida, quer de felicidade quer de tormentos, nunca mais acaba. Eternidade de gozo no céu com Deus, ou eternidade de tormentos no inferno com o demónio.

Padre José Lourenço in Dicionário da Doutrina Católica


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segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

O Pároco do Canadá

Este é o Padre Yves Normandin, outrora chamado "Pároco do Canadá". Foi o grande responsável por manter e promover a Missa Tradicional nesse País. 

A dada altura ele tinha mais de 30 pequenas capelas instaladas em todo o Canadá e voava regularmente para oferecer a Missa Tradicional aos católicos que ansiavam por essa herança litúrgica. 

A saúde dele piorou muito nos últimos dias. O médico acha que não sobreviverá até ao Natal. Rezemos pelo Padre Normandin.

Padre Paul Joseph Martin McDonald


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Profissão de Fé do Concílio de Trento

994. Eu N. creio firmemente e confesso tudo o que contém o Símbolo da fé usado pela Santa Igreja Romana, a saber: Creio em um só Deus, Pai Omnipotente, ...

995. Aceito e abraço firmemente as tradições apostólicas e eclesiásticas, bem como as demais observâncias e constituições da mesma Igreja. Admito também a Sagrada Escritura naquele sentido em que é interpretada pela Santa Madre Igreja, a quem pertence julgar sobre o verdadeiro sentido e interpretação das Sagradas Escrituras. E jamais aceitá-la-ei e interpretá-la-ei senão conforme o consenso unânime dos Padres.

996. Confesso também que são sete os verdadeiros e próprios sacramentos da Nova Lei, instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo, embora nem todos para cada um necessários, porém para a salvação do género humano. São eles: Baptismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Extrema-Unção, Ordem e Matrimónio, os quais conferem a graça; mas não sem sacrilégio se fará a reiteração do Baptismo, da Confirmação e da Ordem. Da mesma forma aceito e admito os ritos da Igreja Católica recebidos e aprovados para a administração solene de todos os supracitados sacramentos. Abraço e recebo tudo o que foi definido e declarado no Concílio Tridentino sobre o pecado original e a justificação.

997. Confesso outrossim que na Missa se oferece a Deus um sacrifício verdadeiro, próprio e propiciatório pelos vivos e defuntos, e que no santo sacramento da Eucaristia estão verdadeira, real e substancialmente o Corpo e o Sangue com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, operando-se a conversão de toda a substância do pão no corpo, e de toda a substância do vinho no sangue; conversão esta chamada pela Igreja de transubstanciação. Confesso também que sob uma só espécie se recebe o Cristo todo inteiro e como verdadeiro sacramento.

998. Sustento sempre que há um purgatório, e que as almas aí retidas podem ser socorridas pelos sufrágios dos fiéis; que os Santos, que reinam com Cristo, também devem ser invocados; que eles oferecem suas orações por nós, e que suas relíquias devem ser veneradas. Firmemente declaro que se devem ter e conservar as imagens de Cristo, da sempre Virgem Mãe de Deus, como também as dos outros Santos, e a eles se deve honra e veneração. Sustento que o poder de conceder indulgências foi deixado por Cristo à Igreja, e que o seu uso é muito salutar para os fiéis cristãos.

999. Reconheço a Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, como Mestra e Mãe de todas as Igrejas. Prometo e Juro prestar verdadeira obediência ao Romano Pontífice, Sucessor de S. Pedro, príncipe dos Apóstolos e Vigário de Jesus Cristo.

1000. Da mesma forma aceito e confesso indubitavelmente tudo o mais que foi determinado, definido e declarado pelos sagrados cânones, pelos Concílios Ecuménicos, especialmente pelo santo Concílio Tridentino (e pelo Concílio Ecuménico do Vaticano, principalmente no que se refere ao Primado do Romano Pontífice e ao Magistério infalível). Condeno ao mesmo tempo, rejeito e anatematizo as doutrinas contrárias e todas as heresias condenadas, rejeitadas e anatematizadas pela Igreja. 

