terça-feira, 30 de junho de 2020

Como deve ser um Sacerdote

Um sacerdote deve ser:

Ao mesmo tempo
grande e pequeno.

Nobre de espírito, como um príncipe,
simples e natural, como um camponês.

Um herói na conquista de si mesmo,
um homem que se deteve com Deus.

Uma fonte de santificação,
um pecador perdoado,
dos seus desejos, o mestre.

Um servidor para os fracos e débeis,
que não se abaixa diante dos poderosos,
mas se curva diante dos pobres.

Discípulo do seu Senhor,
chefe do seu Rebanho.

Um mendigo aos de mãos generosamente abertas,
um portador de dons inenarráveis.

Um soldado sobre o campo de batalha,
um médico para reconfortar os doentes.

Com a sabedoria dos anciãos,
e a confiança da criança.

Voltado para o alto,
com os pés sobre a terra.

Feito para a alegria,
conhecedor do sofrimento,

Longe de toda a inveja,
clarividente,
que fala com franqueza.

Um amigo da paz,
um inimigo da inércia.

Sempre constante...
tão diferente de mim!


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Concílio Vaticano II: O Super-Dogma

A verdade é que o próprio Concílio Vaticano II não definiu nenhum dogma e conscientemente quis expressar-se a um nível muito mais modesto, meramente como Concílio pastoral; no entanto, muitos o interpretaram como se fosse o super dogma, que tira importância a todos os outros Concílios.

Cardeal Joseph Ratzinger - Alocução aos Bispos do Chile, 13 de Julho de 1988


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segunda-feira, 29 de junho de 2020

Palestrina - Tu es Petrus (última Missa pública do Papa Bento XVI)




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Dia de São Pedro e São Paulo

O dia de hoje é para nós dia sagrado, porque nele celebramos o martírio dos apóstolos São Pedro e São Paulo. Não falamos de mártires desconhecidos. A sua voz ressoou por toda a terra e a sua palavra até aos confins do mundo. Estes mártires deram testemunho do que tinham visto: seguiram a justiça, proclamaram a verdade, morreram pela verdade.

São Pedro é o primeiro dos Apóstolos, ardentemente apaixonado por Cristo, aquele que mereceu ouvir estas palavras: E Eu te digo que tu és Pedro. Antes dissera ele: Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo. E Cristo respondeu-lhe: E Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. Sobre esta pedra edificarei Eu a mesma fé de que tu dás testemunho. Sobre a mesma afirmação que tu fizeste: Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo, edificarei Eu a minha Igreja. Porque tu és Pedro. «Pedro» vem de «pedra»; não é «pedra» que vem de «Pedro». «Pedro» vem de «pedra», como «cristão» vem de «Cristo».

O Senhor Jesus, antes da sua paixão, escolheu, como sabeis, os discípulos a quem chamou Apóstolos. Entre estes, só Pedro mereceu representar em toda a parte a personalidade da Igreja inteira. Porque sozinho representava a Igreja inteira, mereceu ouvir estas palavras: Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus. Na verdade, quem recebeu estas chaves não foi um único homem, mas a Igreja única. Assim se manifesta a superioridade de Pedro, porque ele representava a universalidade e unidade da Igreja, quando lhe foi dito: Dar-te-ei. Era-lhe atribuído nominalmente o que a todos foi dado. Com efeito, para que saibais que a Igreja recebeu as chaves do reino dos Céus, ouvi o que o Senhor diz noutro lugar a todos os seus Apóstolos: Recebei o Espírito Santo. E logo a seguir: Àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos.

No mesmo sentido, também depois da ressurreição, o Senhor confiou a Pedro o cuidado de apascentar as suas ovelhas. Na verdade, não foi só ele, entre os discípulos, que recebeu a missão de apascentar as ovelhas do Senhor. Mas, referindo-se Cristo a um só, quis insistir na unidade da Igreja. E dirigiu-se a Pedro, de preferência aos outros, porque entre os Apóstolos, Pedro é o primeiro.

