quarta-feira, 30 de abril de 2014

Não ser de esquerda

Eu tenho um enorme problema: não sou de esquerda. Estes 40 anos não me converteram e continuo a ser uma herege de direita. Continuo a sofrer de uma espécie de masoquismo idealista que me mantém na barricada da direita e que faz com que eu não passe no crivo moralista da crítica nacional. Sempre me senti à margem do crivo moralista da crítica nacional e isso magoa, ofende mesmo. 

É que apesar de ser de direita sou sensível. Juro que sou. Tenho imensa inveja dos capitães de Abril, de Freitas do Amaral, de Mário Soares, de Ricardo Araújo Pereira e de todos os representantes genuínos dos ideais de Abril, que são certamente melhores pessoas do que eu. São de esquerda e ser de esquerda é estar do lado certo da força.

Se eu fosse de esquerda a minha vida seria muito mais simples. Ser de esquerda é ser boa pessoa e eu gostava que toda a gente me considerasse boa pessoa - ninguém duvidaria das minhas boas intenções mesmo que eu tivesse como sol o regime da Coreia do Norte. Mas quis o destino que eu gostasse mais dos mercados do que de Hugo Chávez e isso trama--me a vida. Não tenho credibilidade em matéria de bondades. É injusto.

Mas o pior nem é isso, o pior é que além de ser de direita também sou católica. Ora um católico praticante de direita 40 anos depois do 25 de Abril não é mais do que um beato fascista. Um retrógrado. Como se não não bastasse ser de direita, ainda tinha de inventar ser católica. É mau de mais. Se eu fosse de esquerda e católica, a minha circunstância seria muito mais agradável e já ninguém me chamava beata fascista. Seria com muita pinta apelidada de católica progressista, o que é muito mais chique e moderno. E eu gostava de ser chique e moderna, apesar de católica e de gostar dos mercados.

Sendo de direita, não tenho perdão: até podia ser a favor do casamento dos padres, da ordenação das mulheres, da distribuição de preservativos nas igrejas, mas como sou de direita, lá está, ninguém iria acreditar nas minhas boas intenções. Sou beata e pronto.

A coisa agrava-se ainda mais pelo facto de eu ter muitos filhos. Ter seis filhos, ser de direita e ainda por cima ser católica, é uma desgraça completa. É quase estupidez. É pedir chuva. É como gostar de ser gozado no recreio por causa da franja e teimar em manter a franja. Ainda por cima tenho o supremo azar de os meus filhos serem loiros (só tenho um moreno). Ora loiros, neste contexto, quer dizer betos. Tudo mau. Se eu fosse de esquerda ninguém olhava para os meus filhos como meia dúzia de betinhos mimados. Agora, esta coisa de ter uma família do tipo "Música no Coração" dá cabo da minha reputação. 40 anos depois do 25 de Abril e sem nenhum capitão de Abril na família (apenas um católico progressista), a minha reputação é, fatalmente, miserável.

Ora, 40 anos depois do 25 de Abril, ter muitos filhos, ser de direita e ser católica só pode querer dizer uma coisa: sou um caso perdido dos ideais de Abril. Ninguém que sofra desta tríade nociva pode ser tolerante, democrata ou defensor da liberdade. Mas eu sou. Juro que sou.

Se eu fosse de esquerda, de qualquer esquerda de Freitas a Louçã, não vivia neste sufoco moral (com jeitinho até podia ser monárquica). Também não passava a minha pobre existência de direita a explicar que tenho muitos filhos apesar de não ser rica, que sou católica apesar de não ser beata (até gosto muito dos Jesuítas...), que sou de direita mas não sou fascista. Fosse eu de esquerda e o povo de Abril seria tolerante com a minha condição, já podia ter dez filhos loirinhos, podia ser capitalista e até católica (tipo Guterres).

Passaram 40 anos do 25 de Abril e eu não sou de esquerda. No entanto, ainda tenho esperança de vir a ser de esquerda - Freitas e muitos outros demonstraram que a conversão é possível em qualquer idade - porque sei que seria mais livre. É que se eu me afirmasse de esquerda já podia ser livremente a pessoa de direita que de facto sou.

Pois, apesar de já terem passado 40 anos do 25 de Abril, a nossa esquerda só tolera a esquerda.

Inês Teotónio Pereira in ionline


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terça-feira, 29 de abril de 2014

Universidades católicas têm que ser católicas - São João Paulo II


Havemos de dedicar especial atenção às Faculdades Teológicas, aos Seminários e às diversas Instituições Católicas, para que aí seja comunicado, ilustrado e aprofundado o conhecimento da sã doutrina.

A exortação de Paulo seja também ouvida por todos os teólogos, pastores e quantos desempenham tarefas de ensino, catequese e formação das consciências: cientes do papel que lhes cabe, não assumam nunca a grave responsabilidade de atraiçoar a verdade e a própria missão, expondo ideias pessoais contrárias ao Evangelho da vida, que o Magistério fielmente propõe e interpreta.”

Papa João Paulo II in Evangelium vitae, 82


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segunda-feira, 28 de abril de 2014

O Catolicismo faz sentido? - Moral, Bíblia e Tradição

Recentemente, no grupo do Facebook "O Católico responde", foi feita uma pergunta cuja resposta ajuda a perceber alguns pontos importantes da doutrina Católica. Por essa razão partilhamo-la aqui no Senza para edificação e formação de todos os leitores.

Estas respostas são muito boas para usar em conversas que normalmente surgem em jantares de amigos, em intervalos no trabalho ou outras situações parecidas!


Resposta do Bernardo Motta:

Caro Manuel Maria P. Valle,

A sua questão é bastante complexa, e não pretendo responder de forma definitiva, mas apenas complementar o que o Pedro Gabriel aqui escreveu.

Você diz:
"Devo concluir pelas vossas respostas, que de facto, não é possível estabelecer uma noção de moral para o Catolicismo."

Não foi essa a conclusão do comentário do Pedro Gabriel. Ele apenas disse, e com razão, que a religião católica não se reduz a uma moral. Você perguntou:
"É de alguma forma possivel reduzir a religião Católica ao nivel de uma filosofia moral" ?

E a resposta é a que o Pedro deu, pelas razões que ele deu: não é possível reduzir a religião católica ao nível de uma moral.

Mas é claro que há uma moral no catolicismo. Ele não se reduz a ela, mas ele contém uma moral.

Acerca da sua Questão 2, eu não tenho a menor das dúvidas de que se pode encontrar no catolicismo uma moral consistente e abrangente que, como disse o Pedro, é uma moral sempre em crescimento no que diz respeito à aplicação dos mesmos princípios universais a cada época histórica. Alguns desses princípios morais universais são acessíveis pela via da razão natural, e outros são acessíveis por revelação, nomeadamente pela revelação presente nas Escrituras e na pessoa de Jesus Cristo.

