William Shakespeare continua a ser um dos escritores mais controversos e desafiantes da literatura inglesa, quatrocentos anos após a sua morte.
A maior parte dos leitores e fãs de teatro ignoram as controvérsias e limitam-se a apaixonar-se com a poesia, a linguagem, os personagens e o drama.
No mundo académico, no entanto, Shakespeare tornou-se uma espécie de espelho negro onde as pessoas vêem o que querem, tornando-o num crítico social marxista, num mulherengo proto-feminista ou num homossexual altamente sensível.
No meio disto, tendo em conta o que sabemos sobre a época e a família de Shakespeare, a resposta mais óbvia foi praticamente ignorada: o seu catolicismo. Graças a uma série de livros e artigos da última década, este tornou-se um dos aspectos mais controversos nos estudos modernos sobre Shakespeare.
Joseph Pearce ficou um especialista a explorar vidas de escritores Católicos em livros como Literary Converts, The Unmasking of Oscar Wilde, Tolkien: Man and Myth e muitos outros. É escritor oficial e professor de literatura na Ave Maria University, na Flórida, co-editor da St. Austin Review, editor das Edições Críticas da Ignatius e editor principal da Sapientia Press da Ave Maria.
No seu último livro, The Quest for Shakespeare: The Bard of Avon and the Church of Rome (Ignatius Press), Pearce coloca o maior escritor de sempre sob o microscópio, desenvolvendo um argumento cuidado para um Shakespeare católico.
No seu novo livro, apresenta toda a evidência disponível e chega à conclusão de que Shakespeare era um fiel católico. O que é que o inspirou a começar este estudo?
A maior parte dos leitores e fãs de teatro ignoram as controvérsias e limitam-se a apaixonar-se com a poesia, a linguagem, os personagens e o drama.
No mundo académico, no entanto, Shakespeare tornou-se uma espécie de espelho negro onde as pessoas vêem o que querem, tornando-o num crítico social marxista, num mulherengo proto-feminista ou num homossexual altamente sensível.
No meio disto, tendo em conta o que sabemos sobre a época e a família de Shakespeare, a resposta mais óbvia foi praticamente ignorada: o seu catolicismo. Graças a uma série de livros e artigos da última década, este tornou-se um dos aspectos mais controversos nos estudos modernos sobre Shakespeare.
Joseph Pearce ficou um especialista a explorar vidas de escritores Católicos em livros como Literary Converts, The Unmasking of Oscar Wilde, Tolkien: Man and Myth e muitos outros. É escritor oficial e professor de literatura na Ave Maria University, na Flórida, co-editor da St. Austin Review, editor das Edições Críticas da Ignatius e editor principal da Sapientia Press da Ave Maria.
No seu último livro, The Quest for Shakespeare: The Bard of Avon and the Church of Rome (Ignatius Press), Pearce coloca o maior escritor de sempre sob o microscópio, desenvolvendo um argumento cuidado para um Shakespeare católico.
No seu novo livro, apresenta toda a evidência disponível e chega à conclusão de que Shakespeare era um fiel católico. O que é que o inspirou a começar este estudo?
Na verdade, comecei como um céptico que pensava que não havia evidência suficiente para mostrar que Shakespeare era católico. Sentia que aqueles que diziam que ele era católico praticante sofriam um pouco de wishful thinking.
No entanto, chegou um ponto em que uma evidência atrás de outra me fizeram reconsiderar a posição céptica. Eram como peças que completavam um puzzle.
No entanto, chegou um ponto em que uma evidência atrás de outra me fizeram reconsiderar a posição céptica. Eram como peças que completavam um puzzle.
Chega uma altura em que já temos peças suficientes para reconhecer a imagem completa, apesar de ainda faltarem algumas peças. Fiquei então suficientemente intrigado com toda a questão ao ponto de entrar num período de investigação intensa sobre o assunto. O meu livro é o fruto dessa investigação.