Não estejas triste, ó Apóstolo. Responde uma vez, responde outra vez, responde pela terceira vez. Vença por três vezes a tua profissão de amor, já que três vezes o temor venceu a tua presunção. Tens de soltar por três vezes o que por três vezes ligaste. Solta por amor o que ligaste pelo temor. E assim, uma vez e outra vez e pela terceira vez, o Senhor confiou a Pedro as suas ovelhas.

Num só dia celebramos o martírio dos dois Apóstolos. Na realidade, os dois eram como um só; embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; seguiu-o Paulo. Celebramos a festa deste dia para nós consagrado com o sangue dos dois Apóstolos. Amemos e imitemos a sua fé e a sua vida, os seus trabalhos e sofrimentos, o testemunho que deram e a doutrina que pregaram.


Santo Agostinho, Sermão 295


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domingo, 28 de junho de 2020

Charles de Foucauld descreve como Deus o tirou dos maus caminhos


Ia-me afastando mais e mais de Vós, meu Senhor e minha vida, e a minha vida começava a ser uma morte, ou antes, era já uma morte a vossos olhos. E neste estado de morte me conserváveis ainda. 

A fé tinha desaparecido por completo, mas o respeito e a estima haviam permanecido intactos. Concedíeis-me outras graças, meu Deus, mantínheis em mim o gosto pelo estudo, pelas leituras sérias, pelas coisas belas, a repugnância pelo vício e pela fealdade. Fazia o mal, mas não o aprovava nem o amava. Dáveis-me essa vaga inquietação de uma má consciência que, por adormecida que esteja, nem por isso está morta.

Nunca senti esta tristeza, este mal-estar, esta inquietação, senão nessa altura. Era, pois, um dom vosso, meu Deus; que longe estava eu de suspeitar de que assim fosse! Que bom sois! E, ao mesmo tempo que impedíeis a minha alma, por essa invenção do vosso amor, de se afundar irremediavelmente, preserváveis o meu corpo: pois se tivesse morrido nessa altura, teria ido para o inferno. Os perigos da viagem, tão grandes e tão numerosos, de que me fizestes sair como que por milagre! A saúde inalterável nos lugares mais malsãos, apesar de tão grandes fadigas! 

Ó meu Deus, como tínheis a vossa mão sobre mim, e quão pouco eu a sentia! Como me protegestes! Como me abrigastes sob as vossas asas, quando eu nem sequer acreditava na vossa existência! E, enquanto assim me protegíeis, e o tempo ia passando, parecia-Vos que tinha chegado o momento de me reconduzir ao cercado.

Desfizestes, apesar de mim, todos os laços maus que me teriam mantido afastado de Vós; desfizestes mesmo todos os laços bons que me teriam impedido de ser, um dia, todo vosso. Foi a vossa mão, e só ela, que fez disto o começo, o meio e o fim. Que bom sois! 

Era necessário fazê-lo, para preparar a minha alma para a verdade; o demónio é excessivamente senhor de uma alma que não é casta, para nela deixar entrar a verdade; não podíeis entrar, meu Deus, numa alma onde o demónio das paixões imundas reinava como senhor. Queríeis entrar na minha, ó Bom Pastor, e fostes Vós que dela expulsastes o vosso inimigo.

Beato Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário no Saara in 'Retiro em Nazaré', Novembro de 1897


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Comungar na boca em tempo de Covid

A Eucaristia é o que há de mais sagrado no mundo. Ao dizê-lo assim, parece que estamos a dizer muito e, no entanto, não dizemos quase nada, porque se poderia passar a ideia errada de que haveria outras coisas comparáveis, ainda que menos sagradas. 

No entanto, nada há de comparável, porque na Eucaristia está Deus em Si mesmo, em Sua completa, integral, real presença. É esta a certeza dos católicos. Sim, o mundo, naquele sentido que lhe dava São João, dirá que isto é uma loucura, e nós sabemos que é uma loucura, sabemos que é a loucura do amor de Deus pelos homens e sabemos também, por outro lado, que a sabedoria de Deus parece loucura aos olhos dos homens. 