"1- Da biblia, que diverge do antigo para o novo testamento, e obedece às diferentes interpretações dos Teólogos"

Os teólogos não fazem parte do Magistério da Igreja Católica. Na Igreja Católica, a função de ensinar doutrina e moral pertence ao Papa e aos Bispos unidos ao Papa, sendo que o Papa é a cabeça do colégio episcopal.

"2- Dos Concilios que tentam estruturarva doutrina e actualizar a mesma de acordo com os dogmas e o periodo temporal"

Os concílios são constituídos por Bispos e governados pelo Papa, pelo que são um instrumento do Magistério. Dos concílios podem emanar novas aplicações da doutrina e da moral a novas situações. Dos concílios também podem emanar melhores formulações da doutrina e da moral de sempre. Por exemplo, a proclamação de um dogma consiste na formulação definitiva de uma doutrina que a Igreja sempre defendeu, mesmo que anteriormente o fizesse de forma pouco clara ou não definitiva.

Nem os dogmas são inventados ou criados, nem a moral é inventada ou criada. A compreensão da doutrina amadurece (e então surgem os dogmas como sinal desse amadurecimento), e novos casos surgem para os quais é preciso aplicar a doutrina e a moral de sempre.

"3- Dos Papas através das enciclicas, apresentando a sua visão pessoal sobre a religião, os dogmas e as doutrinas. É uma espécie de árbitro entre as duas primeiras fontes de fé /moral."

Os Papas podem dar a sua visão pessoal quando assim o entenderem acerca de todo o tipo de temas, menos sobre doutrina e sobre moral, porque nesses casos o magistério papal não consiste numa visão pessoal de um determinado Papa, mas sim no ensinamento da Igreja. Por isso mesmo, os ensinamentos magisteriais de um Papa em matéria de doutrina ou de moral são infalíveis.

Na Igreja Católica, só há duas fontes de doutina/moral: a Revelação (Escrituras, Profetas, Jesus Cristo) e a Tradição (Bispos, Papas, Igreja).

"Observação: Não sei se é possivel extrair daqui alguma coisa.
1- Isto porque se aceitar a biblia como um todo, enquanto fonte de moral, entao vamos cair em contradições e acabar por defender a barbárie."

A Bíblia, se a tomamos apenas como conjunto de textos, abdicando de um intérprete, não tem valor pedagógico. A interpretação da Bíblia é sempre mediada pela Tradição da Igreja. Se eu me meter a ler a Bíblia fora da Igreja, corro imensos riscos de cometer interpretações erradas. É essa tradição que nos permite entender os textos bíblicos à luz do caminho percorrido pela Igreja com a assistência do Espírito Santo.

Outro detalhe importante: os textos bíblicos são de vários tipos. E se é verdade que podemos retirar ensinamentos morais de textos de tipo sapiencial (Salmos, Sabedoria, etc.), não é trivial retirar ensinamentos morais de textos históricos. Por exemplo, quando o Antigo Testamento relata os pecados do Rei David, não vamos tomar tais pecados como lição moral, certo?

"2- Se por outro lado, assumirmos que os livros mais recentes presentes na biblia são aqueles que devem ser considerados, como fonte de moral, estamos a admitir que a noção de moral para o catolicismo é contigente e temporal. O que por sua vez demonstra que o Catolicismo não tem ainda uma moral definida."

É preciso ver o que a Igreja sempre ensinou acerca dos textos do Antigo Testamento. Muitas vezes contrasta-se a moral do Antigo Testamento com a moral do Novo Testamento, pegando apenas nos textos lidos "à letra", o que é um erro. É preciso ver o que é que o Magistério da Igreja escreveu ao longo de 20 séculos sobre os textos do Antigo Testamento. O significado e as lições morais que se podem extrair desses textos encontra-se na leitura que a Igreja faz deles, e não numa leitura feita por nós, à revelia da Tradição. 

As contradições só surgem quando nós começamos a ler a Bíblia à revelia da Tradição. Ora, se lermos TODA a Bíblia à luz da interpretação canónica feita pela Igreja ao longo dos séculos, não vemos contradições, nem nos vemos obrigados a cair no erro de achar que há um fosso moral entre o Antigo e o Novo Testamento.

A perfeição do nosso entendimento da moral vai-se construindo. Estamos, com a ajuda do Espírito Santo, a aprender acerca das verdades morais universais, a descobri-las, e a aprender como as aplicar a casos novos, do nosso tempo. 

Mas só cresceremos nessa compreensão se estivermos DENTRO da Igreja, a ler a Bíblia à luz da Tradição da Igreja.

"Não creio que seja possivel admitir a infalibilidade Papal como uma Hipótese filosófica e cientifica minimamente válida para resolver este problema."

A infalibilidade papal em matéria de doutrina e de moral é um facto cabal da doutrina católica. Há vários graus de infalibilidade, e é importante conhecê-los, porque dependendo do tipo de pronunciamento papal, teremos diferentes tipos de infalibilidade. 

Nada há de estranho nessa doutrina, se entendermos que não é por mérito do homem que é Pontífice que um Papa é infalível. A infalibilidade não é mérito do homem que é eleito Papa. A infalibilidade é mérito do Espírito Santo, e portanto, quem garante que o Papa não falha em matéria de doutrina e de moral é o próprio Deus, em cumprimento da promessa feita por Cristo de que "as portas do Inferno" não iriam prevalecer sobre a Igreja, ou seja, Cristo prometeu que o Pai da Mentira (o Diabo) não iria imiscuir erros, mentiras e falsidades nos ensinamentos da Sua Igreja.

Espero ter ajudado!

in facebook.com


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Canonização dos dois Papas: Uma longa noite e a recompensa




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domingo, 27 de abril de 2014

Em Roma, capital

Quando o leitor tiver na mão este jornal, o trânsito automóvel terá sido erradicado em extensas áreas de Roma, até 4 de Maio. «Écrans» gigantes estarão a funcionar, na praça de S. Pedro, nas avenidas adjacentes e em várias outras praças, algumas bem distantes de S. Pedro. Os transportes públicos estarão abertos a todo o povo, sem necessidade de pagar bilhete. Milhares de polícias, agentes da protecção civil e voluntários estarão ao serviço de uma multidão gigantesca, vinda de todas as partes do mundo. Os números são curiosos: por exemplo, há 4 milhões de garrafas de água para oferecer aos peregrinos, para evitar desidratações. 