Eu mesmo, N., prometo e juro com o auxílio de Deus conservar e professar íntegra e imaculada até ao fim de minha vida esta verdadeira fé católica, fora da qual não pode haver salvação, e que agora livremente professo. E quanto em mim estiver, cuidarei que seja mantida, ensinada e pregada a meus súbditos ou àqueles, cujo cuidado por ofício me foi confiado. Que para isto me ajudem Deus e estes santos Evangelhos!


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sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

O que são as Têmporas de Setembro?

Hoje é Sexta-Feira das Têmporas de Advento. Mas o que são as Têmporas?

Do Missal Quotidiano de Dom Gaspar Lefebvre: «As Quatro Têmporas representam uma velha tradição, muito querida da Igreja romana. Quatro vezes no ano, na mudança das estações, consagravam-se três dias da semana – Quarta, Sexta e Sábado – ao jejum e à oração, a fim de evocar as bênçãos de Deus para a nova estação e para as Ordenações, que tinham lugar na vigília de Sábado para Domingo. 

As Quatro Têmporas de Setembro são conjuntamente dias de jejum e momentos de jubilosa acção e graças. Lembram aos Judeus a dupla promulgação da Lei, a saída do Egipto e depois do cativeiro da Babilónia. Lembram aos Cristãos a protecção permanente de Deus concedida ao seu povo, e a sua libertação. A acção de graças pelas colheitas do ano vai unir-se à evocação dos antigos benefícios de Deus.»

Do Catecismo de São Pio X: «Para que fim foi instituído o jejum das quatro Têmporas? O jejum das quatro Têmporas foi instituído:

1.º - Para santificar cada estação do ano com alguns dias de penitência;
2.º - Para pedir a Deus que nos dê e conserve os frutos da terra;
3.º - Para agradecer a Deus o frutos concedidos;
4.º - Para pedir a Deus que dê à sua Igreja bons ministros, cuja ordenação se faz ordinariamente nos Sábados das quatro Têmporas.»

Os dias das Têmporas sempre foram dias de jejum e abstinência, por isso apenas com uma refeição completa durante o dia (almoço ou jantar), se necessário mais duas pequeninas refeições, que juntas não cheguem a uma refeição completa. Hoje em dia esta disciplina cumpre-se por devoção e não por obrigação jurídica, visto que o Código de Direito Canónico não prevê estes dias de jejum. Seja como for, a penitência, tantas vezes pedida por Nossa Senhora de Fátima, é bastante necessária, especialmente diante da crise na Igreja.

Do Pale Ideas: «O tempura (lê-se tempurá), prato da culinária japonês, deve o seu nome às Quatro Têmporas. Tradicionalmente, remonta ao século XVI, com os primeiros contactos entre japoneses e os marinheiros portugueses que levavam consigo missionários cristãos.  Uma vez que nesse período os católicos comiam apenas verduras e peixe, e se dedicavam à oração, pediram aos habitantes locais que preparassem para eles um prato adequado às “tempora”.»


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A Misericórdia e a condenação eterna

Não é propriamente uma originalidade dos dias que correm a invocação da Misericórdia infinita de Deus para desculpabilizar a gravidade do pecado mortal e as suas consequências no destino eterno da pessoa humana. Já Orígenes, de resto um excelente teólogo, admitia uma restauração final em que os condenados ao Inferno e o próprio diabo seriam resgatados e salvos. Em meados do século vinte Giovanni Pappini, no seu livro O Diabo, caiu no mesmo engodo. A Igreja sempre condenou essa teoria, porque não concorde com a Sagrada Escritura nem com a Tradição, reafirmando a eternidade da condenação ao Inferno. A existência deste e a sua eternidade são aliás um Dogma de Fé, isto é, uma verdade Revelada por Deus.

