domingo, 6 de abril de 2025

Exame de consciência para adultos

Como se Confessar:

Antes de mais, é preciso examinar bem a consciência. Depois, dizer ao sacerdote que pecados específicos se cometeu, e, com a maior exactidão possível: quantas vezes cometeu aqueles pecados desde a última boa confissão. Só se é obrigado a confessar os pecados mortais. No entanto, a confissão dos pecados veniais ajuda muito a evitar o pecado e a avançar em direcção ao Céu. Se houver dúvida sobre se um pecado é mortal ou venial é melhor referir ao confessor a dúvida. 

Condições necessárias para um pecado ser mortal:

1. Matéria grave;
2. Pleno conhecimento;
3. Pleno consentimento da vontade.

Considerações preliminares:

1. Alguma vez deixei de confessar um pecado grave, ou conscientemente disfarcei ou escondi um tal pecado? Nota: Esconder deliberadamente um pecado mortal invalida a confissão, e é igualmente pecado mortal. Lembre-se que a confissão é privada e sujeita ao Sigilo da Confissão, o que quer dizer que é pecado mortal um sacerdote revelar a quem quer que seja a matéria de uma confissão.
2. Alguma vez fui irreverente para com este Sacramento, não examinando a minha consciência com o devido cuidado?
3. Alguma vez deixei de cumprir a penitência que o sacerdote me impôs?
4. Tenho quaisquer hábitos de pecado grave que deva confessar logo no início (por exemplo, impureza, alcoolismo, etc.)?

Primeiro Mandamento:  Eu sou o Senhor teu Deus, Não terás deuses estranhos perante Mim (incluindo pecados contra a Fé, Esperança e Caridade)

1. Descuidei o conhecimento da minha fé, tal como o Catecismo a ensina, tal como o Credo dos Apóstolos, os Dez Mandamentos, os Sete Sacramentos, o Pai Nosso, etc?
2. Alguma vez duvidei deliberadamente de algum ensinamento da Igreja, ou o neguei?
3. Tomei parte num acto de culto não católico?
4. Sou membro de alguma organização religiosa não católica, de alguma sociedade secreta ou de um grupo anticatólico?
5. Alguma vez li, com consciência do que fazia, alguma literatura herética, blasfema ou anticatólica?
6. Pratiquei alguma superstição (tal como horóscopos, adivinhação, tábua Ouija, etc.)?
7. Omiti algum dever ou prática religiosa por respeitos humanos?
8. Recomendo-me a Deus diariamente?
9. Tenho rezado fielmente as minhas orações diárias?
10. Abusei os Sacramentos de alguma maneira? Recebi-os com irreverência, como, por exemplo, a Comunhão na mão sem obedecer aos princípios e às sete regras promulgadas por Paulo VI como sendo obrigatórias neste caso?
11. Trocei de Deus, de Nossa Senhora, dos Santos, da Igreja, dos Sacramentos, ou de quaisquer coisas santas?
12. Fui culpado de grande irreverência na igreja, como, por exemplo, em conversas, comportamento ou modo como estava vestido?
13. Fui indiferente quanto à minha Fé Católica — acreditando que uma pessoa pode salvar-se em qualquer religião, ou que todas as religiões são iguais?
14. Presumi em qualquer altura que tinha garantida a misericórdia de Deus?
15. Desesperei da misericórdia de Deus?
16. Detestei a Deus?
17. Dei demasiada importância a alguma criatura, actividade, objecto ou opinião?

Segundo Mandamento: Não tomarás o Nome do Senhor teu Deus em vão

1. Jurei pelo nome de Deus falsamente, impensadamente, ou em assuntos triviais e sem importância?
2. Murmurei ou queixei-me contra Deus (blasfémia)?
3. Amaldiçoei-me a mim próprio, ou a outra pessoa ou criatura?
4. Provoquei alguém à ira, para fazê-lo praguejar ou blasfemar a Deus?
5. Quebrei uma promessa feita a Deus?

Terceiro Mandamento: Santificar Domingos e Dias Santos de guarda

1. Faltei à Missa nos Domingos ou Festas de guarda?
2. Cheguei atrasado à Missa nos Domingos e Dias Santos de guarda, ou saí mais cedo por minha culpa?
3. Fiz com que outras pessoas faltassem à Missa nos Domingos e Dias Santos de guarda, ou saíssem mais cedo, ou chegassem atrasados à Missa?
4. Estive distraído propositadamente durante a Missa?
5. Fiz ou mandei fazer trabalho servil desnecessário num Domingo ou Festa de guarda?
6. Comprei ou vendi coisas sem necessidade nos Domingos e Dias Santos de guarda?