Uma constelação de satélites de telecomunicações, maior do que para os jogos olímpicos, alimentará canais de televisão de todos os continentes, redes sociais, pavilhões e salas de cinema. Pela primeira vez na história, poder-se-á ver em todo o mundo uma emissão em 3D. Tudo está previsto a uma escala que ultrapassa a minha imaginação. De Portugal, estão confirmadas umas mil pessoas. Do resto da Europa, sobretudo da Itália e da Polónia, será uma multidão difícil de contar. Evidentemente, a própria cidade de Roma é a que mais se mobilizou, para não perder um acontecimento tão importante.

Para os universitários, a preparação e as confissões começaram solenemente na terça-feira passada, 22 de Abril, na basílica de S. João de Latrão. As actividades para vários grupos intensificaram-se ao longo da semana. Por decisão do Papa, no sábado 26 de Abril as igrejas do centro de Roma estão abertas, mesmo de noite, para os peregrinos poderem rezar e confessar-se. A vigília na praça de S. Pedro começa às 21 horas e dura a noite toda.

Finalmente, Domingo 27 de Abril, exactamente às 10 horas de Roma (9 horas em Lisboa, 8 horas nos Açores), começa a Missa em que o Papa Francisco canonizará João XXIII e João Paulo II.
Não vão ser declarados santos por causa das audiências. Nem dos discursos. Nem dos aplausos. Escusamos de dar voltas: Deus quis tê-los consigo no Céu. Mas este favoritismo da parte de Deus não é exclusivo, Ele olha para cada um com a expectativa de que também vamos corresponder.

Embora o processo canónico tenha demonstrado que João XXIII e João Paulo II corresponderam heroicamente à graça de Deus, mesmo assim, está prevista uma certa discussão, que vai ser em latim, como de costume.

O Cardeal Amato vai pedir ao Papa Francisco que canonize os beatos João XXIII e João Paulo II e o Papa responde pedindo a todos que rezem a Deus Pai, por Jesus Cristo, invocando Nossa Senhora e todos os Santos.

O Cardeal insiste e, à segunda vez, o Papa diz-lhe que reze ao Espírito Santo para assistir a Igreja num momento tão importante, que compromete no mais alto grau a autoridade pontifícia. O coro e o povo cantam o «Veni, Creator Spiritus», pedindo a assistência do Espírito Santo.

O Cardeal Amato não se dá por vencido e, desta vez, o Papa Francisco usa a sua autoridade máxima: «...com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, ...declaramos e definimos...».

Na praça de S. Pedro, nas avenidas à volta e diante de todos os «écrans» gigantes espalhados pela cidade de Roma, o povo responde três vezes: «Ámen»!

E diante de tantas televisões, de todos os continentes, uns milhões de pessoas talvez se emocionem um bocadinho e pensem: é mesmo verdade que Deus espera que eu também seja santo?

José Maria C. S. André in «Correio dos Açores», «Verdadeiro Olhar» (27-IV-2014)


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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Comunismo, socialismo e Cristianismo: Um destes não encaixa - Parte 1

Nos próximos dias o Senza vai publicar em varias partes um texto do Pe. Marcel Guarnizo sobre a incompatibilidade das ideias socialistas com o Cristianismo. O Pe. Guarnizo é um sacerdote americano que se voluntariou para trabalhar ao serviço do Arcebispo de Moscovo por mais de 20 anos em Moscovo, na Rússia. Não há muitas pessoas mais que conheçam melhor que o Pe. Guarnizo o problema do comunismo e do socialismo.
Sobre o Cristianismo, o Socialismo e o Comunismo
Nas últimas semanas tem-se falado muito sobre a dívida do Cristianismo -e a sua compatilidade com - as ideias e a práxis da revolução socialista, e mesmo do comunismo. Muitos, mesmo na Igreja Católica, acreditam que partilhamos alguns dos ideais da revolução socialista porque lhes parece que o comunismo, o socialismo e o Cristianismo são para os pobres. Para além deste erro muito infeliz, a falácia oposta também se tornou popular nas mentes de muitos, isto é, a de que os capitalistas e defensores de uma economia de mercados livres, odeiam os pobres.
Mas os registos históricos do comunismo contam uma história inteiramente diferente. Eu trabalhei em países da antiga União Soviética durante mais de 20 anos e vi o que o comunismo faz às populações e nações. O flagelo da revolução socialista por todo o mundo deu-nos 6 milhões de pessoas mortas pelo genocídio da fome na Ucrânia [NT: ver aqui] e, como documentado em O Livro Negro do Comunismo [NT: livro de professores universitários da Europa, ver aqui], 20 milhões de vítimas na U.R.S.S., 65 milhões na China, um milhão no Vietname, 2 milhões na Coreia do Norte, outros 2 milhões no Camboja, mais um milhão no resto da Europa de Leste, 150.000 na América Latina, 1,7 milhões em África, 1,5 milhões no Afganistão e pelos movimentos comunistas internacionais e partidos relacionados cerca de 100.000 vítimas em várias nações. Esta é uma contagem de mortos que chega a 100 milhões de vítimas por todo o mundo. 

O comunismo destruiu completamente a economia, a estrutura social e a cultura política de dezenas de nações. Esvaziou toda a intelectualidade, arruinou todas as economias onde a semente do socialismo verdadeiramente "floresceu" e anulou os direitos fundamentais e as liberdades individuais das nações que subjugou. Claramente que o mandamento Judaico-Cristão "Não matarás," não faz parte dos ensinamentos doutrinais do comunismo e da revolução socialista. É difícil de acreditar que a revolução socialista - ao contrário do nazismo - ainda encontra promotores e defensores no Ocidente.
A compatibilidade do Cristianismo e da sua preocupação legítima pelos pobres nada deve aos regimes violentos e desumanos criados pela revolução socialista. Nenhum regime da história humana produziu mais pobreza e miséria que o comunismo.
A Igreja nunca enfrentou um adversário maior que a revolução comunista. Durante o século XX, centenas de milhares de religiosos e sacerdotes foram enviados para campos de trabalhos forçados ou simplesmente foram executados. Planos de cinco anos para acabar com a religião foram implementados e nenhum verdadeiro crente estava seguro em tais nações. Que doutrina social da Igreja é que alguma vez veio de tal loucura? O comunismo e a revolução socialista não são apenas a antítese do Cristianismo. Também são incompatíveis com sociedades livres, justas e democráticas.
O caso contra as "maravilhas" da revolução socialista acaba quando se lembra às pessoas que foram necessários muros de tijolos e argamassa, vigiados por soldados armados, para evitar que as pessoas fugissem do paraíso artificial da "igualdade social" criado pelos comunistas. Como notou Milton Friedman, a "... maior prova do fracasso do socialismo é a queda do muro de Berlim."
Também não é necessária uma apologética complexa para explicar porque é que não há uma diferença substancial entre socialismo e comunismo. Comunismo, como registou o escritor americano Whittaker Chambers, não é mais do que o socialismo com garras. Na teoria, os dois sistemas partilham os mesmos ideiais e a mesma base filosófica. O comunismo limita-se a levar o socialismo às suas últimas e lógicas consequências.
A diferença entre os dois está bem apanhada numa piada que li uma vez. Os comunistas limitam-se a disparar-vos à cabeça, mas os socialistas fazem sofrer-vos uma vida inteira.
Montar um caso contra os socialistas e comunistas devia parecer completamente desnecessário dado os registos históricos. Mas é necessário porque, como vemos, a ideologia do comunismo continua a iludir as mentes do Ocidente e muitos dos seus líderes. Talvez a frase de Whittaker Chambers, quando ele decidiu desertar do seu serviço na União Soviética, de que ele tinha escolhido juntar-se "... ao lado derrotado" não esteja totalmente resolvida. Muitos pensam que a queda da União Soviética mostrou que Chambers estava errado, mas eu penso que Chambers percebeu, talvez melhor do que todos, a natureza duradora e pérfida da revolução socialista no Ocidente. Parece-me que a grande vitória parcial do Ocidente está longe de estar acabada. Apesar do Império Soviético ter caído, o Ocidente permanece numa batalha de culturas igualmente poderosa, uma batalha que os arquitectos da revolução socialista anteciparam.

