quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

O último dia do ano do Beato Carlos da Áustria

O Beato Carlos da Áustria (Imperador da Áustria) a rezar na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, no Tirol, em 1916.

O Beato Carlos da Áustria foi o último Imperador da Áustria, Rei da Hungria, Croácia e Boémia. No final do ano de 1921 foi exilado, com a sua família, na Ilha da Madeira. Aceitou a vontade de Deus e perdoou os seus inimigos. Do último dia desse ano, a poucos meses da sua morte, relata-se:

«À tarde, como devoção de encerramento do ano, houve na capela da casa uma solene Bênção Eucarística. Estávamos apenas o Imperador, a Imperatriz e nós. Também foi rezado o Te Deum. Atrás de nós, ficava um ano que tinha sido o mais duro da vida do Servo de Deus. Ele encontrava-se longe da pátria, no exílio; na mais drástica necessidade material; estava separado de seus filhos e não sabia o que o dia seguinte haveria de lhe trazer de mal. Durante o Te Deum, nós, um após o outro, fomos nos silenciando, porque a dor nos fazia fugir a voz. Somente o Servo de Deus manteve-se firme e entoou forte e claramente o cântico ambrosiano até o fim, acentuando cada palavra. (...) 

Olhei-o com admiração. Percebia-se com toda evidência que para ele, naquele momento, existia apenas Deus — ninguém mais — e que aquele Te Deum era um íntimo diálogo entre Deus e o seu mais fiel servidor. Na época, ele não sabia se tornaria a ver seus filhos, não sabia o que o dia seguinte haveria de lhe trazer, e contudo, rezou com muito fervor aquela oração de acção de graças. [...] O Beato Carlos havia aprendido o sentido de seu reinado: entregar tudo Àquele de quem ele tudo havia recebido. Tanto que, ao final de sua vida, ele dirá à sua esposa: “Deus deu-me a graça de que, sobre a terra, não exista mais nada que eu não esteja pronto a sacrificar por seu amor, para o bem da Santa Igreja” 

Giovanna Brizi in A vida religiosa do Beato Carlos da Áustria 

O Beato Carlos da Áustria, a Serva de Deus Zita Bourbon-Parma e sete dos seus oito filhos durante o exílio, na Suíça.

Os restos mortais do Beato Carlos da Áustria, aquando da sua morte, em Abril de 1922, na Madeira


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1 comentário:

Maria José Martins disse...

Realmente, quando analisamos a evolução(?) da Sociedade, ao longo dos últimos Séculos, é fácil concluir que algo mudou: Onde podemos encontrar, nos tempos atuais, testemunhos como este?
Pelo contrário, hoje, ficamos com a sensação de que há uma certa vaidade em dizer que, ou se é Agnóstico, ou Ateu, ou sem sei lá que mais...não esquecendo os "Católicos não praticantes!"
E, assim, o mundo SEM DEUS caminha para a derrocada final!
Que DEUS PROTEJA aqueles que, mesmo com muito custo, ainda se esforçam por RECONHECÊ-LO e, LOUVANDO-O, no meio de toda esta CONFUSÃO, podem minimizar um pouco o FOSSO em que nos estamos a meter, atraindo as SUAS BÊNÇÃOS para TODA A HUMANIDADE!