sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Carta de Santa Catarina de Sena a um homem em pecado mortal

Em nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, caríssimo irmão, eu, Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, vos escrevo no Seu precioso sangue, desejosa de vos ver repudiando o pecado mortal.

É que, de outro modo, não podereis receber a graça divina em vossa alma. Mas nem vós, nem qualquer outra pessoa alcançará a graça sem a iluminação divina (da fé), que dê a conhecer a relevância do pecado e o valor da virtude. Ninguém ama o que desconhece.

Assim, é impossível conhecer e amar algo digno de amor ou repudiar algo digno de repúdio, sem a fé. Portanto, precisamos da luz da fé, que é a pupila da nossa inteligência, supondo que o amor-próprio não a tenha obscurecido. Havendo egoismo na alma, cumpre eliminá-lo, para que nosso olhar interior não seja impedido. Através do amor santo, é preciso afastar o perverso amor da sensualidade, que abafa a graça divina na alma e corrompe toda a actividade. Acontece como numa árvore contaminada, cujos frutos são podres. 

A pessoa cheia de amor sensual perde o sentido da gravidade do pecado mortal. Toda a sua actividade se corrompe, desaparece a sua luz interior. Nas trevas, a alma deixa de ver a verdade. Mais ainda, a sensibilidade espiritual e a tendência da alma são prejudicadas, de modo que as coisas boas lhe parecem más e as más parecem boas. Quem foge do amor a Deus e ao próximo, põe a felicidade nos prazeres e orgias deste mundo. E, quando ama alguém, não o faz por causa de Deus, mas para a própria utilidade. Ao contrário, quem eliminou todo o amor sensual ama o Criador acima de tudo e o próximo como a si mesmo. Mas, para chegar a tal amor, é preciso que a inteligência, iluminada (por Deus), reconheça antes o próprio nada, sua dependência de Deus quanto ao ser e a todo o mais que possui.

Apenas então a pessoa se conhece a si mesma, a própria imperfeição, e como Deus é bom. Também condena a própria imperfeição e a sua fonte, que é o egoísmo. Passa a amar a vida virtuosa por amor do Criador, dispõe-se a sofrer toda dificuldade para não ofender a Deus e não prejudicar a vida na virtude. Enfim, orienta todas as suas actividades espirituais e materiais a Deus. Em qualquer estado de vida se encontre, ama e teme o Criador. Assim, se possui riquezas, alta posição social, filhos, parentes e amigos, tudo considera emprestado, não como coisa sua. E tudo usa disciplinadamente, sem abusos.

Vivendo no matrimónio, comporta-se segundo as normas do sacramento e as leis da santa Igreja. Tendo de conviver com outras pessoas e servi-las, age sem interesses pessoais, sem fingimento, livre e comprometida somente com Deus. Ele regulamenta as faculdades da alma e os sentidos corporais: orienta a memória para recordar-se dos benefícios divinos; a inteligência para conhecer qual é a vontade de Deus, que apenas quer a nossa santificação; a vontade, para amar o Criador acima de toda outra coisa. Assim reguladas as faculdades da alma, põe ordem nos sentidos.

É o que vos peço fazer, caríssimo irmão. Organizai vossa vida, procurai compreender a gravidade do pecado e a imensidão da bondade divina. Se o fizerdes, sereis do agrado divino em todas as condições em que vos encontrardes. Sereis uma árvore frutífera de santas e autêntica virtudes. Já neste mundo começareis a gozar as garantias da vida eterna. 

Julgando eu que de nenhum modo poderemos alcançar a paz, a quietude e a graça (divina) sem a iluminação da fé – que nos permite conhecer a nós mesmos, a gravidade do pecado mortal, a bondade divina e o tesouro das virtudes – afirmei que desejava vos ver repudiando o pecado mortal. Espero que assim façais.

Nada mais acrescendo. Permanecei no santo e doce amor de Deus.

Jesus Doce, Jesus amor.


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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Santa Jacinta Marto

Há 105 anos, no dia 20 de Fevereiro de 1920, foi para o Céu Jacinta Marto, a mais nova dos Pastorinhos de Fátima:

“Gosto tanto de dizer a Jesus que O amo. Quando Lho digo muitas vezes, parece que tenho um lume no peito, mas não me queimo.

Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria.”

Santa Jacinta Marto (Memórias da Irmã Lúcia)


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terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

São Teotónio, o primeiro santo português

18 de Fevereiro é dia de São Teotónio, o santo que ajudou a fundar Portugal. São Teotónio nasceu em Valença, em 1082, tendo sido criado pelo seu tio-avô e Bispo de Coimbra, D. Crescónio. Formado em Teologia e Filosofia em Coimbra e Viseu, tornar-se-ia Prior da Sé desta cidade em 1112.

Peregrinou por duas vezes à Terra Santa. Quando regressou da primeira, foi-lhe oferecido o Bispado de Viseu, que recusou. Ao voltar da segunda, em 1131, fundou com outros dez homens de grande virtude o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, tornando-se o seu primeiro prior, revelando-se um membro eminente e muito admirado, nomeadamente por São Bernardo de Claraval.

