sexta-feira, 5 de abril de 2024

São Vicente Ferrer: o "Anjo do Apocalipse"

Recebeu, durante uma visão, a ordem de Nosso Senhor para pregar pelo mundo inteiro a verdadeira Fé, sendo favorecido largamente com o dom dos milagres. Os seus inflamados sermões atraíam multidões, obtendo a graça de incontáveis conversões, inclusive de judeus e maometanos

São Vicente Ferrer nasceu em 1350, em Valência, cidadela do catolicismo numa Espanha que se encontrava ainda em guerra contra o maometano invasor. A sua casa natal não era distante do Real Convento da Ordem dos Pregadores. Isto favoreceu a decisão do jovem Vicente de vestir o hábito dos dominicanos.

A partir da sua profissão religiosa, em 1368, até ser ordenado sacerdote, em 1374, alternou o estudo e o ensino da filosofia com a aprendizagem da teologia em Lérida, Barcelona e Tolosa. Com perfeito conhecimento da exegese bíblica e da língua hebraica, regressou a Valência, onde ensinou teologia, escreveu, pregou e aconselhou.

Anos mais tarde, em Avignon (França), caiu gravemente doente a ponto de quase falecer. Foi quando teve a visão de Nosso Senhor Jesus Cristo, acompanhado de São Domingos e São Francisco, conferindo-lhe a missão de pregar pelo Mundo. E, repentinamente, recuperou a saúde. A 22 de Novembro de 1399, deixou aquela cidade francesa para levar ao Ocidente a Palavra de Deus. E, em meio à grande crise espiritual na qual estava imersa a sociedade daquela época, passou a derramar tesouros de sabedoria.

Com efeito, a França encontrava-se assolada pela Guerra dos cem anos; na Itália havia os conflitos entre guelfos e gibelinos; as regiões espanholas de Castela e Aragão estavam mergulhadas na anarquia; e fora das fronteiras da cristandade havia o perigo maometano. Nessas condições, percorreu inúmeras aldeias e cidades dos citados países, chegando até à Suíça.

A sua oratória, brilhante e cheia de fogo, mantinha entretanto a lógica imperturbável das argumentações escolásticas. Mas a atracção que as pessoas sentiam pelas suas palavras era devida principalmente a dois factores: a percepção da presença de Deus nele e o enlevo, cheio de consolações, ocasionado pela graça divina.

Graças à sua voz as inimizades públicas cessavam, os pecadores sentiam-se movidos ao arrependimento e as pessoas sedentas de perfeição seguiam-no. O auditório das suas pregações era sempre de multidões, às vezes mais de 15000 pessoas, portanto ao ar livre. Contemporâneos do Santo relatam que, falando na sua própria língua, era entendido mesmo pelos que não a conheciam.

Dez mil pessoas oscularam as suas mãos em onze dias

Nos dias em que São Vicente Ferrer pregou em Toulouse, por exemplo, não houve pregador que quisesse fazer sermão, porque toda a gente ia atrás do Santo. E sendo tão grande o afluxo de pessoas, que não podiam acomodar-se bem no claustro do convento onde ele falaria, o Arcebispo pediu que ficasse hospedado no seu palácio e pregasse na praça de Santo Estêvão, onde podia caber público maior.

Condescendeu o Santo, pelo facto de pertencer o Arcebispo à sua Ordem religiosa, e foi para o palácio. Pregou quase todos os dias e celebrou Missa solene na referida praça, à qual acudiam as pessoas com tão grande empenho que, para conseguir lugar, se levantavam à meia-noite e para lá iam com archotes, cada um trazendo seu próprio assento.

Porque, embora se diga que era ouvido de longe como de perto, e assim o era comumente, todos queriam estar próximos dele, para vê-lo bem e observar como oficiava as cerimónias religiosas, como curava os doentes que vinham ao palanque onde se encontrava e, finalmente, para poder beijar-lhe as mãos, logo que terminava o sermão, e voltar para casa tendo recebido a sua bênção.

Num vilarejo, as dez mil pessoas que se reuniram para ouvi-lo puseram-se a oscular a sua mão, repetindo tal gesto nos onze dias subsequentes. Referia todas essas a Deus, e dizia com o coração e com os lábios: "Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini tuo da gloriam - Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória" (Salmo 113).

