domingo, 31 de agosto de 2014

Mãe de Bispo ouviu do médico: “A senhora tem que abortar, o seu filho vai ser um monstro”

Médico sugeriu o aborto. Mas a Mãe respondeu: "É o meu filho e nós vamos aceitar o que Deus nos enviar".

No último dia 11 de Outubro [de 2013], o papa Francisco nomeou D. Andrew Cozzens novo bispo auxiliar de St. Paul, Minneapolis, nos Estados Unidos. É uma das tantas nomeações que o Santo Padre faz e que poderia ter passado despercebida se não fosse pelo facto de que a mãe do novo bispo, Judy, ter narrado a história da sua gravidez para o jornal The Catholic Spirit, revelando que Andrew teria sido abortado se ela tivesse ouvido os conselhos do próprio médico.

Ela não ouviu. E a história de Andrew não passou despercebida. Ele foi ordenado sacerdote em 1997, aos 28 anos, e agora é professor de Teologia Sacramental e responsável pela liturgia no seminário diocesano.

Quando estava grávida de cinco meses de Andrew, o seu segundo filho, Judy começou a sentir dores que atribuiu inicialmente a um vírus apanhado no colégio onde dava aulas. Como as dores continuaram, ela pensou que podia ser um parto prematuro e correu para o hospital, acompanhada do marido, Jack. Conseguiram controlar a situação, mas, no dia seguinte, ao visitá-la, o médico afirmou: ”O seu feto está deformado. A senhora não pode continuar esta gestação”. Judy respondeu na hora: “O que é que quer dizer? Ele é meu filho!”.

“Não, eu acho que a senhora não me está a perceber”, insistiu o doutor. ”O que está a levar no útero é um monstro e não pode continuar esta gravidez”. A mãe respondeu: “Ele é meu filho e nós vamos aceitar o que Deus nos enviar”. O médico recusou-se a continuar a atendê-la. A família teve que encontrar outro médico para acompanhar a gestação.

Andrew nasceu perfeitamente normal, mas com um eczema que afetava todo o seu corpo. Teve alergias que o incomodaram durante dois anos e provocaram uma asma crónica, que ainda tem.

Foi essa asma, em parte, que o levou a descobrir a vocação de entrega a Deus, quando tinha apenas 4 anos de idade. Durante um internamento hospitalar em que precisou de respiração artificial, o pequeno Andrew olhou para o médico que tomava conta dele e disse:  “Pode ir dormir para a sua cama. Vai ficar tudo bem comigo. Eu vou crescer e vou-meme dedicar às coisas de Deus”.

O médico ficou perplexo e, conversando depois com Jack e Judy, contou-lhes que estava a perder a fé em Deus por causa de um processo de divórcio muito doloroso, mas que as palavras do pequeno Andrew o tinham ajudado.

A vocação do menino foi se assentando graças também à amizade da família com um sacerdote de Denver, cidade onde viveram durante uma temporada para tratar do filho num centro especializado em asma.

Andrew leva hoje uma vida perfeitamente normal como adulto e como sacerdote. Com algumas peculiaridades, é claro: a exemplo do pai, ele também se tornou montanhista.

in Zenit


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Frase do dia

“O ideal Cristão não foi experimentado e considerado inadequado. Foi considerado difícil e posto de lado, sem experimentar.”

G.K. Chesterton in O que há de errado com o mundo


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sábado, 30 de agosto de 2014

Comungar de joelhos - Entrevista ao Cardeal Cañizares

No entanto, Bento XVI insistiu algumas vezes na conveniência de comungar de joelhos e na boca. Isso é importante, ou é uma mera questão de formas?

Não, não se trata somente de formas. Que significa comungar na boca? Que significa fazer uma genuflexão diante do Santíssimo? Que significa ajoelhar-se durante a consagração, na missa? Significa adoração, significa reconhecimento da presença real de Jesus Cristo na Eucaristia; significa respeito e atitude de fé de um homem que se prostra diante de Deus porque sabe que tudo vem d'Ele e sentimo-nos pequenos, pasmados, perante a maravilha de Deus, da sua bondade e da sua misericórdia.

Por isso, não é indiferente esticar a mão e comungar de qualquer maneira ou fazê-lo com respeito; não é a mesma coisa comungar de joelhos ou de pé, porque todos esses sinais expressam uma atitude profunda. Aquilo a que temos que chegar é a essa atitude profunda do homem que se prostra diante de Deus, e é isso que o Papa quer.

in ACI Prensa (27/VII/2011)




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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

João não pode ter morrido em vão

Prenderam-no e decapitaram-no por confrontar Herodes sobre o adultério que cometia ao viver com a mulher do seu irmão Filipe (cfr. Mt 14, 3-5; Mc 6, 17; Lc 3, 19-20). 

Em nome da “misericórdia”, passar uma esponja e aceitar como válidos perante Deus e a Igreja segundos casamentos de divorciados não só é desrespeitar a palavra do Senhor e o Magistério da Igreja em relação à indissolubilidade do casamento (cfr. Mt 5, 31-31.19, 7-9; Mc 10, 1-12; Lc 16, 18; Gaudium et Spes, 48) como ignorar as palavras do Senhor sobre João Baptista (Mt 11, 7-15; Lc 24-30; Jo 5, 35), ou seja, se tal sucedesse a morte de João teria sido inglória e os Sagrados Evangelhos transformados em “jornais velhos” para deitar fora.

Defendamos a família unidos ao Romano Pontífice pedindo ao Divino Espírito Santo que ilumine todos os que irão brevemente debater este tema.

JPR in Spe Deus


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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Rezemos pelo Diogo, irmão do nosso querido Pe. Duarte

Quem puder reze pelo Diogo, que morreu hoje, para que Nosso Senhor o acolha na Sua infinita misericórdia.

O Diogo foi brutalmente atacado por ser um cavalheiro, defendendo uma amiga dos abusos de "animais" que frequentam a noite lisboeta. 

Quem o matou também precisa de oração, para que perceba o crime hediondo que cometeu e se arrependa. 

Também é importante que seja feita justiça, e que o sistema judicial perceba se as penas que aplica são suficientes para dissuadir barbaridades como esta. 

Por último, é preciso rezar pela família do Diogo, que tem sido um grande exemplo, para que continue a deixar-se envolver pelo amor de Deus, mesmo no meio de todo este drama. 


Requiem aeternam dona ei, Domine. Et lux perpetua luceat ei. 

Requiescat in pace. Amen.


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Confessionários vazios?