Em 1153 o Papa Adriano IV quis fazer de São Teotónio Bispo de Coimbra, seguindo o legado do seu tio-avô, mas o santo recusou.

São Teotónio assumir-se-ia desde cedo como um fervoroso apoiante da independência portuguesa, inclusive como conselheiro de D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal. Tido como homem muito respeitado e de grande valor, terá sido ele a convencer o Rei a libertar milhares de moçárabes que tinham sido feitos cativos na sequência da guerra de Reconquista realizada pelas tropas portuguesas.

São Teotónio foi um importante participante no processo político-religioso que culminaria com o reconhecimento da independência de Portugal pelo Papa Alexandre III em 1179, com a bula “Manifestis Probatum”.

Falecido a 18 de Fevereiro de 1162, não chegaria a assistir a tal momento marcante da História portuguesa, tendo sido sepultado numa capela do Mosteiro de Santa Cruz, junto do túmulo de D. Afonso Henriques.

Em 1163, um ano após a sua morte, o Papa Alexandre III canonizou-o, fazendo de São Teotónio o primeiro santo português. O seu culto foi espalhado pelos agostinianos um pouco por todo o mundo, sendo até aos dias de hoje o santo padroeiro da cidade de Viseu e da respectiva diocese. É ainda padroeiro da sua terra natal, Valença.

No concelho de Odemira, uma extensa freguesia foi também baptizada com o nome do santo, que é também seu padroeiro. A Igreja Católica celebra-o no dia da sua morte, 18 de Fevereiro.

Miguel Louro in 'Nova Portugalidade'


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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

10 coisas que irá perder se for à Missa Tradicional

1. Acólitas 

Pode procurar quanto quiser, não as vai encontrar. A justificação para esta inovação moderna vem do Código de Direito Canónico de 1983, e de uma clarificação vinda de Roma em 1994. No Rito Tradicional – que usa as normas e a liturgia de 1962 – a existência de “acólitas” não é permitida.

2. Leigos leitores 

Apenas o padre – na Missa Rezada – ou o Diácono e Subdiácono – na Missa Solene - podem ler as Leituras e o Evangelho uma vez que, obviamente, esta é uma função litúrgica. De facto, antes da sua supressão pelo Papa Paulo VI em 1972, as ordens menores incluíam a ordem de “Leitor” para este mesmo propósito. Faziam parte do caminho para o sacerdócio.

3. Ministros Extraordinários da Comunhão

Ou, como são erradamente chamados por vezes: Ministros da Eucaristia. No Rito Romano Tradicional não irá encontrar em parte alguma. Verdadeiros exércitos de leigos – muitas vezes mulheres – tomando de assalto o Presbitério, com trajes seculares, para ajudar na distribuição da Sagrada Comunhão. Quando alguém assiste à Missa Tradicional é garantido que apenas receberá Comunhão distribuída pelas mãos consagradas de um sacerdote.

4. Comunhão na mão

Na Missa Tradicional os fiéis recebem a Comunhão tal como todos os Católicos Ocidentais receberam desde o Primeiro Milénio: ajoelhados e na língua. Isto é, claro, um meio através do qual a Igreja demonstra reverência pela Eucaristia e a nossa certeza firme na Presença Real de Nosso Senhor na Eucaristia. É uma forma de proteger a Sagrada Comunhão de ser profanada.

5. Missa rezada de frente para o povo – versus populum

Não acontece na Missa Tradicional. Tal como o piloto de um avião ou o condutor dum carro, o Padre olha na mesma direcção que os fiéis durante a Missa – ad orientem (para Oriente). É importante relembrar que o Santo Sacrifício da Missa é uma acção direccionada a Deus, e não simplesmente uma cerimónia ou uma conversa entre amigos.

6. Má música

Na Missa Tradicional, não vai encontrar “adaptações” de músicas protestantes nem vai ver autênticos “bailes” dentro da Igreja. No Rito Tradicional vai ficar-se pelo silêncio sagrado da Missa Rezada ou, então, vai ouvir os Próprios cantados, Canto Gregoriano ou, até, Palestrina, Mozart e Bach numa Missa Solene.

7. Estar de pé quando é suposto ajoelhar

Ainda que se mantenha de pé em algumas partes da Missa há, no entanto, três ocasiões distintas nas quais irá ajoelhar-se, em vez de estar de pé: durante o Credo – “E encarnou pelo Espírito Santo…”, para receber a Sagrada Comunhão e, também, para a bênção no final da Missa – depois do “Ite, Missa est”.

8. Improviso 

Na Missa Tradicional, não estará sujeito à personalidade do celebrante, tentativas de humor, ou preferências pessoais do sacerdote. As rubricas do Rito Antigo são muito precisas – alguns dirão “rígidas” – e são assim por um bom motivo: o Rito exige obediência e fidelidade. De facto, foi-nos dado – ao padre e também aos fiéis – e, assim, forma-nos em vez de ser formado por nós.