Para evitar a vanglória que de tais honras lhe poderia advir, antes de entrar nas diversas localidades, seguindo o conselho do Divino Mestre que diz: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação" (Mt 26, 41), ajoelhava-se com os que vinham à sua companhia e, as mãos postas em oração, erguia os olhos ao céu. Provavelmente rogava a Deus que o guardasse da soberba e da vanglória, a qual, como afirma Santo Agostinho, está sempre espreitando as nossas boas obras, para que percam os seus méritos diante de Deus.

Estava o santo tão longe de comprazer-se com a honra que lhe prestavam e com a autoridade que lhe davam, que, algumas vezes, pedindo-lhe os enfermos a bênção para alcançar de Deus a saúde, não queria dá-la, a fim de fugir da vanglória; se bem que, depois, movido de misericórdia, fazia o que lhe rogavam e os despedia muito contentes.

Para não ser esmagado, andava no meio de um quadrado de madeira

Ao chegar perto de uma cidade, a população vinha ao seu encontro, e todos disputavam um lugar próximo dele. E só escapava de ser esmagado porque andava no meio de pranchões sustentados por homens possantes. Em várias cidades, enquanto durava a sua pregação, os negócios paravam, as lojas fechavam, as audiências dos próprios tribunais eram suspensas.

Os sermões duravam habitualmente duas ou três horas. Numa Sexta-feira Santa, em Toulouse, prolongou-se por seis horas seguidas! Os moradores dessa cidade espanhola costumavam dizer: "Este homem veio a esta terra para a nossa salvação ou para nossa perdição. Para que nos salvemos, se fizermos o que ele nos diz; para que nos condenemos, se nos descuidarmos de obedecer-lhe. Porque até aqui podíamos dizer que não tínhamos quem nos ensinasse tão bem o que somos obrigados a fazer. E agora já não podemos dizê-lo".

Foi tão grande a devoção que os tolosanos lhe dedicaram que, após a sua partida da cidade, ficaram com relíquias suas e não quiseram desfazer o palanque no qual havia pregado; antes o beijavam e tocavam como coisa de Deus.

O Santo ressuscita uma desafiante judia e a converte

São Vicente trabalhou ardentemente pela conversão dos judeus e dos maometanos. Há historiadores que afirmam que converteu 25000 judeus e 8000 mouros. 

Assim, no Domingo de Ramos de 1407, na igreja de Ecija (Espanha), uma dama judia, rica e poderosa, que seguia os seus sermões por curiosidade e desafio, sem ocultar os sarcasmos que fazia a meia voz, atravessou de improviso a multidão para sair. Não conseguia conter-se de raiva. O povo, explicavelmente, ficou indignado. "Deixai-a sair, disse o Santo, porém afastai-vos do pórtico", o qual caiu sobre ela, matando-a.

"Mulher, em nome de Cristo, volte à vida!", ordenou ele, e assim se fez. Após um tal milagre, não é de causar estranheza que essa senhora se tenha prontamente convertido à verdadeira Religião. Naquela cidade, uma procissão anual passou a comemorar a morte, ressurreição e conversão da judia.

O próprio Santo profetiza a sua canonização

Com o correr dos anos, sentindo o peso da idade, o cansaço e os males físicos muitas vezes obrigavam-no a caminhar amparado por outras pessoas.

Porém, quando começava a pregar tudo desaparecia. O seu rosto transfigurava-e como se a pele retomasse o frescor da juventude, os seus olhos brilhavam, a voz era clara e sonora. O tom de convicção, que transparecia nas suas palavras, deixava atónitos os ouvintes. Por isso, não causa admiração que, por efeito da graça, os frutos dos sermões fossem tão copiosos, de maneira que eram sempre necessários muitos sacerdotes para ouvir as confissões.

São Vicente Ferrer fez laboriosos esforços para obter a conclusão do Cisma do Ocidente, pesando para isso a sua extensa influência na Cristandade. Apesar de tantas viagens, fadigas e penitências, a sua missão apostólica continuava ainda em 1419. Quando se encontrava na Bretanha (França), percebeu que a sua vida estava chegando ao fim, por causa de uma chaga que lhe envenenara a perna.