Ricardo De Barros Marques

São José Maria Escrivá dizia que um sacerdote no confessionário não deve desanimar-se caso poucos penitentes o procurem. Deve, o padre, ser fiel ao horário, rezar o terço ou a liturgia das horas, ler livro, e assim haverá um momento em que tantos fieis o procurarão para se confessarem que ele não terá tempo nem para abrir as páginas do seu breviário. Posso dizer que, após 1 mês em que 3 vezes por semana eu fico no confessionário (sim, eu uso confessionário!), nessa semana não tive nem tempo para rezar uma Ave Maria do terço que eu costumava a rezar nesses momentos, pois já encontro fila de penitentes que desejam se confessar. Tudo para a maior glória de Deus!!

in facebook.com
O Pe. Ricardo Marques é um dos amigos que fizemos em Roma.
Pedimos orações por ele, para que seja um santo sacerdote nas suas terras brasileiras.


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terça-feira, 26 de agosto de 2014

Carlo Acutis, um santo dos nossos dias

A comovente história do menino que, no leito de morte, ofereceu a sua vida pela Igreja e pelo Santo Padre

Algumas pessoas saem da vida para entrar na história; outras, para entrar no Céu. A 12 de Outubro de 2006, falecia o jovem Carlo Acutis, vítima de uma grave leucemia. No leito de morte, desejou ardentemente que os seus sofrimentos fossem oferecidos a Deus pela Santa Igreja e pelo Papa. O testemunho do rapaz, de apenas 15 anos, comoveu toda a Itália, tornando-o modelo de santidade, sobretudo para a juventude. Neste momento, a Diocese de Milão, à qual Acutis pertencia, trabalha na sua causa de beatificação.

Carlo Acutis nasceu em Londres, na Inglaterra, a 3 de Maio de 1991. Os primeiros dias de vida foram também os primeiros da sua jornada para Deus. Com uma fé católica profundamente arraigada, os pais, André e Antónia, não tardaram a providenciar o baptismo, preparando para a ocasião um pequeno bolo em formato de cordeiro, como forma de agradecimento ao Senhor pela entrada do filho na comunidade cristã. Um simbolismo profético. A exemplo do Cordeiro de Deus, o pequeno Acutis também se faria tudo para todos, a fim de completar na própria carne - como diz o Apóstolo São Paulo, ao explicar o valor salvífico do dor - o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja.

Crescendo em Milão, o pequeno Carlo demonstrou as virtudes cristãs desde a infância. Era uma criança alegre, de comportamento suave, que cativava a todos - principalmente as amas - com o seu entusiasmo contagiante. E se algum amigo lhe aprontava uma maldade, sabia colocar a caridade acima do instinto: "o Senhor não ficaria feliz se eu reagisse violentamente". Aos 12 anos de idade, a Santa Missa já lhe era o bem mais precioso. Comungava diariamente, haurindo da Eucaristia a graça para uma vida santa.

Tamanha espiritualidade chamava a atenção dos mais próximos. Certa vez, preferiu participar de uma peregrinação a Assis, Itália, a visitar outros lugares para diversão. O comportamento do rapaz levava os parentes a considerarem-no uma "vítima dos pais". Mas não era nada disso. Como confidenciaria a seu director espiritual, poucos dias antes de sua derradeira páscoa, Assis era o lugar onde mais se sentia feliz. Juntamente com Nossa Senhora de Fátima, S. Francisco era-lhe o grande santo de devoção, principalmente pela sua pequenez e humildade.

Vibrante, apaixonado pela vida, tinha no apostolado o fim último de toda a sua acção. Entendera muito cedo a "chamada universal à santidade". Daí a disponibilidade para com todos, fazendo-se amigo de qualquer um, mesmo dos mais tímidos. "Ele acreditava no diálogo íntimo com o Senhor - conta um dos colegas - e rezava o rosário todos os dias. Após a morte de Carlo voltei para a Igreja e acho que isso pode ser mérito de sua intercessão".

No Instituto Liceo Classico Leão XIII, onde iniciou o ensino médio, desenvolveu a sua paixão por computadores. Carlo criou um site dedicado aos milagres eucarísticos e à vida dos santos. "Decidi ajudá-los - dizia o jovem na página da internet - compartilhando alguns dos meus segredos mais especiais para aqueles que desejam rapidamente alcançar o objetivo da santidade". Carlo Acutis insistia na Missa diária, na récita do rosário, na lectio divina, na confissão e no apego aos santos. "Peça ao seu Anjo da Guarda para ajudá-lo continuamente, de modo que ele se torne o seu melhor amigo", recomendava.

Em 2006, com apenas 15 anos, Carlo Acutis descobriria uma grave doença: a leucemia. Confundida inicialmente com uma inofensiva "caxumba", o mal acabou por se alastrar rapidamente, mesmo com os vários tratamentos, causando-lhe a morte em apenas um mês. Às 6:45h de 12 de outubro de 2006, o Senhor levava-o para a vida eterna. Antes de morrer, confidenciou aos pais: "Ofereço todos os sofrimentos desta minha partida ao Senhor, ao Papa e à Igreja, para não ir para o Purgatório e ir directo para o Paraíso."

A postuladora para a causa dos Santos da Arquidiocese de Milão, Francesca Consolini, afirma que a fé de Carlo Acutis era "singular": "levava-o a ser sempre sincero consigo mesmo e com os outros (...) era sensível aos problemas e as situações dos seus amigos, os companheiros, as pessoas que viviam perto a ele e quem o encontrava dia a dia". O testemunho do rapaz pode ser encontrado na sua biografia, "Eucaristia, minha rodovia para o céu", escrita por Nicola Gori, que escreve no L'Osservatore Romano.

O corpo de Carlo Acutis foi sepultado em Assis, cidade de São Francisco, por sua especial devoção ao santo.

in padrepauloricardo.org


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Educar no pudor (1): os primeiros anos

(A segunda parte do artigo, referente à infância e adolescência, pode ser encontrada aqui)

O sentido do pudor desperta no homem à medida que vai descobrindo a sua própria intimidade. O respeito que cada pessoa tem que ter por si própria aprende-se, principalmente, na família. Neste editorial dão-se algumas sugestões.

O que é o pudor? À primeira vista, um sentimento de vergonha que leva a não manifestar aos outros algo da nossa intimidade. Para muitos, trata-se simplesmente de uma defesa mais ou menos espontânea contra a indecência, e não faltam aqueles que o confundem com puritanismo.

No entanto, esta concepção é limitada. É fácil apreciar isto quando consideramos que, onde não há personalidade nem intimidade, o pudor é supérfluo. Os animais carecem dele.

Além disso, não se estende apenas às coisas más ou indecentes; há também um pudor das coisas boas, uma vergonha natural em manifestar, por exemplo, os dons recebidos.

O pudor, considerado como sentimento, possui um valor inestimável, porque implica aperceber-se de que se possui uma intimidade e não uma mera existência pública; mas, além disso, há uma autêntica virtude do pudor que mergulha as suas raízes nesse sentimento, e que permite ao homem escolher quando e como manifestar o próprio ser às pessoas que o podem acolher e compreender como merece.

