sábado, 31 de janeiro de 2015

O Senza pratica a censura?

Queridos leitores do Senza,

Em primeiro lugar queremos agradecer a vossa fidelidade ao nosso blog e as vossas mensagens de apoio ao apostolado que aqui fazemos. Por mais que se tenha a intenção de fazer tudo para maior glória de Deus, é sempre bom saber que as coisas de Deus chegam a tantas almas.

Escrevemos este texto para nos justificarmos em relação ao controle de comentários, que foi implementado há poucos dias no nosso blog. No Senza sempre privilegiámos a liberdade de comentários, não é que sejamos charlie mas permitimos a liberdade de expressão. 

Porém, de há algum tempo a esta parte, temos sido atacados com comentários insultuosos diariamente. A juntar à "festa", temos tido também comentários anónimos que visam apenas criar confusão, com a mesma pessoa a fingir que são várias, qual transtorno dissociativo de identidade.

Nós sabemos que muitas pessoas odeiam a verdade, a começar pelo próprio diabo, mas não podemos desistir por causa disso. Aqui, pelo menos, as pessoas podem ter a certeza que vão ler a verdade e nada mais do que a verdade. Temos consciência que não fazemos um trabalho perfeito e que perante Nosso Senhor somos apenas servos inúteis, mas para sermos melhores precisamos de críticas construtivas e de muita oração, em vez de insultos e confusão.

Que fique bem claro que o direito ao contraditório continua a existir, e todos os comentários honestos serão publicados, ainda que discordem dos textos. A liberdade dos filhos de Deus é um grande dom que não deve ser desprezado.

Deixamos aqui uma oração que nos é muito querida e que gostaríamos de partilhar com todos:

Senhor Jesus, vós conheceis a minha fraqueza e as necessidades da minha alma. Concedei-me a graça de me tornar melhor. Socorrei a vossa santa Igreja. Abençoai os meus pais, superiores, amigos e inimigos, e dai-nos a todos a graça de estar reunidos um dia no Céu. Ámen.

Equipa Senza Pagare


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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

“Nós temos de julgar os actos” - Cardeal Burke

O Cardeal Raymond Burke deu uma longa entrevista televisiva na qual corrige clarividentemente as ideias falsas que se criaram em torno da frase “Quem sou eu para julgar?” do Papa Francisco, a qual tem sido usada para sugerir uma mudança no ensinamento da Igreja em matéria de homossexualidade. 

O entrevistador, Thomas Mckenna, da Catholic Action Insight, questionou o Cardeal Burke sobre as ocasiões em que as pessoas têm de fazer julgamentos, à luz da frase do Santo Padre “Quem sou eu para julgar?”.

“Nós temos de julgar os actos, não podemos deixar de o fazer!”- responde-lhe o Cardeal Burke – e prosseguiu – “Ao longo do dia fazemos julgamentos sobre certos actos; isto é a lei natural: escolher o bem e evitar o mal.”

O Cardeal acrescentou ainda que enquanto julgamos actos como pecados graves, não podemos dizer que determinada pessoa está em pecado grave, uma vez que “podemos estar a condená-la sem fundamento, ou podemos mesmo estar a condenar alguém por cometer um pecado que nós próprios não rejeitamos veementemente”.

“Excluído esse tipo de julgamento, temos de julgar os actos em si; não poderíamos ter uma vida justa e recta de outra maneira.” – disse ainda Burke.

Mckenna afirmou então que seria errado interpretar a frase do Papa como um apoio ao “casamento” homossexual, com o que o Cardeal concordou.

Ao falar da tolerância e da intolerância, Burke tocou no cerne do debate: “Não sou intolerante com pessoas homossexuais, tenho grande compaixão por eles, especialmente numa sociedade como a nossa em que muitos deles são levados a uma atracção pelo mesmo sexo que não sentiam no passado por um completo e corruptivo laxismo moral”.

“Tenho grande compaixão por eles, mas essa compaixão significa que eu quero que eles saibam a verdade para evitar o pecado, para garantir o seu bem e a sua salvação – é por isso que devemos ajudar um homossexual; e apesar de hoje isso não ser bem recebido por uma agressiva agenda homossexual não significa – concluiu – que essa não seja a abordagem correcta”.

Avisou ainda que se nos mantivéssemos silenciosos por pressão da referida agenda “presidiríamos à destruição da nossa sociedade.”.

Para o Cardeal Burke, a abordagem não é só teórica como prática. Relatou que, no fim de uma Missa de Crisma, uma mãe aproximou-se dele e acusou-o com raiva de ter chamado diabo à sua filha. Quando perguntou àquela mãe a que se referia, ela falou-lhe de umas colunas que o Cardeal tinha escrito no jornal da diocese sobre a definição tradicional do casamento. Segundo ela, a sua filha estava “casada” com outra mulher.

“Não – respondeu o Cardeal à mãe enfurecida – eu disse que os actos que a sua filha está a cometer são diabólicos. A sua filha não é o diabo, mas ela precisa de perceber a verdade sobre a sua própria situação.”

Finalmente, Burke disse que “há hoje muita confusão sobre a matéria, o que infelizmente leva muita e boa gente a não fazer o que devia para ajudar uma pessoa que sofre nesta condição”.

John Henry Westen in lifesitenews


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Quando o Céu e a Terra se encontram

Lichen, Polónia


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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Catequese do Papa Francisco sobre o que significa ser Pai

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

Retomamos o caminho das catequeses sobre a família. Hoje deixamo-nos guiar pela palavra «pai». Uma palavra que a nós cristãos é muito querida, porque é o nome com o qual Jesus nos ensinou a dirigir-nos a Deus: pai. O sentido deste nome recebeu uma nova profundidade precisamente a partir do momento em que Jesus o usava para se dirigir a Deus e manifestar a sua relação especial com Ele. O mistério bendito da intimidade de Deus, Pai, Filho e Espírito, revelado por Jesus, é o coração da nossa fé cristã.

«Pai» é uma palavra que todos conhecem, é uma palavra universal. Ela indica uma relação fundamental cuja realidade é antiga como a história do homem. Contudo, hoje chegou-se a afirmar que a nossa seria «uma sociedade sem pais». Noutros termos, sobretudo na cultura ocidental, a figura do pai estaria simbolicamente ausente, esvaecida, removida. Num primeiro momento, isto foi sentido como uma libertação: libertação do pai-patrão, do pai como representante da lei que se impõe de fora, do pai como censor da felicidade dos filhos e impedimento à emancipação e à autonomia dos jovens. 