Como desejavam que morresse na sua terra natal que tanto amava, colocaram-no num navio a toda pressa, o qual navegou toda a noite. Enquanto isto, nas ruas as senhoras gritavam: "Já não temos o santo". Mas, pela manhã, inexplicavelmente, o navio ainda se encontrava no porto. Sinal evidente que Deus queria que morresse na Bretanha.

Depois de dez dias de agonia, assistido pelos amigos, pelos irmãos dominicanos e pelas damas da corte da Duquesa da Bretanha, entregou a sua bela e combativa alma a Deus, com 69 anos de idade e várias décadas de luta no cumprimento da sua missão. Era o dia 5 de abril de 1419.

O processo de canonização começou no dia seguinte à sua morte e Roma reconheceu como fidedignos 873 milagres. Foi elevado à honra dos altares em 1455 pelo Papa Calisto III, o qual recebera, muito antes de ocupar a Sé de Pedro, uma profecia do Santo. 

Com efeito, durante uma das pregações que este último fez em Valência, entre a multidão dos que se aproximavam de São Vicente Ferrer para se encomendar às suas orações, prestou atenção a um sacerdote, que lhe pedia também a caridade de uma prece, ao qual o grande taumaturgo dirigiu as seguintes palavras: "Eu te felicito, meu filho. Tendes presente que és chamado a ser um dia a glória da tua pátria e da tua família, pois serás revestido da mais alta dignidade a que pode chegar um homem mortal. E eu mesmo serei, após a minha morte, objeto da tua particular veneração".

Noutra oportunidade, São Vicente Ferrer cumprimentou um jovem franciscano, a quem disse: "Oh! Vós estareis nos altares antes do que eu". Tratava-se do futuro São Bernardino de Siena, canonizado em 1450.

Queira o Anjo do Apocalipse, como costumava se auto-intitular São Vicente Ferrer, operar novos e mais portentosos milagres para nossa época, incomparavelmente mais corrompida e endurecida que a dele pelos pecados dos indivíduos, das sociedades e dos seus governantes.

in catolicismo.com.br

Fontes de referência:

* Frei Vicente Justiniano Antist, Vida de San Vicente Ferrer, in Biografía y Escritos de San Vicente Ferrer, BAC, Madrid, 1956.
* Ludovico Pastor, Historia de los Papas, vol. II, Ediciones G. Gili, Buenos Aires, 1948.
* José Leite S.J., Santos de Cada Dia, vol. I, Editorial A.O., Braga, 1987.
* Matthieu-Maxime Gorce, Saint Vincent Ferrier, Librairie Plon, Paris, 1924.
* Henri Gheon, San Vicente Ferrer, Ediciones e Publicaciones Espanholas S.A., Madrid, 1945.


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3 comentários:

Maria José Martins disse...

Mais uma vez, fiquei profundamente tocada com a vida deste Santo e, sobretudo, como Deus o usou, numa Época tão conturbada a todos os níveis, para ser SINAL da Sua Presença, no mundo.
Logo, dada a conjuntura atual de CONFUSÃO e DESCRENÇA, precisaríamos de um "S. Vicente Ferrer, por Diocese!" Mas será que teria o mesmo sucesso, ou acabaria, como Jesus Cristo, não pregado numa cruz, mas quem sabe, martirizado por um método mais sofisticado, de acordo com o nosso desenvolvimento atual...
E confesso, que fico triste, porque talvez o Homem de hoje já não mereça uma alma dessas, para O acordar e, assim, Deus permite que caminhemos em direção ao abismo, cada vez mais sozinhos e baralhados; acho que Ele está CANSADO de ser DESPREZADO e até HUMILHADO e, por isso, vai deixar que PARTAMOS A CABEÇA, por nós mesmos, até reconhecermos de que "sem Ele, nada podemos fazer!"

pie disse...