Um outro grande e cultíssimo teólogo contemporâneo, em dois dos seus últimos livros, não advogando embora a apocatástases (restauração final dos condenados, do diabo e demais demónios) defende que o cristão não só pode como deve esperar que todos os homens se possam salvar. Esperar, não significa ter a certeza. Para ele significa que cada um deve viver com tal radicalidade, generosidade e empenho a sua Fé de modo a que “completando na sua carne o que falta à paixão de Cristo” carregue com os pecados dos outros passando, de algum modo, a Graça que lhe é dada para eles, de modo a que se possam converter. 

Chega a interpretar o sofrimento dos místicos, as suas noites escuras, e o sofrimento dos inocentes como uma participação na Paixão de Cristo capaz de transformar a liberdade inquinada ou ímpia dos outros em liberdade de tender para Deus. Afinal, como diz a Escritura “ Deus quer que todos os homens se salvem”. Adverte, no entanto, que cada um deve, como exorta S. Paulo, “trabalhar com temor e tremor” na sua própria salvação, não a dando, de modo nenhum, como adquirida. O inferno não terá sido criado directamente por Deus mas produzido pela liberdade da criatura (angélica) que ao rebelar-se definitivamente contra Ele, se fechou ao Seu amor ou ao Amor que Ele é: “Ide para o fogo eterno destinado ao demónio e aos seus anjos” (Mateus 25, 41). 

Uma vez que não existirá nenhum pronunciamento solene explícito do Magistério da Igreja declarando, segundo este teólogo, a existência de qualquer ser humano no Inferno podemos e devemos esperar, segundo ele, que todos se possam salvar. A verdade, porém, é que também não há nenhuma declaração do Magistério da Igreja afirmando que o Inferno está vazio de pessoas humanas.

A vulgarização desta hipótese ou especulação teológica acabou por gerar naqueles poucos que ainda aderiam à verdade Revelada da existência do Inferno a convicção de que ninguém lá estaria nem se poderia condenar. Daí se passou à desculpabilização sistemática de toda e qualquer pessoa, por maiores que fossem as enormidades que ela cometesse.

Grandes teólogos reagiram, entre eles o eminente (Cardeal) Avery Dulles, a muitas das afirmações deste autor. Reconhecendo embora os seus méritos, e muita da doutrina exposta, contestam a necessidade de um pronunciamento solene e explícito do Magistério sobre o assunto e mostram como asserções da Sagrada Escritura, da Tradição e de documentos do Magistério seriam incompreensíveis sem a admissão da eterna perdição efectiva, não só de pessoas angélicas (demónios) mas também de pessoas humanas.

É verdade, como dizia o então Cardeal Ratzinger, que a Fé nos foi dada não para que nos salvemos e os outros se percam, mas para que através da nossa Fé os outros também se possam salvar. No entanto, também não é menos verdade, como dizia numa outra obra, que Deus criou-nos livres e leva a nossa liberdade a sério.

Estou em crer que a Misericórdia de Deus não deve ser invocada em vão, nem para aquietar as consciências dos que procederam mal infundindo-lhes uma falsa esperança de que se podem salvar permanecendo, embora, nos seus pecados porque afinal a última palavra caberá à Misericórdia Divina, que tudo ignorará. Não! A Misericórdia, como nos ensina a parábola do filho pródigo, deve ser invocada para chamar as pessoas ao arrependimento e há conversão, enquanto é tempo, e o tempo é breve. “Morte certa. Hora incerta. Juízo particular. Inferno ou Céu para sempre”. Afinal é isso mesmo que nos diz a Carta de S. Tiago: “Haverá Juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia” (2, 13).

Evidentemente que não usa de misericórdia, ou seja, não é misericordioso, todo aquele que pratica, é cúmplice, coopera formalmente ou é indiferente em relação aquelas monstruosidades legisladas e promulgadas a que me referi no texto de ontem.