Por vezes havia casas em que no passado reinava o autoritarismo, em certos casos até a prepotência: pais que tratavam os filhos como servos, sem respeitar as exigências pessoais do seu crescimento; pais que não os ajudavam a empreender o seu caminho com liberdade — mas não é fácil educar um filho em liberdade —; pais que não os ajudavam a assumir as próprias responsabilidades para construir o seu futuro e o da sociedade.

Certamente, esta não é uma boa atitude; mas, como acontece muitas vezes, passa-se de um extremo ao outro. O problema nos nossos dias não parece ser tanto a presença invadente dos pais, mas ao contrário a sua ausência, o seu afastamento. Por vezes os pais estão tão concentrados em si mesmos e no próprio trabalho ou então nas próprias realizações pessoais, que se esquecem até da família. E deixam as crianças e os jovens sozinhos. 

Quando eu era bispo de Buenos Aires apercebia-me do sentido de orfandade que vivem os jovens de hoje; e muitas vezes perguntava aos pais se brincavam com os seus filhos, se tinham a coragem e o amor de perder tempo com os filhos. E a resposta era feia, na maioria dos casos: «Mas, não posso, porque tenho tanto trabalho...». E o pai estava ausente daquele filho que crescia, não brincava com ele, não, não perdia tempo com ele.
Mas, neste caminho comum de reflexão sobre a família, gostaria de dizer a todas as comunidades cristãs que devemos estar mais atentos: a ausência da figura paterna da vida das crianças e dos jovens causa lacunas e feridas que podem até ser muito graves. Com efeito os desvios das crianças e dos adolescentes em grande parte podem estar relacionados com esta falta, com a carência de exemplos e de guias respeitáveis na sua vida de todos os dias, com a falta de proximidade, com a carência de amor por parte dos pais. É mais profundo de quanto pensamos o sentido de orfandade que vivem tantos jovens.

São órfãos na família, não dão aos filhos, com o seu exemplo acompanhado pelas palavras, aqueles princípios, aqueles valores, aquelas regras de vida das quais precisam como do pão. A qualidade educativa da presença paterna é tanto mais necessária quanto mais o pai é obrigado pelo trabalho a estar distante de casa. Por vezes parece que os pais não sabem bem que lugar ocupar na família e como educar os filhos. E então, na dúvida, abstêm-se, retiram-se e descuidam as suas responsabilidades, talvez refugiando-se numa relação improvável «ao nível» dos filhos. É verdade que deves ser «companheiro» do teu filho, mas sem esquecer que és o pai! Se te comportas só como um companheiro igual ao teu filho, isto não será bom para o jovem. 

E vemos este problema também na comunidade civil. A comunidade civil com as suas instituições, tem uma certa responsabilidade — podemos dizer paterna — em relação aos jovens, uma responsabilidade que por vezes descuida e exerce mal. Também ela muitas vezes os deixa órfãos e não lhes propõe uma verdadeira perspectiva. Assim, os jovens permanecem órfãos de caminhos seguros para percorrer, órfãos de mestres nos quais confiar, órfãos de ideais que aqueçam o coração, órfãos de valores e de esperanças que os amparem diariamente. Talvez sejam ídolos em abundância mas é-lhes roubado o coração; são estimulados a sonhar divertimentos e prazeres, mas não lhes é dado trabalho; são iludidos com o deus dinheiro, mas são-lhes negadas as verdadeiras riquezas.

E então fará bem a todos, aos pais e aos filhos, ouvir de novo a promessa que Jesus fez aos seus discípulos: «Não vos deixarei órfãos» (Jo 14, 18). De facto, Ele é o Caminho a percorrer, o Mestre a ouvir, a Esperança de que o mundo pode mudar, de que o amor vence o ódio, que pode haver um futuro de fraternidade e de paz para todos. Algum de vós poderia dizer-me: «Mas Padre, hoje foi demasiado negativo. Só falou da ausência dos pais, do que acontece quando os pais não acompanham o crescimento dos filhos... É verdade, quis frisar isto, porque na próxima quarta-feira continuarei esta catequese pondo em evidência a beleza da paternidade. Por isso escolhi começar pela escuridão para chegar à luz. Que o Senhor nos ajude a compreender bem estas coisas. Obrigado.

in Audiência Geral, Sala Paulo VI (28/I/2015)


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E os que são dispensáveis aos olhos da sociedade? - Madre Teresa

Uma vez que Cristo é invisível, não podemos mostrar-Lhe o nosso amor; mas o nosso próximo não é invisível, por isso podemos fazer por ele aquilo que gostaríamos de fazer por Cristo, se Ele fosse visível. 

Hoje em dia, o próprio Cristo está presente em todos aqueles que são dispensáveis, naqueles a quem não damos emprego, nos que deixamos de tratar, nos que têm fome, nos que não têm roupa ou habitação. Todos eles parecem inúteis aos olhos da sociedade e do Estado. Ninguém tem tempo para eles. É por isso a nós, cristãos como tu e eu, se o nosso amor for verdadeiro e digno do amor de Cristo, que cabe a tarefa de os encontrar e ajudar. Eles existem para que nós os encontremos. 

Trabalhar por trabalhar é o perigo que nos ameaça de todos os lados. É então que entram em campo o respeito, o amor, a devoção, para que possamos oferecer a Cristo, e por Ele a Deus, o fruto do nosso trabalho, que nos esforçamos por fazer da melhor maneira possível.

Beata Teresa de Calcutá  in Something Beautiful for God via EAQ



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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Considerações a despropósito da ‘mais antiga profissão do mundo’

Conta a lenda, mas não a Bíblia, que um belo dia Adão, ainda no paraíso, chegou tarde a casa. Eva, criada por Deus de uma costela marital, quis saber das razões da demora, mas Adão não soube justificar de forma convincente o seu atraso que, a bem dizer, não se devia a nenhum motivo especial. Como Eva não ficasse satisfeita com as explicações conjugais, depois de o marido ter adormecido, foi-lhe contar as costelas. Se faltasse mais alguma, seria de supor a existência no Éden de mais alguma criatura feminina, eventualmente de má vida!

Há quem diga que a profissão da hipotética concorrente de Eva é a mais antiga do mundo. Mas não é verdade, porque o mais antigo ofício é o de Adão, que foi guarda florestal, ou jardineiro, na medida em que foi incumbido de guardar e cultivar o jardim do paraíso. A segunda profissão mais antiga também não foi a dos rumores infamantes, porque Eva, criada logo depois de Adão, foi doméstica. As seguintes são a de pastor e caçador, que seus filhos Abel e Caim exerceram, respectivamente.