Pe. Marcel Guarnizo - A 2ª parte pode ser lida aqui.


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quinta-feira, 24 de abril de 2014

A mulher que por intercessão de João Paulo II foi curada milagrosamente


Floribeth Mora Díaz sofreu um derrame cerebral e os médicos descobriram um aneurisma inoperável.Ela pediu a João Paulo II e a Deus que a salvassem. Hoje está curada e o Vaticano acredita que foi um milagre. Por isso, vai canonizar

A campainha toca perto das 13h numa casa de classe média de Dulce Nombre de la Unión, a 26 quilómetros de San José, capital da Costa Rica.

Na cozinha, Floribeth de Fátima Mora Díaz, 50 anos, dá mais uma volta ao guisado de frango, brócolos e batatas que tem ao lume, espreita a sopa de abóbora e especiarias, e caminha com passos firmes para a porta, maquilhada, vestida de preto e com uns saltos de 15 centímetros.

Lá fora, a família Campos pede-lhe um minuto. Doña Flori, como é conhecida na vizinhança, recebe-os junto ao altar que tem no alpendre, com um enorme póster de João Paulo II, um crucifixo, uma imagem do Menino Jesus e outra de Nossa Senhora de Fátima.

Não se conhecem, mas mal se sentam ao fresco, a mulher mais jovem conta, entre lágrimas, que não consegue engravidar. Quer pedir-lhe que reze por ela a João Paulo II. E que o Papa lhe traga um milagre, como um dia fez com ela.

Desde 5 de Julho de 2013 que o número 23 da Pista Hernández, uma rua estreita e inclinada de casas térreas, se tornou um local de romaria.

No dia em que o Papa Francisco assinou o decreto que autorizou a canonização de João Paulo II, marcada para 27 de Abril, o mundo ficou a conhecer a história de Floribeth Mora Díaz, a costa-riquenha que vai levar o Papa polaco à santidade.

Tudo porque a Igreja considerou milagrosa a cura de um grave aneurisma fusiforme na artéria cerebral média direita que quase matou esta mulher.

Primeiro vieram os jornalistas, depois os curiosos e os crentes. E doña Flori nunca deixou de os receber. Até hoje.

A poucos dias de partir para Roma para assistir à cerimónia de canonização, tem a agenda cheia de entrevistas e já se tornou um hábito fazer grandes panelas de comida para almoçar com quem chega.

Se vivesse sozinha, comeria sempre e só sopa.

Mas a família é grande – quatro filhos, três dos quais casados, e seis netos – e isso obriga-a a diversificar a ementa.

Via 'É o Carteiro'


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Papa Francisco destaca a castidade como arma contra a SIDA

Penso de modo particular no testemunho do discipulado missionário (cf. Evangelii gaudium, 119-120), oferecido pelos agentes do apostolado da Igreja no campo da saúde, não sem cuidar de quantos sofrem de Hiv/Aids e de todos aqueles que, diligentemente, procuram educar as pessoas nos âmbitos da responsabilidade sexual e da castidade. (...)

Promovendo a oração, a fidelidade conjugal, a monogamia, a pureza e o serviço recíproco humilde no seio das famílias, a Igreja continua a oferecer uma contribuição inestimável para o bem-estar social da Tanzânia que, juntamente com os seus apostolados nos campos da educação e da saúde, sem dúvida favorecerá maiores estabilidade e progresso no vosso país. 

Não existe melhor serviço que a Igreja possa oferecer, do que o seu testemunho da nossa convicção acerca da santidade do dom da vida concedido por Deus e do papel essencial desempenhado por famílias espirituais estáveis na preparação das gerações mais jovens, a fim de que levem uma vida virtuosa e enfrentem os desafios do futuro com sabedoria, intrepidez e generosidade.

in Discurso aos Bispos da Tanzânia por ocasião da visita "Ad Limina Apostolorum"


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quarta-feira, 23 de abril de 2014

O humor do Papa João XXIII

No início do seu pontificado, o Papa João XXIII teve que posar para os fotógrafos, para que estes fizessem as fotografias oficiais do novo Papa. Numa ocasião, imediatamente depois de posar diante das câmaras, recebeu em audiência o Monsenhor Fulton Sheen, um Bispo muito conhecido nos Estados Unidos porque pregava na televisão. 

Ao cumprimentá-lo, João XXIII perguntou-lhe: "Deus Nosso Senhor sabia muito bem que eu havia de ser Papa. Não podia ter-me feito mais fotogénico?"





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Frase do dia

"Põe-te sempre nas circunstâncias do próximo: assim verás os problemas ou as questões serenamente, não terás desgostos, compreenderás, desculparás, corrigirás quando e como for necessário, e encherás o mundo de caridade." 

S. Josemaria Escrivá


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Irmã Raghida denuncia crucificação de cristãos na Síria

Combatentes muçulmanos na Síria estão a exigir que os cristãos se convertam ao Islão. Caso se neguem, são ameaçados de crucificação, como Jesus. Alguns cristãos recusaram-se a deixar de o ser e já foram crucificados pelos islamistas radicais. A denúncia foi feita nesta Sexta-Feira Santa pela irmã Raghida.

A religiosa síria dirigia a escola do patriarcado greco-católico de Damasco e hoje vive em França. Ela contou à Radio Vaticano que, “tanto nas cidades quanto nos povoados ocupados por extremistas armados, os cristãos são obrigados a converter-se ao Islão ou a morrer. Algumas vezes, pedem também um resgate para libertá-los”.