9. Paz de Cristo

No Rito Antigo, não há interrupção da Missa para conhecer ou cumprimentar o sujeito – e, talvez, a sua família - que se senta no banco atrás do seu. Portanto, não haverá nada, neste momento, que vá desviar a sua atenção do Altar. Estamos todos a percorrer a Liturgia, apenas focados em Nosso Senhor na Sagrada Eucaristia.

10. A língua vernácula 

Este ponto deveria ser óbvio, mas é, ainda assim, importante referi-lo. A língua litúrgica do Rito Romano – o Latim – vai ser ouvido na Missa celebrada na Forma Tradicional do Rito, tal como tem acontecido desde o século III. Porém, e obviamente, a homilia – ou sermão – será proferida na língua vernácula.

Brian Williams in liturgyguy.com


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domingo, 16 de fevereiro de 2025

Septuagésima: um tempo perdido pela maior parte dos Católicos

O tempo de Septuagésima, que começa hoje, inclui os Domingos (e as semanas) da Septuagésima, Sexagésima e Quinquagésima, e é um tempo de preparação para a Quaresma. Durante este tempo, embora as regras Quaresma não se apliquem, a cor litúrgica é o roxo (penitência), e não é rezado nem Aleluia nem o Glória in Excelsis, que são sinais de alegria (1). Além disso, os textos deste tempo expressam o seu carácter penitencial.

Já no tempo de São Gregório Magno (+604) existia um período de preparação anterior à Quaresma, que, no séc. VI, começava no Domingo da Septuagésima, e, mais tarde, foi estendido para toda a semana da Septuagésima (2). As Leituras do Evangelho são, especialmente, destinadas a preparar os fiéis para a Quaresma e Tempo de Páscoa (3). 

A importância dos três Domingos percebe-se pelas igrejas escolhidas para a Missa Papal naqueles dias, os três basílicas localizadas fora das antigas muralhas de Roma: São Lourenço, São Paulo e São Pedro, respectivamente. O Ofício [Divino], na Septuagesima, começa com a leitura do livro de Génesis, que, por sua vez, continuará nos Domingos da Quaresma. 

O nome destes três Domingos indicam o tempo que decorre até ao primeiro Domingo da Quaresma, dito Quadragésimo. “Septuagésima” lembra os anos 70 anos de exílio na Babilónia, como sublinhou Amalário de Metz, comentador litúrgico medieval (4). 

Os Ritos Orientais contemplam também um tempo antes da Quaresma, que é de grande antiguidade. O "Domingo da Carne" introduz a abstinência da carne. O "Domingo do Queijo" inaugura a abstinência de ovos e lacticínios.

O tempo de Septuagésima está também indicado no 'Book of Common Prayer' anglicano e faz parte da prática histórica em muitas "igrejas" luteranas.

A Constituição Sacrosanctum Concilium, do Concílio Vaticano II, comenta o ano eclesiástico deste modo: “Reveja-se o ano litúrgico de tal modo que, conservando-se ou reintegrando-se os costumes tradicionais dos tempos litúrgicos, segundo o permitirem as circunstâncias de hoje, mantenha o seu carácter original para, com a celebração dos mistérios da Redenção cristã, sobretudo do mistério pascal.” (5)

É surpreendente, por tanto, que o Consilium (NT: comissão encarregue pela Reforma Litúrgica), após o Concílio, tenha decidido abolir o tempo de Septuagésima, ainda para mais fazendo este parte da preparação para a Páscoa. O Arcebispo Bugnini recorda a discussão sobre este tema: 

"Houve desacordo sobre a supressão do tempo da Septuagésima. Alguns viam essas semanas como uma preparação para a Páscoa. Em dada ocasião, Paulo VI comparou o conjunto composto pela Septuagésima, Quaresma, Semana Santa e Tríduo com os sinos que chamam os fiéis para a Missa de Domingo: esses assinalam quando falta uma hora, depois meia-hora, depois um quarto de hora e por fim cinco minutos para a Missa, o que tem um importante efeito psicológico e prepara os fiéis, material e espiritualmente, para a celebração da liturgia. Naquela época, no entanto, a opinião predominante era que deveria haver uma simplificação: a Quaresma não poderia ser restaurada na sua plenitude importância sem sacrificar a Septuagésima, que é uma extensão da Quaresma." (6)

Fœderatio Internationalis Una Voce - Positio nº 20

(1) O Aleluia é substituído, como na Quaresma, por um Tracto.

(2) Lauren Pristas, “Parachuted into Lent”, em Usus Antiquior, vol. 1, n. 2, 2010, pp. 95-109, onde cita Camille Callewaert e São Gregório Magno (p. 96). Cfr. Homiliae in evangelia XIX.1, e Callewaert L'oeuvre liturgique de Saint Grégoire: la septuagésime et l’allelluia (Louvain, Université Catholique de Louvain, 1937), p. 648 e n. 46.