Aliás, não só não é a mais antiga, como também não é profissão nenhuma. Por muito peritos que sejam nas suas actuações, um burlão ou um homicida não são, em sentido próprio, profissionais. O acto de mercadejar com o próprio corpo também não tem, nem pode ter, a dignidade de uma profissão, precisamente pelo carácter degradante dessa acção. Nenhum direito civilizado pode admitir tal comércio, nem reconhecer, a quem o exerce, qualquer estatuto laboral. Também não deve haver qualquer protecção legal para quem tem a indignidade de a ele recorrer ou, pior ainda, para quem criminosamente se dedica à sua exploração.

Contudo, há quem fale de ‘quem trabalha na indústria do sexo’ (PÚBLICO, 18-8-2014)! Assim, como se se tratasse de uma ‘indústria’ qualquer! Ou seja, há quem trabalhe na indústria do calçado, quem trabalhe na indústria têxtil, quem trabalhe na indústria da restauração, quem trabalhe na indústria cinematográfica e … quem trabalhe na indústria do sexo! Quem aí ‘trabalha’ estaria, portanto, equiparado, para efeitos sociais e laborais, aos ‘colegas’ que prestam serviço nas outras indústrias. Sendo uma ‘indústria’ como outra qualquer, não seria ofensiva a suposição de alguém aí exercer como funcionária, ou ter uma tal mãe, e até seria honroso ser um industrial, ou empresário, do ramo. Por este andar, pouco faltaria para que se criasse uma ordem profissional da falsamente dita mais antiga profissão do mundo …

O discurso de quem reivindica direitos para estas ‘trabalhadoras’ é uma falácia, porque uma tal exigência, embora finja uma louvável preocupação social, esconde uma inadmissível cumplicidade com a infamante realidade em que são obrigadas a viver essas mulheres. O problema da escravatura não se resolve com a sua aceitação social, nem com a outorga de alguns direitos sociais aos seres humanos que são privados da sua liberdade, mas com a irradicação total dessa infra-humana condição e a perseguição de todos os que, desse modo, atentam contra a dignidade humana. O drama da prostituição não tem, também, outra possível solução.

Se não é aceitável que os meios de comunicação social colaborem no branqueamento da exploração sexual, mesmo que sob a aparência de uma mera investigação antropológica, também não é compreensível que os agentes políticos tolerem esta realidade social. De facto, parece que as entidades oficiais pouco fazem para ajudar estas mulheres, ou para punir os ‘empresários’ desta tão rendosa ‘indústria’, cujo ‘material’, ao contrário da droga, é sempre reutilizável. As instituições da Igreja católica são, praticamente, as únicas que, no terreno, prestam um serviço efectivo às vítimas desta chaga social.

Não é possível fazer da terra o paraíso que já foi mas, como a Adão, também nos foi dada a missão de guardar e cultivar este jardim. Importa preservar a natureza mas, mais importante é a defesa da ecologia humana: qualquer ser humano deve ser respeitado na sua liberdade e dignidade pessoal. Porque todas as pessoas são, sem excepção, imagem e semelhança do Criador.

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Voz da Verdade


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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Nomadélfia, a comunidade que vive como os primeiros cristãos

No ano 1948, o sacerdote italiano Zeno Saltini fundou a Nomadélfia, uma cidade formada por famílias que acolhem as crianças abandonadas como filhos.

Vivem como as primeiras comunidades cristãs de Jerusalém. Não existe a propriedade privada e partilham todos os bens. Em declarações ao Rome Reports, o padre Fernando, sucessor de Zeno Saltini, é o sacerdote que assiste a comunidade: “Nomadélfia quer dizer ‘Onde a lei é a fraternidade’. Quer dizer que viver em fraternidade não é um romantismo. É estar um com o outro, respeitar-se, partilhar tudo o que se tem e pôr os dons e características pessoais ao serviço de todos.”

O padre Fernando e uma das primeiras mulheres que seguiu o sacerdote Zeno Saltini reuniram-se com o Papa Francisco, e receberam a sua bênção. O Papa João Paulo II visitou a Nomadélfia em Maio de 1989, baptizou um bebé e elogiou o seu espírito de fraternidade. Disse-lhes que o fazia recordar o ambiente descrito nos Actos dos Apóstolos e que são um testemunho para um mundo “tantas vezes hóstil e longe da Fé”.


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Evitar as discussões confusas

Evita as longas discussões, sobretudo com pessoas dispersas, que juntam argumentos sobre argumentos, sem ordem e, sem disciplina, misturando juízos apenas de gosto com algumas pseudo-ideias mal formadas e mal assimiladas. 

Evita essas discussões que não são em nada benéficas. Se não for possível conduzir o colóquio com alguém em boa ordem, segundo boa lógica, cuidadosa e bem organizada, é preferível que te cales. 

Sê sempre disciplinado no trabalho mental. Essa é a regra importante, e nunca ceder às "vagabundagens" do pensamento em conversas diluídas, dispersas, em que se fala de tudo e não se fala de nada.

Mário Ferreira dos Santos, filósofo brasileiro


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domingo, 25 de janeiro de 2015