O valor da própria intimidade

O pudor possui um profundo valor antropológico, defende a intimidade do homem ou da mulher – a sua parte mais valiosa – para a poder revelar na medida adequada, no momento conveniente, do modo correto, no contexto propício.

De contrário, a pessoa fica exposta a maus-tratos ou, pelo menos, a não ser tomada com a consideração devida. Mesmo por parte de si própria, o pudor é necessário para atingir e conservar a própria auto-estima, aspecto essencial do amor ao próprio eu.

Pode dizer-se que «com o pudor o ser humano manifesta quase “instintivamente” a necessidade da afirmação e da aceitação desse “eu” de acordo com o seu justo valor» [1]A falta de pudor manifesta que a intimidade própria se considera pouco original ou irrelevante, de modo que nada do que contém merece ser reservado para umas pessoas e não para outras.  
Foto: Jenn Dufrey.
A beleza do pudor

O termo “pudor” – quer o entendamos como sentimento quer como virtude – pode utilizar-se em diversos âmbitos. No seu sentido mais estrito refere-se à salvaguarda do corpo; num sentido mais amplo, abarca outros aspectos da intimidade – por exemplo, o de manifestar as próprias emoções; num e noutro caso, o pudor guarda, em última instância, o mistério da pessoa e do seu amor [2].
Como princípio geral, pode dizer-se que o pudor se orienta para que os outros reconheçam em nós o que temos de mais pessoal. No que se refere ao corpo, isso implica chamar a atenção para aquilo que pode comunicar o exclusivo e próprio de cada pessoa (o rosto, as mãos, o olhar, os gestos…). Nesta linha, o vestuário está ao serviço dessa capacidade de comunicação, e deve expressar a imagem que se tem de si mesmo e o respeito que se oferece aos outros. A elegância e o bom gosto, o asseio e o arranjo pessoal aparecem, assim, como as primeiras manifestações de pudor, que pede (e oferece) respeito àqueles que nos rodeiam. Pela mesma razão, a pouca virtude neste campo leva com facilidade à grosseria e ao descuido no arranjo pessoal. Em diferentes ocasiões, o prelado do Opus Dei exortou a «viver e defender o pudor, contribuindo para criar e difundir uma moda que respeite a dignidade, protestando perante imposições que não respeitem os valores de uma beleza autêntica» [3].
Algo semelhante sucede com o aspecto mais espiritual; esta virtude põe ordem no nosso interior, em conformidade com a dignidade das pessoas e com os laços que existem entre elas [4]. Ter consideração pela intimidade, própria e alheia, permite dar-se a conhecer na justa medida nos diversos contextos de doação ou de respeito em que nos movemos. Deste modo, humanizam-se as relações pessoais porque cada uma adquire matizes distintos; isto não só torna a própria personalidade mais atrativa, mas também à medida que se vão compartilhando esferas de intimidade, permite a alegria da verdadeira amizade.

Na educação no pudor, portanto, é imprescindível aperceber-se do sentido eminentemente positivo desta virtude. «O pudor, elemento fundamental da personalidade, pode considerar-se – no plano educativo – como a consciência vigilante na defesa da dignidade do homem e do amor autêntico» [5]Quando se explica o sentido profundo do pudor – salvaguardar a intimidade própria, para poder oferecê-la a quem verdadeiramente a pode apreciar – é mais fácil aceitar e interiorizar as suas consequências práticas. A meta, então, não se coloca tanto em que os jovens vivam determinados critérios de conduta neste terreno, mas em que o apreciem e assumam como algo que está na raiz da estrutura do ser pessoal.  
Foto: Xosé Castro.O exemplo dos pais e ambiente familiar
Como bem sabemos, o bom exemplo é sempre um elemento essencial no trabalho educativo. Se os pais – e outras pessoas mas velhas que possam viver no lar, como os avós – sabem tratar-se com modéstia, os filhos compreendem que essas manifestações de delicadeza e pudor expressam a dignidade dos diversos componentes da família. Por exemplo, os pais podem e devem manifestar o carinho que se têm diante dos filhos, mas sabendo reservar certas efusões para os momentos de intimidade. Neste sentido, S. Josemaria recordava o ambiente do lar que os seus pais tinham criado: E nem sequer faltas de discrição: apenas algum beijo. Tende pudor diante dos filhos [6]. Não se trata de envolver o amor numa máscara de frieza, mas de mostrar aos filhos a necessidade da elegância no convívio, que é alheia à afetação.
Não acabam aqui, no entanto, as manifestações de um são pudor. A confiança que se dá numa família é compatível com saber estar em casa de um modo coerente com a dignidade própria. Um relaxamento nas posturas ou no vestir, como usar muito a bata ou trocar de roupa diante dos filhos, acaba por rebaixar o tom humano de um lar e convidar ao descuido. Especial atenção se deve ter nas temporadas de calor, pois o clima, os tecidos mais ligeiros e, talvez, o facto de se estar em férias, abrem a porta ao descuido. Certamente, cada momento e lugar requer vestir de um modo adequado, mas sempre se pode manter o decoro. Pode suceder que este modo de proceder, por vezes, contraste com o clima geral, mas por isso é necessário que seja tal a vossa formação, que saibais levar convosco, com naturalidade, o vosso próprio ambiente, para dar o “vosso tom” à sociedade em que viveis [7].
Se o pudor se relaciona, sobretudo, com a manifestação da intimidade, é lógico que a sua educação deva abarcar o campo dos pensamentos, sentimentos ou intenções. Por isso, o exemplo no lar deve estender-se ao modo como se trata a intimidade própria e a dos outros. Por exemplo, é pouco educativo que as conversas familiares tratem de confidências alheias, ou alimentem bisbilhotices. Juntamente com as possíveis faltas de justiça que um comportamento desses pode implicar, este tipo de comentários leva a que os filhos se considerem com direito a intrometer-se na intimidade de outros.