(3) As leituras do Evangelho dos três Domingos são, respectivamente, a parábola do
trabalhadores da vinha (Mt 20, 1-16), a parábola do semeador (Mt 13, 1-23) e Jesus a caminho de
Jerusalém, com a cura de Bartimeu (Lc 18, 31-43).

(4) Amalarius, De ecclesiasticis officiis, I.1, PL 105.993 ss.

(5) Concílio Vaticano II, Constituição Sacrosanctum Concilium (1963), n. 107.

(6) Bugnini, A., A Reforma do Liturgia. 1948-1975 (trad. Inglês, Collegeville MN, The Liturgical
Imprensa, 1990), p. 307, n. 6. No texto principal, falando sobre o decisões do Consilium em 1965, escreve que “na sua maioria os textos presentes permanecerão inalterados". No entanto, embora isso tenha sido apoiado por consultores cuja opinião havia sido solicitada, revelou-se impossível. O plano de uma série contínua dos Domingos do “tempo comum” antes e depois da Quaresma e do tempo Pascal, significava que um Domingo cai, em determinado ano, imediatamente antes da Quaresma, enquanto noutro ano cai depois do Pentecostes, ou várias semanas antes da Quaresma. Tendo decidido suprimir a Septuagésima como tempo litúrgico separado, os formulários da Missa já não puderam ser retidos no lugar apropriado e, assim, perderam-se. O processo de discussão e o seu resultado são analisados
em detalhes por Pristas, “Parachuted into Lente”, cit.


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sábado, 15 de fevereiro de 2025

Hoje é Sábado de Enterro do Aleluia

Aleluia (do hebr. = Louvai a Deus) é uma aclamação de júbilo, frequentemente usada nos salmos, e adoptada, desde os tempos primitivos do cristianismo, na Liturgia. No Rito romano é suprimido o Aleluia nos Ofícios pelos defuntos e desde a Septuagésima até ao Sábado Santo, o "Sábado de Aleluia".

Existem vários costumes relacionados com a supressão do Aleluia da Liturgia no Domingo da Septuagésima. Nos livros litúrgicos romanos, isso é feito da maneira mais simples possível: no final do Ofício das Vésperas do sábado anterior ao Domingo da Septuagésima, o “Alleluia” é acrescentado duas vezes ao final do “Benedicamus Domino” e “Deo gratias”, que são cantados em tom pascal, sendo substituído pelo Laus tibi Domine, rex aeternae gloriae, no início das horas canónicas. A palavra é então abandonada completamente na Liturgia até a Vigília Pascal.

Em alguns usos medievais, entretanto, o Aleluia foi acrescentado ao fim de cada antífona destas Vésperas. E nos tempos em que a participação do povo na Liturgia era mais intensa, fazia-se, em alguns países, o “enterro” do Aleluia com certa solenidade (antífona e oração próprias) ou até com cerimónias especiais, por exemplo, imitando um enterro cristão. Assim vários costumes, alguns formalmente incluídos na liturgia e outros não, cresceram em torno dessa despedida do Aleluia.

Um dos costumes mais populares é o enterro do Aleluia. Para isso, costuma-se proceder do seguinte modo:

1. Escreve-se a palavra “Alleluia” num grande pedaço de pergaminho e depois das Vésperas enterravam-no no adro da igreja, para que possa ser desenterrado novamente no Domingo de Páscoa.

2. Coloca-se o pergaminho “Alleluia” numa caixa (caixão). Caso contrário, nalgum plástico para garantir que não se estrague.

3. Enterra-se o caixão do Alleluia no chão.

E pode ainda acrescentar-se uma cruz de madeira sobre o túmulo de Aleluia e escreve-se: “Aqui jaz o Alleluia”. Desenterra-se o Aleluia no Domingo de Páscoa!

O enterro é feito com uma procissão da igreja até ao seu adro, onde é feito o enterro. O espírito de tal cerimónia é realmente o de despedida. Quem reza o Breviário vai à Missa Tradicional percebe e sente a falta dessa manifestação de alegria e júbilo na Liturgia, pois a supressão do Aleluia marca o início de várias outras supressões e mudanças na Liturgia até o Tríduo Pascal.







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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

A Irmã Lúcia e o Cônsul português em Espanha

20 anos da morte da Irmã Lúcia, a mais velha dos pastorinhos. Vale a pena conhecer este episódio da sua vida - A Irmã Lúcia e o Cônsul português em Espanha

O contexto é: 1945, a Irmã Lúcia ainda era irmã doroteia em Tuy. É sobre um cônsul português em Espanha que, contrariado, acompanha a Embaixatriz Brasileira, numa visita ao convento. Durante esta visita foi mudando de opinião e passado alguns dias volta com a mulher.