D. Georg Ganswein fala sobre Francisco, Bento XVI e muito mais

Há poucos dias, a revista de um jornal alemão, a Christ & Welt, entrevistou D. Georg Ganswein, secretário pessoal de Bento XVI e Prefeito da Casa Pontifícia, portanto um dos colaboradores mais próximos do Papa Francisco.
Cgänswein&W: No Natal, o Papa Francisco causou furor com o seu discurso sobre as quinze doenças da Cúria Romana. O D. Georg estava sentado mesmo ao lado do Papa. Em que doença é que parou de contar?
Georg Gänswein: Como Prefeito da Casa Pontifícia estava sentado, como sempre, à direita do Papa. E, como sempre, tinha uma cópia do discurso na minha mala, mas não tinha tido tempo de o ler antes. Quando a lista de doenças começou, pensei para mim mesmo, "Bem, isto vai ser interessante" e tornou-se cada vez mais. Eu contei até à nona doença...
O que lhe passou pela cabeça?
Normalmente o Papa usa a recepção de Natal à Cúria para olhar para o ano que passou e falar do próximo que se aproxima. Desta vez foi diferente. O Papa Francisco preferiu apresentar um espelho de consciência aos cardeais e bispos, entre os quais alguns já reformados...
Sentiu que se dirigia a si de alguma forma?
Claro que pensei para mim mesmo, "A quem é que isto se refere? Que doença é que te afecta? O que é que precisa de ser corrigido?" A certo ponto pensei nas minhas caixas de mudanças.
Refere-se à história sobre as mudanças de um jesuíta com imensas coisas? Francisco disse que mudar-se era um sinal da "doença de acumular"
Exactamente. Desde que deixei o Palácio Apostólico depois da renúncia do Papa Bento em Fevereiro de 2013, muitas das minhas coisas ainda estão em caixas num armazém. Mas não vejo nisso um sinal de doença.
O que é que o Papa Francisco pretendia com este acto de flagelação? Podia ser desmotivador.
Essa é uma pergunta que muito dos meus colegas também perguntaram. O Papa Francisco está neste cargo há já quase dois anos e conhece muito bem a Cúria. Obviamente que ele achou necessário falar claramente e fazer um exame de consciência.
Quais foram as reacções?
Foi um presente para os media, claro. Durante o discurso já conseguia ver os cabeçalhos: Papa castiga os prelados da Cúria; Papa lê as regras aos seus cooperadores! Infelizmente, de fora teve-se a impressão de que havia um buraco entre o Papa e a Cúria. Essa impressão é enganadora e não coincide com a realidade. Mas o discurso abafou isso.
O discurso foi criticado internamente?
As reacções foram desde surpresa até ao choque e incompreensão.
Talvez com Francisco a Cúria precisa de se ajustar a exercícios espirituais permanentes?
Já há muito se ajustou a isso. O Papa Francisco não esconde a sua formação religiosa. Ele é um Jesuíta, formado vezes e vezes pela espiritualidade do fundador desta ordem, Santo Inácio de Loyola.
O que pensa sobre Francisco, dois anos depois da sua eleição?
O Papa Francisco é um homem que desde o início deixou claro que lida com as coisas diferentes de uma forma diferente. Isto é verdade para a sua escolha de onde dorme, o carro que guia, todo o processo de audiências em geral e especialmente o protocolo. Podíamos pensar que ele se estava a habituar no início e queria um certo grau de flexibilidade. Agora já é assim por defeito. O Santo Padre é um homem de uma criatividade extraordinária e de um entusiasmo latino-americano.
Muitos ainda perguntam para onde vamos?
Se ouvirem com atenção as palavras do Papa, vão ouvir nelas uma mensagem clara. No entanto, a questão surge continuamente, sobre onde quer Francisco levar a Igreja, qual o seu objectivo?
Há um ano disse, "Ainda estamos à espera de normas substanciais." Já se podem ver?
Sim, muito mais do que há um ano. Pensem na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Nela apresentou uma bússola do seu pontificado. Mais ainda, publicou documentos importantes e deu discursos importantes ao longo do ano, tais como em Strasbourg para o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa. Os contornos tornaram-se claros e visíveis e definiram-se claras prioridades.
Tais como?
A prioridade mais importante é a missão e evangelização. Este aspecto é como um fio condutor. Sem divagação interna nem referências próprias, mas espalhando o Evangelho pelo mundo. Este é o lema.
Compreende Francis George, o arcebispo de Chicago reformado, que criticou o facto de as palavras do Papa serem muitas vezes ambivalentes?
De facto houve casos em que o porta-voz do Vaticano teve que clarificar algumas matérias depois de publicações específicas. As correcções são necessárias quando certas frases levam a incompreensões que podem ser apanhadas em certos lugares.
O Papa Francisco tem um maior controlo sobre os media do que o seu predecessor Bento?
Francisco lida com os media ofensivamente. Ele usou-os intensa e directamente.
E também com mais capacidades?
Sim, ele usa os media com grandes capacidades.
Quem são na verdade os seus colaboradores mais próximos?
Esta questão aparece sempre. Não sei.
Com os Sínodos sobre a pastoral das famílias neste passado e no próximo Outono, Francisco criou um ponto de focagem. Em especial, a questão de permitir o acesso dos divorciados e fiéis recasados ao sacramento causa muito desacordo. Alguns até têm a impressão que Francisco está mais preocupado com o cuidado pastoral do que com a doutrina...
Eu não partilho dessa impressão. Dá origem a uma oposição artificial que não existe. O Papa é o primeiro guardião e defenso da doutrina da Igreja e ao mesmo tempo é o primeiro pastor. A doutrina e o cuidado pastoral não estão em oposição, são como gémeos.
O Papa actual e o retirado têm visões opostas no debate sobre os Católicos divorciados e recasados?
Não conheço nenhuma afirmação doutrinal do Papa Francisco que seja contrária às afirmações do seu predecessor. Isso também seria absurdo. Uma coisa é dar ênfase aos esforços pastorais com mais clareza porque a situação o requer. Outra coisa completamente diferente é fazer uma mudança nos ensinamentos. Eu só posso agir de uma forma pastoralmente sensível, consistente e consciente quando o faço com a base de todos os ensinamentos Católicos. A substância dos sacramentos não foi deixado à discrição dos pastores, mas foi dada à Igreja pelo Senhor. Isso também é especialmente verdade para o sacramento do matrimónio.
Houve alguma visita de certos Cardeais ao Papa Bento durante o Sínodo, com o pedido de que ele interviesse para resgatar o dogma?
Não houve nenhuma visita desse género ao Papa Bento. Uma suposta intervenção do Papa emérito é pura invenção.
Como é que o Papa Bento responde às tentativas de círculos tradicionalistas para o reconhecerem como anti-Papa?
Não foram os círculos tradicionalistas que tentaram isso, mas representantes da profissão de teólogos e alguns jornalistas. Falar de um anti-papa é simplesmente estúpido, e também irresponsável. Isso parece um pegar-fogo teológico.
Há pouco tempo houve uma agitação relacionada com a contribuição do recém-publicado quarto volume das Obras Completas de Joseph Ratzinger. O autor mudou algumas conclusões no tópico dos divorciados e recasados num sentido estrito. O Papa Bento queria envolver-se neste debate do Sínodo?
Não, de todo. A revisão do tal artigo de 1972 foi completada e enviada ao editor muito antes do Sínodo. Deve-se lembrar que todo o autor tem o direito de fazer alterações nos seus escritos. Qualquer pessoa informada sabe que o Papa Bento não partilha dessas conclusões da tal contribuição desde 1981, que aconteceu há mais de 30 anos! Como Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé ele expressou isto claramente em vários comentários.
O facto de o timing da publicação da nova edição ter coincidido com o Sínodo foi tudo menos feliz...
O quarto volume das Obras Completas, onde o artigo foi impresso, estava previsto que fosse publicado em 2013. A publicação foi atrasada por várias razões e  acabou por acontecer apenas em 2014. Que ia acontecer um Sínodo sobre o tema da família nessa altrua era absolutamente imprevisível quando se planeou a publicação dos vários volumes.
Quando se retirou, Bento XVI disse que ia viver "escondido do mundo". No entanto, ele continua a aparecer. Porquê?
Quando está presente em acontecimentos importantes da Igreja, é porque é convidado especialmente pelo Papa Francisco. Por exemplo, quando participou no consistório em Fevereiro passado, na canonização de João Paulo II e João XXIII em Abril e também na beatificação de Paulo VI em Outubro. Também escreveu um discurso para a inauguração do Auditorium Maximum da Universidade Pontifícia Urbaniana em Roma, que recebeu o seu nome. O Papa Bento foi convidado para lá ir, mas não aceitou o convite.
Nessa discurso, que D. Georg leu em vez dele, o Papa Bento algumas afirmações teológicas claras. "A eliminação da verdade é letal para a fé", escreveu ele.
O discurso foi uma contribuição impressionante para o tema da "Verdade e Missão". Isso notou-se, estava tudo tão silencioso durante a leitura naquele auditório cheio. Cheio de conteúdo e sabedoria, foi um clássico da teologia. O Papa Francisco, que recebeu o texto do Papa Bento antes, ficou muito impressionado e agradeceu-lhe por isso.
Papa Bento às vezes fala sobre o facto de se ter retirado? Ele está descansado?
Ele está em paz consigo mesmo e convencido de que a decisão foi certa e necessária. Foi uma decisão de consciência que foi muito rezada e sofrida e que foi posta diante de Deus por aquele homem.
O D. Georg sofreu com a histórica renúncia de Fevereiro de 2013. Como é que olha agora para trás?
É verdade que foi uma decisão difícil para mim. Internamente não foi difícil de aceitar. Lutei para superar. A luta já acabou há muito tempo.
Jurou ser leal ao Papa Bento até à morte. Isso também significa que ficará ao seu lado, também no Vaticano?
No dia da sua eleição como Papa prometi ajudá-lo in vita et in morte. Claro que não estava a contar com a renúncia. Mas a promessa foi verdadeira e ainda se mantém.
Os Bispos deviam ser pastores. Como arcebispo na Cúria Romana, às vezes sente-se como um pastor sem rebanho?
Sim, às vezes. Mas ando a receber cada vez mais convites para crismas, Missas de aniversários e outras celebrações. Inicialmente eu respondia um pouco na defensiva e escolhia aceitar apenas alguns. Mas isso mudou ultimamente. O contacto directo com os fiéis é muito importante. É por isso que aceito encargos pastorais sempre que é possível e compatível com as minhas outras obrigações. Isso é bom e necessário ao mesmo tempo. E também é a melhor medicação contra outra das doenças da Cúria mencionada pelo Papa Francisco: o perigo de ficarmos uns burocratas.
[Tradução Senza Pagare do inglês]