Quarto Mandamento: Honra o teu pai e a tua mãe

1. Desobedeci aos meus pais, faltei-lhes ao respeito, descuidei-me em ajudá-los nas suas necessidades ou na compilação do seu testamento, ou recusei-me a fazê-lo?
2. Mostrei irreverência em relação a pessoas em posições de autoridade?
3. Insultei ou disse mal de sacerdotes ou de outras pessoas consagradas a Deus?
4. Tive menos reverência para com pessoas de idade?
5. Tratei mal a minha mulher ou os meus filhos?
6. Fui desobediente ao meu marido, ou faltei-lhe ao respeito?
7. Sobre os meus filhos:
a) Descuidei as suas necessidades materiais?
b) Não tratei de os fazer baptizar cedo? *(Veja-se em baixo)
c) Descuidei a sua educação religiosa correta?
d) Permiti que eles descuidassem os seus deveres religiosos?
e) Consenti que se encontrassem ou namorassem sem haver hipótese de se celebrar o matrimónio num futuro próximo? (Santo Afonso propõe um ano, no máximo).
f) Deixei de vigiar as companhias com quem andam?
g) Deixei de discipliná-los quando necessitassem de tal?
h) Dei-lhes mau exemplo?
i) Escandalizei-os, discutindo com o meu cônjuge em frente deles?
j) Escandalizei-os ao dizer imprecações e obscenidades à sua frente?
k) Guardei modéstia na minha casa?
l) Permiti-lhes que usassem roupa imodesta (mini-saias; calças justas, vestidos ou camisolas justos; blusas transparentes; calções muito curtos; fatos de banho reveladores; etc.)?
m) Neguei-lhes a liberdade de casar ou seguir uma vocação religiosa?
* As crianças devem ser baptizadas o mais cedo possível. Além das prescrições diocesanas particulares, parece ser a opinião geral ... que uma criança deve ser baptizada cerca de uma semana ou dez dias a seguir ao nascimento. Muitos católicos atrasam o baptismo por quinze dias ou um pouco mais. A ideia de administrar o Baptismo nos três dias que se seguem ao parto é demasiado estrita. Santo Afonso, seguindo a opinião geral, pensava que um atraso não justificado de mais de dez ou onze dias a seguir ao parto seria um pecado grave. Segundo o costume moderno, que é conhecido e não corrigido pelos Ordinários locais, um atraso de mais de um mês sem motivo seria um pecado grave. Se não houve perigo aparente para a criança, os pais que atrasem o baptismo por três semanas, pouco mais ou menos, não podem ser acusadas de pecado grave, mas a prática de baptizar o recém-nascido na semana ou dez dias que se seguem ao parto deve recomendar-se firmemente; e, de facto, pode mesmo recomendar-se um período ainda mais curto. — H. Davis S.J., Moral and Pastoral Theology, Vol. III, pg. 65, Sheed and Ward, New York, 1935

Quinto Mandamento: Não matarás 

1. Procurei, desejei ou apressei a morte ou o ferimento de alguém?
2. Alimentei ódio para com alguém?
3. Oprimi alguém?
4. Desejei vingar-me?
5. Provoquei a inimizade entre outras pessoas?
6. Discuti ou lutei com alguém?
7. Desejei mal a alguém?
8. Quis ferir ou maltratar alguém, ou tentei fazê-lo?
9. Recuso-me a falar com alguém, ou ressentimento de alguém?
10. Regozijei-me com a desgraça alheia?
11. Tive ciúmes ou inveja de alguém?
12. Fiz ou tentei fazer um aborto, ou aconselhei alguém a que o fizesse?
13. Mutilei o meu corpo desnecessariamente de alguma maneira?
14. Consenti em pensamentos de suicídio, desejei suicidar-me ou tentar suicidar-me?
15. Embriaguei-me ou usei drogas ilícitas?
16. Comi demais, ou não como o suficiente por descuido (isto é, alimentos nutritivos)?
17. Deixei de corrigir alguém dentro das normas da caridade?
18. Causei dano à alma de alguém, especialmente crianças, dando escândalo através de mau exemplo?
19. Fiz mal à minha alma, expondo-a intencionalmente e sem necessidade a tentações, como maus programas de TV, música reprovável, praias, etc.?

Sexto e Nono Mandamentos: Não cometerás adultério; não cobiçarás a mulher do próximo

1. Neguei ao meu cônjuge os seus direitos matrimoniais?
2. Pratiquei o controlo de natalidade (com pílulas, dispositivos intra-uterinos, interrupção)?
3. Abusei dos meus direitos matrimoniais de algum outro modo?
4. Cometi adultério ou fornicação (sexo pré-marital)?
5. Cometi algum pecado impuro contra a natureza (homossexualidade ou lesbianismo, etc.)?
6. Toquei ou abracei outra pessoa de forma impura?
7. Troquei beijos prolongados ou apaixonados?
8. Pratiquei a troca prolongada de carícias?
9. Pequei impuramente contra mim próprio (masturbação)?
10. Consenti em pensamentos impuros, ou tive prazer neles?
11. Consenti em desejos impuros para com alguém, ou desejei conscientemente ver ou fazer alguma coisa impura?
12. Entreguei-me conscientemente a prazeres sexuais, completos ou incompletos?
13. Fui ocasião de pecado para os outros, por usar roupa justa, reveladora ou imodesta?
14. Fiz alguma coisa, deliberadamente ou por descuido, que provocasse pensamentos ou desejos impuros noutra pessoa?
15. Li livros indecentes ou vi figuras obscenas?
16. Vi filmes ou programas de televisão sugestivos, ou pornografia na Internet, ou permiti que os meus filhos os vissem?
17. Usei linguagem indecente ou contei histórias indecentes?
18. Ouvi tais histórias de boa vontade?
19. Gabei-me dos meus pecados, ou deleitei-me em recordar pecados antigos?
20. Estive com companhias indecentes?
21. Consenti em olhares impuros?
22. Deixei de controlar a minha imaginação?
23. Rezei imediatamente, para afastar maus pensamentos e tentações?
24. Evitei a preguiça, a gula, a ociosidade, e as ocasiões de impureza?
25. Fui a bailes imodestos ou peças de teatro indecentes?
26. Fiquei sozinho, sem necessidade, na companhia de alguém do sexo oposto?

NB: Não tenhamos receio de confessar ao sacerdote qualquer pecado impuro que tenhamos cometido. Não escondamos ou tentemos disfarçá-lo. O sacerdote está ali para ajudar e perdoar. Nada do que possamos dizer o escandalizará; por isso, não tenhamos medo, por mais vergonha que tenhamos.

Sétimo e Décimo Mandamentos: Não roubarás; não cobiçarás os bens do teu próximo

1. Roubei alguma coisa? O quê, ou quanto?
2. Danifiquei a propriedade de outrem?
3. Deixei estragar, por negligência, a propriedade de outrem?
4. Fui negligente na guarda do dinheiro ou bens de outrem?
5. Fiz batota ou defraudei alguém?
6. Joguei em excesso?
7. Recusei-me a pagar alguma dívida, ou descuidei-me no seu pagamento?
8. Adquiri alguma coisa que sabia ter sido roubada?
9. Deixei de restituir alguma coisa emprestada?
10. Lesei o meu patrão, não trabalhando como se esperava de mim?
11. Fui desonesto com o salário dos meus empregados?
12. Recusei-me a ajudar alguém que precisasse urgentemente de ajuda, ou descuidei-me a fazê-lo?
13. Deixei de restituir o que roubei, ou obtive por embuste ou fraude? (Pergunte ao sacerdote como poderá fazer a restituição, ou seja, devolver ao legítimo dono o que lhe tirou).
14. Tive inveja de alguém, por ter algo que eu não tenho?
15. Invejei os bens de alguém?
16. Tenho sido avarento?
17. Tenho sido cúpido e invejoso, dando demasiada importância aos bens e confortos materiais? O meu coração inclina-se para as posses terrenas ou para os verdadeiros tesouros do Céu?