De modo análogo, é também importante velar pelo que entra em casa através dos meios de comunicação. No tema que nos ocupa, o obstáculo principal não é só o indecente; isso, é claro, deve evitar-se sempre. Mas é mais obscura a forma como alguns programas de televisão ou revistas fazem comércio e espectáculo com a vida das pessoas. Por vezes, de um modo invasivo, que atenta contra a ética da profissão jornalística; outras vezes, são os próprios protagonistas que agem imoralmente e se dedicam a satisfazer curiosidades frívolas ou mesmo mórbidas. Os pais cristãos hão-de pôr os meios para que este “tráfico da intimidade” não entre no lar. E explicar os motivos desse proceder: o respeito e o direito à legítima decisão de uma pessoa ser ela mesma, de não se exibir, a conservar em justa e íntima reserva as suas alegrias, as suas penas e dores de [8]. A desculpa que costuma apresentar-se nesse tipo de programas, o direito à informação ou o consentimento dos que neles participam, tem os seus limites: os que derivam da dignidade da pessoa. Nunca é moral danificá-la injustamente, ainda que o seja o próprio interessado a fazê-lo.  
Foto: Riley Alexandra.Desde pequenos

O sentido do pudor desperta no homem à medida que vai descobrindo a sua própria intimidade. As crianças pequenas, pelo contrário, com frequência deixam-se dominar pela sensação do momento; por isso, num ambiente de confiança ou de brincadeira, não é difícil que descuidem o pudor, talvez mesmo sem uma particular consciência. Por isso, durante a primeira infância, o trabalho educativo há-de centrar-se em consolidar hábitos que mais adiante facilitarão o desenvolvimento desta virtude. Convém, por exemplo, que aprendam rapidamente a lavar-se e a vestir-se por si próprios. E, antes de terem conseguido este objectivo, deve-se procurar que nesses momentos a criança não esteja à vista dos seus irmãos. Também, enquanto for possível, hão-de exercitar-se em fechar a porta do seu quarto quando mudam de roupa, e a trancar a porta quando vão à casa de banho. 

São coisas de sentido comum, que talvez tenhamos esquecido numa sociedade de costumes um tanto naturalistas, e que têm como fim ir formando na criança hábitos racionalmente assumidos, que no dia de amanhã facilitarão as autênticas virtudes. Por isso, se nalguma ocasião a criança se apresenta ou corre pela casa esquecendo-se do pudor, não há que dramatizar, mas também não achar graça – isso deixa-se para quando ele não esteja presente. Convém, pelo contrário, corrigir com carinho, e esclarecer que não se comportou bem. Em questões de educação, tudo tem importância, embora haja coisas que em si mesmas pareçam intranscendentes ou que nessas idades nada significam.

Ao mesmo tempo, as crianças devem ir aprendendo a respeitar a intimidade dos outros; nascem egocêntricos, e só pouco a pouco vão “descobrindo” que os outros não vivem para eles, e merecem ser tratados como a eles lhes agradaria. Este avanço gradual pode concretizar-se em múltiplos detalhes; ensinar-lhes a bater à porta – e, logicamente, a esperar a resposta – antes de entrar num quarto; ou explicar-lhes que devem sair de um quarto quando se lhes pede para que o façam, porque os adultos querem falar a sós. Dever-se-á também que conter o seu ímpeto de explorar – próprio destas idades precoces – armários e outras coisas pessoais dos habitantes do lar. Vão-se, assim, acostumando a valorizar a esfera privada dos outros e, ao mesmo tempo, a descobrir a própria. E assentam-se as bases para que, quando crescerem, sejam capazes não só de respeitar as pessoas pelo que são – filhos de Deus – mas também de possuírem eles próprios esse bom pudor que reserva as coisas profundas da alma à intimidade entre o homem e o seu Pai Deus, entre a criança que há-de procurar ser todo o cristão e a Mãe que o aperta sempre nos seus braços [9].

J. De la Vega in opusdei.pt
[1] Cfr. João Paulo II, Audiência Geral, 19-XII-1979.

[2] Cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 2522.

[3] D. Javier Echevarría, Encontro público de catequese em Las Palmas da Grande Canária, 7-II-2004.

[4] Cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 2521.

[5] Congregação para a Educação Católica, Orientações educativas sobre o amor humano, n. 90.

[6] Pregação oral de S. Josemaria, recolhida por Salvador Bernal em “Mons. Josemaría Escrivá de Balaguer”, ed. Rialp, Madrid, p. 19.

[7] Caminho, n. 376.

[8] Cristo que passa, n. 69.

[9] S. Josemaria, Artigo La Virgen del Pilar em “El libro de Aragón”, CAMP, Zaragoza 1976.


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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Uma das melhores esmolas

Livros. - Estendi a mão como um pobrezinho de Cristo, e pedi livros. Livros! - que são alimento para a inteligência católica, apostólica e romana de muitos jovens universitários.

- Estendi a mão, como um pobrezinho de Cristo... e sofri cada decepção!

- Por que não entendem, Jesus, a profunda caridade cristã dessa esmola, mais eficaz do que dar pão de bom trigo?


S. Josemaria Escrivá in Caminho, 467


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domingo, 24 de agosto de 2014

Bispo de Mosul avisa que o Ocidente será em breve outra vítima do Islamismo

O Arcebispo caldeu de Mosul (Iraque), Mons. Emil Nona, advertiu que os cristãos de todo o mundo vão enfrentar o mesmo sofrimento que a sua arquidiocese sofreu pelas mãos dos extremistas muçulmanos, se não tomarem "decisões fortes e valentes".
Em declarações ao jornal italiano Corriere della Sera a 9 de Agosto, desde Erbil, no Curdistão Iraquiano, Mons. Emil Nona advertiu que "os nossos sofrimentos hoje são um prelúdio do que vocês, europeus e cristãos ocidentais, também vão sofrer num futuro próximo"
Mons. Nona foi forçado a abandonar o seu lugar pelo Estado Islâmico, um califado estabelecido recentemente no Iraque e na Síria. Ele é um dos cinco bispos que foram obrigados a abandonar Mosul.
O grupo extremista islâmico perseguiu todos os que não são muçulmanos sunitas no território de que se apoderaram. Cristãos, yezedis e muçulmanos chiitas abandonaram a zona.
"Perdi a minha diocese" disse o Arcebispo ao jornal italiano. "O local físico do meu apostolado foi ocupado por radicais islâmicos que nos querem convertidos ou mortos, mas a minha comunidade ainda está viva."
De acordo com as Nações Unidas há mais de 1,2 milhões de pessoas deslocadas no interior do Iraque e pelo menos 10 mil refugiados iraquianos na Síria, como consequência do Estado Islâmico.
Mons. Nona apelou aos meios de comunicação ocidentais para que se "preocupem em perceber-nos".
"Os vossos princípios liberais e democráticos não valem nada aqui. Devem considerar outra vez a nossa realidade no Médio Oriente, porque estão a receber nos vossos países um número cada vez maior de muçulmanos. Vocês também estão em perigo. Têm que tomar decisões fortes e valentes, mesmo à custa de contradizer os princípios deles." 
O Arcebispo caldeu de Mosul lamentou que "pensem que todos os homens são iguais, mas isso não é verdade: O Islão não diz que todos os homens são iguais. Os vossos valores não são os valores deles."
"Se não percebem isto bem e rapidamente, vão-se tornar em vítimas do inimigo que receberam em vossa casa", advertiu.
in aciprensa.com


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sábado, 23 de agosto de 2014

A teoria de género leva à barbárie

Farida Belghoul, radical anti-racismo dos anos 80, ex-ícone da esquerda francesa, actualmente luta contra a doutrinação da ideologia de género nas escolas francesas

Existe um fio condutor no compromisso social de Farida Belghoul. Na década de 80 ia para as ruas como líder do "movimento beur", formado por multidões de jovens norte-africanos que pediam a integração na sociedade francesa. Hoje, depois de quase trinta anos de "descanso" das actividades públicas, uma nova emergência social levou-a a assumir o seu papel, usando o seu inegável talento para atrair. Trata-se da difusão da ideologia de género, que "é mortal" e parte de "um projecto global que tem por objectivo garantir que as crianças percam todos os pontos de referência.”