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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A maior manifestação pró-vida do mundo

Aconteceu ontem em Washington e juntou cerca de 500 mil pessoas. Trata-se da March for Life, que acontece todos os anos no dia 22 de Janeiro, aniversário do julgamento Roe vs. Wade, que estabeleceu o direito constitucional ao aborto nos Estados Unidos da América (1973).

Já sabemos que esse julgamento foi uma farsa: Roe vs. Wade: 41 anos de injustiça

Uma farsa que já custou 59 milhões de vidas, destruiu muitas famílias e as vidas de muitas mulheres. Até quando continuaremos a matar seres humanos inocentes e o futuro da Humanidade?





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O mundo a mudar - Novo livro de Fé e Ciência

A relação entre a Fé e a Ciência já está muito bem estudada a nível académico, não temos dúvida: "Fé e Ciência em conflito: ainda nisto?!"

Os historiadores da ciência sabem todos que a Fé não só não é contra a ciência como muitas vezes foi o que a fez avançar, em particular a Fé Cristã.

No entanto, entre os não especialistas, e entre os meios de comunicação de social em particular, continuam a circular imensos erros básicos. Felizmente a situação tem estado a mudar e hoje soubemos mais uma novidade que muito contribuirá para isto.

Chegará para a semana às livrarias o livro do Francisco Malta Romeiras, Doutor em História das Ciências e, muito provavelmente, o maior especialista que há no mundo sobre os avanços científicos em Portugal nos séculos XIX e XX entre os intelectuais da Companhia de Jesus.
O livro pode ser comprado aqui, no wook.pt
Sinopse 
Quando a Companhia de Jesus foi restaurada em Portugal, em meados do século XIX, permanecia ainda a memória da forte campanha ideológica que o Marquês de Pombal lançara no século XVIII, segundo a qual os jesuítas teriam sido os principais responsáveis pelo atraso científico no nosso país. 
Conscientes da longevidade, da influência e da transversalidade absolutamente invulgares dos argumentos pombalinos, os jesuítas compreenderam que tinham de ultrapassar as acusações de obscurantismo para se estabelecerem com alicerces firmes em Portugal e, assim, reconquistarem a influência e o raio de ação que tinham tido nos séculos anteriores. 
Da vontade de recuperar a sua credibilidade científica acabaria por nascer um grande investimento no ensino e na prática das ciências naturais nos seus colégios, nomeadamente no Colégio de Campolide (1858-1910) e no Colégio de São Fiel (1863-1910). São Fiel foi ainda o berço da revista Brotéria (1902-2002), uma das mais importantes publicações científicas portuguesas do século XX. Baseado nas histórias do Colégio de Campolide, do Colégio de São Fiel e da revista Brotéria, este livro centra-se nas razões que levaram uma ordem religiosa como a Companhia de Jesus a empenhar-se tão ativamente no ensino e na prática das ciências, bem como no impacto profundo que esse empreendimento teve para a ciência e para a educação científica em Portugal nos séculos XIX e XX.
O  blog Senza dá os parabéns ao autor do livro!


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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Papa Francisco compara a propaganda LGBT à propaganda nazi

Com a história dos coelhos, algumas palavras do Papa passaram despercebidas à grande maioria da comunicação social e do grande público. Porém, uma leitura mais atenta da conferência de imprensa a bordo do avião, no regresso da viagem ao Sri Lanka e Filipinas, não deixa margem para dúvidas: O Papa comparou a propaganda LGBT, chamado-lhe "colonização ideológica" que ataca a família, com as tácticas usadas pelas ditaduras do séc.XX, nomeadamente a juventude fascista de Mussolini e a juventude Hitleriana do regime nazi.

Para melhor compreender como funciona essa "colonização ideológica", o Papa Francisco recomendou um livro do escritor inglês Robert Hugh Benson, chamado "Lord of the World" (Senhor do Mundo). Este livro, escrito em 1907, descreve a criação de uma religião que, no séc.XXI, põe o Homem no centro (em vez de Deus) e que deriva de um conjunto de ideias anti-cristãs, que levam por sua vez à perseguição e quase extermínio da Igreja Católica.