Oitavo Mandamento: Não levantarás falsos testemunhos contra o teu próximo

1. Menti a respeito de alguém (calúnia)?
2. As minhas mentiras causaram a alguém danos materiais ou espirituais?
3. Fiz julgamentos temerários a respeito de alguém (isto é, acreditei firmemente, sem provas suficientes, que eram culpados de algum defeito moral ou crime)?
4. Atingi o bom nome de alguém, revelando faltas autênticas mas ocultas (maledicência)?
5. Revelei os pecados de outra pessoa?
6. Fui culpado de fazer intrigas (isto é, de contar alguma coisa desfavorável que alguém disse de outra pessoa, para criar inimizade entre eles)?
7. Dei crédito ou apoio à divulgação de escândalos sobre o meu próximo?
8. Jurei falso ou assinei documentos falsos?
9. Sou crítico ou negativo sem necessidade ou falto à caridade nas minhas conversas?
10. Lisonjeei outras pessoas? 

Oração para antes da Confissão: 

Senhor, iluminai-me para me ver a mim próprio tal como Vós me vedes, e dai-me a graça de me arrepender verdadeira e efectivamente dos meus pecados. Ó Virgem Santíssima, ajudai-me a fazer uma boa confissão.


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Imagens e Crucifixos cobertos a partir deste Domingo da Paixão

Por que razão se tapam as imagens desde o Domingo da Paixão (quinto Domingo da Quaresma)? 

Tradicionalmente, as duas semanas do tempo "da Paixão" começam no quinto Domingo da Quaresma. A primeira semana é a Semana da Paixão e a segunda semana é a Semana Santa.

A leitura tradicional do Evangelho para este Domingo foca-se no ódio crescente das autoridades judaicas contra Cristo. Acusam-nO de ser um samaritano, de fazer feitiços, de blasfémia e de estar possuído por Satanás. Não pensam em Cristo como "um bom mestre". Julgam que é um agente demoníaco.

A antiga leitura do Evangelho no Primeiro Domingo da Paixão (o quinto Domingo da Quaresma) do capítulo oitavo do Evangelho de S. João acaba com estas palavras “Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou". (Jo 8, 59)

De acordo com Santo Agostinho, neste momento quando "Jesus se ocultou", Cristo ficou de facto invisível devido à Sua natureza divina. Santo Agostinho escreve:

"Ele não se esconde a Si mesmo num canto do templo, como se tivesse medo, ou a correr para uma casa, ou desviando-se para trás de uma parede ou coluna: mas pelo Seu Poder Divino, fazendo-se a Si mesmo invisível, passa pelo meio deles."

Para ajudar a exprimir este mistério, as estátuas e imagens Católicas são tapadas com véus roxos desde as Vésperas do fim de tarde antes do Domingo da Paixão. Jesus "esconde-Se a Si mesmo".

As estátuas permanecem cobertas até ao Glória de Sábado Santo. Este é o momento em que acaba o jejum da Quaresma e começa a glória da Páscoa. Este desvelar revela Cristo que se revelou a si mesmo como ressuscitado e vitorioso.

Também é um costume piedoso para os leigos Católicos cobrirem com véus roxos as imagens e estátuas de casa durante a época da Paixão.

A nossa Fé Católica é tão rica! Assegurem-se que ensinam aos vossos filhos e netos estas tradições antigas e bonitas!

Taylor Marshall


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sábado, 5 de abril de 2025

A água de São Vicente Ferrer

Certa vez, uma mulher foi ter com São Vincente Ferrer para se queixar que o marido estava sempre tão irascível e mal-humorado que tornava a coabitação insuportável. Ela pediu ao santo conselhos sobre como restaurar a paz na sua família. 

"Vá ao convento", disse o santo, "e diga ao porteiro para lhe dar um pouco da água da fonte. Quando o seu marido chegar em casa, tome um gole, mas não o engula, segure na boca e verá que milagres fará!" 

A mulher fez o que o santo lhe dissera. À noite, quando o marido voltou para casa, nervoso como de costume, a mulher tomou um gole daquela água milagrosa e fechou os lábios. E o milagre realmente aconteceu: depois de alguns minutos o marido ficou em silêncio e, assim, a tempestade na família passou. Nos dias seguintes, a mulher recorreu também a esse remédio e a água causou o mesmo efeito milagroso. 

O seu marido já não era mal-humorado, pelo contrário, tinha voltado a ser como tinha sido: dirigia à sua mulher palavras carinhosas e elogiava-a pela sua paciência e doçura. A mulher ficou tão feliz com essa mudança do marido que correu para o santo para lhe contar sobre o milagre realizado por aquela água especial. 

"Não foi a água da fonte que causou esse milagre", disse São Vicente sorrindo, "mas apenas o seu silêncio. As suas queixas contínuas enfureceriam o seu marido. Ao passo que o seu silêncio tornou-o terno e carinhoso novamente". 

Ainda hoje, em Espanha, há uma expressão que é: "Beber a água de São Vicente!"


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sexta-feira, 4 de abril de 2025

S. Isidoro de Sevilha sobre os que ensinam com soberba e não com caridade

Os mestres irados, por causa da sua fúria, convertem o tom do ensino em enorme crueldade e, pela mesma razão, prejudicam mais os seus súditos mais do que os ajudam.

Há muitos que, quando ensinam, não são humildes na exposição, mas antes arrogantes. E mesmo as coisas boas que pregam não são anunciadas por desejo de correção, mas por vício de grandiloquência.