Passaram toda a tarde sentados, à sombra, no jardim. O Senhor Cônsul contou à Irmã Lúcia, em síntese, o percurso da sua vida. De ideias comunistas e depois de ter exercido a diplomacia por vários países, onde essas ideias se tinham tornado mais arraigadas, tinha sido enviado para a Espanha, onde não se encontrava muito a seu gosto. Lúcia descreve-nos o tema da conversa:

- Exercendo a sua carreira, percorreu várias Nações; para esclarecer as suas ideias comunistas, fez algumas viagens à Rússia, e agora, dizia lamentando-se: «tive a infelicidade de ser enviado para uma nação onde o comunismo não é compreendido», e continuava lamentando a situação dos pobres, sujeitos a ser criados dos ricos, sem possibilidades para se elevar na sociedade igualando-se, etc. Depois de ter ouvido, interrompi e perguntei:

- Está o Sr. Cônsul disposto a distribuir todos os seus bens pelos pobres para que se elevem e se lhe igualem?

Depois de um momento de silêncio respondeu:

- Irmã, não é bem isso.

- Não é bem isso? Porque então acabámos nós de assistir em Espanha à morte violenta de tantos capitalistas, dizendo que era para distribuírem esses bens pelos pobres e nunca em Espanha se viu tanta miséria! Onde estão esses capitais?

- Vejo que a Irmã é uma adversária!

- Sim , Sr. Cônsul e não vale a pena discutir.

Aproveitando o momento, sem perder tempo, sempre com os olhos fitos no bem de quem dela se aproximava, perguntou ao Sr. Cônsul se tinha fé. Ele confessou não a ter perdido de todo, mas que já tinha esquecido tudo o que aprendera para a Primeira Comunhão. Por ser de Braga tinha muito devoção a Nossa Senhora do Sameiro – era a sua Madrinha.

Com a permissão da Superiora, a Irmã Dores foi buscar um catecismo que ofereceu ao seu ilustre visitante, pedindo que recordasse o Pai Nosso e a Avé Maria, enquanto ela faria dois terços, para ele e a esposa poderem rezar, e pediu a promessa de o fazerem. Então ouviu com surpresa que, às vezes, escutavam a transmissão das cerimónias de Fátima, e ele confessou que se comovia, ao ouvir aquela multidão a rezar.

Passados uns cinco meses do primeiro encontro, tiveram uma grande surpresa. Deixemos que a Pastorinha nos diga essa grande alegria. Foi no dia 8 de Abril de 1946.

Indo neste dia ao Consulado, por motivo de certa documentação, como de costume o Sr. Cônsul recebe-nos com singular satisfação e conduz-nos à sala de trabalho, aí disse:

- Sabe Irmã, estamos resolvidos a confessar-nos e a comungar, mas com a condição que a Irmã nos arranje um confessor português.

- Isso não é nada difícil. Aqui mesmo em Carvalhinho está um sacerdote português que costuma vir a Tuy com certa frequência. É franciscano, Fr. Luís, vou ver se ele poderá para o próximo dia 13, aniversário do seu casamento, não acha que seria uma linda maneira de festejar esse dia?

- Ó! E como foi a Irmã lembrar-se dessa data?

E notei que se comovia.

De volta a casa, contactou o Sacerdote que se disponibilizou não só a confessar o casal, mas a fazer-lhes uma boa preparação, durante três dias para recomeçarem a sua vida cristã. E no dia 13 de manhã, a Irmã Dores teve a consolação de os ver à Mesa da Comunhão, depois de se terem confessado na capela da casa de Tuy. Que alegria para o seu coração poder ajudar a reencaminhar estas almas a Deus!

in 'Um caminho sob o olhar de Maria', cap. 14, p.288


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terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Há 12 anos estas palavras chocaram o mundo: A renúncia do Papa Bento XVI

Caríssimos Irmãos,

convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. 

Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. 

Por isso, bem consciente da gravidade deste acto, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.


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sábado, 8 de fevereiro de 2025

Breves tópicos sobre Direcção Espiritual

Será necessária a Direcção Espiritual para alcançar a Santidade?

1. É verdade que muitos Santos tiraram dela grande proveito, mas também é verdade que houve muitos outros Santos que dela prescindiram ou não a conheceram. Pelo que este tipo de assistência apesar de poder ser altamente recomendável para muitos, para outros poderá não sê-lo. Nos dias de hoje, é, isso sim, imprescindível, exceptuando casos excepcionais, a Confissão Sacramental periódica, tanto quanto possível recorrendo a um confessor habitual.
 
2. O Director Espiritual, mesmo quando não é confessor, uma vez que trata do foro interno, não pode fazer qualquer uso, directo ou indirecto, do conhecimento que adquiriu sobre a pessoa. Por exemplo não poderá pronunciar-se sobre aqueles que atende, seja nos Seminários seja na vida Religiosa seja mesmo na vida laical. É certo que não está sujeito à pena de excomunhão caso infrinja essa obrigação, mas está sujeito à culpa do pecado. Tanto o confessor como o director espiritual têem o dever de não se pronunciar sobre os seus ‘dirigidos’.
 
3. O ‘dirigido’ não está sujeito a qualquer tipo de obediência ao seu director. Por outras palavras, o director pode aconselhar, dar orientações, sugestões, mas não pode exigir obediência. Nem pode, muito menos, tomar decisões substituindo-se ao ‘dirigido’, abusando assim do seu papel.
 