A pergunta foi feita um jornalista alemão que pediu ao Santo Padre para explicar melhor essa tal "colonização ideológica", à qual se tinha referido no encontro com as famílias. Eis a resposta do Papa Francisco (transcrita do site da Santa Sé):
Quanto à colonização ideológica, direi apenas um exemplo que eu mesmo constatei. Há vinte anos atrás, em 1995, uma Ministra da Educação pedira um grande empréstimo para construir escolas para os pobres. Deram-lhe o empréstimo com a condição de que, nas escolas, houvesse um livro para as crianças de certo grau de escolaridade. Era um livro escolar, um livro didacticamente bem preparado, onde se ensinava a teoria de género. Esta senhora precisava do dinheiro do empréstimo, mas havia aquela condição. Sagaz, disse que sim e fez preparar outro livro, tendo dado os dois e assim resolveu o problema...

Esta é a colonização ideológica: invadem um povo com uma ideia que não tem nada a ver com o povo: com grupos do povo, sim; mas não com o povo. E colonizam o povo com uma ideia que altera ou quer alterar uma mentalidade ou uma estrutura. Durante o Sínodo, os bispos africanos lamentavam-se disto mesmo: que, para certos empréstimos, se imponham determinadas condições. Limito-me a dizer este caso que vi.

Porque falo de «colonização ideológica»? Porque agarram-se precisamente à necessidade dum povo: aproveitam-se das crianças para ali entrar e consolidar-se. Mas isto não é novo. Fizeram o mesmo as ditaduras do século passado; entraram com a sua doutrina. Pensai nos «Balilla», pensai na Juventude Hitleriana...

Colonizaram o povo; queriam fazê-lo. Mas, quanto sofrimento! Os povos não devem perder a liberdade. O povo tem a sua cultura, a sua história; cada povo tem a sua cultura. Mas, quando chegam condições impostas pelos impérios colonizadores, procuram fazer com que os povos percam a sua identidade para se criar uniformidade. Esta é a globalização da esfera: todos os pontos são equidistantes do centro.

Mas, a verdadeira globalização – como gosto de dizer – não é a da esfera. É importante globalizar, não como a esfera, mas como o poliedro, isto é, que cada povo, cada parte mantenha a sua identidade, o seu ser, sem acabar colonizada ideologicamente. Estas são as «colonizações ideológicas».

Há um livro (desculpai, se faço publicidade!), há um livro intitulado Lord of the World [Senhor do Mundo]. Talvez inicialmente o estilo nos pareça um pouco pesado, porque foi escrito no ano 1907, em Londres; naquela época, o escritor viu este drama da colonização ideológica e descreve-o no livro. O autor é Benson; escreveu-o em 1907, recomendo-vos a sua leitura. Lendo-o, compreendereis bem o que quero dizer com «colonização ideológica».


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"Afinal"... Papa Francisco é a favor das famílias numerosas

Há uns dias, no avião das Filipinas para Roma, o Papa disse que os Católicos não têm que se reproduzir como coelhos. 

Depois de tanta polémica, o blog Senza explicou tudo num dos nossos artigos mais lidos dos últimos dias:

Ontem, o Papa também decidiu dar a sua explicação, na Catequese de Quarta-feira (22.Janeiro.2015).
As boas famílias são essenciais para a vida da sociedade. Dá consolo e esperança ver tantas famílias numerosas que acolhem os filhos como um verdadeiro dom de Deus: sabem que cada filho é uma benção. 
Ouvi dizer que as famílias com muitos filhos e o nascimento de tantas crianças se encontram entre as causas da pobreza. Parece-me uma opinião simplista. Posso dizer, podemos dizer todos, que a causa principal da pobreza é um sistema económico que tirou a pessoa do centro e colocou lá o deus dinheiro. Um sistema económico que exlcui, exclui sempre, as crianças, os idosos, os jovens sem trabalho e que cria a cultura do descartável em que vivemos. 
Habituámo-nos a ver "pessoas descartadas". Este é a razão principal da pobreza e não as famílias numerosas.
Invocando a figura de S. José, que protegeu a vida do "Santo Niño", muito venerado nesse país, recordei que é necessário proteger as famílias, que se enfrentam contra diversas ameaças, de modo que possam testemunhar a beleza da família no projecto de Deus. É preciso também defender as famílias das novas colonizações ideológicas, que agem contra a sua identidade e missão.


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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A Madre Teresa preferia a Comunhão na boca

Uma das irmãs mais velhas, espectadora diária dos actos da Madre Teresa, testemunha a enorme fé que ela tinha na Eucaristia:

"A Madre recebia diariamente a Sagrada Comunhão com enorme devoção. E se acontecesse celebrar-se segunda Missa na Casa-Mãe em determinado dia, tentava sempre assistir a ela, mesmo que tivesse muito que fazer. Nessas ocasiões, costumava dizer: ‹‹Que bonito que é receber Jesus duas vezes por dia.››

A profundíssima reverência que a Madre tinha pelo Santíssimo Sacramento era um sinal da fé profunda que tinha na Presença Real de Jesus sob as aparências de pão e de vinho. A atitude de adoração, gestos como as genuflexões - com ambos os joelhos na presença do Santíssimo Sacramento exposto, mesmo quando já era bem entrada em anos -, a postura que adoptava - de joelhos e de mãos postas - , a preferência por receber a Sagrada Comunhão na boca, tudo isso são provas da fé que tinha na Eucaristia."

in Madre Teresa, Vem, Sê a Minha Luz (Aletheia), p. 220
Pe. Jibon Gomes a distribuir a Sagrada Comunhão à Beata Teresa


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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O Papa disse que não temos que procriar como coelhos. E então?

Como as novidades sobre o Charlie Hebdo acabaram, os jornais voltaram à fonte inesgotável de notícias: o Papa Francisco. Dizem (alguns), que o Papa afirmou que os católicos não podem procriar como coelhos e que com isso estaria a permitir a contracepção.

Bem, que os católicos não tenham que procriar como coelhos é uma verdade evidente, os católicos devem procriar como seres humanos porque é o que são. Uma “coelha” pode ter até 100 crias por ano, ora isto além de ser humanamente impossível seria um pandemónio em qualquer família, mesmo na mais bem organizada.