A Eucaristia não é, por isso, coisa pouca, nem, naturalmente, a forma consequente como a recebemos, pois nos gestos expressamos justamente toda a reverência que devemos ao Criador, a fonte do nosso ser; e se não somos hipócritas, os gestos devem ser a expressão coerente, natural, da nossa crença. O Anjo de Portugal deu-nos em Fátima este exemplo, justamente, ao reverenciar a Sagrada Eucaristia prostrando-se com o rosto no chão.

Por esta razão, a Igreja veio a definir, durante séculos, como a única forma possível de receber tão alto sacramento, aquela que melhor expressa a completa reverência do crente: receber a Comunhão na boca e de joelhos, porque a Eucaristia é uma dádiva que nenhum crente merece e que, apesar disso, o Senhor quer dar, por ela Se quer dar ou, como nos mostram objectivamente os milagres eucarísticos, por ela nos quer dar o Seu Sagrado Coração. 

Vale a pena, por não ser muito conhecido, referir, apenas a título de exemplo, um milagre eucarístico contemporâneo e aprovado pela Igreja; em 2013, em Legnica, na Polónia, durante a Santa Missa de Natal, numa hóstia que caíra ao chão inadvertidamente, ao fim de alguns dias, depois de colocada, como define a Igreja, em água para se dissolver, apareceram manchas de sangue e depois tecido biológico. Foram entregues amostras a dois laboratórios, com pedido de identificação e a conclusão de ambos autonomamente foi a de que se tratava de músculo cardíaco humano em estado de agonia…

Quando se fala em receber a Eucaristia na boca ou na mão, é bom termos em mente a realidade de que se trata e, por isso, a reverência que devemos ao mais alto dos sacramentos, aquele em que o Rei dos reis se faz o mais humilde, vulnerável e pobre de todos.

À Igreja, e só à Igreja, foi dada a missão de custodiar e distribuir o Santíssimo Sacramento e, sendo este um mandato divino, nenhuma autoridade secular tem poder sobre ele.

Nos anos setenta, a Igreja permitiu, depois de pressão e desobediência por parte de países muito protestantizados, que as Conferências Episcopais que o quisessem pudessem pedir um indulto, isto é, uma excepção, para a Eucaristia poder ser distribuída na mão. Assim, nos países em que este indulto foi concedido é possível distribuir a comunhão na mão, mas isto é uma excepção, pois a norma, quer dizer, a forma preferida da Igreja para a recepção da Eucaristia é na boca. 

Como pode espantar que os Srs. Bispos se escandalizem por os crentes virem pedir apenas aquilo que é a norma? Como podem colocar-se numa posição tal que não os queiram ouvir? Venham sentir o cheiro das ovelhas que balem o seu lamento, o Senhor disse que o bom pastor deixaria noventa e nove para salvar apenas uma que se perdesse, como não deixaria então as noventa e nove apenas para ouvir o lamento de uma? Ouçam-nos, não se coloquem numa posição que não nos pode senão fazer pensar naquele clericalismo que o Papa Francisco tanto tem procurado combater.

Como esperavam que não houvesse crentes que se escandalizassem ao ler aquele documento, divulgado pela Conferência Episcopal, em que a Direção Geral de Saúde (sic!) define quais os “Passos necessários para comungar”? É nesse documento que a DGS (sic!) definiu que a comunhão é recebida apenas na mão.

A Eucaristia foi dada aos fiéis por Cristo; a tarefa dos sacerdotes é torná-la disponível; não é sua posse. E se o crente quer receber a Eucaristia na forma que sabe que é aquela que a Igreja recomenda e mais ama, então, os sacerdotes, os bispos, devem procurar encontrar formas seguras de fazê-lo e não desistir imediatamente, como se fosse uma coisa menor; e menos ainda deveriam entregar assunto tão grave nas mãos da DGS…

O Cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, máxima autoridade vaticana nesta matéria, confrontado, recentemente, com a decisão da Conferência Episcopal Italiana de proibir a distribuição da comunhão na boca, respondeu de forma inequívoca (La Nuova Bussola Quotidiana, 2.5.2020): “Já existe uma regra na Igreja que tem de ser respeitada: os fiéis são livres de receber a Comunhão na boca ou na mão.” As conferências episcopais não deveriam respeitar as normas da Igreja? 