“Alguns deles sofrem o martírio de uma forma extremamente desumana, com uma terrível violência que não tem nome. Em Maalula foram crucificados dois jovens cristãos. Um deles foi crucificado diante do pai dele. Em Abra, uma cidade industrial da província de Damasco, houve casos semelhantes”.

Depois dos crimes, os militantes chegaram a cortar as cabeças dos cristãos assassinados e jogar futebol com elas. Mulheres grávidas os tiveram seus bébés arrancados do ventre e enforcados em árvores com os próprios cordões umbilicais, declarou ainda a Irmã Raghida.

Maalula, na periferia de Damasco, foi cenário de duros combates entre o exército e os rebeldes durante meses, até que as forças leais a Assad recuperassem o controle. Com 5000 habitantes, o povoado ainda fala e reza em aramaico, a língua de Jesus Cristo, transmitida de pais para filhos. Hoje, a cidade é símbolo do martírio dos cristãos na Síria. in Zenit


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terça-feira, 22 de abril de 2014

A roupa do Papa João Paulo II - Exemplo dos Santos


Pe. Wojtyla, futuro S. João Paulo II, de batina.
Usou-a até ao dia em que morreu.
Exemplo dos Santos.
in orbiscatholicussecundus.blogspot.com

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E se a festa no Marquês acontecesse todos os anos?

Como introdução ao que vou escrever digo que sou benfiquista, que fiquei muito contente com o título de campeão nacional (mais do que merecido), que fui festejar para o Marquês de Pombal, que estive perto dos jogadores e da taça e que tenho fotografias que podem provar isto tudo!

Mas estar no meio daquela imensa multidão, no Domingo de Páscoa, fez-me pensar numa coisa: Como é que tanta gente sai de casa para comemorar um título nacional de futebol e não para comemorar a Ressurreição de Jesus (o verdadeiro)?

Acho a coisa mais natural do mundo a alegria que se segue a uma vitória destas, e a consequente vontade de comemorar, não tenho nada contra. Mas o que é esta alegria, que dura no máximo uns meses (até começar o próximo campeonato), a comparar com a alegria de ser salvo (não confundir com salvio)?

O mistério Pascal de Jesus responde a todas as perguntas e necessidades do coração humano: a pergunta sobre o sentido da vida, do sofrimento, a vontade de ser perdoado, de ser feliz, de viver para sempre com quem amamos.

Será que este evento não merece todos os anos, no mínimo, uma festa igual à que assistimos há dois dias?

Só vejo dois impedimentos para que isto aconteça:

- Muitas pessoas acham que nada disto tem a ver com elas e vivem as suas vidas como se não precisassem de ser salvos e sem tentar responder ao desejo de vida eterna.
- Muitos dos que sabem que realmente foram salvos, consideram a salvação como um dado adquirido e não deixam que a Ressurreição se torne um evento marcante nas suas vidas, e digno de ser comemorado com a maior das alegrias.

Mesmo assim não consigo deixar de sonhar ver um dia o "Marquês" reservado para que uma multidão incontável de cristãos comemore a Ressurreição do seu Senhor. Carrega Jesus!

João Silveira



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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Domingo da Ressurreição: Jesus venceu

Passado o Sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram perfumes para irem embalsamar Jesus. Partindo no primeiro dia da semana, de manhã cedo, chegaram ao sepulcro quando o sol já era nascido. Assim começa São Marcos a narração do sucedido naquela madrugada de há dois mil anos, na primeira Páscoa cristã. 
Jesus tinha sido sepultado. Aos olhos dos homens, a Sua vida e a Sua mensagem tinham terminado com o mais rotundo fracasso. Os Seus discípulos, confusos e atemorizados, tinham-se dispersado. As próprias mulheres que vão fazer um gesto piedoso, perguntam umas às outras:quem nos tirará a pedra da entrada do sepulcro? "No entanto, faz notar São Josemaria, continuam... Tu e eu, como andamos de vacilações? Temos esta decisão santa, ou temos de confessar que sentimos vergonha ao contemplar a decisão, a intrepidez, a audácia destas mulheres?". 
Cumprir a Vontade de Deus, ser fiéis à lei de Cristo, viver coerentemente a nossa fé, pode parecer às vezes muito difícil. Apresentam-se obstáculos que parecem insuperáveis. No entanto, não é assim. Deus vence sempre. 
A epopeia de Jesus de Nazaré não termina com a Sua morte ignominiosa na Cruz. A última palavra é a da Ressurreição gloriosa. E os cristãos, no Baptismo, morremos e ressuscitamos com Cristo; mortos para o pecado e vivos para Deus. «Oh Cristo! — dizemos com o Santo Padre João Paulo II — como não Lhe agradecer pelo dom inefável que nos ofereces esta noite! O mistério da Tua Morte e Ressurreição infunde-se na água baptismal que acolhe o homem velho e carnal e o torna puro com a própria juventude divina» (Homilia, 15-IV-2001). 
Hoje a Igreja, cheia de alegria, exclama: este é o dia que o Senhor fez: alegremo-nos e rejubilemos! Grito de júbilo que se prolongará durante cinquenta dias, ao longo do tempo pascal, como um eco das palavras de São Paulo: posto que ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo sentado à direita de Deus. Ponde todo o coração nos bens do céu, não nos da terra; porque morreram e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus
É lógico pensar — e assim o considera a Tradição da Igreja — que Jesus Cristo, uma vez ressuscitado, apareceu em primeiro lugar à Sua Santíssima Mãe. O facto de que não apareça nos relatos evangélicos, com as outras mulheres, é — como assinala João Pulo II — um indício de que Nossa Senhora já se tinha encontrado com Jesus.  
«Esta dedução ficaria confirmada também — acrescenta o Papa — pelo dado de que as primeiras testemunhas da ressurreição, por vontade de Jesus, foram as mulheres, as que permaneceram fiéis ao pé da Cruz e, portanto, mais firmes na fé» (Audiência, 21-V-1997). Só Maria tinha conservado plenamente a fé, durante as horas amargas da Paixão; por isso é natural que o Senhor Lhe aparecesse em primeiro lugar. 
Temos que permanecer sempre junto da Virgem, mas mais ainda no tempo de Páscoa, e aprender d’Ela. Com que ânsias tinha esperado a Ressurreição! Sabia que Jesus tinha vindo salvar o mundo e que, portanto, devia padecer e morrer; mas sabia também que não podia ficar sujeito à morte, porque Ele é a Vida. 
Uma boa forma de viver a Páscoa consiste em esforçarmo-nos por fazer os outros participantes da vida de Cristo, cumprindo com primor o mandamento novo da caridade, que o Senhor nos deu na véspera da Sua Paixão: nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. Cristo ressuscitado repete-no-lo agora a cada um. Diz-nos: amai-vos de verdade uns aos outros, esforçai-vos todos os dias por servir os outros, estai pendentes dos mais pequenos pormenores, para fazer a vida agradável aos que convivem convosco. 
Mas voltemos ao encontro de Jesus com a Sua Santíssima Mãe. Que contente estaria a Virgem, ao contemplar aquela Humanidade Santíssima — carne da Sua carne e vida da Sua vida — plenamente glorificada! Peçamos-Lhe que nos ensine a sacrificarmo-nos pelos outros sem o fazermos notar, sem esperar sequer que nos agradeçam; que tenhamos fome de passar inadvertidos, para assim possuir a vida de Deus e comunicá-la a outros. Hoje dirigimos-Lhe o Regina Caeli, saudação própria do tempo pascal. Rainha do céu alegrai-vos, aleluia. / Porque Aquele que mereceste trazer em vosso ventre, aleluia. / Ressuscitou como disse, aleluia. / Rogai por nós a Deus, aleluia. / Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria, aleluia. / Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia.
D. Javier Echevarría