Que ninguém duvide: cada um será julgado segundo as suas obras. (Obras praticadas pelo amor, gerado pela Fé que nos foi dada, sem mérito algum da nossa parte. A graça precede sempre, acompanha e guia a vontade.) Por isso podemos ler no Evangelho as palavras severas de Jesus, na parábola do Juízo final, “retirai-vos de Mim, malditos! … para o fogo eterno … ” (Mateus, 25, 41).

E S. Paulo adianta: “ … (C)om a tua dureza e o teu coração impenitente, estás a acumular ira sobre ti, para o dia da cólera e do justo julgamento de Deus, que retribuirá a cada um conforme as suas obras: para aqueles que, ao perseverarem na prática do bem, procuram a glória, a honra e a incorruptibilidade, será a vida eterna; para aqueles que, por rebeldia, são indóceis à verdade e dóceis à injustiça, será ira e indignação. Tribulação e angústia para todo o ser humano que pratica o mal … Glória, honra e paz para todo aquele que pratica o bem …” (Romanos 2, 5-10).

Padre Nuno Serras Pereira



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quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

'Veni, veni Emmanuel' cantado por seminaristas do Instituto Bom Pastor

Veni, veni, Emmanuel
Captivum solve Israel
Qui gemit in exsilio
Privatus Dei Filio

Gaude! Gaude! Emmanuel
Nascetur pro te Israel!

Veni, veni O Oriens
Solare nos adveniens
Noctis depelle nebulas
Dirasque mortis tenebras


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quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

5 Bispos publicam declaração sobre vacinas derivadas de fetos humanos abortados

Cinco Bispos, entre eles um Cardeal, tornaram pública uma declaração na qual demonstram preocupação em relação à utilização de fetos abortados nas novas vacinas e explicam o que diz a doutrina moral católica sobre este tema:

Recentemente, constatou-se, a partir de serviços e de várias fontes de informação, que, em relação à emergência COVID-19, foram produzidas, em alguns países, vacinas que utilizam linhas celulares de fetos humanos abortados, noutros países está prevista a produção de tais vacinas. São cada vez mais numerosas as vozes de eclesiásticos (conferências episcopais, bispos e sacerdotais individuais) que afirmam que, na ausência de alternativas para uma vacinação com substâncias eticamente lícitas, seria moralmente lícito para os católicos utilizar as vacinas, apesar do uso de linhas celulares de crianças abortadas para o seu desenvolvimento.

Os defensores de tal vacina invocam dois documentos da Santa Sé (Pontifícia Academia para a Vida, Reflexões morais sobre vacinas preparadas a partir de células derivadas de fetos humanos abortados, de 9 de Junho de 2005, e Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Dignitas Personæ, sobre algumas questões bioéticas, de 8 de Setembro de 2008), que consentem o uso desta vacinação em casos excepcionais e por um tempo limitado com base no que, na teologia moral, é chamado de cooperação material, passiva e remota com o mal. Os documentos citados afirmam que os católicos que recorrem a esta vacinação têm, ao mesmo tempo, «o dever de manifestar o próprio desacordo a este respeito e de solicitar que os sistemas de saúde disponibilizem outros tipos de vacinas».
  

No caso das vacinas obtidas a partir de linhas celulares de fetos humanos abortados, vemos uma clara contradição: entre a doutrina católica, que rejeita categoricamente, e para além de qualquer sombra de ambiguidade, o aborto em todos os casos como um grave mal moral que clama por vingança ao céu (ver Catecismo da Igreja Católica 2268, 2270ss.), e a prática de considerar as vacinas derivadas de linhas de células fetais abortadas moralmente aceitáveis ​​em casos excepcionais de “urgência” – com base numa cooperação material, passiva e remota. Argumentar que tais vacinas podem ser moralmente lícitas se não houver alternativas é, em si mesmo, contraditório e não pode ser aceitável para os católicos. 