O texto abaixo reproduzido é uma tradução de um excerto do panfleto “Wonders of the Holy Name” (pp. 9-11), da autoria do Rev. Pe. Paul O’Sullivan, O.P., sacerdote que passou várias décadas no noss país. Atualmente, estes panfletos são ainda publicados em língua inglesa. Por curiosidade, este panfleto foi aprovado por Sua Eminência, D. Manuel, Cardeal Patriarca de Lisboa, em 4 de Março de 1947 (como se pode ver no início do livro). O original pode ser consultado em https://archive.org/details/wondersofholynam00osul/page/10/mode/2up (exige ‘registration’ gratuita para ser lido).

A Peste em Lisboa: a cidade salva pelo Santíssimo Nome de Jesus

Uma peste devastadora assolou Lisboa em 1432. Todos os que puderam fugiram aterrorizados e, desta forma, espalharam a terrível praga pelos quatro cantos de Portugal.

Milhares de homens, mulheres e crianças de todas as classes foram levados por esta cruel doença. Tão virulenta foi esta epidemia que que os homens morriam por todo o lado, à mesa, nas ruas, nas suas casas, nas lojas, nos mercados, nas suas casas, nas igrejas. Citando os historiadores, essa epidemia foi “como um relâmpago que se transmitia de pessoa para pessoa, de um casaco, um chapéu ou qualquer indumentária que tivesse sido usada por um infetado.” Sacerdotes, médicos, enfermeiras, eram levados em tão grande número que os cadáveres de muitos ficavam expostos nas ruas, onde os cães lambiam o sangue e comiam a carne dos falecidos, tornando-se assim portadores da terrível doença e contribuindo para a sua disseminação entre o desafortunado povo da cidade.

Entre aqueles que assistiam os moribundos com um incansável zelo encontrava-se um venerável bispo, Monsenhor André Dias, que vivia no convento ou mosteiro de São Domingos. Este santo homem, vendo que epidemia, longe de diminuir, crescia em intensidade a cada dia que passava, e desesperando da ajuda humana, exortava os infelizes habitantes a invocar o Santíssimo Nome de Jesus. O bispo era visto por todo o lado onde a doença era mais intensa, urgindo, implorando, a vivos e a moribundos, bem como àqueles que não tinham ainda sido atingidos pela doença, que clamassem “Jesus, Jesus”. “Escrevam-no em cartões”, dizia ele, “e tragam-nos convosco; guardem-nos à noite debaixo dos vossos travesseiros; coloquem-nos sobre as portas das vossas casas; mas acima de tudo invoquem constantemente, e que esteja sempre nos vossos lábios e nos vossos corações, esse poderoso Nome”.

Como um anjo de paz, movia-se entre doentes e moribundos transmitindo coragem e confiança. Os pobres sofredores sentiam dentro de si uma nova vida, e invocando Jesus traziam os cartões com o Santo Nome junto do peito ou nos seus bolsos.

Convocando todos para a grande igreja de São Domingos, o bispo pregou uma vez mais o poder do Nome de Jesus e benzeu água nesse Santo Nome, ordenando a todos que se aspergissem com essa água benta, e que fizessem o mesmo com os doentes e os moribundos. Maravilha das maravilhas ! Os enfermos restabeleceram-se, os moribundos ergueram-se da sua agonia, a peste cessou e a cidade livrou-se em poucos dias da mais horrível peste que alguma vez a tinha assolado.

As notícias espalharam-se por todo o país e todos começaram, a uma só voz, a invocar o Nome de Jesus. Num tempo incrivelmente curto, todo o Portugal se livrou da aterrorizadora doença.

O povo, agradecido, e ciente das maravilhas que tinha testemunhado, continuou a amar e a confiar no Nome do nosso Salvador, de tal forma que em todas as suas tribulações, em todos os perigos e sempre que males de todo o género o ameaçava, invocava o Nome de Jesus. Formaram-se confrarias nas Igrejas, fizeram-se procissões todos os meses e ergueram-se altares em honra do Santo Nome de tal forma que a maior maldição que alguma vez tinha caído sobre país se transformou na maior das graças.

Durante muitos séculos manteve-se em Portugal esta confiança no Santíssimo Nome de Jesus e daqui se espalhou por Espanha, França e por todo o mundo.

pie disse...

