O Embaixador de Portugal junto da Santa Sé, António Almeida Ribeiro, projecta a vinda do Papa Francisco a Portugal, por ocasião do centenário das Aparições, em Fátima, no ano 2017.
As funções de Embaixador junto da Santa Sé são muito diferentes das funções em outras embaixadas onde já trabalhou?
Sim, são funções com uma natureza especial, ligadas à tradição católica de Portugal. O Vaticano é também um Estado e não é só a sede da Igreja Católica. Como tal, o Papa é também um chefe de Estado e, por isso, temos a presença de um Embaixador português, junto da Santa Sé, tal como a Santa Sé tem um representante – Núncio Apostólico – em Portugal.
Portugal é um país de tradição católica e é natural que tenhamos com a Santa Sé uma relação estreita. Essa relação vem desde o ano 1179, com a bula Manifestis probatum, do Papa Alexandre III, que declara a independência do, então, ‘Condado Portucalense’. Este facto torna Portugal num dos países com relações mais antigas com a Santa Sé. Temos também os acontecimentos de Fátima, que nos aproximaram mais nos últimos 100 anos. A Igreja Católica tem um papel universal e isso é muito relevante em Portugal. Tudo isso faz com que uma presença permanente no Vaticano tenha sentido.
Quais as principais funções desta embaixada?
O dia a dia nesta embaixada é bastante diferente de uma outra representação diplomática pelo mundo. A nossa primeira função é estarmos presentes e representarmos Portugal no Vaticano, sobretudo nas cerimónias para as quais o corpo diplomático é convidado. Para além disso, a função do embaixador é de procurar manter e reforçar, a todos os níveis, as relações que existem, procurando pontos de comum interesse, projetos comuns, promover contactos ao mais alto nível entre os governos de Portugal e os responsáveis da Santa Sé.
Nesta embaixada destaco uma função muito importante que é a actividade cultural que se desenvolve com o Instituto de Santo António dos Portugueses, em Roma. Segundo a legislação em vigor, o Embaixador de Portugal junto da Santa Sé é o ‘Patrono e Protector’ do Instituto e, como tal, compete-lhe promover e apoiar as iniciativas organizadas, nomeadamente em matéria cultural. O Instituto de Santo António dos Portugueses tem uma ação notável na área cultural, quer através de concertos que são feitos ao longo de todo ano – normalmente ao Domingos, porque a Igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma, dispõe de um órgão extraordinário, que é reconhecido como um dos melhores que existem em Roma e até na Europa –, quer através de outras iniciativas, tais como lançamentos de livros, conferências e exposições, que são uma constante da actividade do instituto, sempre em colaboração com a Embaixada Portuguesa junto da Santa Sé.
Quase a completar dois anos como Embaixador de Portugal junto da Santa Sé, qual o balanço que faz?
Muito positivo. Penso que Portugal tem mantido a sua visibilidade junto das instâncias da Santa Sé a um nível muito evidente e claro. Devo recordar a vinda do Presidente da República à cerimónia do início do Pontificado do Papa Francisco e, posteriormente, a presença do Ministro dos Negócios Estrangeiros na cerimónia de Canonização de João Paulo II e de João XXIII. São dois exemplos da relevância e do nível de relacionamento entre os dois Estados.
As relações entre Portugal e a Santa Sé estão a correr muitíssimo bem. Há uma Concordata que funciona. Há uma comissão bilateral permanente que reúne regularmente em Lisboa, com representantes do Governo Português e da Santa Sé e todos os aspectos da Concordata são ali tratados e a Concordata é aplicada. É mais um exemplo de como as relações funcionam a um nível impecável e sem qualquer sobressalto.
in patriarcado-lisboa.pt
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