Apesar de juntar um conjunto de circunstâncias impressionantes, não há nenhuma "prova do crime", tal como o nome de Shakespeare numa lista de católicos suspeitos [NT: os católicos eram perseguidos no tempo de Shakespeare, em Inglaterra]. Acha que estas circunstâncias são suficientes para convencer os cépticos estudiosos de Shakespeare?
Apesar de juntar um conjunto de circunstâncias impressionantes, não há nenhuma "prova do crime", tal como o nome de Shakespeare numa lista de católicos suspeitos [NT: os católicos eram perseguidos no tempo de Shakespeare, em Inglaterra]. Acha que estas circunstâncias são suficientes para convencer os cépticos estudiosos de Shakespeare?
O peso está no lado deles, têm que apresentar outra conclusão tão boa, baseada na abundância de evidência, muita dela documental e não apenas circunstancial. A evidência documental, circunstancial e textual, toda junta, forma uma argumento para o catolicismo de Shakespeare que é efectivamente inegável.
Esta evidência ultrapassa claramente qualquer outra que sugira que Shakespeare era protestante ou ateu.
Veja bem: Se a evidência fosse posta diante de um júri composto por pessoas minimamente inteligentes, o caso seria considerado provado sem qualquer dúvida. Não podemos ter a certeza absoluta, mas podemos ter certeza suficiente para chegar a uma conclusão definitiva.
Porque é que pensa que os académicos estão relutantes em aceitar um Shakespeare católico?
Se os académicos aceitassem o catolicismo de Shakespeare, teriam de admitir que a sua leitura das obras está errada. Shakespeare não é quem eles pensam ou dizem que é; e as peças do puzzle não mostram o que eles julgam. Ou seja, teriam de admitir que estavam errados.
Por outro lado, os académicos honestos vão olhar meticulosamente para as provas e encontrarão lá a verdade. Mas a maior parte dos académicos é escrava do relativismo e de outras ideologias que os impedem de questionar os seus preconceitos dogmáticos.
Citando erroneamente erradamente o próprio Shakespeare, há algo de triste no estado da academia. Parece que não se vê a verdade mesmo quando se olha para ela de frente, só porque não se quer ver.
A academia moderna ficou cega pelos próprios preconceitos. Ainda assim, este argumento não será negado indefinidamente e eventualmente os factos prevalecerão.
Como é que o estudo do Shakespeare católico difere do estudo feminista, marxista ou da tão chamada "teoria do género"? O "texto" não está aberto a uma quantidade de interpretações?
Esta evidência ultrapassa claramente qualquer outra que sugira que Shakespeare era protestante ou ateu.
Veja bem: Se a evidência fosse posta diante de um júri composto por pessoas minimamente inteligentes, o caso seria considerado provado sem qualquer dúvida. Não podemos ter a certeza absoluta, mas podemos ter certeza suficiente para chegar a uma conclusão definitiva.
Porque é que pensa que os académicos estão relutantes em aceitar um Shakespeare católico?
Se os académicos aceitassem o catolicismo de Shakespeare, teriam de admitir que a sua leitura das obras está errada. Shakespeare não é quem eles pensam ou dizem que é; e as peças do puzzle não mostram o que eles julgam. Ou seja, teriam de admitir que estavam errados.
Por outro lado, os académicos honestos vão olhar meticulosamente para as provas e encontrarão lá a verdade. Mas a maior parte dos académicos é escrava do relativismo e de outras ideologias que os impedem de questionar os seus preconceitos dogmáticos.
Citando erroneamente erradamente o próprio Shakespeare, há algo de triste no estado da academia. Parece que não se vê a verdade mesmo quando se olha para ela de frente, só porque não se quer ver.
A academia moderna ficou cega pelos próprios preconceitos. Ainda assim, este argumento não será negado indefinidamente e eventualmente os factos prevalecerão.
Como é que o estudo do Shakespeare católico difere do estudo feminista, marxista ou da tão chamada "teoria do género"? O "texto" não está aberto a uma quantidade de interpretações?
Um texto não é uma coisa mágica que reflecte os preconceitos de todos os que o lêem, como um espelho narcisista. É antes a encarnação da personalidade do autor.