Muitos há que ensinam não com a intenção de construir, mas para se engrandecer, e não são sábios para tirar proveito (para a Vida Eterna), mas querem ensinar para parecer sábios.

Há uma perversa imitação dos presbíteros arrogantes, que imitam os santos no rigor da disciplina mas desprezam-nos no afecto da caridade. Querem parecer rígidos pela severidade mas não querem dar exemplos de humildade, preferem ser terríveis do que como mansos e afáveis.

Os doutores soberbos sabem mais sobre ferir do que curar. É Salomão quem o testemunha (Ps. XIV, 9): Na boca dos insensatos está a vara da sua soberba, porque repreendendo com rigor ferem e não sabem ter simpatia através da humildade.

Quem aceita, por caridade de coração e humildade de consciência, curar os males do pecado alheio, faz bem. Mas quem repreende o criminoso com um coração orgulhoso ou odioso não corrige, mas fere. Porque tudo o que o protervo ou irado profere é a fúria de quem ofende, não a direção de quem corrige.

De tal forma que quanto mais tentam corrigir, mais aprofundavam a ferida e a rejeição; e mais favorecem imobilidade dos fiéis, pois não conquistavam a sua confiança.


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quinta-feira, 3 de abril de 2025

Nada como um jantar com os amigos



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Católicos confrontam o Arcebispo de Madrid


Mons. José Cobo Cano foi criticado por ter feito um acordo com o governo socialista de Pedro Sánchez, graças ao qual ficou em risco o Mosteiro Beneditino do Valle de los Caídos, onde está erigida a maior cruz do Mundo.


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quarta-feira, 2 de abril de 2025

Há 20 anos morria o Papa João Paulo II

Aqui ainda o jovem Padre Wojtyla, de batina preta.



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terça-feira, 1 de abril de 2025

O Papa Gregório XIII e o dia das mentiras

Foi graças ao Papa Gregório XIII que o ano civil começou a começar no dia 1 de Janeiro. Em 1582 o Papa reformou o calendário Juliano, instaurando, através da bula "Inter Gravissimas" o calendário Gregoriano, que usamos hoje em dia.

O calendário Juliano tinha originado uma diferença de 10 dias entre o equinócio da Primavera e o dia 21 de Março. Para resolver esse problema a reforma incluiu um salto de 10 dias no calendário: o dia 4 de Outubro de 1582 (Quinta-Feira) foi seguido pelo dia 15 de Outubro (Sexta-Feira).

O início do ano civil passou de dia 1 de Abril, ou últimos dias de Março, para o dia 1 de Janeiro. 

A reforma foi adoptada imediatamente por Portugal, Espanha, Itália e Polónia; e seguidamente por França e os outros países católicos europeus.

Os países protestantes adiaram essa reforma, preferindo "estar em desacordo com o Sol a estar de acordo com o Papa". Os mais apegados à tradição juliana, que continuaram a celebrar a passagem do ano no dia 1 de Abril, foram alvo de chacota e de algumas partidas, e daí surgiu a tradição do Dia das Mentiras (Poisson d'Avril ou April Fool’s).


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segunda-feira, 31 de março de 2025

Que doce é sofrer perdoando

Jesus bendito, que me ensinaram os homens que Tu não me tenhas ensinado na Tua cruz? Ontem vi claramente que só aprendemos acorrendo a Ti e só Tu nos dás forças nas provas e tentações; que somente ao pé da tua cruz, vendo-Te pregado a ela, aprendemos o perdão, a humildade, a caridade, a bondade. 

Não Te esqueças de mim, Senhor; olha para mim, prostrado na tua frente, e concede-me o que Te peço. Depois, que venham os desprezos, que venham as humilhações, que me importa! Contigo a meu lado tudo posso. A lição prodigiosa, admirável, inexprimível que me dás com a tua cruz dá-me forças para tudo. 

Cuspiram-Te, insultaram-Te, flagelaram-Te, pregaram-Te a uma cruz e, sendo Tu Deus, perdoaste, calaste-Te humildemente e ofereceste-Te a Ti próprio. Que posso dizer da tua Paixão? É melhor não dizer nada e que, no fundo do meu coração, medite no que o homem nunca poderá chegar a compreender; que me contente com amar profundamente, apaixonadamente, o mistério da tua Paixão.

Que doce é a cruz de Jesus! Que doce é sofrer perdoando! Como não ficar louco? Ele mostra-me o seu coração aberto aos homens e por eles desprezado. Onde já se viu e quem alguma vez sonhou suportar tamanha dor? Como vivemos bem no coração de Cristo!

São Rafael Arnaiz Baron  in Escritos espirituais, 07/04/1938 


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domingo, 30 de março de 2025

Católico interrompe Missa Negra no Kansas



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Hoje é o Domingo 'Laetare' (Alegra-te)

"Laetare, Ierusalem", assim começa o Introito desta Missa do IV Domingo da Quaresma. 

"Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos todos os que amais; entregai-vos à alegria, vós que estivestes na tristeza para que exulteis e vos sacieis na abundância de vossa consolação. Ps. Alegrei-me com o que me foi dito: iremos à casa do Senhor."

Esta alegria serve para aliviar a penitência quaresmal, sensivelmente a meio da Quaresma, e assim se percebe por que se usam hoje os paramentos cor-de-rosa, substituindo os roxos que são típicos do tempo penitencial.


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sábado, 29 de março de 2025

Bons hábitos




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«Priest holes» (esconderijos de padres)

Padres do Colégio dos Inglesinhos, em Lisboa, acabados de ordenar pelo Núncio Apostólico, no princípio dos anos 60

Chegou a altura de o povo britânico conhecer a sua história, é o que agora pensam os historiadores do Reino Unido. Não basta ler o que há escrito? J. J. Scarnbrick, Christopher Haig, Eamon Duffy, Diarmaid MacCulloch e outros académicos dizem que a história foi distorcida, ao serviço de uma mensagem, e é preciso recuperar as fontes. Tudo muda. Os novos livros fazem lembrar as obras antigas monumentais do Lingard, do Milner, ou a síntese do Cobbett, geralmente desprezadas como «propaganda católica».