4. A direcção Espiritual existe para acompanhar o que o Espírito Santo está operando no ‘dirigido’ ajudando-o a discernir o melhor caminho para se unir cada vez mais ao Amor de Deus - O Tratado do Amor de Deus de S. Francisco de Sales deveria ser de leitura obrigatória para todos os Sacerdotes que atendem as almas (e já agora, também a sua Introdução à Vida Devota).
 
Como coadjuvante, uma obra de grande Caridade que consiste em ajudar o ‘dirigido’ a descobrir os pecados de que o próprio não tem consciência, e discernir as raízes desses e de outros para poder superá-los. É verdade que, pelo menos em parte, amigos, familiares ou outras pessoas com quem se vive poderão, e muitas vezes o fazem, auxiliá-lo, por pura caridade, ao mesmo. Mas habitualmente isso é mal recebido porque é interpretado como uma agressão, uma depreciação ou mesmo um aviltamento...
 
5. Muito mais haveria a dizer, mas como estou tratando somente de alguns aspectos e em tópicos, fico por aqui.

Padre Nuno Serras Pereira


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São João da Mata, libertador dos cristãos prisioneiros dos Mouros

São João da Mata nasceu na Provence (França), a 23 de Junho de 1160, de nobre família. As armas da casa de Mata, representavam um cativo carregado de correntes com estas palavras como divisa: ‘Senhor, livrai-me destas correntes’.

Enquanto a sua mãe aguardava o seu nascimento, um dia em que se recomendava particularmente à Santíssima Virgem, Nossa Senhora apareceu-lhe dizendo: ‘Não temas, tu darás ao mundo um filho que será santo e o redentor dos escravos cristãos. Será pai de um grande número de filhos que cumprirão o mesmo ministério para a salvação das almas’.

Os seus pais educaram-no no amor de Deus e da Virgem, e desde cedo o menino correspondeu aos seus cuidados. Fez os estudos na Universidade de Aix e ao voltar para casa decidiu retirar-se para o deserto, escolhendo a região de Beaune, onde Santa Madalena vivera em penitência. O demónio assaltou-o rudemente, mas foi vencido por uma coragem semelhante a de Santo Antão e de outros solitários.

Após um ano de solidão, Nosso Senhor recomendou-lhe que fosse acabar os seus estudos porque queria servir-Se dele. João foi para a Universidade de Paris cursar teologia. Um dia em que rezava ante um crucifixo no convento de São Vítor, ouviu uma voz que lhe disse por três vezes: ‘Procura a sabedoria, ó Meu filho, e alegra o Meu coração’. Ele voltou aos estudos com novo vigor e tornou-se tão versado, que os mestres da universidade lhe ofereceram o chapéu de doutor. Ele ao princípio recusou. Mas São Pedro apareceu ordenando-lhe que o aceitasse em nome do Senhor. Enquanto lecionava teologia, S. João da Mata foi ordenado sacerdote.

Quando o Bispo lhe impôs as mãos dizendo: ‘Aceita o Espírito Santo’, uma bola de fogo apareceu sobre a sua cabeça. No dia da sua primeira Missa, no momento da Elevação, a assistência admirada viu surgir sobre o altar um Anjo vestido de branco, trazendo no peito uma cruz vermelha. Ele estendia as suas mãos cruzadas sobre dois cativos dos quais um era cristão e o outro mouro. São João explicou então que Deus o chamara a fundar uma Ordem para a redenção dos cativos. Para isto, então, dirigiu-se ao Papa Celestino III.

Nesse tempo, São Domingos de Gusmão estudava em Palência. Um dia, uma pobre mulher veio pedir-lhe uma esmola para ajudá-la a resgatar um dos seus irmãos que era escravo dos mouros. O santo, que nada tinha para dar, ofereceu-se ele mesmo. E como a mulher não quisesse vendê-lo, São Domingos lançou-se aos pés de um crucifixo implorando a Deus que viesse em socorro do cativo e dos outros escravos cristãos. Então, o Crucifixo respondeu-lhe em alta voz: ‘Meu filho, não é a ti que quero encarregar desta obra, mas a João, doutor em Paris. Eu reservo-te outro ministério, que exercerás entre os cristãos’.

Mais tarde São João e São Domingos encontraram-se em França, quando aí estabeleceram as suas ordens. São João partira de Roma. Em Focon, encontrou São Felix de Valois, que a ele se associou para a consagração dos seus desígnios.

No dia da Purificação da Virgem, 2 de Fevereiro de 1198, Inocêncio III em pessoa deu-lhes o hábito da nova ordem. Ao vesti-los, disse-lhes que as três cores que o compunham eram o símbolo da Santíssima Trindade. O branco representando o Pai; o azul, o Filho; e o vermelho, o Espírito Santo. E acrescentou as palavras: ‘Haec est ordo aprobata, non a sanctis fabricata, sed a Deus solo - Esta é uma Ordem aprovada, feita não por santos, mas exclusivamente por Deus’.