O texto abaixo reproduzido é uma tradução de um exceto do panfleto “Wonders of the Holy Name”, (pp. 9-11), da autoria do Rev. Pe. Paul O’Sullivan, O.P., sacerdote que passou várias décadas no noss país. Atualmente, estes panfletos são ainda publicados em língua inglesa. Por curiosidade, este panfleto foi aprovado por Sua Eminência, D. Manuel, Cardeal Patriarca de Lisboa, em 4 de Março de 1947 (como se pode ver no início do livro). O original pode ser consultado em https://archive.org/details/wondersofholynam00osul/page/10/mode/2up (exige ‘registration’ gratuita para ser lido).


A Peste em Lisboa: a cidade salva pelo Santíssimo Nome de Jesus

Uma peste devastadora assolou Lisboa em 1432. Todos os que puderam fugiram aterrorizados e, desta forma, espalharam a terrível praga pelos quatro cantos de Portugal.

Milhares de homens, mulheres e crianças de todas as classes foram levados por esta cruel doença. Tão virulenta foi esta epidemia que que os homens morriam por todo o lado, à mesa, nas ruas, nas suas casas, nas lojas, nos mercados, nas suas casas, nas igrejas. Citando os historiadores, essa epidemia foi “como um relâmpago que se transmitia de pessoa para pessoa, de um casaco, um chapéu ou qualquer indumentária que tivesse sido usada por um infetado.” Sacerdotes, médicos, enfermeiras, eram levados em tão grande número que os cadáveres de muitos ficavam expostos nas ruas, onde os cães lambiam o sangue e comiam a carne dos falecidos, tornando-se assim portadores da terrível doença e contribuindo para a sua disseminação entre o desafortunado povo da cidade.

Entre aqueles que assistiam os moribundos com um incansável zelo encontrava-se um venerável bispo, Monsenhor André Dias, que vivia no convento ou mosteiro de São Domingos. Este santo homem, vendo que epidemia, longe de diminuir, crescia em intensidade a cada dia que passava, e desesperando da ajuda humana, exortava os infelizes habitantes a invocar o Santíssimo Nome de Jesus. O bispo era visto por todo o lado onde a doença era mais intensa, urgindo, implorando, a vivos e a moribundos, bem como àqueles que não tinham ainda sido atingidos pela doença, que clamassem “Jesus, Jesus”. “Escrevam-no em cartões”, dizia ele, “e tragam-nos convosco; guardem-nos à noite debaixo dos vossos travesseiros; coloquem-nos sobre as portas das vossas casas; mas acima de tudo invoquem constantemente, e que esteja sempre nos vossos lábios e nos vossos corações, esse poderoso Nome”.

Como um anjo de paz, movia-se entre doentes e moribundos transmitindo coragem e confiança. Os pobres sofredores sentiam dentro de si uma nova vida, e invocando Jesus traziam os cartões com o Santo Nome junto do peito ou nos seus bolsos.

Convocando todos para a grande igreja de São Domingos, o bispo pregou uma vez mais o poder do Nome de Jesus e benzeu água nesse Santo Nome, ordenando a todos que se aspergissem com essa água benta, e que fizessem o mesmo com os doentes e os moribundos. Maravilha das maravilhas ! Os enfermos restabeleceram-se, os moribundos ergueram-se da sua agonia, a peste cessou e a cidade livrou-se em poucos dias da mais horrível peste que alguma vez a tinha assolado.

As notícias espalharam-se por todo o país e todos começaram, a uma só voz, a invocar o Nome de Jesus. Num tempo incrivelmente curto, todo o Portugal se livrou da aterrorizadora doença.

O povo, agradecido, e ciente das maravilhas que tinha testemunhado, continuou a amar e a confiar no Nome do nosso Salvador, de tal forma que em todas as suas tribulações, em todos os perigos e sempre que males de todo o género o ameaçava, invocava o Nome de Jesus. Formaram-se confrarias nas Igrejas, fizeram-se procissões todos os meses e ergueram-se altares em honra do Santo Nome de tal forma que a maior maldição que alguma vez tinha caído sobre país se transformou na maior das graças.

Durante muitos séculos manteve-se em Portugal esta confiança no Santíssimo Nome de Jesus e daqui se espalhou por Espanha, França e por todo o mundo.