O impacto deste novo olhar sobre os últimos quinhentos anos de história é imenso, porque, em certo sentido, é a própria identidade deste Povo que está em causa. Além disso, o movimento «revisionista» não é uma moda extravagante, é a unanimidade dos principais especialistas. Dizia-me um professor da universidade que a história do Reino Unido já não volta atrás, depois do revisionismo. Começa a aparecer um «pós-revisionismo», mas nada que ponha em causa aquela ruptura com a história habitual.

Ao mesmo tempo, é interessante notar que os revisionistas são revisionistas por razões científicas. Em geral, não alteraram as suas convicções religiosas. Alguns já eram católicos ou converteram-se ao catolicismo, mas a maioria continua a achar que o catolicismo é uma religião de pobres e italianos. O surpreendente – reconhecem os historiadores – é que esses marginais tenham realizado coisas tão extraordinárias, apesar de séculos de perseguição. Tiveram um papel determinante na educação e ainda hoje são maioria nas áreas da enfermagem e do apoio social, além de que produziram figuras de primeiro plano no âmbito da cultura.

A nova visão da história tem facetas inesperadas e até divertidas do ponto de vista turístico, como os «priest holes». A maioria já desapareceu, mas ainda se conservam muitas centenas, que se podem visitar. Estes buracos são cavidades no interior das paredes, ou poços por baixo do soalho, para esconder os padres que iam, de casa em casa, celebrar a Missa. A polícia vigiava (numas épocas mais do que noutras) e o jogo era a sério. Os disfarces e os sistemas para alimentar os padres dentro do buraco eram variados e imaginativos. Um passo em falso significava morte. Porque, desde o tempo de Henrique VIII, houve o cuidado de considerar que o catolicismo não era uma religião mas uma traição à pátria. Assim, evitava-se reconhecer a perseguição religiosa e as penas eram mais pesadas e sem apelo.

Li relatos de católicos ingleses que viajavam ao estrangeiro e ficavam escandalizados pela pressa com que se celebrava a Missa, mesmo em Roma. Imagino que estivessem habituados a Missas pouco frequentes, às escondidas, celebradas por um padre saído do «priest hole», alimentado através da gaveta da cómoda.

Ser padre, naquela época, era complicado. Os rapazes ingleses tinham de fugir do país para ir estudar para um seminário, em Roma, em França, em Espanha, na Bélgica. Até em Lisboa havia um seminário, na Travessa dos Inglesinhos, que funcionou até 1973. Para as famílias não serem perseguidas, os estudantes mudavam de nome, mal desembarcavam no continente. Em Roma, S. Filipe de Neri ajoelhava na rua, quando passava em frente do colégio dos ingleses e honrava-os como se tivessem sido mártires. Terminada a formação no seminário e ordenados, os padres regressavam clandestinamente à sua ilha e, de casa, em casa, dedicavam-se a atender os católicos. Às vezes, a coisa acabava mal. Mas, enquanto durava, era bom.

Os católicos ingleses nunca sabiam quando podiam voltar a confessar-se e assistir à Missa, de modo que queriam saborear esses momentos. No Continente, a Missa era tão rápida! Nem dava tempo para a pessoa se concentrar. Pelo menos, é o que os ingleses achavam.

José Maria C. S. André in 'Correio dos Açores'


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sexta-feira, 28 de março de 2025

Lúcia foi a primeira a cumprir uma promessa de joelhos em Fátima

A uma dada altura a Mãe de Lúcia (Maria Rosa dos Santos) estava gravemente doente. Temendo a morte da Mãe, que se mostrara muito desconfiada em relação às aparições, a pastorinha de Fátima fez uma promessa a Nossa Senhora, que descreveu do seguinte modo:

Eu tinha prometido à Santíssima Virgem, se Ela me concedesse o que eu Lhe pedia, ir aí, durante nove dias seguidos, acompanhada de minhas irmãs, rezar o Rosário e ir, de joelhos, desde o cimo da estrada até ao pé da carrasqueira; e, no último dia, levar 9 crianças pobres e dar-lhes, no fim, um jantar.

Fomos, pois, cumprir a minha promessa, acompanhadas de minha mãe que dizia:

– Que coisa! Nossa Senhora curou-me e eu parece que ainda não acredito! Não sei como isto é!

in Memórias da Irmã Lúcia


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quinta-feira, 27 de março de 2025

O espírito da Quaresma nos anos jubilares

A maior parte das pessoas ignora ou esqueceu o que é a Quaresma. No entanto, o Catecismo Maior, de São Pio X, era muito claro, definindo-a como «um tempo de jejum e de penitência instituído pela Igreja por tradição apostólica». No parágrafo seguinte, São Pio X explica a sua finalidade: «Dar-nos a conhecer a obrigação que temos de fazer penitência ao longo de toda a nossa vida; imitar, de algum modo, o rigoroso jejum de quarenta dias que Jesus Cristo fez no deserto; preparar-nos, por meio da penitência, para celebrar santamente a Páscoa» (n. 36).

Muitas vezes, porém, para os bons católicos que não esquecem a Quaresma, esta reduz-se a algumas práticas ascéticas: jejum, mortificações, esmola, certamente louváveis e sempre recomendadas pela Igreja, mas não suficientes para nos transmitir o espírito da Quaresma, que é, sobretudo, desapegarmo-nos mais profundamente do pecado e abraçarmos com maior generosidade a vontade de Deus.

Bento XVI, na sua Mensagem para a Quaresma de 2009, recorda que, nas primeiras páginas da Sagrada Escritura, o Senhor ordena ao homem que se abstenha de consumir o fruto proibido: «Podes comer o fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás» (Gn 2, 16-17). Comentando a ordem divina, São Basílio observa que “o jejum foi ordenado no Paraíso” e “o primeiro mandamento neste sentido foi dado a Adão”. Portanto, ele conclui: “O ‘não comas’ e, portanto, a lei do jejum e da abstinência” (cf. Sermo de jejunio: PG 31, 163, 98).» «Portanto, se Adão desobedeceu ao mandamento do Senhor “de não comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal”, com o jejum o crente deseja submeter-se humildemente a Deus, confiando na sua bondade e misericórdia.» (Mensagem de 11 de Dezembro de 2008).