Os dois santos retiraram-se para França onde fundaram o mosteiro de Cerfroid e entregaram-se ao seu trabalho. As suas lutas foram inenarráveis, sendo acompanhadas de numerosos milagres. É conhecido aquele em que os mouros de Túnis retiraram as velas do navio que levaria São João a Roma. Este fez do seu manto uma vela; o barco foi conduzido em seis horas às costas da Itália.

Fundou ainda este santo numerosos conventos e pregou a Cruzada contra os albigenses.

Tendo Inocêncio III convocado um concílio em Latrão, o rei Filipe Augusto escolheu São João da Mata para seu teólogo. Mas Deus já o queria no Céu, pois o santo caiu doente, vindo a falecer a 17 de dezembro de 1213. Foi canonizado por Urbano IV em 1262.

Texto extraído de uma biografia de Darras, da 'Vida dos Santos'


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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Oração de abandono a Jesus

Dulcíssimo Jesus, eu queria amar-Vos de todo o coração. 
Tenho muita pena de Vos ter ofendido.

Para suprir as minhas faltas de amor, eu Vos ofereço o amor de S. Pedro, S. Paulo, S. João, Maria Madalena e de todos os Vossos Apóstolos e Santos.
Sobretudo, ofereço-Vos o amor de Maria Santíssima e de S. José.
Em nome de todos estes Santos peço-Vos, oh meu Jesus, o Vosso Divino Amor e a Vossa Poderosa Protecção em tudo.

Quereis entrar em todas as casas, pois querei entrar nesta minha pobre casa também e ficar comigo para sempre.
Recebo-Vos com aquele amor com que Vos recebeu Zaqueu, com a mesma alegria de Marta e Maria Madalena, com a mesma imensa ternura com que Vossa Mãe Maria Santíssima Vos recebia ao entrardes na casa de Nazaré.
Dai-me as mesmas graças que lhes destes a eles.

Concedei-me acima de tudo a graça duma feliz e santa morte.
Vinde pois, Amabilíssimo Jesus, ficai comigo, abençoai-me e protegei-me contra todos os males, perigos e tentações.

Sagrado Coração de Jesus, eu tenho confiança em Vós, confiança para tudo, confiança para sempre.



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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Bispo Strickland publicou uma carta em defesa do Rito Tradicional

A Missa Tradicional há muito tempo que é considerada o pináculo da reverência e uma expressão profunda da tradição sagrada da Igreja. Ao publicar a 'Traditionis Custodes', que limitou o acesso à Missa Tradicional, o Papa Francisco afastou aqueles fiéis que encontram um alimento espiritual mais profundo nesta forma de culto. 

E procurou diminuir o rico património litúrgico da Igreja que promove a reverência e a continuidade com as gerações passadas. 



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Os Evangelhos são os textos mais fiáveis da Antiguidade

Entre as obras antigas, por ex. a Eneida de Virgílio, escrita pelo poeta Virgílio no séc. I antes de Cristo, a cópia mais antiga que possuímos é do séc. IX, depois de Cristo, ou seja 900 anos depois de ter sido escrito o texto original. 

Dos textos de Platão, filósofo grego que viveu entre os séculos V e IV, antes de Cristo, possuímos apenas cópias medievais, dos séculos X e XI, depois de Cristo. Portanto, cerca de 1400 anos depois de ter sido escrito o texto original.

Dos Evangelhos existem mais de 50 códices dos séculos III, IV e V, leccionários do séc.VIII e uma grande colecção de códices medievais. No total são cerca de 5000 cópias.

Podemos concluir que as cópias que possuímos dos Evangelhos se encontram bastante perto dos textos originais. Isto tanto pela proximidade cronológica como pela quantidade de cópias que existem.



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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Cortesia e humildade

A cortesia não se destaca das outras virtudes; antes pelo contrário, é uma qualidade que se encontra em todas elas. Tem algo que ver com reverência, humildade e castidade. 

É moldada pela caridade, o molde de todas as virtudes, para a qualidade da misericórdia. É a beleza de uma vida de valor e generosa.

A cortesia é, acima de tudo, reverência para com o seu semelhante.

Num cavalheiro cristão, é o hábito tornado possível pela fé e pela caridade, um olhar que vê em todo o homem, grande ou pequeno, a brilhante imagem da Trindade, um irmão pelo qual morreu Cristo.

O indivíduo cortês tem uma atitude de “adoração” para com o seu semelhante: por pequenas atitudes de gentileza, ele realça a sua importância, a sua dignidade, como pessoa humana.

No rito do casamento - “eu te amo com o meu corpo” - rende-se cortesia à esposa no próprio acto da consumação do amor pelo matrimónio. O cavalheirismo e o decorrente respeito são a própria essência do amor do noivo.

A cortesia está intimamente ligada à humildade.