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Mãe perdoa o assassino do filho e salva-o da morte

No Irão, uma mãe corajosa suspendeu a condenação à morte do assassino do próprio filho. Segundo a decisão do tribunal, esta senhora deveria partir a cadeira do condenado, para que este morresse enforcado, mas limitou-se a dar-lhe um estalo. A execução foi suspensa e as mães - do jovem assassinado e do jovem assassino - abraçaram-se.

"Agora que perdoei sinto-me aliviada", disse a corajosa mãe.



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domingo, 20 de abril de 2014

Cristo ressuscitou, Aleluia, Aleluia!

O sepulcro está vazio!
Onde está, ó morte, a tua victória? (1Cor 15, 55)


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sábado, 19 de abril de 2014

Há 9 anos: O Cardeal Joseph Ratzinger passou a ser o Papa Bento XVI

E os Senzas estavam na Praça de São Pedro como testemunhas deste evento histórico



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De Barrabás a Jesus, convertido por um olhar

Um olhar mudou a vida do actor Pietro Sarubbi, que interpretou o papel de Barrabás no filme 'A Paixão de Cristo' de Mel Gibson

Sendo ainda um adolescente, Pietro Sarubbi fugiu de casa e juntou-se a uma companhia de circo. Em seguida, continuou a viajar pelo mundo, acreditando que em algum lugar poderia preencher o vazio espiritual que o afligia. Entre viagens e mais viagens continuava a sua carreira de actor, que tinha começado aos 18 anos trabalhando em peças de teatro, comerciais e cinema italiano independente. Especializou-se em comédia, mas sempre sentiu uma leve sensação de fracasso, porque o seu desejo era dirigir.

Em 2001, Hollywood parecia sorrir-lhe com um papel secundário no filme "Capitão Corelli", mas o vazio existencial nunca o abandonou. Meses depois o telefone tocou com uma oferta para colaborar com Mel Gibson. Pensou que seria em um filme de acção, mas foi surpreendido ao saber que o filme narraria a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Nunca imaginou que poderia actuar numa representação da paixão de Cristo, porque naquele momento estava muito longe da Igreja. Queria encarnar o apóstolo Pedro. Não por razões espirituais, mas porque pagavam melhor, por dia de trabalho. Portanto, não escondeu sua decepção quando o director disse que o procurava para interpretar Barrabás.

Poucos dias antes de filmar a cena, teve uma conversa com Mel Gibson, que quis dar-lhe mais detalhes sobre o personagem. Para o cineasta, Barrabás não era simplesmente um bandido que pertencia ao grupo dos Zelotas. Esteve preso durante muitos anos, foi torturado e levado ao limite. Em seguida, Gibson disse um detalhe que tocou profundamente Sarubbi: Barrabás começou a tornar-se num animal sem palavras, que se expressava apenas com o olhar. Por isso escolheu o actor italiano.

Depois de investigar, achou que ele parecia encarnar bem esse animal selvagem e, ao mesmo tempo, refugiar no fundo do seu coração o olhar de um homem bom.

Uma vez no set, Sarubbi ficou absorto contemplando por uns momentos o seu colega Jim Caviezel, que interpretava Jesus. Faltavam poucos minutos para gravar a cena onde o povo perdoava Barrabás e condenava o Messias. Surpreendentemente, o actor e Barrabás transformaram-se numa só pessoa. A cena avançou e ele já não actuava, vivia, vibrava com os acontecimentos. “Não, a esse não! Barrabás!’ Os gritos da multidão tinham alcançado o seu objectivo. Estava livre!

Empolgado com a boa sorte, olhava ironicamente para as autoridades e, em seguida, para a multidão. E, finalmente, descendo as escadas, o seu olhar encontrou-se com o de Jesus. "Foi um grande impacto. Senti como se tivesse uma corrente eléctrica entre nós. Eu via o próprio Jesus", diz Pietro Sarubbi. A partir daquele momento, diz ele, tudo na sua vida mudou. Aquela paz que tinha procurado durante anos finalmente tinha invadido a sua alma.

"Ao olhar nos meus olhos, os seus olhos não tinham ódio ou ressentimento, apenas misericórdia e amor". O actor italiano relata assim a sua fulminante conversão no livro "Da Barabba a Gesù - Convertito da uno sguardo" (De Barrabás a Jesus, convertido por um olhar). No texto, Sarubbi também explica como o dom da fé abarca agora todas as facetas da sua vida. E o livro conclui com sua exegese pessoal da história bíblica, onde o actor mostra a razão da sua gratidão com aquele personagem, Barrabás, que resistido a encarnar: "Ele é o homem que Jesus salvou da cruz. É ele que representa toda a humanidade". in Zenit




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Sábado Santo: Silêncio e Conversão