É “mais grave" do que o racismo. Palavras duras, proferidas em entrevista ao Il Foglio, que atestam o nível de consciência que este ícone dos direitos civis, de origem argelina, demonstra a respeito do fenómeno, que "tende a tirar das crianças o último reduto que permite a identificação com algo sólido e enraizado: a identidade sexual".

Na França, o ‘género’ começou a estabelecer-se na sala de aula há alguns anos, na época em que a grande maioria das pessoas jamais teria ousado imaginar que um programa educacional pudesse ser tão subversivo ao ponto de minar os fundamentos do direito natural. Agora, o projecto atingiu o seu ápice. Sob o pretexto de "luta pela igualdade e contra a homofobia", o ministro da Educação, Vincent Peillon, "nos passos do seu predecessor, Luc Chatel," estabeleceu a meta, para o início do próximo ano lectivo, de formalizar a educação de género nas escolas.

Seria o marco institucional para uma realidade já existente na prática: "centenas de escolas estão envolvidas no projecto, que tem como objetivo declarado “desconstruir os estereótipos de género". E como estereótipos de género, esses "jacobinos de identidade sexual", compreendem a diferença entre meninas e meninos, como a atitude de uma menina que brinca com bonecas e um menino com os carrinhos. Para Farida Belghoul tudo isso é uma loucura. "Gostem ou não os partidários do género, a diferença sexual é a origem da humanidade. A reprodução humana ocorre devido a esta diferenciação, que é o fundamento do mundo em que vivemos, e o que a ideologia de género pretende destruir de modo astuto, ‘pelas costas’ dos pais”. "É um projecto claro e organizado, que devemos absolutamente impedir", insiste .

Para detê-lo, foi organizado um movimento intitulado Journée de Retrait de L`Ecole ("um dia ao mês sem escola"). Mais de setenta comités e milhares de pais aderiram à ideia. Os próprios têm trabalhado, provocando uma movimentação que corre rápido através de sms, e-mails, redes sociais e boca a boca, reunindo uma avalanche de adeptos. Muitas escolas francesas ficaram quase vazias, em protesto contra a educação tingida de "arco-íris".

A campanha de boicote assustou o governo. O Ministério da Educação chamou à pressa os pais (católicos, muçulmanos, não-crentes...) que tinham decidido retirar os seus filhos da escola, para explicar-lhes que a doutrinação do género era apenas uma crença, resultado da conspiração típica de "reaccionários" e eclodido pela "extrema direita". Mas o exercício imperecível, peculiar à gauche, de agitar o "espectro negro" desta vez não teve o efeito desejado.

Além disso, Peillon foi desmentido, há alguns meses atrás, por uma colega do Executivo, a Ministra dos Direitos das Mulheres, Najat Vallaud-Belkacem, que em entrevista ao 20minutes.fr, disse: "A teoria de género, que explica a "identidade sexual" dos indivíduos, seja através do contexto sócio-cultural seja através da biologia, tem o mérito de abordar as inadmissíveis e persistentes desigualdades entre homens e mulheres, ou, a homossexualidade, e realizar o trabalho pedagógico sobre esse assunto”.

Palavras que soaram como um alarme aos ouvidos de Farida Belghoul. "Estamos diante de um estado totalitário, que está a operar tendenciosamente para impor a sua ideologia, aproveitando-se dos nossos filhos. Quer substituir pais e mães, considerados implicitamente incompetentes, e reeducar os nossos filhos, ‘arrebatando-os’, e aqui cito o ministro Peillon, pelo “determinismo familiar”.

O problema, no entanto, sendo o sintoma de uma tendência cultural expandiu-se rapidamente por todo o Ocidente, para além das fronteiras francesas. Por isso, Belghoul considera necessário que "todas as famílias da Europa, todas as mães e pais, estejam cientes do que está acontecendo com os nossos filhos, porque eles estão a ser destruídos." Se não vencermos a batalha, “será uma catástrofe para toda a humanidade”. Porque a "teoria de género leva a barbárie". 

in Zenit


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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Não podemos dar o que não temos - Beata Teresa de Calcutá

Não creio que haja alguém que precise tanto do socorro e da graça de Deus como eu. Por vezes sinto-me muito desarmada e fraca. E acredito que é por isso que Deus Se serve de mim. Uma vez que não posso contar com as minhas próprias forças, volto-me para Ele vinte e quatro horas por dia. E se o dia tivesse mais horas precisaria também da sua graça durante essas horas. Todos devemos agarrar-nos a Deus pela oração. O meu segredo é muito simples: rezo. Pela oração, uno-me a Cristo pelo amor. Compreendi que rezar-Lhe é amá-Lo.

As pessoas têm fome da Palavra de Deus que traz a paz, traz a união, traz a alegria. Mas não podemos dar o que não temos. É por isso que devemos aprofundar a nossa vida de oração. Sê sincero nas tuas orações. A sinceridade é a humildade e a humildade só se adquire aceitando as humilhações. Tudo o que foi dito sobre a humildade não chega para ta ensinar. Tudo o que leste sobre a humildade não chega para ta ensinar. Só se aprende a humildade aceitando as humilhações, e encontrarás humilhações ao longo de toda a tua vida. A maior das humilhações é saber que não somos nada; eis o que aprendemos quando nos encontramos frente a Deus na oração. 

Por vezes, um olhar profundo e fervoroso para Cristo constitui a melhor das orações: olho-O e Ele olha-me. Neste face a face com Deus, só sabemos que não somos nada e que não temos nada.

in No Greater Love 


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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Papa Francisco abre a possibilidade de guerra justa no Iraque

O Papa admitiu a possibilidade de impedir o massacre que está a decorrer no Iraque, parando os terroristas do ISIL através da força. As palavras do Santo Padre foram ditas na conferência de imprensa durante o vôo de regresso da Coreia do Sul:

“Nestes casos, quando há uma agressão injusta, posso apenas dizer que é lícito parar o agressor injusto. Sublinho o verbo: parar. Não digo bombardear, fazer guerra, mas pará-lo. Os meios que podem ser usados devem ser avaliados. Parar a agressão injusta é lícito.”