O espírito de penitência manifesta-se, antes de qualquer outra prática, no esforço de nos conformarmos com a vontade de Deus em todos os momentos, mesmo dolorosos e humilhantes da nossa vida. A 26 de Março de 1950, por ocasião da Quaresma do Grande Ano Santo, Pio XII dirigiu-se aos fiéis nos seguintes termos: «Saber suportar a vida! É a primeira penitência de todo o cristão, a primeira condição e o primeiro meio de santidade e de santificação. Com aquela dócil resignação que é própria de quem acredita num Deus justo e bom, e em Jesus Cristo mestre e guia dos corações, abraçai com coragem a cruz quotidiana, muitas vezes dura. Levando-a com Jesus, o seu peso torna-se leve».

O esforço de unir a nossa vontade à vontade de Deus precede toda a prática ascética. É por isso que Jesus sublinha a razão profunda do jejum, estigmatizando a atitude dos fariseus, que observavam escrupulosamente as prescrições rituais impostas pela lei, mas cujo coração estava longe de Deus. O verdadeiro jejum, explica o Divino Mestre, consiste antes em fazer a vontade do Pai celeste, que «vê no segredo e recompensar-te-á» (Mt 6, 18). Ele mesmo dá o exemplo, respondendo a Satanás, no final dos quarenta dias passados no deserto, que «nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4, 4). «O verdadeiro jejum – conclui Bento XVI – tem, portanto, como finalidade comer o “verdadeiro alimento”, que é fazer a vontade do Pai» (cf. Jo 4, 34).

Aquele que ama a vontade do Pai detesta o pecado, que é a violação da lei divina. E assim, neste tempo de Quaresma do Jubileu de 2025, como não fazer nossas as palavras que Pio XII dirigiu aos fiéis de todo o mundo para os preparar para a Quaresma no Jubileu de 1950: «Medi, se os vossos olhos e o vosso espírito o suportam, com a humildade de quem talvez deva reconhecer-se em parte responsável, o número, a gravidade, a frequência dos pecados no mundo. Obra do próprio homem, o pecado polui a terra e desfigura a obra de Deus como uma mancha impura. Pensemos nos inumeráveis pecados privados e públicos, ocultos e evidentes; pecados contra Deus e a Sua Igreja; contra nós próprios, na alma e no corpo; contra o próximo, especialmente contra as criaturas mais humildes e indefesas; pecados contra a família e a sociedade humana. 

Alguns deles são tão inauditos e hediondos, que são necessárias novas palavras para os indicar. Pese-se a sua gravidade: dos cometidos por mera leviandade e dos premeditados e friamente perpetrados, dos que arruínam uma única vida ou se multiplicam em cadeias de iniquidade até se tornarem a maldade de séculos ou crimes contra nações inteiras. Comparai, à luz penetrante da fé, este imenso amontoado de baixeza e de cobardia com a santidade resplandecente de Deus, com a nobreza do fim para que o homem foi criado, com os ideais cristãos pelos quais o Redentor sofreu a dor e a morte; e depois dizei se a justiça divina pode ainda tolerar tal deformação da Sua imagem e dos Seus desígnios, tal abuso dos Seus dons, tal desprezo da Sua vontade e, sobretudo, tal escárnio do sangue inocente do Seu Filho.

Vigário daquele Jesus que derramou a última gota do Seu sangue para reconciliar o género humano com o Pai celeste, Cabeça visível daquela Igreja que é o Seu Corpo Místico para a salvação e santificação das almas, exortamos-vos a sentimentos e obras de penitência, para que seja dado por vós e por todos os Nossos filhos e filhas do mundo inteiro o primeiro passo para a efectiva reabilitação moral da humanidade. Com todo o ardor do Nosso coração paterno, pedimos-vos o arrependimento sincero dos pecados passados, a plena detestação do pecado e a firme resolução de vos arrependerdes; suplicamos-vos que alcanceis o perdão divino pelo sacramento da confissão e pelo testamento de amor do divino Redentor; suplicamos-vos, enfim, que alivieis a dívida da pena temporal devida aos vossos pecados pelas múltiplas obras de satisfação: orações, esmolas, jejuns, mortificações, de que o próximo Ano Santo oferece fácil oportunidade e convite».

Professor Roberto de Mattei in Corrispondenza Romana (publicado em atrevimentos.pt)


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quarta-feira, 26 de março de 2025

Porque é que Tolkien escolheu o dia 25 de Março para a destruição do Anel?

É pouco provável que muitas pessoas pensem que Frodo Baggins, o diminuto herói d'O Senhor dos Anéis, tenha muito que ver com a época da Quaresma. O que tem um hobbit que ver com o hábito do jejum? O que tem O Senhor dos Anéis que ver com o Senhor que morreu por nós na cruz? O que tem a Terra Média que ver com a razão da época quaresmal?

Estas são boas perguntas às quais J. R. R. Tolkien dá uma pista de resposta quando diz que "O Senhor dos Anéis é, naturalmente, uma obra fundamentalmente religiosa e católica". Como pode isto ser? Como pode uma história sobre hobbits, anões, elfos e feiticeiros ter algo que ver com a vida, morte e ressurreição de Cristo?

A resposta é revelada na data em que o Anel é destruído. O Anel Único para a todos governar e na escuridão aprisioná-los é destruído a 25 de Março. Isto deveria fazer-nos prestar atenção porque 25 de Março é, evidentemente, a festa da Anunciação, a data em que o Anjo do Senhor anunciou a Maria e ela concebeu do Espírito Santo.

É a data em que o Verbo se fez carne e habitou entre nós, a data em que Deus se fez homem. A maioria dos católicos sabe isto, mas poucos sabem que, segundo a tradição, 25 de Março é também a data da Crucificação. É, portanto, não apenas a data em que Deus se fez homem, mas também a data em que Cristo morreu pelos nossos pecados. Tolkien sabia isto. Foi um católico praticante durante toda a sua vida.