G. K. Chesterton in 'Laughter and Humility'


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terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Guerra Civil Espanhola: o que os Comunistas fizeram aos Católicos foi um Genocídio

Os massacres de sacerdotes católicos de 1936 a 1939 foram um plano estratégico para desmantelar a Igreja Católica, que eles viam como um inimigo a ser destruído, escreve o padre Jorge López Teulón (em Religion E Libertad). A decapitação da elite inimiga, por exemplo, foi uma das razões para o massacre de Katyn, perpetrado pelos Soviéticos em 1940.

A existência de uma estratégia para eliminar fisicamente um grupo social está em consonância com a definição do crime de genocídio no Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, cujo Artigo 6.º define como tal "os seguintes actos praticados com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal", citando em particular o assassinato de membros do grupo.

Dos 292 sacerdotes assassinados da Arquidiocese de Toledo (48% do total do clero diocesano), apenas cerca de 20 estavam envolvidos no campo social e político. A maioria dos sacerdotes assassinados eram párocos da população rural.

Outro exemplo é o dos 51 mártires Claretianos de Barbastro, beatificados em 1992. Eram membros de um seminário que, em 20 de Julho de 1936, era composto por 9 sacerdotes, 39 seminaristas e 12 irmãos missionários. Um total de 60 membros. Cinquenta e um deles foram assassinados: os 9 formadores sacerdotais, 37 estudantes de teologia e 5 irmãos.

7 dos frades sobreviveram porque estavam fora de casa, e dois estudantes foram libertados por serem argentinos. A grande maioria eram jovens entre os 21 e os 25 anos.

Estes são os seus nomes e idades (no dia em que foram assassinados):

2 de Agosto de 1936

Padre Felipe de Jesus Munárriz Azcona (61 anos)
Padre Juan Díaz Nosti (56 anos)
Padre Leoncio Pérez Ramos (60 anos)

12 de Agosto de 1936

Padre Sebastián Calvo Martínez (33 anos)
Padre Pedro Cunill Padrós (33 anos)
Padre José Pavón Bueno (35 anos)
Padre Nicasio Sierra Ucar (45 anos)
Seminarista Wenceslao Claris Vilaregut (29 anos)
Irmão Gregorio Chirivás Lacambra (56 anos)

13 de Agosto de 1936

Padre Secundino Ortega García (24 anos)
Seminarista Javier L. Bandrés Jiménez (23 anos)
Seminarista José Brengaret Pujol (23 anos)
Seminarista Antolín Calvo y Calvo (23 anos)
Seminarista Tomás Capdevila Miró (22 anos)
Seminarista Esteban Casadevall Puig (23 anos)
Seminarista Eusebio Codina Millas (21 anos)
Seminarista Juan Codinachs Tuneu (23 anos)
Seminarista Antonio Dalmau Rosich (23 anos)
Seminarista Juan Echarri Vique (23 anos)
Seminarista Pedro García Bernal (25 anos)
Seminarista Hilario Llorente Martín (25 anos)
Seminarista Ramón Novich Rabionet (23 anos)
Seminarista José Mª Ormo Seró (22 anos)
Seminarista Salvador Pigem Serra (23 anos)
Seminarista Teodoro Ruiz de Larrinaga García (23 anos)
Seminarista Juan Sánchez Munárriz (23 anos)
Seminarista Manuel Torras Sais (21 anos)
Irmão Manuel Buil Lalueza (21 anos)
Irmão Alfonso Miquel Garriga (22 anos)

15 de Agosto de 1936

Seminarista José Amorós Hernández (23 anos)
Seminarista José Mª Badía Mateu (23 anos)
Seminarista Juan Baixeras Berenguer (22 anos)
Seminarista José Blasco Juan (24 anos)
Seminarista Rafael Briega Morales (23 anos)
Irmão Francisco Castán Meseguer (25 anos)
Seminarista Luis Escalé Binefa (23 anos)
Seminarista José Figuero Beltrán (25 anos)
Seminarista Ramón Illa Salvía (22 anos)
Seminarista Luis Lladó Teixidor (24 anos)
Irmão Flaviano Manuel Martínez Jarauta (23 anos)
Seminarista Luis Masferrer Vila (24 anos)
Seminarista Miguel Masip González (23 anos)
Seminarista Faustino Pérez García (25 anos)
Seminarista Sebastián Riera Coromina (22 anos)
Seminarista Eduardo Ripoll Diego (24 anos)
Seminarista José Ros Florensa (21 anos)
Seminarista Francisco Roura Farró (23 anos)
Seminarista Alfonso Sorribes Teixidor (23 anos)
Seminarista Agustín Viela Ezcurdia (22 anos)

18 de Agosto de 1936

Seminarista José Falgarona Vilanova (24 anos)
Seminarista Atanasio Viadaurreta Labra (25 anos)

Desde 1931, os sacerdotes e religiosos na "Segunda República Espanhola" estavam incertos quanto ao seu futuro. A hostilidade e o assédio eram constantes. Os Claretianos de Barbastro estavam muito conscientes de que poderiam tornar-se mártires, e prepararam-se para o martírio.

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