Quando mais compreendermos a pessoa que criou a obra, melhor compreenderemos a objectividade da verdade que emerge na própria obra. Qualquer pessoa consegue ler uma obra de um modo subjectivo, mas um verdadeiro crítico procura lê-la objectivamente.
Se o Shakespeare era católico então é tão absurdo dizer que era um activista dos direitos homossexuais que odiava o cristianismo, como dizer que os romances da Virginia Woolf são ataques católicos ao feminismo e à homossexualidade. Estudos deste género não deviam ser levados a sério.
Pode dar-nos um exemplo de uma peça que é fundamentalmente alterada por lê-la através de umas lentes católicas?
Quando mais compreendermos a pessoa que criou a obra, melhor compreenderemos a objectividade da verdade que emerge na própria obra. Qualquer pessoa consegue ler uma obra de um modo subjectivo, mas um verdadeiro crítico procura lê-la objectivamente.
Se o Shakespeare era católico então é tão absurdo dizer que era um activista dos direitos homossexuais que odiava o cristianismo, como dizer que os romances da Virginia Woolf são ataques católicos ao feminismo e à homossexualidade. Estudos deste género não deviam ser levados a sério.
Pode dar-nos um exemplo de uma peça que é fundamentalmente alterada por lê-la através de umas lentes católicas?
Para ser muito sincero, saber que Shakespeare era católico obriga-nos a olhar para todas as suas peças com uma perspectiva radicalmente diferente. Se o Bardo de Avon era mesmo católico clandestino em tempos muito anti-católicos, então isso descredibiliza a maior parte das leituras modernas e pós-modernas das suas obras.
Se Shakespeare era católico então ele não era nada, ipso facto, do que a academia moderna queria que ele fosse. Não era nihilista pós-moderno, nem um fundamentalista secular ou um ateu ou iconoclasta ou proto-feminista, nem defensor da homossexualidade.
Era, pelo contrário, um cristão orientado para a tradição e cujos trabalhos representaram uma resposta sublime e muito acertada a aos vários erros modernos e anti-modernos.
Se o Shakespeare era católico, como toda a evidência histórica sugere que é, devemos encontrar expressões do seu catolicismo nas sua obras e devíamos procurá-las.
No meu próximo livro, o volume seguinte ao The Quest for Shakespeare, vou estudar a evidência sólida e fascinante do catolicismo do Shakespeare nos guiões das suas peças. Já estudei peças como o Hamlet, Rei Lear e o Mercador de Veneza com esta perspectiva e estou muitíssimo impressionado pela abundância de filosofia e teologia católica que surge nestas peças.
É difícil resumir esta dimensão católica em poucas palavras. Não é próprio reduzir Shakespeare a pequenos bocados. Mas é suficiente dizer que vemos em personagens como Cordélia, Hamlet e Portia aspectos da verdade católica apresentados de modo sublime e vemos nos dilemas que estas personagens enfrentam um reflexo do drama em que os católicos se encontravam na Inglaterra isabelina e jacobina.
Como é que o trabalho de historiadores como Eamon Duffy, cuja investigação está a mudar radicalmente o modo como vemos a Reforma Inglesa, afecta os estudos de Shakespeare?
O trabalho dos historiadores é crucial para compreender as obras literárias. Temos que saber o que é que as pessoas pensavam e a natureza das culturas em que viviam para perceber as obras que escreviam.
Não se consegue perceber objectivamente Shakespeare sem compreender a Inglaterra isabelina e jacobina. Portanto, quanto mais soubermos sobre este período turbulento da história inglesa, melhor vamos compreender as obras que nele surgiram.
E o que é verdade para o nosso conhecimento da história também é verdade para o conhecimento da teologia e filosofia. Se não sabemos nada sobre os debates teológicos e filosóficos que preenchiam o mundo intelectual no tempo de Shakespeare, não vamos perceber nada da teologia e filosofia manifesta nas obras de Shakespeare.