Claro que essa expressão é metafórica, quer dizer que ninguém é obrigado a ter filhos ininterruptamente até que a natureza se encarregue de trazer a “bênção” da infertilidade. A expressão “paternidade responsável”, apesar de muitas vezes ter sido usada para justificar a contracepção, é uma expressão justa. Se não existem condições, de momento, para ter mais filhos não há problema nenhum em não ter mais filhos, de momento.

A própria encíclica Humanae Vitae, onde a Igreja condena, de uma vez para sempre, a contracepção, diz isso mesmo: Se existirem razoes válidas para espaçar o nascimento dos filhos isso poderá ser feito, recorrendo apenas a métodos lícitos como os métodos naturais (que são tão eficientes quanto os mais eficientes contraceptivos). Mas isso nunca poderá ser feito através da contracepção (pílula, preservativo, DIU, …) mesmo que seja por um bom motivo, porque a contracepção como meio é sempre imoral.

O Papa Francisco afirmou várias vezes que o Papa Paulo VI esteve certíssimo quando escreveu esta Encíclica e que além disso foi um visionário, numa altura em que todos achavam que a Humanidade estaria condenada por causa do excesso de população. Seja como for esse argumento malthusiano para defender a contracepção é falacioso porque os métodos naturais são tão eficientes como os contraceptivos (repito isto para ver se entra).

Parece claro que ninguém pode dizer que o Papa defende a contracepção. E então a paternidade responsável? A paternidade responsável é ter poucos filhos? Não. Um casal pode ter 13 ou 14 filhos ou até mais, e isso não quer dizer que sejam irresponsáveis ou que tiveram filhos a mais. O Papa falou do caso duma mulher que correria risco grave de vida se engravidasse naquele momento por causa das cesarianas, tendo já 7 filhos para criar. Cada caso é um caso e a Igreja sempre incentivou os casais a serem generosos no número de filhos, que sempre foram vistos também como um factor que fortalece os casamentos e as famílias.

O próprio Papa Francisco fala disso quando critica a taxa de crescimento negativa em alguns países da Europa. Hoje em dia os europeus não procriam como coelhos, mas como outros animais demasiado egocêntricos para "perderem" o seu tempo e o seu dinheiro com os da sua espécie, ainda que fossem carne da sua carne e sangue do seu sangue.

João Silveira


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domingo, 18 de janeiro de 2015

Maior multidão de sempre: 6 milhões na Missa com o Papa

Hoje foi batido mais um recorde do mundo: a Missa com a maior multidão de sempre de sempre, cerca de 6 milhões de pessoas. O feito aconteceu na Santa Missa celebrada pelo Papa Francisco em Manila, nas Filipinas. O anterior recorde tinha sido também ali registado, cerca de 4 milhões, com o Papa João Paulo II em 1995.

Trazida propositadamente para a celebração foi a imagem do «Santo Niño», que tinha sido levada para as Filipinas pelo explorador Fernão de Magalhães, em 1521.
Perante a multidão imensa, o Papa Francisco fez uma homilia que teve como base a imagem do Menino Jesus e mais uma vez, foi recorrente nesta viagem, sublinhou a importância da Família e denunciou os que a atacam:

"Às vezes, vendo os problemas, as dificuldades e as injustiças, somos tentados a desistir. Quase parece que as promessas do Evangelho não são realizáveis, são irreais. Mas a Bíblia diz-nos que a grande ameaça ao plano de Deus a nosso respeito é, e sempre foi, a mentira. O diabo é o pai da mentira. Muitas vezes, ele esconde as suas insídias por detrás da aparência da sofisticação, do fascínio de ser «moderno», de ser «como todos os outros». Distrai-nos com a vista de prazeres efémeros e passatempos superficiais. 

Desta forma, desperdiçamos os dons recebidos de Deus, entretendo-nos com apetrechos fúteis; gastamos o nosso dinheiro em jogos de azar e na bebida; fechamo-nos em nós mesmos. Esquecemos de nos centrar nas coisas que realmente contam. Esquecemo-nos de permanecer interiormente como crianças. Isto é pecado: esquecer-se, no próprio coração, de que somos crianças de Deus. Na realidade, estas – como nos ensina o Senhor – têm uma sabedoria própria, que não é a sabedoria do mundo. É por isso que a mensagem do «Santo Niño» é tão importante. Fala profundamente a cada um de nós; recorda-nos a nossa identidade mais profunda, aquilo que somos chamados a ser como família de Deus.

O «Santo Niño» recorda-nos também que esta identidade deve ser protegida. Cristo Menino é o protector deste grande país. Quando Ele veio ao nosso mundo, a sua própria vida esteve ameaçada por um rei corrupto. O próprio Jesus viu-Se na necessidade de ser protegido. Ele teve um protector na terra: São José. Teve uma família aqui na terra: a Sagrada Família de Nazaré. Desta forma, recorda-nos a importância de proteger as nossas famílias e a família mais ampla que é a Igreja, a família de Deus, e o mundo, a nossa família humana. 

Hoje, infelizmente, a família tem necessidade de ser protegida de ataques insidiosos e programas contrários a tudo o que nós consideramos de mais verdadeiro e sagrado, tudo o que há de mais nobre e belo na nossa cultura."


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Paulo VI estava certo contra a contracepção diz o Papa Francisco

Durante um discurso às famílias nas Filipinas, o Papa Francisco teve a oportunidade de elogiar a encíclica do Papa Paulo VI que se opôs à contracepção e afirmou o ensinamento da Igreja sobre a sexualidade e a vida humana.
O Papa falou na Sexta às famílias reunidas no auditório do Asia Arena, em Manilla, durante a sua visita às Filipinas de 15 a 19 de Janeiro.

Depois de referir as várias ameaças à família, incluindo "a falta de abertura à vida", o Papa saiu ligeiramente do seu texto, mudando do inglês para o seu espanhol para falar do coração sobre este assunto.

"Penso no Beato Paulo VI", disse ele. "Na altura em que se falava do problema do crescimento populacional, ele teve a valentia para defender a abertura à vida da família."

Em 1968, o Papa Paulo VI escreveu a encíclica Humanæ Vitæ, que explicava o ensinamento Católico sobre a sexualidade e a imoralidade da contracepção artificial, prevendo consequências negativas se a cultura em vigor aceitasse o controlo de natalidade.

"Ele conhecia as dificuldades que havia em cada família, por isso é que na sua encíclica ele foi tão misericordioso com os casos particulares e pediu aos confessores que fossem muito misericordiosos e compreensivos com os casos particulares," disse o Papa Francisco.

"Mas ele olhou mais longe. Olhou para os povos da terra. E viu esta ameaça de destruição da família pela privação dos filhos. Paulo VI era valente. Era um bom pastor e alertou as suas ovelhas sobre os lobos que viriam, que ele do Céu nos abençoe esta tarde."

