quarta-feira, 28 de abril de 2021

Muita paciência para os animais e pouca para as pessoas

O mundo moderno encontra-se cheio de diversas formas de adoração dos animais; uma religião geralmente acompanhada com o sacrifício humano.

No entanto, ouve-se falar muito pouco sobre os reais predicados dos animais. Um deles é, seguramente, essa inocência de ser privado da monotonia. Talvez essa simplicidade resulte da inexistência de pecado.

Eu próprio possuo a necessidade da surpresa, embora eu aprecie a nova estrada bem como a velha estrada. Mas tenho muito mais cansaço do que o meu cão pois encontro monotonia na repetição de brincadeiras e não desato a saltar de alegria à volta das pessoas.

Eu seria incapaz de crueldade para com os animais mas receio dizer que muitos de nós, sob o argumento de detestar a crueldade para com os animais, têm uma excessiva paciência para com os animais.

Muita paciência, sobretudo comparada com a falta de paciência que demonstram para com os seres humanos.

G.K. Chesterton in 'A Nova Jerusalém'


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2 comentários:

Maria José Martins disse...


Este Artigo toca, sem dúvida, num dos meus pontos fracos: também eu "adoro" animais!
E reconheço, que quanto mais os aprecio, mais descubro neles essa inocência que, como diz o Autor, talvez reflita a falta de pecado...porque, mesmo os selvagens nos dão lições de vida, se os quisermos conhecer a fundo. Um animal não premedita, não arquiteta maliciosamente, não escolhe beleza, saúde, perfeição, no seu dono, apenas ama! E nunca ataca, sem motivo aparente, outro da mesma Espécie; e quando o faz é sempre por defesa, sobrevivência ou medo, ou porque alguém o induziu a isso....E os domesticados revelam um sentido de fidelidade, de gratidão ou de amor, como lhe queiramos chamar, pelo seu dono, ao ponto de morrer por ele, nem que seja de saudade! E, talvez, aqui, esteja aquilo o que o Homem que, aparentemente os "idolatra", procura no outro, no seu irmão, que, tantas vezes o trai, o despreza, o usa perversamente, conseguindo até, distorcer todo o Bem que lhe foi feito gratuitamente...
E não é por acaso, que cada vez mais se usam os animais, em terapias, sejam elas de que ordem for, e se consegue resultados impensáveis, até naqueles que NUNCA conseguiram interagir, afetivamente, com ninguém!
Que Deus me perdoe a IDOLATRIA, mas tantas vezes digo, que há animais que mereciam muito mais O PARAISO do que muitos Seres Humanos!

Anónimo disse...

Estas criaturas são mais inteligentes que nós. A verdade é essa. E eu nem posso ter animais.
Vou partilhar aqui uma história verídica, que diz bem disto, porém:
Conheço um casal que estava sempre a discutir. Sempre. Sem filhos, talvez com um problema como os dos Chestertons, passavam os dias em altercações. Depois que arranjaram um animal de estimação, tudo cessou. Aquele animal parece ter trazido uma harmonia ao lar que não estava lá. Os caminhos de Deus são [de facto] misteriosos (Eclesiastes).