Em 2009, por causa da pandemia da gripe suína (gripe A, H1N1), a mesma Congregação foi questionada sobre a possibilidade de continuar a receber a Eucaristia na boca e a resposta foi esta: “Este Dicastério assinala que a sua Instrução Redemptoris Sacramentum (25 de março de 2004) claramente determina que ‘todo o fiel tem sempre direito a escolher se deseja receber a sagrada Comunhão na língua’ (n. 92)”.

Dir-se-ia que é um risco não razoável a distribuição da Eucaristia na boca, no entanto, mesmo esta questão é discutida entre virologistas! Por exemplo, a Conferência Episcopal Americana, fez-se aconselhar por uma equipa de dezasseis especialistas de várias áreas que confirmaram não haver mais risco na distribuição na boca do que na mão e, assim, nos Estados Unidos, a sua Conferência Episcopal decidiu que continua a ser o crente que escolhe como quer receber. O Professor Filippo Maria Boscia, Presidente da Associação de Médicos Católicos de Itália, vai mesmo mais longe, afirmando que a Comunhão na mão é mais perigosa; a Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos (FIAMC) endossa rigorosamente as declarações do Prof. Boscia; assim também o Dr. Fabio Sansonna, com mais de cem artigos científicos publicados; e ainda assim os especialistas a que recorreu a Arquidiocese de Portland, Oregon, etc. Os Srs. Bispos poderiam seguir o parecer da Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos, porque não o fizeram?

Sentimos, e cremos que é legítimo, que os Srs. Bispos deveriam ter defendido melhor a Sagrada Eucaristia, que deveriam preservar as normas que a Igreja, em sua sabedoria, definiu; sentimos que não querem ouvir todo o seu rebanho; sentimos que não deveriam ter entregado esta decisão, o ponto mais alto do Catolicismo, a uma entidade secular.

Jesus ensinou-nos que devemos dar a César apenas o que é de César e nunca a dar a César o que é de Deus e só de Deus é.

Pedro Sinde in paroquiadoamial.pt


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sábado, 27 de junho de 2020

Queremos a nossa Igreja de volta!




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"Destemidas": uma série de (des)animação

Andam por aí muitos pais escandalizados com “Destemidas”, uma série de filmes de (des)animação passadano programa Zig Zag que, segundo a RTP, é um espaço infantil “dedicado acrianças entre os 18 meses e os 14 anos”. Um dos episódios conta a vida de Thérèse Clerc, pioneira do aborto livre e do movimento feminista em França.

Thérèse nasceu numa família católica conservadora, valha a redundância, e, por isso, é representada com uma cruz ao pescoço. O pai diz-lhe que deve ser dócil, enquanto a mãe acrescenta que se deve manter virgem até ao casamento. É óbvia a intenção de ridicularizar a moral cristã: a troça é o elogio que o vício presta à virtude.

Na cena seguinte, Thérèse, no leito matrimonial, com a cruz ao pescoço e sob um grande crucifixo, espera de forma submissa o marido, que lhe diz que quer ter mais uma criança. A mulher é, portanto, reduzida a um mero instrumento de reprodução, ou seja, uma proletária. Enquanto o homem tem uma vida profissional activa, a mulher fica em casa, escrava das tarefas domésticas e do cuidado a dar à numerosa geração.

Em jeito de ‘distracção’ – é assim que se diz na curta-metragem – Thérèse frequenta a igreja. É aí que, por intermédio dos padres operários, conhece a obra de Karl Marx. É O Capital que a inspira a dar um novo rumo à sua existência: se todos os homens devem ser livres, as mulheres também!

A nova Thérèse, já feminista e sem a cruz que trazia ao pescoço, sai de casa com os filhos e junta-se a outra mulher. A partir dessa altura, apesar de saber que o aborto ilegal é a principal causa de óbitos femininos, dedica-se a essa prática criminosa.

O documentário sobre Thérèse Clerc, apóstola do amor livre e do aborto, canonizada pela televisão estatal e proposta como exemplo de virtudes à mocidade portuguesa, é digno de uma Leni Riefenstahl, senão mesmo do próprio Josef Goebbels.