Hoje é dia de silêncio na Igreja: Cristo jaz no sepulcro e a Igreja medita, admirada, o que fez por nós este Senhor nosso. Guarda silêncio para aprender do Mestre, ao contemplar o Seu corpo destroçado. 
Cada um de nós pode e deve unir-se ao silêncio da Igreja. E ao considerar que somos responsáveis por essa morte, esforçamo-nos para que guardem silêncio as nossas paixões, as nossas rebeldias, tudo o que nos afaste de Deus. Mas sem estarmos meramente passivos; é uma graça que Deus nos concede quando lha pedimos diante do Corpo morto do Seu Filho, quando nos empenhamos em tirar da nossa vida tudo o que nos afaste d’Ele. 
O Sábado Santo não é um dia triste. O Senhor venceu o demónio e o pecado e dentro de poucas horas vencerá também a morte com a Sua gloriosa Ressurreição. Reconciliou-nos com o Pai celestial; já somos filhos de Deus! É necessário que façamos propósitos de agradecimento, que tenhamos a segurança de que superaremos todos os obstáculos, sejam do tipo que forem, se nos mantemos bem unidos a Jesus pela oração e os sacramentos. 
O mundo tem fome de Deus, embora muitas vezes não o saiba. As pessoas desejam que se lhes fale desta realidade gozosa — o encontro com o Senhor — e para isso estão os cristãos. Tenhamos a valentia daqueles dois homens — Nicodemos e José de Arimateia — que durante a vida de Jesus Cristo mostravam respeitos humanos, mas que no momento definitivo se atrevem a pedir a Pilatos o corpo morto de Jesus, para lhe dar sepultura. Ou a daquelas mulheres santas que, quando Cristo é já um cadáver, compram aromas e vão embalsamá-lo, sem terem medo dos soldados que guardam o sepulcro. 
À hora da debandada geral, quando toda a gente se sentiu com direito a insultar, a rir-se e a zombar de Jesus, eles vão dizer: dá-nos esse Corpo, que nos pertence. Com que cuidado o desceriam da Cruz e iriam olhando para as Suas Chagas! Peçamos perdão e digamos, com palavras de São Josemaria Escrivá: subirei com eles ao pé da Cruz, apertarei o Corpo frio, cadáver de Cristo, com o fogo do meu amor..., retirar-lhe-ei os cravos com os meus desagravos e mortificações..., envolvê-Lo-ei com o pano novo da minha vida limpa e enterrá-Lo-ei no meu peito de rocha viva, donde ninguém m’O poderá arrancar, e aí, Senhor, descansai! 
Compreende-se que colocassem o corpo morto do Filho nos braços da Mãe, antes de lhe dar sepultura. Maria era a única criatura capaz de Lhe dizer que entende perfeitamente o Seu Amor pelos homens, pois não foi Ela a causa dessas dores. A Virgem Puríssima fala por nós; mas fala para nos fazer reagir, para que experimentemos a Sua dor, feita uma só coisa com a dor de Cristo. 
Retiremos propósitos de conversão e de apostolado, de nos identificarmos mais com Cristo, de estar totalmente pendentes das almas. Peçamos ao Senhor que nos transmita a eficácia salvadora da Sua Paixão e Morte. Consideremos o panorama que se nos apresenta pela frente. As pessoas que nos rodeiam, esperam que os cristãos lhes descubram as maravilhas do encontro com Deus. É necessário que esta Semana Santa — e depois todos os dias — sejam para nós um salto de qualidade, pedir ao Senhor que se meta totalmente nas nossas vidas. É preciso transmitir a muitas pessoas a Vida nova que Jesus Cristo nos conseguiu com a Redenção. 
Socorramo-nos de Santa Maria: Virgem da Soledade, Mãe de Deus e Mãe nossa, ajuda-nos a compreender — como escreve São Josemaria — que é preciso fazer da nossa vida a vida e a morte de Cristo. Morrer pela mortificação e penitência, para que Cristo viva em nós pelo Amor. E seguir então os passos de Cristo, com afã de corredimir todas as almas. Dar a vida pelos outros. Só assim se vive a vida de Jesus Cristo e nos fazemos uma só coisa com Ele.
D. Javier Echevarría


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sexta-feira, 18 de abril de 2014

Sexta-Feira Santa: Cristo na Cruz

Hoje queremos acompanhar Cristo na Cruz. Recordo umas palavras de São Josemaria Escrivá, numa Sexta-feira Santa. Convidava-nos a reviver pessoalmente as horas da Paixão; da agonia de Jesus no Horto das Oliveiras até à flagelação, a coroação de espinhos e a morte na Cruz. Dizia:Ligada a omnipotência de Deus por mão humana, levam o meu Jesus de um lado para outro, entre insultos e empurrões da plebe
Cada um de nós há-de ver-se no meio daquela multidão, porque foram os nossos pecados a causa da imensa dor que se abate sobre a alma e o corpo do Senhor. Sim, cada um leva Cristo, convertido em objecto de chacota, de um lado para o outro. Somos nós que, com os nossos pecados, reclamamos aos gritos a Sua morte. E Ele, perfeito Deus e perfeito Homem, deixa fazer. Tinha-o predito o profeta Isaías: maltratado, não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda diante dos tosquiadores
É justo que sintamos a responsabilidade dos nossos pecados. É lógico que estejamos muito agradecidos a Jesus. É natural que procuremos a reparação, porque à nossas manifestações de desamor, Ele responde sempre com um amor total. Neste tempo de Semana Santa, vemos o Senhor como que mais próximo, mais semelhante aos Seus irmãos os homens... Meditemos umas palavras de João Paulo II: Quem crê em Jesus leva a Cruz em triunfo, como prova indubitável de que Deus é amor... Mas a fé em Cristo jamais se dá por descontada. O mistério pascal, que revivemos durante os dias da Semana Santa, é sempre actual (Homilia, 24-III-2002). 
Peçamos a Jesus, nesta Semana Santa, que desperte na nossa alma a consciência de sermos homens e mulheres verdadeiramente cristãos, para que vivamos cara a Deus e, com Deus, cara a todas as pessoas. 
Não deixemos que o Senhor leve sozinho a Cruz. Acolhamos com alegria os pequenos sacrifícios diários. 
Aproveitemos a capacidade de amar, que Deus nos concedeu, para concretizar propósitos, mas sem ficarmos num mero sentimentalismo. Digamos sinceramente: Senhor, nunca mais! Nunca mais! Peçamos com fé que nós e todas as pessoas da terra descubramos a necessidade de ter ódio ao pecado mortal e de aborrecer o pecado venial deliberado, que tantos sofrimentos causou ao nosso Deus. 
Que grande é o poder da Cruz! Quando Cristo é objecto de escárnio e de zombaria para todo o mundo; quando está no Madeiro sem desejar arrancar os cravos; quando ninguém daria um cêntimo pela Sua vida, o bom ladrão — um como nós — descobre o amor de Cristo agonizante e pede perdão. Hoje estarás comigo no Paraíso. Que força tem o sofrimento, quando se aceita junto de Nosso Senhor! É capaz de retirar — das situações mais dolorosas — momentos de glória e de vida. Esse homem que se dirige a Cristo agonizante, encontra a remissão dos seus pecados, a felicidade para sempre. 
Nós temos que fazer o mesmo. Se perdemos o medo à Cruz, se nos unimos a Cristo na Cruz, receberemos a Sua graça, a Sua força, a Sua eficácia. E encher-nos-emos de paz. 
Ao pé da Cruz descobrimos Maria, Virgem fiel. Peçamos-Lhe, nesta Sexta-feira Santa, que nos empreste o Seu amor e a Sua fortaleza, para que também nós saibamos acompanhar Jesus. Dirigimo-nos a Ela com umas palavras de São Josemaria Escrivá, que ajudaram milhões de pessoas.Diz: minha Mãe — tua, porque és seu por muitos títulos — que o teu amor me ate à Cruz do teu Filho; que não me falte a Fé, nem a valentia, nem a audácia, para cumprir a vontade do nosso Jesus.
D. Javier Echevarría