Devem-se recordar as seguintes palavras do Papa João Paulo II sobre a dignidade da vida humana não nascida: «Ora, a inviolabilidade da pessoa, reflexo da inviolabilidade absoluta do próprio Deus, tem a sua primeira e fundamental expressão na inviolabilidade da vida humana. É totalmente falsa e ilusória a comum defesa, que, aliás, justamente se faz, dos direitos humanos – como, por exemplo, o direito à saúde, à casa, ao trabalho, à família e à cultura, – se não se defende, com a máxima energia, o direito à vida, como primeiro e fontal direito, condição de todos os outros direitos da pessoa» (Christifideles Laici, 38). O uso de vacinas produzidas a partir de células de crianças não nascidas assassinadas contradiz a máxima energia em defender a vida por nascer.    

O princípio teológico da cooperação material é, certamente, válido e pode ser aplicado a toda uma série de casos (pagamento de impostos, uso de produtos de trabalho escravo, etc.). Todavia, este princípio dificilmente pode ser aplicado ao caso das vacinas obtidas a partir de linhas celulares fetais, porque aqueles que, consciente e voluntariamente, recebem tais vacinas, entram numa espécie de vínculo, embora muito remoto, com o processo da indústria do aborto. O crime do aborto é tão monstruoso que qualquer tipo de concatenação com este crime, mesmo que muito remota, é imoral e não pode ser aceite, em nenhuma circunstância, por um católico, uma vez que esteja plenamente ciente disso. Quem usa estas vacinas deve perceber que o seu corpo está a beneficiar dos “frutos” (embora tenham ocorrido uma série de processos químicos) de um dos maiores crimes da humanidade.

Qualquer ligação com o processo de aborto, mesmo o mais remoto e implícito, lançaria uma sombra sobre o dever da Igreja de dar firme testemunho da verdade de que o aborto deve ser completamente rejeitado. Os fins não podem justificar os meios. Estamos a viver um dos piores genocídios conhecidos pelo Homem. Milhões e milhões de bebés em todo o mundo foram massacrados no útero da mãe e, dia após dia, este genocídio oculto continua através da indústria do aborto e das tecnologias fetais e da pressão de governos e de organismos internacionais para promover tais vacinas como um dos seus objectivos. 

Os católicos não podem ceder agora; fazê-lo seria grosseiramente irresponsável. A aceitação destas vacinas da parte dos católicos, sob o fundamento de que envolvem apenas uma “cooperação remota, passiva e material” com o mal, faria o jogo dos seus inimigos e enfraqueceria o último reduto contra o aborto.    

O que mais pode ser o uso de linhas células embrionárias de bebés abortados senão a violação da ordem da criação dada por Deus, considerando que se baseia na já grave violação desta ordem matando um nascituro? Se o direito à vida não tivesse sido negado a essa criança, se as suas células (que, desde então, foram cultivadas várias vezes em tubo de ensaio) não estivessem disponíveis para a produção de uma vacina, não poderiam ser comercializadas. Assim, há uma dupla violação da sagrada ordem de Deus: de um lado, por meio do próprio aborto, e, do outro, através do atroz negócio de comercializar o tecido dos bebés abortados. 

Contudo, este duplo desprezo pela ordem da criação nunca pode ser justificado, mesmo com a intenção de preservar a saúde de uma pessoa por meio de uma vacinação baseada neste desprezo pela ordem da criação dada por Deus. A nossa sociedade criou uma religião substitutiva: a saúde tornou-se o bem maior, operação feita com a criação de um “deus” a quem se devem fazer sacrifícios. Neste caso, com uma vacinação que explora a morte de uma outra vida humana.

Ao examinar as questões éticas que envolvem as vacinas, devemos perguntar-nos: por que tudo isto se tornou possível? Por que a tecnologia baseada no homicídio surgiu na medicina, cujo objectivo é trazer vida e saúde? A investigação biomédica que explora os nascituros inocentes e usa os seus corpos como “matéria-prima” para os fins das vacinas, parece mais semelhante ao canibalismo. Devemos também considerar que, em última análise, para alguns na indústria biomédica, as linhas celulares dos bebés ainda não nascidos são um “produto”, o abortista e o fabricante da vacina são o “fornecedor” e os destinatários da vacina são os consumidores. A tecnologia baseada no homicídio está enraizada no desespero e termina no desespero. Devemos resistir ao mito de que “não há alternativas”. Ao contrário, devemos prosseguir com a esperança e a convicção de que existem as alternativas e que o engenho humano, com a ajuda de Deus, as pode descobrir. Esta é a única maneira para passar das trevas à luz e da morte à vida.  