Há por aí muito boa gente desanimada com este filme de animação, passe a contradição. Sem ânimo de polemizar com a RTP, a Radiotelevisão de Todos os Portugueses (excepto os católicos que, segundo dados oficiais, são apenas 80%), sugiro uma leitura alternativa desta obra-prima da sétima arte, digna de um leão de ouro de Veneza, ou até mesmo de um escaravelho de prata do Nepal ou, pelo menos, da melga de bronze do grande festival de cinema da Papua-Nova Guiné, sem ofensa para venezianos, nepalenses ou papuanos, nem leões, escaravelhos e melgas.

Então, devia ser assim: Thérèse nasce numa família feliz, porque católica. É bonita e rebelde, porque fiel ao maior revolucionário de todos os tempos: Jesus de Nazaré. Aprende dos pais e na catequese que, enquanto Marx, Engels, Lenin e Stalin, morreram na cama, como bons burgueses, Cristo, para salvar a humanidade, morreu crucificado. Thérèse é virgem, que é afirmação de personalidade e de amor, de que só são capazes as melhores mulheres e os mais homens, como seu pai e mãe lhe ensinaram, com a sua palavra e o exemplo da sua vida cristã, nomeadamente o seu casto namoro e noivado.

A Thérèse cristã sabe que a Missa não é nenhuma distracção, mas o acto do mais sublime rebeldia e libertação de todos os homens e mulheres. Ao ouvir o Evangelho, percebe a força transformadora da doutrina social da Igreja. Enquanto o marxismo é o ópio do povo ignorante, a religião cristã é o grande segredo das vidas heróicas, como as das suas homónimas Santa Teresinha de Lisieux, padroeira das missões; Santa Teresa de Ávila, doutora da Igreja; Santa Teresa Benedita da Cruz, a filósofa carmelita que foi mártir em Auschwitz; e Santa Teresa de Calcutá, fundadora das missionárias da caridade.

É graças a um padre ‘operário’ que esta Thérèse católica lê o Evangelho, escondido sob a aparência de O Capital, de Karl Marx, porque vive num país comunista, como a China, ou a Coreia do Norte, onde não há liberdade e, por isso, a Bíblia é proibida. Este padre não é um mercenário, como os guerrilheiros marxistas da teologia da libertação, mas um verdadeiro ‘operário’ da messe do Senhor, que não tem medo de pregar o Evangelho.

Depois, a Thérèse cristã regressa a casa e, em vez de abandonar o marido, contagia à família o ideal da evangelização. Leva os filhos consigo, para que a ajudem no seu trabalho de promoção espiritual, humana e social.

Consciente de que o aborto, ilegal e legal, é a principal causa de morte de milhões de seres humanos inocentes, Thérèse decide ajudar as jovens mães em apuros. A sua missão é, sobretudo, salvar as crianças, mas também libertar as mulheres vítimas de parceiros opressores, reféns de organizações abortistas, ou ignorantes de uma evidência científica universal: o feto é um ser humano, com vida e personalidade própria.

Quando, finalmente, a mãe que pretendia dar morte ao seu filho ainda não nascido, se dá conta do embuste do aborto como ‘direito’ da mulher, decide-se a lutar pela vida. Já não o faz com um tímido sussurro, mas com um grito de rebeldia, que arrasta muitas outras mulheres, que passam a ser – estas sim! – as verdadeiras destemidas.

E, a concluir, um happy end. A Thérèse católica, ao contrário da homónima do filme, não enjeita a mãe idosa, mas mantém-na em casa até à sua morte natural. O seu marido e filhos agradecem-lhe, felizes, a bênção de uma tal presença.

É justo que os pais, desanimados com este filme de animação, protestem e aproveitem esta oportunidade para explicar às suas filhas e filhos a beleza da vida humana e a grandeza da moral cristã. Quanto respeito merecerão as jovens que se se souberem dar ao respeito! Há que ensinar a nova geração a ser destemida na luta contra a ideologia que o nosso nacional socialismo, através do Ministério da Educação e da RTP, lhes quer impingir.

