quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

‘Progressismo’: a maior causa de morte e terror no século XX

por  George Neumayr

O autor inglês George Orwell escreveu que "a linguagem política está feita para fazer as mentiras parecerem verdadeiras e o homicídio respeitável e para dar uma aparência de firmeza ao que é puramente passageiro." Na história da manipulação da linguagem política, o termo "progressivo" ocupa certamente um lugar de destaque.

O termo é usado incessantemente para descrever ideias políticas, figuras políticas e homens da igreja, entre outros, que uma elite liberal julga serem iluminados. Através do uso repetitivo de "progressivo", os liberais modernos pensaram enganar o público ao igualar progressismo com progresso. Mas nenhuma igualdade destas se justifica. O fosso entre a retórica de "progresso" e a realidade do progresso é flagrante.

A escuridão do século XX é suficiente para dissuadir qualquer pessoa de confundir "progressismo" com progresso. As ideologias mais vis deste século foram todas apresentadas como "progressivas". Em nome de melhorar a humanidade, os auto-proclamados progressistas sentiram-se animados a um "progresso" que está bem mais longe dos preceitos básicos da razão e da lei natural.

Enquanto que algumas causas do século XX denominadas "progressivas" se qualificam como inócuas ou pelo menos debatíveis, muitas eram, sem dúvida, más. Os esquemas eugénicos do século, por exemplo, não vieram dos conhecidos reaccionários mas de progressistas que assim se auto-proclamavam com orgulho. Os principais juízes e presidentes de universidades do Ocidente apoiavam a eugenia abertamente antes da Segunda Guerra Mundial.


Nos anos 20, Oliver Wendell Holmes, considerado um pilar do progressismo, não pensou em mais nada se não em promover a divulgação da esterilização de quem quer que a elite considerasse inferior. Afinal de contas, disse ele, "É melhor para todo o mundo se, em vez de esperar pela execução de uma geração degenerada pelo crime ou de deixá-los a morrer à fome pela sua imbecilidade, a sociedade pudesse evitar aqueles que manifestamente não servem para a continuidade da sua espécie... Três gerações de imbecis já chegam."

Muito antes da Solução Final de Hitler, Margaret Sanger, fundadora da Planned Parenthood [N.T.: Associação internacional de Planeamento Familiar], estava a escrever sobre eliminar os de "mente fraca" e as minorias indesejáveis. Muito antes dos arquitectos do Obamacare conceberem paineis de morte para os idosos, o dramaturgo George Bernard Shaw, um querido dos progressistas, propôs alegremente painéis de exterminação: "De certeza que todos conhecem meia dúzia de pessoas, pelo menos, que não servem para nada neste mundo, que causam mais problemas do que aquilo que têm para dar. Simplesmente ponham-nos ali e digam 'Cavalheiro, ou Madame, podia ter a gentileza de justificar a sua existência?' "

A Califórnia "progressiva", o epicentro da eugenia no século XX, não foi buscar os seus esquemas à Alemanha de Hitler. Pelo contrário, os frios engenheiros sociais da Alemanha foram buscar as suas ideias eugénicas à Califórnia. Edwin Black, autor de War Against the Weak, observou que "só depois de a eugenia se tornar entranhada nos Estados Unidos é que a campanha foi transplantada para a Alemanha, e não com pouco esforço dos eugenistas da Califórnia, que publicaram folhetos a idealizar a esterelização e os faziam circular entre os oficiais e cientistas alemãos."

Locais supostamente progressivos como Pasadena e Palo Alto (o presidente de Stanford no início do século XX, David Starr Jordan, era um grande promotor da eugenia) foram faróis de iluminação aos olhos de Hitler, segundo Black:


Hitler estudou as leis eugénicas da América. Ele tentou legitimizar o seu anti-semitismo tornando-o numa espécie de medicina, envolvendo-o na fachada pseudo-científica e saborosa da eugenia. Hitler conseguiu recrutar mais seguidores entre os intelectuais alemães ao dizer que a ciência estava do seu lado. Enquanto que o ódio racista de Hitler veio da sua própria cabeça, a estrutura intelectual da eugenia, adoptada por Hitler em 1924, foi criada na América. Durante os anos 20, os cientistas eugenistas da Carnegie Institution cultivavam relações pessoais e profissionais profundas com os eugenistas fascistas da Alemanha. Na Mein Kampf, publicada em 1924, Hitler citou a ideologia eugénica da América e mostrou publicamente um conhecimento avançado da eugenia americana. "Existe hoje um estado," disse Hitler, "onde pelo menos são consideráveis os pequenos inícios que se encontram em ordem a uma melhor concepção. É óbvio, não é a nossa exemplar República Alemã, mas os Estados Unidos."


Os auto-proclamados progressistas também se enredaram nas raízes do comunismo russo. "Eu vi o futuro e funciona," disse o jornalista Lincoln Steffens depois de visitar a Rússia em 1921. O Bolchevismo e o progresso eram vistos como a única e mesma coisa.

"A maior parte dos liberais viam os bolchevistas como um movimento popular e progressista," escreveu Jonah Goldberg em Liberal Fascism: The Secret History of the American Left. "Praticamente toda a elite liberal, incluindo a equipa de confiança de Roosevelt, fez a peregrinação a Moscovo para tirar notas admiráveis sobre a experiência soviética."

Tendo em conta esta história negra, os usos contemporâneos de "progressismo" deviam merecer uma enorme suspeita. De facto, era normal esperar que a palavra tivesse desaparecido. Em vez disso, gozou de um renascimento. Para muitos políticos e jornalistas, "progressista" agora soa melhor que "liberal".