O conceito de guerra justa está intimamente ligado ao da legítima defesa, e é apresentado no Catecismo da Igreja Católica no ponto 2309:

"Devem ser ponderadas com rigor as estritas condições duma legítima defesa pela força das armas. A gravidade duma tal decisão submete-a a condições rigorosas de legitimidade moral. É necessário, ao mesmo tempo:

– que o prejuízo causado pelo agressor à nação ou comunidade de nações seja duradouro, grave e certo;
– que todos os outros meios de lhe pôr fim se tenham revelado impraticáveis ou ineficazes;
– que estejam reunidas condições sérias de êxito;
– que o emprego das armas não traga consigo males e desordens mais graves do que o mal a eliminar. O poder dos meios modernos de destruição tem um peso gravíssimo na apreciação desta condição.

Estes são os elementos tradicionalmente apontados na doutrina da chamada «guerra justa».

A apreciação destas condições de legitimidade moral pertence ao juízo prudencial daqueles que têm o encargo do bem comum."


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Frase do dia

"Ninguém neste mundo merece nada. Mas Deus é bom e, em sua infinita benevolência, concede-nos tudo porque perdoa tudo." 

S. Pio de Pietrelcina


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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Há 3 anos o Papa Bento XVI chegava a Madrid para as JMJ



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Preparação para o matrimónio: a sexualidade é fonte de alegria e prazer

A preparação para o Matrimónio não pode desprezar uma reflexão sobre a sexualidade na vida do casal. A formação oferecida pela Igreja será um dos poucos momentos onde o casal poderá reflectir tal realidade pelo ponto de vista cristão, em contraposição à avalanche de informações, distorcidas na sua grande maioria, que invadem os meios de comunicação.

Todos, especialmente os jovens (mais vulneráveis), são bombardeados pela indústria que ganha rios de dinheiro com o sexo livre. Para dar um exemplo, comento que ganhei como brinde uma revista sobre automóveis e levei-a para casa. Dias depois, percebi que esta revista tinha duas páginas inteiras com publicidade preservativos e com imagens indescritíveis. Como deixar um material destes em minha casa? Situações como estas fazem-me concluir que o mundo está intoxicado com a propaganda do sexo como a coisa mais importante da vida.

Estes estímulos ganham força com outra realidade de hoje: o adiamento do casamento para as idades mais maduras. Embora não justifique, isto estimula a vida sexual dos noivos. Conceitos como "amamo-nos e vamos mesmo casar" são frequentemente utilizados pelos noivos. Num mundo onde a vida sexual perdeu o seu sentido original e as pessoas se entregam até a quem não conhecem, somos tentados a crer que amor e compromisso são justificativas razoáveis. Os cristãos parecem ter esquecido os 10 mandamentos, a castidade e desconhecer que o pecado existe.

Devemos ajudar os noivos a reflectirem e construírem o noivado como tempo de conhecimento, mas “infelizmente, para alguns este período, destinado à maturação humana e cristã, pode ser perturbado por um uso irresponsável da sexualidade que não chega à maturação do amor esponsal. E, assim, alguns chegam a uma espécie de apologia das relações pré-matrimoniais” Ponto 17 da Preparação para o Sacramento do Matrimónio (PSM).

Aqui, o documento PSM faz-nos pensar se, enquanto agentes que ajudam os noivos, também teremos feito apologia às relações pré-matrimoniais. Pode ser que não as incentivemos, mas vamos achando tudo normal e ficamos tímidos na proclamação da verdade.

Tais comportamentos estão abordados no documento, quando, no parágrafo 12, cita os "fenómenos que confirmam esta realidade e que reforçam a dita cultura estão ligados a novos estilos de vida que desvalorizam as dimensões humanas" e ainda comenta que um desses fenómenos é o "permissivismo sexual".

Sabemos que é um grande desafio falar deste tema aos noivos do nosso tempo. Mas precisamos apresentar-lhes a proposta de vida como caminho de santidade. Não faz sentido reuni-los para repetir os conceitos que vão desestruturando as famílias. “Esta preparação deverá, contudo, garantir que os noivos cristãos tenham ideias exactas [...] sobre a sexualidade.” (PSM 35)

Os agentes que acompanham os noivos nesta etapa precisam estar convictos desta realidade e cheios do Espírito Santo para proclamá-la, amparados no estudo e amor pastoral, para serem firmes na doutrina, amorosos e não discriminar aqueles que ainda não a vivem. Lembre-se que a Igreja espera que “colaboradores e responsáveis sejam pessoas de doutrina segura e fidelidade indiscutível ao Magistério da Igreja” (PSM 43).

Mas, falar de sexualidade cristã é mais que falar de relacionamento sexual. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) ensina-nos que “a sexualidade afecta todos os aspectos da pessoa humana, na sua unidade de corpo e alma.” (CIC 2332). Seria bom falar sobre disto com os noivos, mostrando que belo projecto de Deus é o ser humano!

Num curto tempo de preparação próxima (encontro/curso de noivos) não podemos deixar de levá-los à reflexão que não podem casar-se baseados em impulsos sexuais. Um casal não pode pensar que vai viver o relacionamento sexual durante toda a sua vida, além de ser necessária a abstinência em vários momentos (saúde, viagens etc). Assim, devem saber que o amor não se baseia no vigor sexual. Gosto de fazer perguntas incómodas aos noivos para provocar esta reflexão, baseado em factos reais, como:

Se, ainda no seu primeiro ano de casado, a sua esposa sofrer um acidente e ficar com algum tipo de lesão que não a permita, nunca mais, ter contacto íntimo, abandoná-la-ia?

De outro lado, é muito importante terem contacto com a bela doutrina sobre o relacionamento sexual, onde "no casamento a intimidade corporal dos esposos se torna um sinal e um penhor de comunhão espiritual". (CIC 2360) Deve ser proclamado como algo bonito e aprazível, que pode e deve ser bem vivido pelos casais.

Mas ainda encontramos pessoas que pensam a relação sexual matrimonial como pecado. Para estas, entre várias citações da Igreja, gosto de citar o Papa Pio XII, que no ano de 1951 (anterior à chamada revolução sexual!) ensinava: “O próprio Criador estabeleceu que nesta função os esposos sentissem prazer e satisfação do corpo e do espírito. Portanto, os esposos não fazem nada de mal em procurar este prazer e em gozá-lo. Eles aceitam o que o Criador lhes destinou”.

