sábado, 12 de setembro de 2015

Dedicai tempo à Confissão: Papa fala aos padres de Schoenstatt

No passado dia 3 de Setembro o Papa Francisco falou aos sacerdotes do Movimento Apostólico Schoenstatt. Traduzimos o texto quase completo do discurso. O texto completo está aqui.

"O V Capítulo Geral que celebraram agora teve lugar no 50º aniversário da fundação do Instituto obra do Padre Josef Kentenich. E depois destes anos de caminho preocupa-vos manter vivo o carisma fundacional e a capacidade de saber transmiti-lo aos mais jovens. Também me preocupa que o mantenham e o transmitam, de modo que continue a inspirar e a suster a sua vida e a sua missão. (...)

O Padre Kentenich exprimia-o muito bem quando dizia que queria estar "com a orelha no coração de Deus e com a mão no pulso do tempo". São estes os dois pilares de uma vida espiritual autêntica. Por um lado, o contacto com Deus. Ele tem a prioridade, amou-nos primeiro; antes que nos venha qualquer coisa à cabeça, Ele já nos precedeu no seu amor imenso. (...)

O Senhor espera-nos na oração - por favor não a deixai -, na contemplação da sua Palavra, na recitação da Liturgia das Horas. Não é bom caminho menosprezar a oração ou, pior ainda, abandoná-la com a desculpa de um ministério absorvente, porque "se o Senhor não construísse a casa, em vão se cansavam os construtores" (Sal 127, 1). Seria um grave erro pensar que o carisma se mantém vivo concentrando-se nas estruturas externas, sobre os esquemas, sobre o método ou a forma. Deus liberta-nos do espírito do funcionalismo. A vitalidade do carisma radica-se no "primeiro amor" (cf. Ap 2, 4). (...) 

O segundo pilar constitui-se pela expressão "sentir o pulso do tempo", da realidade, das pessoas. Não é preciso ter medo da realidade. (...) Ali nos espera o Senhor, ali se comunica e se revela a nós. O diálogo com Deus na oração leva-nos também a ouvir a sua voz nas pessoas e nas situações que nos rodeiam. Não são duas orelhas diferentes, uma para Deus e outra para a realidadde. Quando nos encontramos com os nossos irmãos, especialmente aqueles que aos nossos olhos ou aos olhos do mundo são menos agradáveis, que coisa vemos? Damo-nos conta de que Deus os ama, que têm a mesma carne que Cristo assumiu ou fico indiferente aos seus problemas? O que é que me pede o Senhor com aquela situação? Sentir o pulso à realidade requer a contemplação, o trato familiar com Deus, a oração constante e tantas vezes aborrecida, mas que conduz ao serviço. (...) Na oração aprendemos a servir.

O serviço, marca dominante da vida de um sacerdote! (...) Vós sois, praticamente, a última realidade do Movimento fundado pelo Padre Kentenich; e isto contém uma grande lição, é qualquer coisa de belo. Este ser "últimos" reflecte de modo claro a posição que ocupam os sacerdotes na relação com os seus irmãos. O sacerdote não está mais no alto, nem mais à frente dos outros, mas caminho eles, amando-os com o mesmo amor de Cristo, que não veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida para redenção de muitos (cf. Mt 20, 28). Penso que seja essencialmente isto o que o vosso fundador quis para os sacerdotes: servir desinteressadamente a Igreja, toda a comunidade, o Movimento, para conservar a unidade e a missão. (...)

Sem dúvida que é uma tarefa exigente, que se torna tolerável e mesmo bonita com a fraternidade sacerdotal. Por favor, nunca sozinhos. O ministério presbiterial não se pode conceber de modo individual ou , pior ainda, individualista. A fraternidade é uma grande escola de discipulado. Pressupõe um grande dom de si a Deus e aos irmãos, ajuda-nos a crescer na caridade e na unidade, e faz com que o nosso testemunho de vida seja mais fecundo. (...) Não somos nós a escolher os nossos irmãos, mas si, somos nós a poder fazer a opção consciente e fecunda de amá-los como são, com defeitos e virtudes, com limites e potencialidades. 

Contemplação, serviço, fraternidade. Queria partilhar convosco estas três atitudes que podem servir de ajuda à vida sacerdotal.

Ao terminar o nosso encontro, permitam-me confiar-vos humildemente três coisas. Primeiro lugar, acompanhai as famílias e cuidem delas, porque têm necessidade de ser acompanhadas até que vivam santamente a sua aliança de amor e de vida, sobretudo aquelas que atravessam momentos de crise ou dificuldades. Em segundo lugar, e pensando no próximo jubileu da misericórdia, dedicai muito tempo ao sacramento da reconciliação. Sede grandes perdoadores, por favor. A mim faz-me bem recordar uma irmão de Buenos Aires, que é um grande perdoador. Quase na minha idade e vem-lhe a dúvida de ter perdoado demais. Um dia perguntei-lhe: "E que coisa faz quando lhe vem a dúvida?", "Vou à capela, olho para o Sacrário e digo-lhe: 'Senhor, perdoai-me, hoje perdoei demasiado, mas que fique claro que o mau exemplo me foi dado por ti!'" Que as vossas comunidades sejam testemunhas da vossa misericórdia e ternura de Deus. E em terceiro lugar, peço-vos que rezem por mim, porque preciso. Confio-vos com afecto aos cuidados da nossa Mãe três Vezes Admirável. E que Deus vos abençoe. Obrigado."


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