Um voto, que é também um pedido a todos os pais, sobretudo os cristãos: que as vossas filhas não sejam outras Thérèse Clerc, mas outras Teresas santas, como a de Ávila, a de Lisieux, a de Auschwitz e a de Calcutá! Que estejam sempre prontas a dar razão da sua esperança, proclamando a dignidade de toda a vida humana – all human lives matter! – desde a concepção e até à morte natural! Que sejam destemidas na luta contra o aborto, vivam na liberdade gloriosa dos filhos de Deus e se animem a praticar a caridade cristã, que é a experiência revolucionária do verdadeiro amor.

Padre Gonçalo Portocarrero de Almada in Observador


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sexta-feira, 26 de junho de 2020

O pano que o Sacerdote Tradicional entrega à sua Mãe


Na ordenação sacerdotal em Rito Tradicional o Bispo unge com óleo as mãos do novo sacerdote, e depois coloca-lhe à volta dos dedos um pano. Ainda durante a celebração, esse pano, chamado manutérgio (ou manustérgio), é entregue pelo sacerdote recém-ordenado à sua mãe. Quando morrer, o manutérgio será colocado à volta das suas mãos como sinal que é mãe de um sacerdote.

Quando Nosso Senhor lhe perguntar: "Dei-te a vida. O que deste em troca?" 
A mãe do sacerdote entregar-Lhe-á o manutérgio e dirá: "Senhor, dei-Te o meu filho como sacerdote."


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Penitência nas coisas concretas do dia-a-dia


Penitência é o cumprimento exacto do horário que te fixaste, mesmo que o corpo resista ou a mente pretenda evadir-se com sonhos quiméricos. Penitência é levantares-te pontualmente. E também, não deixar para mais tarde, sem motivo justificado, essa tarefa que te é mais difícil ou custosa.

A penitência está em saber compaginar as tuas obrigações relativas a Deus, aos outros e a ti próprio, exigindo-te, de modo que consigas encontrar o tempo necessário para cada coisa. És penitente quando te submetes amorosamente ao teu plano de oração, apesar de estares cansado, sem vontade ou frio.

Penitência é tratar sempre os outros com a maior caridade, começando pelos teus. É atender com a maior delicadeza os que sofrem, os doentes e os que padecem. É responder com paciência aos maçadores e inoportunos. É interromper ou modificar os nossos programas, quando as circunstâncias – sobretudo os interesses bons e justos dos outros – assim o requerem.

A penitência consiste em suportar com bom humor as mil pequenas contrariedades do dia; em não abandonar o trabalho, mesmo que no momento te tenha passado o entusiasmo com que o começaste; em comer com agradecimento o que nos servem, sem caprichos importunos.

São Josemaria Escrivá in 'Amigos de Deus', 138


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quinta-feira, 25 de junho de 2020

Deus protege e liberta o humilde


Não te preocupes muito se alguém é por ti ou contra ti, mas procede e ocupa-te de modo a que Deus esteja contigo em tudo quanto faças. Consegue uma consciência pura, que Deus te defenderá bem.

Se souberes calar-te e sofrer, verás sem dúvida o auxílio do Senhor. Ele conhece o tempo e o modo de te libertar, e por isso a Ele te deves submeter. É próprio de Deus ajudar e libertar de toda a confusão.

Muitas vezes, é mais útil para a conservação da nossa humildade que os outros conheçam os nossos defeitos e os censurem. Quando um homem se humilha por causa dos seus defeitos, acalma os outros facilmente e satisfaz sem custo os que com ele se iravam.

Deus protege e liberta o humilde, ama-o e consola-o. Inclina-Se para ele e dá-lhe grande graça; e, depois do seu abatimento, eleva-o à glória. Revela os Seus segredos ao humilde, arrasta-o e convida-o docemente para Si. E ele, mesmo na confusão, vive em paz, porque se firma em Deus e não no mundo. Não julgues ter adiantado em qualquer coisa se não te sentires inferior a todos.