O Senhor disse que, no fim dos tempos, até os eleitos serão seduzidos (cf. Mc 13, 22). Hoje, toda a Igreja e todos os fiéis católicos devem procurar urgentemente fortalecer-se na doutrina e na prática da fé. Ao lidar com o mal do aborto, os católicos devem, mais do que nunca, «afastar-se de toda a espécie de mal» (1 Ts 5, 22). A saúde física não é um valor absoluto. A obediência à lei de Deus e a salvação eterna das almas devem ter o primado. As vacinas derivadas das células de crianças não nascidas e cruelmente assassinadas têm um carácter claramente apocalíptico e podem pressagiar a marca da besta (cf. Ap 13, 16).        

Actualmente, alguns clérigos tranquilizam os fiéis afirmando que uma vacinação com uma vacina anti-COVID-19, preparada com linhas celulares de uma criança abortada, é moralmente lícita se não houver alternativas disponíveis, justificando-a com a chamada “cooperação material e remota” com o mal. Tais afirmações dos eclesiásticos são altamente anti-pastorais e contraproducentes, considerando o contínuo crescimento da indústria do aborto e das tecnologias fetais desumanas num cenário quase apocalíptico. 

É precisamente neste contexto actual, que provavelmente pode ainda piorar, que os católicos categoricamente não podem encorajar e promover o pecado do aborto, mesmo de forma muito remota e branda, aceitando a mencionada vacina. Portanto, como sucessores dos Apóstolos e dos Pastores, responsáveis ​​pela salvação eterna das almas, consideramos impossível ficar calados e adoptar uma atitude ambígua quanto ao nosso dever de resistir com a «máxima energia» (Papa João Paulo II) ao «crime abominável» do aborto (Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, 51).     

Esta nossa declaração foi escrita com o aconselhamento de médicos e cientistas de diversos países. Um contributo substancial veio também dos leigos, das avós, dos avôs, dos pais e das mães de família, dos jovens. Todas as pessoas consultadas, independentemente da idade, nacionalidade e profissão, recusaram, de forma unânime e quase instintiva, uma vacina preparada a partir de linhas celulares embrionárias de crianças abortadas e, ao mesmo tempo, consideraram inadequada a aplicação do princípio da “cooperação material e remota” e algumas analogias relacionadas a este caso. Isto é reconfortante e, simultaneamente, muito revelador, uma vez que a sua unânime resposta é mais uma demonstração da força da razão e do sensus fidei.     

Precisamos, mais do que nunca, do espírito dos confessores e dos mártires que evitaram a mínima suspeita de colaboração com o mal da sua época. A Palavra de Deus diz: «Sede irrepreensíveis e íntegros, filhos de Deus sem mancha, no meio de uma geração perversa e corrompida; nela brilhais como astros no mundo» (Fl 2, 15).            

12 de Dezembro de 2020, Memória de Nossa Senhora de Guadalupe

Cardeal Jānis Pujāts, Arcebispo Metropolita emérito de Riga (Letónia)
Tomasz Peta, Arcebispo Metropolita da Arquidiocese de Maria Santíssima em Astana (Cazaquistão)
Jan Paweł Lenga, Arcebispo-Bispo emérito de Karaganda (Cazaquistão)
       
 Joseph Edward Strickland, Bispo de Tyler (Estados Unidos da América)    
 Athanasius Schneider, Bispo auxiliar da Arquidiocese de Maria Santíssima em Astana (Cazaquistão)

Tradução: diesirae.pt


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