Ignorância de teologia e filosofia é uma ignorância de Shakespeare.
Em Maio de 2009, o EWTN vai começar a passar o The Quest for Shakespeare. Pode falar-nos um bocado sobre o programa?
Se Shakespeare era católico então ele não era nada, ipso facto, do que a academia moderna queria que ele fosse. Não era nihilista pós-moderno, nem um fundamentalista secular ou um ateu ou iconoclasta ou proto-feminista, nem defensor da homossexualidade.
Era, pelo contrário, um cristão orientado para a tradição e cujos trabalhos representaram uma resposta sublime e muito acertada a aos vários erros modernos e anti-modernos.
Se o Shakespeare era católico, como toda a evidência histórica sugere que é, devemos encontrar expressões do seu catolicismo nas sua obras e devíamos procurá-las.
No meu próximo livro, o volume seguinte ao The Quest for Shakespeare, vou estudar a evidência sólida e fascinante do catolicismo do Shakespeare nos guiões das suas peças. Já estudei peças como o Hamlet, Rei Lear e o Mercador de Veneza com esta perspectiva e estou muitíssimo impressionado pela abundância de filosofia e teologia católica que surge nestas peças.
É difícil resumir esta dimensão católica em poucas palavras. Não é próprio reduzir Shakespeare a pequenos bocados. Mas é suficiente dizer que vemos em personagens como Cordélia, Hamlet e Portia aspectos da verdade católica apresentados de modo sublime e vemos nos dilemas que estas personagens enfrentam um reflexo do drama em que os católicos se encontravam na Inglaterra isabelina e jacobina.
Como é que o trabalho de historiadores como Eamon Duffy, cuja investigação está a mudar radicalmente o modo como vemos a Reforma Inglesa, afecta os estudos de Shakespeare?
O trabalho dos historiadores é crucial para compreender as obras literárias. Temos que saber o que é que as pessoas pensavam e a natureza das culturas em que viviam para perceber as obras que escreviam.
Não se consegue perceber objectivamente Shakespeare sem compreender a Inglaterra isabelina e jacobina. Portanto, quanto mais soubermos sobre este período turbulento da história inglesa, melhor vamos compreender as obras que nele surgiram.
E o que é verdade para o nosso conhecimento da história também é verdade para o conhecimento da teologia e filosofia. Se não sabemos nada sobre os debates teológicos e filosóficos que preenchiam o mundo intelectual no tempo de Shakespeare, não vamos perceber nada da teologia e filosofia manifesta nas obras de Shakespeare.
Ignorância de teologia e filosofia é uma ignorância de Shakespeare.
Em Maio de 2009, o EWTN vai começar a passar o The Quest for Shakespeare. Pode falar-nos um bocado sobre o programa?
É uma série de 13 episódios baseados no meu livro. Estou ansioso por isso. Já filmámos e inclui grandes actuações por Kevin O'Brien e pelos actores da Theater of the Word Incorporated. Eu sou o narrador, "a voz que fala", para dizer melhor, mas o incrível da série está nas grandes actuações destes actores.
Para os católicos, o que é que significa se William Shakespeare é "um de nós"?
Significa que um dos maiores escritores que alguma vez viveu, talvez o maior escritor que já viveu, está a expressar verdades cristãs intemporais a uma época que muito precisa delas.
Por todo o mundo se ensina e se lê Shakespeare. Se conseguirmos mostrar que as suas obras são católicas, vamos estar a evangelizar o mundo através do testemunho poderoso de um dos maiores dramaturgos da história do Cristianismo.
Para os católicos, o que é que significa se William Shakespeare é "um de nós"?
Significa que um dos maiores escritores que alguma vez viveu, talvez o maior escritor que já viveu, está a expressar verdades cristãs intemporais a uma época que muito precisa delas.
Por todo o mundo se ensina e se lê Shakespeare. Se conseguirmos mostrar que as suas obras são católicas, vamos estar a evangelizar o mundo através do testemunho poderoso de um dos maiores dramaturgos da história do Cristianismo.
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