Thomas de Kempis in Imitação de Cristo (Livro II, Cap. II)


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Santo Éfrem atesta que a Sagrada Comunhão se recebia na boca

Na antiga Igreja siríaca, o rito da distribuição da comunhão era comparado com a cena da purificação do profeta Isaías por parte de um dos serafins. Num dos seus sermões da Semana Santa, Santo Éfrem (séc. IV) deixa falar Cristo com estas expressões:

"O carvão trazido santificou os lábios de Isaías. 
Sou Eu que, trazido agora a vós por meio do pão, vos santifiquei. 
A tenaz que viu Isaías e com a qual foi pegado o carvão do altar, era a figura de Mim no grande sacramento. 
Isaías viu-Me, assim como vós Me vedes agora estendendo a Minha mão direita e levando às vossas bocas o pão vivo. 
A tenaz é Minha mão direita. 
Eu faço as vezes do Serafim. 
O carvão é o Meu Corpo. 
Todos vós sois Isaías." 

(Sermone in hebdomada sancta, 4, 5.)

Esta descrição permite a conclusão de que na Igreja siríaca no tempo de Santo Éfrem a santa Comunhão era distribuída directamente na boca.

in “Cum Amore ac Timore” - O modo de distribuir a Sagrada Comunhão


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quarta-feira, 24 de junho de 2020

Capela Real de São João Baptista, uma das capelas mais bonitas do Mundo

Igreja de São Roque (Lisboa)

Esta capela, foi encomendada por D. João V aos arquitectos romanos Luigi Vanvitelli e Nicola Salvi, em 1740, e construída entre 1742 e 1747. A 15 de Dezembro de 1744, era sagrada pelo Papa Bento XIV, em Roma, tendo sido, posteriormente, armada para o Sumo Pontífice nela celebrar Missa a 6 de Maio de 1747. 

Em Setembro desse mesmo ano, foi desmontada e transportada para Lisboa, em três naus, e assente posteriormente na Igreja de São Roque, no espaço da antiga capela do Espírito Santo. A Capela de S. João Baptista é uma obra de arte única no seu estilo, sem paralelo nem na própria Itália, pois engloba um conjunto de peças de culto de excepcional qualidade artística, nomeadamente as colecções de ourivesaria e paramentaria, que se encontram parcialmente em exposição no Museu de S. Roque. 

No seu revestimento, encontramos diversos tipos de mármores: lápis-lazúli, ágata, verde antigo, alabastro, mármore de Carrara, ametista, pórfido roxo, branco-negro de França, brecha antigo, diásporo, jalde e outros. Além do mármore foram utilizados o mosaico e o bronze dourado. 

O quadro central e os dois laterais, bem como o pavimento, são em mosaico, trabalho artístico de grande perfeição. O quadro central representa o "Baptismo de Cristo", e os laterais, o "Pentecostes" (do lado esquerdo) e a "Anunciação" (do lado direito). As pinturas modelo dos três quadros são da autoria de Agostino Massucci, e a execução dos mesmos, em mosaico, foi trabalho de Mattia Moretti. Enrico Enuo foi o autor do mosaico do pavimento. 

O arco exterior da capela é encimado pelas Armas Reais Portuguesas. As cancelas e as portas laterais, em bronze dourado, ostentam ao centro o monograma de D. João V. O assentamento da capela foi da responsabilidade de Francesco Feliziani e Paolo Riccoli, tendo sido executada a montagem final dos mosaicos "Baptismo de Cristo" e "Pentecostes", em Agosto de 1752, após a morte de D. João V, ocorrida em 31 de Julho de 1750. 

in museu-saoroque.com


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Natividade de São João Baptista


São João Baptista era filho de Zacarias e de Santa Isabel. Chamava-se "Baptista" pelo facto de pregar um baptismo de penitência (cf. Lucas 3,3). João, cujo nome significa "Deus é propício", veio à luz em idade avançada de seus pais (cf. Lucas 1,36). 

Primo de Jesus, foi o precursor do Messias. É João Baptista que aponta Jesus, dizendo: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Dele é que eu disse: Depois de mim, vem um homem que passou adiante de mim, porque existia antes de mim" (João 1,29ss.). De si mesmo deu este testemunho: "Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai os caminhos do Senhor ..." (João 1,22ss.).