Os comentários do Papa Francisco surgem numa altura em que o presidente das Filipinas, Benigno Aquino, assinou uma lei de saúde sobre a reprodução em 2013 altamente controversa, que provocou fortes protestos da parte dos bispos locais e fiéis.

A legislação requere educação sexual aprovada pelo governo para adultos, escolas secundárias e liceus, assim como programas de controlo populacional que incluem contraceptivos totalmente subsidiados pelo seguro de saúde do estado. Os bispos da nação falaram fortemente contra esta medida.

Noutra parte do discurso do Papa Francisco, ele falou sobre as ameaças postas à família pelos desastres naturais, pobreza, imigração e a redefinição do casamento.

Ele pediu por "família fortes e boas para ultrapassar estas ameaças."

"Sejam santuários de respeito pela vida, proclamando a sacralidade de cada vida humana desde a concepção até à morte," pediu o Papa.

O Papa encorajou a oração regular em família para ouvir e compreender a vontade de Deus, assim como para ser testemunhos proféticos no mundo.

Ele também saiu do texto noutras ocasiões, falando do seu amor a S. José e da importância de sonhar na família.

"Quando perderem a capacidade de sonhar, perdem a capacidade de amar e esta energia para amar perde-se," disse o Santo Padre.

Para além disso, o Papa Francisco alertou contra uma "colonização ideológica" que não vem de Deus, mas que tenta destruir a família.

O Papa pediu aos Cristãos para pedirem a S. José a sabedoria para identificar e rejeitar ideias e iniciativas que são conduzidas por estas falsas ideologias que ameaçam a família.

in Catholic News Agency
O blog Senza já referiu outros aspectos importantes deste discurso do Papa, aqui.




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sábado, 17 de janeiro de 2015

Papa Francisco, S. José Vaz e a terra evangelizada por portugueses

Amanhã, segunda-feira dia 19, Francisco regressa de uma viagem ao Sri Lanka e às Filipinas. Paulo VI visitou estes países em 1970 e João Paulo II esteve nas Filipinas em 1981 e em ambos os países em 1995. Na segunda-feira passada, dia 12, Francisco partiu de Roma para repetir este périplo, mas foi encontrar uma situação muito diferente da dos seus antecessores.

Até há pouco tempo, por causa de questões tribais, os budistas e os hindus do Sri Lanka defrontavam-se em luta armada e ambos os lados sentiam aversão pelos católicos, que queriam a paz. Nesse ambiente, boicotaram a visita de João Paulo II em 1995. Entretanto, a guerra acabou e, embora os católicos não cheguem a 10% da população, o país passou a ver a Igreja com outros olhos.

O Sri Lanka acolheu o Papa como a figura de referência nacional. Houve uma guarda de honra solene, músicas e coreografias tradicionais de grande efeito cénico, 40 elefantes em parada, vestidos com sedas trabalhadas e pedras preciosas. Ao longo da rua, a população exibiu as melhores galas e festejou com tal entusiasmo, que o cortejo do papamóvel demorou duas horas a percorrer os 30 kms do aeroporto até ao centro da capital. De pé, no papamóvel, o Papa Francisco correspondeu àquela recepção calorosa. No final do trajecto estava exausto.

Os budistas, os hindus e os muçulmanos, que desconheceram João Paulo II em 1995, agora quiseram ouvir o Papa Francisco. A reconciliação ainda não está completa. A guerra fez 100 mil mortos e até os católicos apanharam pela tabela: várias igrejas foram destruídas, bastantes padres foram mortos ou estão desaparecidos, muitas famílias cristãs foram atingidas pelo terrorismo. Subsistem rancores entre as tribos mas, claramente, em pouco tempo, o país mudou.

Com o Papa Francisco, o grande auditório do centro de congressos Bandaranaike ficou repleto de monges budistas, de responsáveis hindus e muçulmanos, cada um com os seus trajes característicos, com predomínio de tons de vermelho e laranja. Os budistas receberam-no com um canto ritual; o líder muçulmano, Maulawi Sheik Fazil, discursou condenando com veemência os ataques terroristas em nome de Alá; o líder hindu ofereceu-lhe um manto de seda laranja, sinal de grande honra, e as pessoas das primeiras filas, que tiveram oportunidade de cumprimentar o Papa, entregaram-lhe recordações e peças de valor.

A mensagem do Papa Francisco teve um grande impacto. Em primeiro lugar, sublinhou a importância de tomar a verdade a sério: para o diálogo ser útil, é preciso apresentar as próprias convicções com honestidade, de forma completa e franca. Depois, é preciso ouvir os outros e entender que há pontos em comum. Reforça-se assim a estima, a cooperação e até a amizade. Sentimo-nos irmãos e irmãs uns dos outros. Dava gosto ver os budistas, os hindus e os muçulmanos a aplaudirem o Papa, sobretudo tendo em conta o conflito armado, que durou 30 anos. Francisco lembrou que todas as religiões têm princípios de paz e de convivência; não podemos deixar que alguém instrumentalize uma religião para promover a violência ou a guerra. Todos aplaudiam.

O número de católicos na Ásia ainda é pequeno, mas as conversões são abundantes. Segundo as estatísticas, já há mais baptismos por ano do que em toda a Europa. 

Numa cerimónia diante do mar, o Papa canonizou o Padre José Vaz, nascido em Goa. A partir de 1660, quando as armadas protestantes dominavam a região, as igrejas católicas foram derrubadas e os católicos do Sri Lanka sofreram uma perseguição dura. Apesar disso, em 1687, o Padre José Vaz conseguiu entrar clandestinamente no país, reanimou a fé de muitos e gerou dezenas de milhares de conversões. A população católica e as autoridades locais, não protestantes, apoiaram-no, mas acabou por ser preso. 

Muitos católicos foram mortos nessa altura, mas alguns reis defenderam o Padre Vaz e ele continuou a evangelizar. Para pregar com mais eficácia, aprendeu as línguas tamil e cingalesa. O Papa considerou-o «um exemplo de caridade cristã e de respeito por todos» e disse que «ainda hoje continua a servir-nos de inspiração e de ensinamento». No momento da canonização, os sinos tocaram a rebate em Goa.

É verdade que vários milhões de pessoas esperavam o Papa Francisco nas Filipinas (ainda mais que em 1995, quando João Paulo II reuniu 4 milhões numa só Missa), mas parece-me que aqueles dias no Sri Lanka foram especiais.

José Maria C.S. André in «Correio dos Açores», 18-I-2015


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