Mas o que tem a data da Encarnação e da Crucificação que ver com a destruição do Anel?

O Anel é "o Anel Único para a todos governar e na escuridão aprisioná-los". O Pecado Original é o pecado único para a todos governar e na escuridão aprisioná-los. O Anel Único e o Pecado Único são ambos destruídos na mesma data. Tolkien quer que façamos a ligação. Está a mostrar-nos que o poder do Anel está ligado ao poder do pecado. O Anel é sinónimo de pecado.

Isto significa que colocar o Anel é o acto de pecar. Quando o fazemos, desaparecemos do mundo bom que Deus criou e tornamo-nos visíveis ao demoníaco Senhor das Trevas porque entrámos no seu domínio.

Se usarmos o Anel habitualmente, vivendo em pecado, viciados em estilos de vida destrutivos, a nossa alma começa a encolher e a diminuir. Deixamos de ser o bom hobbit que Deus nos fez ser e tornamo-nos, em vez disso, criaturas miseráveis, como Gollum, que não querem nada senão o pecado que se tornou tão precioso para nós, embora nos torne miseráveis. Por outras palavras, um estilo de vida pecaminoso tem o poder de nos "gollumizar".

Se usar o Anel simboliza viver em pecado, carregar o Anel significa carregar a Cruz. Se somos portadores do Anel e não usamos o Anel, estamos a carregar o peso do pecado sem pecar. Estamos a tomar a nossa cruz e a seguir Cristo.

Frodo Baggins, como o escolhido para ser o portador do Anel, é o portador da Cruz. É, portanto, uma figura de Cristo. É por isso que Tolkien o faz partir de Rivendell a 25 de Dezembro e chegar à Montanha da Perdição (Gólgota) a 25 de Março (Sexta-feira Santa). A jornada de Frodo, ou peregrinação, começa no aniversário de Cristo e termina na data da morte de Cristo.

Terá um hobbit algo que ver com o hábito do jejum? Reflectirá a jornada de Frodo a nossa própria jornada quaresmal até ao pé da Cruz? Será O Senhor dos Anéis uma obra fundamentalmente religiosa e católica? Podem crer que sim!

Joseph Pearce in National Catholic Register


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O que é o 'Angelus' e como rezar?

Angelus (1857-1859) de Jean-François Millet, Musée d’Orsay

Angelus é uma oração em honra da Encarnação de Deus, no dia da Anunciação. Tradicionalmente é rezada três vezes durante o dia: de manhã, ao meio dia e ao entardecer. A oração é constituída de três textos que descrevem o mistério da Encarnação, respondidos com uma Avé Maria e uma oração final. A invocação "Angelus Domini nuntiavit Mariæ", foi retirada do Hino a Nossa Senhora: "Alma Redemptoris".

Não se sabe ao certo a origem do Angelus, mas no séc. XIV já era comum em toda a Europa rezar, ao anoitecer, em louvor da Virgem Maria. Nessa época, os versículos não eram os actuais. Eram assim (só encontrei em latim e inglês):

Ave Maria, gratia plena, Dominus tecum (Hail Mary, full of grace, the Lord is with thee)
Dulcis instar mellis campana vocor Gabrielis (I am sweet as honey, and am called Gabriel's bell)
Ecce Gabrielis sonat hæc campana fidelis (Behold this bell of faithful Gabriel sounds)
Missi de coelis nomen habeo Gabrielis (I bear the name of Gabriel sent from heaven)
Missus vero pie Gabriel fert læta Mariæ (Gabriel the messenger bears joyous tidings to holy Mary)
O Rex Gloriæ Veni Cum Pace (O King of Glory, Come with Peace)

O som dos sinos associado ao Angelus vem de São Boaventura, que determinou à Ordem dos Frades Menores, em 1269, que se tocassem os sinos no lusco-fusco, enquanto se rezava a Avé Maria. 

A prática de rezar também ao meio-dia, por sua vez, é posterior (séc. XV) e foi estimulada por Louis XI (1475), como uma oração pela paz, na medida em que a cristandade se encontrava ameaçada pelo domínio dos turcos. 

Em 1318, o Papa João XXII oficializou o Angelus ao conceder indulgências para quem a praticasse. Em 1724, o Papa Bento XIII, determinou cem dias de indulgência para cada oração do Angelus, com uma plenária uma vez por mês. Era necessário que o Angelus fosse dito de joelhos, (excepto aos Domingos e aos Sábados, quando se devia permanecer de pé) ao som do sino. Essas circunstâncias foram modificadas pelo Papa Leão XIII em 1884. 

Actualmente, é necessário apenas que a oração seja feita nas horas apropriadas, de manhã, ao meio-dia e à noite. A indulgência é concedida mesmo para aqueles que não sabem recitá-la, bastando para isso que digam 5 Avé-Marias em seu lugar.

V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria
R. E Ela concebeu pelo Espírito Santo
Avé Maria...

V. Eis a escrava do Senhor.
R. Faça-se em mim, segundo a Vossa palavra.
Avé Maria...

V. E o Verbo Divino encarnou.
R. E habitou entre nós.
Avé Maria...

V. Rogai por nós, santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

Oremos:
Infundi, Senhor, a vossa graça, em nossas almas, para que nós, que, pela anunciação do Anjo, conhecemos a encarnação de Cristo, vosso Filho, pela Sua paixão e morte na cruz, sejamos conduzidos à glória da Ressurreição. Pelo mesmo Cristo Senhor nosso. Ámen.


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A importância de fazer cerimónia

O hábito moderno de fazer as coisas sem cerimónia não é uma prova de humildade; antes prova que o sujeito não consegue esquecer-se de si mesmo no rito, preferindo estragar o prazer que os outros teriam com o rito.

C.S. Lewis 


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segunda-feira, 24 de março de 2025

Festa de São Gabriel Arcanjo

O grande Mensageiro da Encarnação do Verbo Divino foi quem designou ao Profeta Daniel o tempo, a Zacarias o nascimento, e a Maria Santíssima a sua escolha para Mãe do Redentor do mundo. Eis por que na véspera da Anunciação celebramos a festa deste Arcanjo.