Contudo, devem ser advertidos que a vida sexual pode passar por dificuldades, mas não pode ser deixada de lado. O diálogo, que gera conhecimento, também aproximará o casal para conhecer as suas dificuldades e procurar caminhos numa verdadeira amizade. E também não podem esquecer a força que “a graça do sacramento do matrimónio exerce sobre todas as realidades da vida conjugal, e, portanto, também sobre a sua sexualidade: o dom do Espírito, acolhido e correspondido pelos cônjuges, ajuda-os a viver a sexualidade humana segundo o plano de Deus.” (FC33)

André Parreira in Zenit

André Parreira (alparreira@gmail.com) é autor de livros sobre a preparação para o matrimónio. Empresário, casado e pai de 6 filhos, colabora na formação de jovens e casais.


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domingo, 17 de agosto de 2014

Portugal em contramão - José Maria André

Escrevo de Glasgow, nas latitudes frias e chuvosas da Escócia. Não é o círculo polar Ártico, mas em Agosto há sol até muito tarde: uma luz suave, a iluminar esta paisagem de relva e verdura, sulcada todo o ano por regatos. Com outra luminosidade e com menos vento, os Açores lembram este germinar de vida, que só é possível em terras onde escorre água em tanta abundância.

Passo as manhãs a assistir a umas conferências magistrais sobre história da Igreja na Grã-Bretanha. Além da biblioteca que nos rodeia, o professor trouxe dois caixotes de livros, que considerou «essenciais». Cada um começou por uma ponta, mas ninguém tem dúvidas de que vamos chegar ao fim do mês sem ter esgotado a colectânea do «indispensável». As aflições do Almada Negreiros!

Não vou contar numa página o que tão grandes autoridades académicas condensaram em dezenas de volumes, mas atrevo-me a partilhar impressões.

A principal é que o Reino Unido está a assistir a uma revolução cultural empolgante, que acelerou na última década. Há 200 anos, os católicos desta ilha eram uma minoria ínfima, à beira da mendicidade, considerados pela população como gente suja, com doenças e iletrada. De facto, eram geralmente imigrantes muito pobres. A lei proibia o acesso dos católicos ao funcionalismo público, à universidade e a outras instituições.

No século XIX, a Igreja católica voltou a ter bispos, vários deles recém-convertidos, por exemplo o Cardeal Manning, que tinha sido um pastor anglicano, casado e depois viúvo. Por volta de 1850, começou um conjunto de conversões de grandes intelectuais, artistas e escritores: Henry Benson, John H. Newman, G. Manley Hopkins, G. K. Chesterton, Ronald Knox, Siegfried Sassoon, Evelyn Waugh, Edith Sitwell, Graham Greene, Muriel Spark, além de outros que já nasceram em famílias católicas como o realizador Hitchcock, ou os escritores Hilaire Belloc e J.R.R. Tolkien, o célebre político Lord Acton, o compositor Edward Elgar.

No período até à Segunda Guerra Mundial, o número de católicos ingleses multiplicou-se por muito e começaram a notar-se na vida pública. Aos poucos, foram admitidos nalgumas repartições do Estado. O tempo do imediato pós-Guerra e do Concílio foi uma época atribulada, embora não tanto como para outras confissões religiosas.

Actualmente, está em curso uma transformação acelerada. Neste princípio do século XXI, já chegaram ao Governo alguns católicos, inclusive de Missa diária. As escolas católicas são consideradas as melhores do país. Nunca houve tantas conversões.

Ainda assim, o que chama a atenção é a reacção dos que não são católicos. Uma sacerdotisa anglicana declara que o seu principal livro é o Catecismo da Igreja Católica. As autoridades protestantes entusiasmam-se com as recentes Encíclicas papais. O Chefe da Igreja Anglicana anuncia publicamente que escolheu um director espiritual católico. A «speaker» do Parlamento (a Presidente do Parlamento) recebeu o Papa Bento XVI declarando que eles o consideravam a maior autoridade moral do mundo. Bastantes jornais, que há poucos anos criticavam duramente a Igreja católica, exprimem agora um respeito sem precedentes.

Isto não quer dizer que a população das ilhas britânicas tenha passado a ser católica ou compreenda bem a doutrina da Igreja, mas é algo que não se via desde há 400 anos.

Sobretudo, o que impressiona é a mudança na Universidade. Por exemplo, os maiores historiadores ingleses – de Cambridge, de Oxford, das outras universidades –, a maioria não católicos, são «revisionistas», isto é, ensinam a história da Reforma Católica exactamente ao contrário do que ensinaram até agora. Referindo-se a si próprio, um dos convertidos ingleses mais conhecidos dizia: «to deepen in history is to cease to be protestant» (aprofundar o conhecimento da história é deixar de ser protestante). De facto, é isso o que está a acontecer nestas ilhas.

Olho com pena para o nosso Portugal em contramão, alheio a este fenómeno de evolução no mundo britânico. Porque não é a cultura do Reino Unido que vai em contramão, apesar de aqui os carros andarem pela esquerda.
A Universidade de Glasgow, fundada em 1451.
José Maria C. S. André in «Correio dos Açores», «Verdadeiro Olhar», 17-VIII-2014


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Vaticano: condenem as perseguições aos cristãos


Declaração do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso
12 de Agosto de 2014

O mundo inteiro testemunhou incrédulo ao que agora é chamado de "Restauração do Califado", este que foi abolido em 29 de outubro de 1923 por Kamal Araturk, fundador da Turquia moderna. A oposição a esta "restauração" pela maioria dos institutos religiosos e políticos muçulmanos não impediu que os jihadistas do "Estado Islâmico" cometessem e continuem a cometer indizíveis atos criminais.

Este Conselho Pontíficio, junto a todos aqueles engajados no diálogo inter-religioso, seguidores de todas as religiões e todos os homens e mulheres de boa vontade, pode somente denunciar e condenar, de forma inequívoca, esses atos que trazem tanta vergonha à humanidade:
- o massacre de pessoas somente pela sua fé e condição religiosa;
- a desprezível prática da decapitação, crucificação e exposição de corpos em lugares públicos;
- a escolha forçada imposta aos Cristãos e Yezidis entre a conversão ao Islã, o pagamento de um tributo (jizya) ou o exílio forçado;
- a expulsão forçada de milhares de pessoas, incluíndo crianças, idosos, mulheres grávidas e doentes;
- o rapto de meninas e mulheres pertencentes às comunidades Yezidi e Cristã como despojos de guerra (sabaya);
- a imposição da prática bárbara da infibulação;
- a destruição dos lugares de fé e túmulos cristãos e muçulmanos;
- a ocupação forçada ou desacralização de igrejas e monastérios;
- a remoção de crucifixos e outros símbolos cristãos assim como aqueles de outras comunidades religiosas;
- a destruição de uma inestimável herança cultural e religiosa cristã;
- violência indiscriminada com o objetivo de aterrorizar as pessoas para que estas entregem-se ou fujam;
Nenhuma causa e, certamente, nenhuma religião, pode justificar tamanha barbárie. Isso constitui uma ofensa extremamente séria à humanidade e a Deus, como recorda frequentemente o Papa Francisco. Não podemos esquecer, todavia, que cristãos e muçulmanos conviveram em harmonia – é verdade que com altos e baixos – durante séculos, construíndo a cultura pacífica da coexistência e civilização das quais têm muito orgulho. Por outro lado, é com base nisto que, em anos recentes, o diálogo entre cristãos e muçulmanos teve continuidade e intensificou-se.