Em 2007, num debate durante as primárias presidenciais Democráticas, Hillary Clinton recusou-se a chamar-se liberal e escolheu, em vez disso, chamar-se progressista. Ela explicou:


Eu prefiro a palavra 'progressista', que tem um significado americano real, ao voltar atrás à Era Progressiva no início do século XX. Considero-me a mim mesma uma progressista moderna - alguém que acredita fortemente nos direitos e liberdades das pessoas, que acredita que estamos melhor como sociedade quando trabalhamos juntos e quando encontramos formas de ajudar aqueles que não têm todas as vantagens na vida, arranjando as ferramentas que precisam para levarem uma vida mais produtiva para si e para a sua família. Portanto, considero-me uma progressista americana moderna orgulhosa e penso que este é o tipo de filosofia e prática que precisamos de trazer de volta para a política americana.


A sua vaga definição de progressista fá-la parecer incrível e sem problemas, como se os progressistas defendessem nada mais que as normais inspecções de validade dos alimentos e uma sociedade civil robusta. Na verdade, o progressismo desencadeia noções secularistas e socialistas de perfeição humana e engenharia social divorciada de Deus e da lei moral natural que já se provaram desastrosas para a raça humana.


Se o progressismo é difícil de definir, é porque consiste em nada mais do que a vontade humana que está sempre a mudar. Não tem nenhum critério de progresso para além daquilo a que quem quer que esteja no poder chamar "progresso". A filosofia falsa e vazia que está por trás disto permite as formas mais sinistras de subjectivismo e de ideologias de poder.

Claro que é óbvio que os auto-proclamados progressistas gostavam de ver o público acreditar que as suas ideias políticas, económicas e religiosas têm o mesmo carácter de comprovadas e de mensurabilidade que o progresso tecnológico. Empurram a ideia de que a sociedade vai melhorar sob as políticas, economias e religiões "progressivas" da mesma forma que, dizem eles, os computadores melhoraram sob um progresso tecnológico mensurável e inegável.

Esta assumpção guia o progressismo, mas não tem uma base filosófica correcta. Igualmente incorrecta é o que C.S. Lewis chamava o "snobismo cronológico" construído no progressismo - "a assumpção de que o que quer que passou de prazo é, devido a isso, descredibilizado". Uma ideia verdadeira não deixa de ser verdade só porque aqueles que estão no poder deixam de a seguir.

A ironia do progressismo é que as suas políticas implicam quase sempre um regresso às más ideias e práticas corrompidas dos tempos antigos. É uma barbárie num novo disfarce. O que é que é mesmo novo em relação a eutanasiar os idosos, matar bébés, celebrar a promiscuidade e por aí em diante? Mesmo as suas noções mais sofisticadas de uma "constituição viva" e de um governo federal colectivista (ideias que são as grandes marcas do movimento Progressivo Americano) são apenas versões glorificadas de tiranias bem conhecidas dos antigos.

O termo progressismo anexa-se invariavelmente a políticas que fariam até pagãos devassos corar. Os Democratas auto-proclamados "progressistas", por exemplo, não têm meias medidas sobre extender abertamente o termo a práticas brutais como o aborto por nascimento parcial. Barack Obama, que tem orgulho no termo "progressista", nem sequer conseguiu opor-se às leis contra o infanticídio enquanto foi senador em Illinois.


Em linguagem comum, o progresso refere-se ao desenvolvimento gradual de algo. No seu uso político e religioso, "progressivo" mais frequentemente do que o contrário refere-se a práticas regressivas e primitivas e a ideias que deformam a vida e minam o desenvolvimento da civilização.


Como disse C.S. Lewis, uma pessoa verdadeiramente progressista é alguém que se mantém firme pelo meio de uma ideia falsa, seja qual for o seu estereótipo, e se move em direcção à verdade.
"Progresso significa aproximar-nos do lugar em que queremos estar", escreveu ele. "E se foram pela curva errada, então seguir em frente não vos vai levar para mais perto. Se estão na estrada errada, progresso significa dar meia volta e andar para trás, para a estrada certa; e nesse caso o homem que volta para trás mais cedo é o homem mais progressista."

O progresso autêntico, por outras palavras, é inseparável da verdade sobre o bem do homem. Qualquer ideologia com um critério de progresso não enraizado na verdade significa apenas uma corrupção e desorientação gradual. Tal como é evidente na mania pelo casamento gay no Ocidente, o "progresso" é agora definido não pela maior aderência à lei moral natural mas pela abolição total da lei natural.
Do mesmo modo, a forma como os media medem o "progresso" na Igreja Católica não é pela crescente aderência à santidade e à verdade mas pelos desvios dela. Os media coroam homens da igreja como "progressistas" se estes parecerem estar a substituir a ortodoxia pelo liberalismo moderno.
A incorporação do liberalismo moderno no Catolicismo é o destino final a que os "progressistas", tanto dentro como fora da Igreja, querem ir.


Ir para além da "verdade e falsidade" até uma aliança com o "mundo" é o contrário da missão da Igreja. Mas progressistas como Hans Kung, baseando-se num conceito darwiniano, vão sempre dizer que o último desenvolvimento, seja em religião ou política, é o melhor. Todas as mudanças são vistas como perfeitas, não destrutivas.

Uma experiência amarga já devia ter ensinado o público de que "uma mudança em que possam acreditar", como diz Obama, é normalmente uma mutação alarmante. "Progresso", aplicado à política e religião, entra na categoria de Orwell da retórica de uso pessoal para silenciar a oposição ao que quer que esteja a ser proposto. Ora isto devia pelo menos convidar ao cepticismo e não à submissão.
Para dizer como Lincoln Steffens, nós vimos o futuro sob o progressismo e claramente não funciona.

in LifeSiteNews.com


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