terça-feira, 8 de abril de 2014

Acédia - D. Nuno Brás


Já se diz que o Papa Francisco tem um vocabulário próprio: palavras novas que introduziu no dicionário, como “primeiriar”; ou palavras a que simplesmente se voltou a dar atenção – não às palavras, entenda-se, mas às realidades que elas significam, como é o caso das “periferias”.

Uma outra palavra que voltou a entrar no nosso vocabulário é a palavra “acédia”, ou seja: “apatia”. É aquela atitude de quem acha que, se a realidade está mal, não poderia estar de outra forma.

Nas suas já célebres “homilias de Santa Marta” – as homilias não escritas, em que o Santo Padre comenta brevemente as leituras do dia – num destes dias, a propósito do encontro de Jesus com o paralítico, que há 38 anos jazia à beira da piscina, à espera de cura, e a quem Jesus ordena que se levante e caminhe, o Papa voltou a falar da “acédia”.

O Papa Francisco fez então um paralelo entre o paralítico e a atitude de muitos cristãos: “Penso em tantos cristãos, tantos católicos: sim, são católicos mas sem entusiasmo, mesmo amargurados! Dizem: Sim, a vida é assim, mas a Igreja… Vou à Missa todos os domingos, mas é melhor não me meter; tenho a fé para a minha salvação, não sinto a necessidade de a dar a outro… Cada um no seu canto, tranquilo… Fazes alguma coisa e depois ainda te criticam: é melhor não arriscar”. E continuava: “Esta é uma atitude paralizante do zelo apostólico, que torna os cristãos pessoas paradas, tranquilas, mas não no bom sentido da palavra: pessoas que não se preocupam em sair para anunciar o Evangelho! Pessoas anestesiadas”.

É verdadeiramente um mal de que sofremos, de um modo particular, nós portugueses. Cada um no seu canto, a tratar da sua vida; não somos más pessoas, mas também não fazemos nada de bom… Uma atitude a mudar, nesta Quaresma que se encaminha, decididamente, para a vida nova da Páscoa!

in Voz da Verdade


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