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quinta-feira, 17 de abril de 2014

A semana Santa e o futuro Beato Álvaro del Portillo

"À medida que a Páscoa se aproximava, crescia em D. Álvaro a preparação para aproveitar bem o Tríduo pascal. Dizia-nos uma vez: «Havemos de procurar ser mais um, vivendo em intimidade de entrega e de sentimentos os diversos passos do Mestre durante a Paixão, acompanhar Nosso Senhor e a Santíssima Virgem com o coração e a cabeça, naqueles tremendos acontecimentos, dos quais não estivemos ausentes quando eles aconteceram, porque o Senhor sofreu e morreu pelos pecados de cada uma e de cada um de nós. Pedi à Santíssima Trindade que nos conceda a graça de entrar mais a fundo na dor que cada um causou a Jesus Cristo, para adquirirmos o hábito da contrição, que foi tão profundo na vida do nosso santo Fundador e o levou a heroicos graus de Amor» [7].
D. Álvaro a celebrar no Cenáculo de Jerusalém,
onde Jesus instituiu a Santa Missa (1994)

A liturgia de Quinta-feira Santa impressionava, naturalmente, D. Álvaro. E cheio de esperança, de alegria, também humana, considerava a entrega de Cristo à Igreja, por cada alma, manifestada na instituição da Eucaristia e do sacerdócio. Visitava os Monumentos com ânimo de meditar e assumir o Sacrifício supremo de Jesus. Gostava de passar pelas igrejas onde O colocavam com maior solenidade, também com o desejo de se preparar melhor para acolher constantemente Deus na sua alma.
Várias vezes comentou que o comoviam as leituras dos diversos ofícios litúrgicos desses dias, e de forma muito particular a narração da Paixão segundo S. João. Recomendava a leitura e meditação da Paixão do Senhor e a adoração da Santa Cruz. Detinha-se a rezar o canto das Lamentações, na Sexta-feira Santa, e o Exsúltet, o pregão da Vigília Pascal.
Em sinal de gratidão e de esperança, beijava com frequência o crucifixo que trazia no bolso, ou o que punha sobre a mesa de trabalho. Tratemos Jesus com autêntico carinho de enamorados, como D. Álvaro fazia, segundo o conselho do nosso Padre:o teu Crucifixo.  Como cristão, deverias trazer sempre contigo o teu Crucifixo. E colocá-lo sobre a tua mesa de trabalho. E beijá-lo antes de te entregares ao descanso e ao acordar. E quando o pobre corpo se rebelar contra a tua alma, beija-o também [8]. Testemunhei que este modo de proceder contagiava outras pessoas, que acabavam por imitá-lo nessas práticas cheias de vigorosa piedade e de naturalidade cristã.
As recordações do primeiro sucessor de S. Josemaria, precisamente no ano da sua beatificação, podem muito bem servir-nos para avançar na vida interior pessoal. Agora, em concreto, preparando-nos para percorrer com amor e agradecimento a Semana Santa. «Meditemos com profundidade e devagar as cenas destes dias. Contemplemos Jesus no Horto das Oliveiras, vejamos como procura na oração a força para enfrentar os terríveis sofrimentos, que Ele sabe tão próximos. Naqueles momentos, a Sua Santíssima Humanidade precisava da proximidade física e espiritual dos Seus amigos. E os Apóstolos deixam-no sozinho: Simão, dormes? Não pudeste vigiar uma hora? (Mc 14, 37). Pergunta-nos isso também a ti e a mim, que tantas vezes garantimos, como Pedro, que estávamos dispostos a segui-Lo até à morte e que, contudo, com frequência O deixamos só, adormecemos.
Devemos condoer-nos por estas deserções pessoais e pelas dos outros, e havemos de perceber que abandonamos o Senhor, talvez diariamente, quando descuidamos o cumprimento do nosso dever profissional, apostólico; quando a nossa vida interior é superficial, rotineira; quando nos desculpamos porque sentimos humanamente o peso e a fadiga; quando nos falta o entusiasmo divino para secundar a Vontade de Deus, mesmo que a alma e o corpo resistam» [9].
D. Álvaro aprendeu, na escola de S. Josemaria, a meditar sobre a Paixão do Senhor. E por isso, como escrevi, animava-nos a meter-nos cada vez mais no Evangelhocomo um personagem mais, traduzindo em oração pessoal as cenas que contemplamos. Assim surgirá nas nossas almas uma poderosa vontade de reparar, com coração grande, pelos pecados de toda a humanidade, e não apenas pelas próprias faltas. «Ao meditar na Paixão – confiava-nos numa carta de família – surge espontaneamente na alma um desejo de reparar, de consolar o Senhor, de aliviar-Lhe as Suas dores. Jesus sofre pelos pecados de todos e, nestes nossos dias, os homens empenham-se, com uma triste tenacidade, em ofender muito o seu Criador.
Decidamo-nos a expiar! Não é verdade que todos sentis o desejo de oferecer muitas alegrias ao nosso Amor? Compreendeis que uma falta nossa, por pequena que seja, tem que implicar uma grande dor para Jesus? Por isso insisto que valorizeis muito o pouco, que vos esmereis nos detalhes, que tenhais autêntico pavor de cair na rotina: Deus tem-nos dado tanto! E Amor com amor se paga! Dirijo-me a Jesus, contemplando-O no patíbulo da Santa Cruz, e rogo-Lhe que nos alcance o dom de que as nossas confissões sacramentais sejam mais contritas: porque, como nos ensinava o nosso Padre, Ele continua no Madeiro desde há vinte séculos, e já é hora de que lá nos coloquemos nós. Suplico-Lhe também que aumente em nós o imperioso esforço de levar mais almas à Confissão» [10].       (...)"
Carta de D. Javier Echevarría, Roma, 1 de abril de 2014,

© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei   in opusdei.pt
[7]. D. Álvaro del Portillo, Carta, 1-IV-1987; [8]. S. Josemaria, Caminho, n. 302; [9]. D. Álvaro del Portillo, Carta, 1-IV-1987; [10]. D. Álvaro del Portillo, Carta, 1-IV-1987.


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