Nos primeiros séculos do Cristianismo, o Arcanjo Gabriel não era honrado com um culto especial. No século IX aparece o seu nome na lista dos santos, unido à festa da Anunciação, mais precisamente, na véspera desta, 24 de Março. A sua festa, por particular concessão da Santa Sé, era celebrada nos Reinos da Espanha antes que esta celebração fosse estendida a toda a Igreja, por Bento XV, em princípios do séc. XX. 

São Gabriel pode ser considerado como o Anjo da Redenção, pois aparece a cada instante para preparar o caminho da vinda do Redentor. Assim, foi ele que anunciou a Daniel o tempo que faltava para a vinda do Messias e a Sua morte na Cruz (Dan 9, 24-26). Depois, anunciou a São Zacarias o nascimento daquele que seria o Precursor do Salvador, como foi dito. Recebeu a insigne missão de participar a Maria Santíssima ter sido Ela escolhida para Mãe do Verbo de Deus encarnado, anunciando-Lhe o mistério da Encarnação. 

Segundo muitos, foi ele que apareceu aos pastores comunicando-lhes o nascimento do Salvador, e em sonhos a São José recomendando-lhe que fugisse para proteger o Menino do ódio de Herodes. Segundo outros, foi ele também que confortou a humanidade santíssima de Cristo na Sua agonia. 

Anjo da Encarnação e da Consolação, na tradição cristã, Gabriel é sempre o Anjo da clemência enquanto Miguel é antes o Anjo do julgamento. Ao mesmo tempo, na Bíblia, Gabriel é, de acordo com o seu nome, o Anjo do Poder de Deus, e é de se notar a frequência com que palavras como grande, poderoso, e forte, aparecem nas passagens a ele referidas...

Plinio Maria Solimeo in 'O Livro dos Três Arcanjos'

Oração a São Gabriel Arcanjo

Vós, Anjo da encarnação, mensageiro fiel de Deus, abri os nossos ouvidos para que possam captar até as mais suaves sugestões e apelos de graça emanados do coração amabilíssimo de Nosso Senhor. Nós vos pedimos que fiqueis sempre junto de nós para que, compreendendo bem a Palavra de Deus e as Suas inspirações, saibamos obedecer-lhe, cumprindo docilmente aquilo que Deus quer de nós. Fazei que estejamos sempre disponíveis e vigilantes. Que o Senhor, quando vier, não nos encontre a dormir! Amém.


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domingo, 23 de março de 2025

Acto de contrição muito útil para a Quaresma

Meu Deus do meu coração, da minha alma, da minha vida, das minhas entranhas, a quem tanto ofendi: tanto meu Deus, e Senhor, que não tem o mar areias, o céu estrelas, o campo flores, as plantas folhas, cujo numero não exceda a multidão sem numero de meus pecados, a variedade sem conto de meus delitos. 

Pequei, Senhor, ofendi-vos, fiz mal na face dos Céus e da terra; afastei-me de vossa Lei, dei as costas à vossa graça, adorei a vossa ofensa, fiz ídolo da minha culpa, corri sem temor nem pejo pelos caminhos do engano, da vaidade, da perdição. Ah meu Deus! quanto me pesa do muito que vos ofendi! Pesa-me do pouco que me pesa, do muito que vos agravei: mais me pesa pela muita ingratidão com que vos tenho agravado, que pelo grande inferno, que tenho merecido. 

Mas que digo, Senhor? nada me pesa, meu Deus : um pesar que me não tira a vida, não é pesar; uma pena que me não arranca esta alma, não é pena; uma dor que me não me parte o coração, ainda não é dor. Quisera ter uma pena das culpas que cometi, tamanha como as minhas culpas. Quisera ter uma mágoa da ofensa. Quisera ter uma dor igual à vossa misericórdia. Quisera com lágrimas de sangue chorar meus grandes pecados, mais pelo que tem de culpa e agravo contra vós, que pelo que tem de dano e perdição contra mim. Quisera, Senhor, que assim como no agravo foi infinita a culpa, fosse no arrependimento infinita a pena. 

Mas onde achei esta ânsia, senão na fonte de vossa graça? Onde acharei esta dor, senão no conhecimento de vossa bondade imensa e de minha maldade infinita? De onde hão-de de vir estas lágrimas, senão do mar de Vossa misericórdia? 

Aqui venho a vossos pés; não olheis o como; não estranheis o quando, não repareis no tarde, olhai somente que venho. Oh que miserável que venho, Senhor! Oh que torpe, oh que abominável! vestido das fealdades de meus pecados, coberto das torpezas de minhas culpas, cheio de abominações e vícios de minha vida! Mas como venho a vossos pés, confiado venho, meu Deus, de achar em vossa misericórdia porto, em vossa piedade amparo, em vossa clemência refúgio, em vossa bondade remédio. 

Por isso, tremendo de vossa justiça, não me valho de outro seguro, mais que do de vossa clemência : não solicito outro abrigo, senão vossa misericórdia : nesta me fio, meu Deus; porque ainda que eu por minha culpa perdi o ser de filho, vós, Senhor, infinitamente bom não perdestes o ser e condição que tendes de Pai. 

Acabe pois, Senhor, em mim vossa graça infinita esta obra, que começou em mim vossa piedade infinita : acuda vossa clemência a esta miserável criatura : tende dó e compaixão desta pobre alma. Proponho com vossa graça emendar a vida, confessar as culpas, perseverar na emenda, perdoar agravos, esquecer-me de injúrias, aborrecer meus vícios, restituir como posso, satisfazer como devo a vossos Mandamentos. 

Espero, Senhor, em vossa bondade infinita me haveis de perdoar todos meus pecados, pela morte e paixão de meu Senhor Jesus Cristo: porque, se nas suas chagas tendes a justiça para me castigar, também tendes a misericórdia para me favorecer. Misericórdia. Misericórdia. Misericórdia.

Composto pelo Padre Frei António das Chagas, Religioso do Seráfico Padre São Francisco da Província dos Algarves, e Pregador Apostólico


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