São Lucas, no primeiro capítulo do seu Evangelho, narra a concepção, o nascimento e a pregação de João Baptista, marcando assim o advento do Reino de Deus no meio dos homens. A Igreja celebra-o desde os primeiros séculos do cristianismo. É o único santo cujo nascimento (24 de Junho) e martírio são evocados em duas solenidades pelo povo cristão. 

O seu nascimento é celebrado pelo povo com grande júbilo: cantos e danças folclóricas, fogueiras e quermesses fazem da sua festa uma das mais populares e queridas da nossa gente.

São João, rogai por nós.


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terça-feira, 23 de junho de 2020

13 bonitas igrejas Católicas



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Acto de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus

Dulcíssimo Jesus, Redentor do género humano, lançai sobre nós que humildemente estamos prostrados diante do vosso altar. Nós somos e queremos ser Vossos; e a fim de podermos viver mais intimamente unidos a vós, cada um de nós se consagra, espontaneamente, neste dia, ao Vosso sacratíssimo Coração. 

Muitos há que nunca Vos conheceram; muitos, desprezando os Vossos mandamentos, Vos renegaram. Benigníssimo Jesus, tende piedade de uns e de outros e trazei-os todos ao Vosso Sagrado Coração. 

Senhor, sêde Rei não somente dos fiéis, que nunca de Vós se afastaram, mas também dos filhos pródigos que Vos abandonaram. Fazei que estes retornem o quanto antes à casa paterna, para não perecerem de miséria e de fome. 

Sêde Rei dos que vivem iludidos no erro ou separados de Vós pela discórdia; trazei-os ao porto da verdade e à unidade da Fé, a fim de que, em breve, haja um só rebanho e um só Pastor. 

Senhor, conservai incólume a Vossa Igreja, e dai-lhe uma liberdade segura e sem cadeias. Concedei ordem e paz a todos os povos. Fazei que de um polo ao outro do mundo ressoe uma só voz: Louvado seja o Coração divino, que nos trouxe a salvação. Honra e glória a Ele, por todos os séculos. Amém. 


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segunda-feira, 22 de junho de 2020

Papa Bento explica a necessidade de se ajoelhar na Liturgia

Existem ambientes, não pouco influentes, que tentam convencer-nos de que não há necessidade de ajoelhar-se. Dizem que é um gesto que não se adapta à nossa cultura (mas, a qual se adapta então?); que não é conveniente para o homem maduro, que vai ao encontro de Deus e se apresenta erguido. 

Pode ser que a cultura moderna não compreenda o gesto de ajoelhar-se, na medida em que é uma cultura que se afastou da Fé e já não conhece Aquele diante de quem ajoelhar-se é o único gesto adequado, e, mais ainda, um gesto interiormente necessário. Quem aprende a crer também aprende a ajoelhar-se.

Uma Fé ou uma liturgia que não conhecessem o acto de pôr-se de joelhos estariam doentes num ponto central. 

Cardeal Joseph Ratzinger in 'Introdução ao Espírito da Liturgia'


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Conclusão do livro do Papa Bento e Cardeal Sarah sobre celibato sacerdotal

Vivemos em tristeza e sofrimento nestes tempos difíceis e conturbados. Era o nosso dever sagrado (com este livro) relembrar a verdade do sacerdócio católico. Pois, pondo-o dele toda a beleza da Igreja é posta em causa. A Igreja não é uma organização humana. Ela é um mistério. Ela é a noiva mística de Cristo. É isso que o nosso celibato sacerdotal constantemente lembra ao Mundo. 

É urgente e necessário que todos, bispos, padres e leigos, não se deixem impressionar por apelos maldosos, produções teatrais, mentiras diabólicas e erros da moda que procuram desvalorizar o celibato sacerdotal. 
É urgente e necessário que todos, bispos, sacerdotes e leigos, redescubram um olhar de fé na Igreja e no celibato sacerdotal que protege o seu mistério. Esta será a melhor defesa contra o espírito de divisão, contra o espírito político, mas também contra o espírito de indiferença e relativismo.

Papa Bento XVI e Cardeal Robert Sarah no livro 'Do profundo dos nossos corações'


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