sábado, 25 de maio de 2019

Rádio Renascença publica texto a favor do aborto em certos casos


A Rádio Renascença publicou um texto do Henrique Raposo, um dos seus 'opinion makers', que me deu a volta ao estômago logo nas duas primeiras frases que li: «Impedir um aborto nos casos de violação e incesto é impor um mal sobre outro mal. É como impedir a legítima defesa num caso de homicídio.»

Isto está completamente ao contrário. Abortar para tentar "resolver" uma violação é que seria impor um mal sobre outro mal. A violação é um sempre um acto mau ex toto genere suo, quer isto dizer que não há qualquer possível boa intenção ou boas circunstâncias que possam justificar esse crime. Mesmo que disso dependesse salvar a vida de alguém esse acto continuaria a ser mau, injustificável e digno do castigo eterno. 

O sofrimento de uma mulher violada é indescritível e é mais do que natural a repulsa ao seu agressor. Ter um filho dele no seu ventre é o que menos quereria. Mas aquele filho também é dela. E não tem culpa dos pecados do seu pai. A "solução" apresentada por Henrique Raposo traduz-se por condenar à morte o filho pelo crime do pai. É nada menos do que a aplicação da pena de morte; não ao culpado, porque aplicar a pena de morte a um criminoso é "imoral" (dizem), mas ao inocente, que nada fez para merecer que lhe seja tirada a vida. Isto sim é impor um mal sobre outro mal. 

A analogia com a legítima defesa não faz qualquer sentido. A legítima defesa aplica-se quando existe um agressor injusto e quando os dois bens em causa são proporcionais, por exemplo: vidas humanas inocentes contra a vida do agressor. No caso de que falamos o bebé não é um agressor injusto, por isso a sua vida nunca poderia ser suprimida. Além disso os dois bens que estão em causa: uma vida humana contra um suposto alívio da mulher por não ter um filho de quem a violou, não têm o mesmo valor, nem sequer se aproximam.

Henrique Raposo faz um disclaimer, dizendo que é contra o aborto. Isto não é verdade, é contra o aborto em certos casos, que são a maioria, mas é a favor do aborto noutros casos, que ele próprio descreve. O cronista justifica as supostas "zonas cinzentas" na possibilidade de abortar com a frase: "só Deus é absoluto". Que só Deus é absoluto ninguém duvida. E por isso mesmo existe um mal absoluto no desrespeito da lei por Ele criada, na lei natural, que é a lei através da qual o homem conhece o que por sua natureza é honesto e necessário ao fim último e aquilo que lhe é contrário. 

Um dos preceitos dessa lei impede o homicídio voluntário de uma vida inocente. Este, tal como a violação, é um pecado grave ex toto genere suo, o que implica que não admite excepções. Nunca se pode matar um inocente, nem que daí dependesse a salvação de toda a Humanidade. E por isso mesmo é que o aborto é sempre um acto profundamente imoral e injusto. 

A Rádio Renascença, Emissora Católica Portuguesa, não pode publicar um texto escandalosamente contrário à doutrina Católica e à lei natural. A Rádio Renascença deve retirar imediatamente aquele texto, desmarcar-se publicamente do mesmo e fazer um pedido de desculpa aos seus leitores e a todos os católicos portugueses. 

Deixo aqui o e-mail, caso alguém queria enviar a sua opinião directamente à Emissora Católica Portuguesa: mail@rr.pt

João Silveira


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