A situação dramática de cristãos, yezidis e outras comunidades religiosas e minorias étnicas no Iraque requer uma posição clara e corajosa dos líderes religiosos, especialmente muçulmanos, assim como daqueles engajados no diálogo inter-religioso e todas as pessoas de boa vontade. Todos devem ser unânimes em condenar inequivocamente estes crimes e em denunciar o uso da religião para justificá-los. Caso contrário, qual credibilidade terão as religiões, seus seguidores e seus líderes? Qual credibilidade tem o diálogo inter-religioso que, pacientemente, buscamos continuar ao longo destes anos?

Líderes religiosos também são exortados a usar sua influência junto às autoridades para colocar fim a estes crimes, para punir os responsáveis e para reestabelecer as regras da lei em todo o país, assegurando o retorno à casa daqueles que foram deslocados. Enquanto recordam a necessidade de uma direção ética das sociedades humanas, estes mesmos líderes religiosos não devem falhar ao demonstrar que o apoio, o financiamento e o armamento do terrorismo é moralmente repreensível.

Dito isto, o Conselho Pontíficio para o Diálogo Inter-religioso agradece todos que já levantaram suas vozes para denunciar o terrorismo, especialmente contra aqueles que usam a religião para justificá-lo.

Queremos, assim, unir nossa voz àquela do Papa Francisco: "Possa o Deus da paz despertar em cada um de nós o genuíno desejo para o diálogo e a reconciliação. Violência não se vence com violência. Violência se vence com a paz".

[Texto original: Francês - Tradução não oficial]



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sábado, 16 de agosto de 2014

Uma pontinha de inveja... - Aura Miguel

De Samsung na mão e braço levantado, todos captam a chegada de Francisco; mas a presença física do Sucessor de Pedro é mais forte que a avançada tecnologia sul-coreana e os mais de 50 mil fiéis substituíram o telemóvel pelo lenço branco, causando um imenso mar ondulante de saudação e entusiasmo no estádio mundial de futebol de Daejeon. 

Na primeira missa celebrada para os coreanos, Francisco falou da verdadeira liberdade, capaz de rejeitar o fascínio das coisas materiais e a desenfreada competição que gera egoísmo e cultura de morte. O Papa também alertou para o desespero que cresce como um cancro no meio de sociedades exteriormente ricas, mas que, no seu interior, geram desespero e amargura. 

Em clima de silêncio quase absoluto, as palavras do Papa caíram como um bálsamo que se receita para curar feridas contemporâneas; receita para asiáticos e não só. 

Impressionante também – por oposição ao comportamento dos fiéis no Ocidente – o clima de respeito e devoção dos que, no início da Missa, tinham feito festa mas que durante a Eucaristia se recolheram, de mãos postas e total concentração, perante o sagrado

Depois do que vi, dei comigo a pensar na falta de frescura (para não dizer respeito) de tantas nossas celebrações, tão reveladora da postura com que cada um participa na missa e fiquei com uma pontinha de inveja desta certeza contagiante de fé que agora tantos milhares de coreanos, alegremente, são capazes de testemunhar. 

in rr.sapo.pt [Imagens e negritos acrescentados pelo blog Senza]


"De terra de missão, a Coreia tornou-se hoje terra de missionários"

Papa Francisco no Encontro com os Bispos da Coreia, 14 de Agosto de 2014


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A nossa fé despertada pelo seu testemunho - Pe. Julián Carrón

Caro director,

«Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele» (1Cor 12,26). Como não sentir toda a lancinante dor dos nossos irmãos cristãos perseguidos? É um clamor que aumenta sempre mais diante das desmedidas injustiças sofridas pelos cristãos em tantas partes do mundo, constrangidos a deixar tudo e a fugir das suas terras por um único motivo: o facto de serem cristãos. Parece inacreditável que no século XXI possa acontecer ainda uma coisa do género.

«Há mais mártires hoje do que nos primeiros séculos da Igreja; mais mártires! Nossos irmãos e irmãs. Sofrem! Eles vivem a fé até ao martírio» (18 de Maio de 2013). Como podemos permanecer indiferentes diante destas palavras do Papa Francisco? Evidentemente estamos diante de um novo desafio, como nos recorda a Evangelii Gaudium: «Às vezes, estes [desafios] manifestam-se em verdadeiros ataques à liberdade religiosa ou em novas situações de perseguição aos cristãos, que, em alguns países, atingiram níveis alarmantes de ódio e violência». (61)

Mas mesmo no meio destes sofrimentos, recebemos o testemunho da sua fé, como disse o Arcebispo de Mosul numa recente entrevista: «Foram eles que começaram a dizer-me que tinham necessidade de estar mais agarrados à nossa fé. Eram eles a dizer-me que tinham voltado a viver entre as inúmeras dificuldades. Eles diziam-mo por palavras e eu, pelo olhar deles, percebia que era verdade. Percebia-o pela maneira como o diziam», porque «quando cheguei era outra coisa. Eram outras pessoas. Mas passados seis meses, um ano, a sua transformação era palpável». (Passos, Julho/Agosto 2014). Espero que sejamos capazes de guardar o seu testemunho como um tesouro, de modo que este desperte a nossa fé para que, como eles, a possamos viver e testemunhar nas circunstâncias em que cada um é chamado a vivê-la.

«Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele. […] Ora vós sois corpo de Cristo e seus membros, cada um por sua parte» (1Cor 12,26-27). Precisamente por esta pertença comum ao corpo eclesial queremos levar um pouco do peso da intolerância, incompreensão e violência que o mundo que recusa Cristo carrega às costas dos nossos irmãos.

Como não sentir a urgência de mostrar toda a nossa proximidade aos cristãos perseguidos? Fazemo-lo não só unindo-nos ao clamor de todos aqueles que sentem esta ferida infligida a si próprios, afim de que estes factos não passem debaixo de silêncio, mas sobretudo participando com todas as nossas comunidades de Comunhão e Libertação espalhadas em Itália na oração por eles, convocada pela CEI (conferência Episcopal Italiana ndt) a 15 de Agosto, unidos a toda a Igreja italiana. Obrigado pela hospitalidade.

in Avvenire


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