segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ainda sobre o post anterior do João Silveira


Aqui está grande parte do artigo escrito por um casal nosso amigo que está a viver em Barcelona. Retirei apenas uma pequena parte que se referia a realidades concretas da Polónia e que não faziam sentido para vocês. Este texto foi escrito na sequência dos acontecimentos descritos no post do João Silveira para um portal polaco católico.

Na Catalunha Vermelha

A verdade é que aqui os católicos estão completamente aterrorizados, apesar de se esforçarem por fingir que não se passa nada. As pessoas de facto não se podem sentir seguras na Igreja.

Eu próprio tive de telefonar para a polícia quando dois jovens a fumar haxixe na parte de trás da igreja não queriam sair, depois de os ter chamado à atenção e de se terem tornado agressivos comigo: a polícia chegou e eles saíram da igreja, quisessem ou não. Mas os espanhóis não reagem assim; têm medo. Quando contei à minha vizinha o que fiz, esta disse-me que um homem que costumava ir à Missa diariamente aqui na paróquia uma vez chamou à atenção um bêbedo/mendigo que estava a perturbar a Missa. Este foi atrás dele para o autocarro e o homem teve de telefonar para a polícia, que o tirou do autocarro umas paragens mais à frente. Porém, desde essa altura que ele vai à Missa a outra paróquia (e a nossa é uma das poucas boas paróquias tradicionais) e traz consigo um paralisador, pois o tal homem continua a circular por ali. (…)

Vale a pena reconhecer, no entanto, que esta sociedade não caiu de todo, pois a polícia é bastante eficaz, caso os cidadãos tenham a coragem de lhe pedir ajuda. Por exemplo, mesmo que aqui fumar e possuir haxixe seja praticamente permitido, a polícia sempre que pode dificulta a vida aos jovens, confiscando o que possuem, prendendo-os, etc. Isto é o que ainda sobrou do comportamento e cultura espanhola seca, nos quais nos podemos apoiar. Mas para além disso, o ambiente de perseguições abertas está à espreita atrás de uma esquina. E uma comparação com uma guerra civil seria mais que acertada…

Em relação à referida universidade, chegámos a assinar uma petição juntamente com outras famílias. Infelizmente o bispo capitulou, sente-se desamparado. Uma das rádios católicas revelou que, antes da visita de Bento XVI existia um radical blogue anti-papa escrito por um padre de Barcelona.

Parte do clero – talvez pela forte e triste solidão que se faz sentir – perde-se nesta viva e extrema tensão. Tensão esta que caracteriza bem a Espanha e é muito sentida. Nem todos têm coragem e força, ou até vontade interior, para passar por cima desta tensão, para se conduzir pela verdadeira fidelidade à Igreja, a Deus. Pois, nesta realidade, isto é entendido como radicalismo. É necessário acrescentar que os espanhóis são pessoas que vivem “juntas”, em grupos. Não gostam de sobressair na multidão, isto destrói o seu forte sentido de estética amplamente interiorizado. São fortes quando fazem algo juntos. Talvez por isso a maior fidelidade à Igreja seja demonstrada por leigos. Alguns recebem formação de movimentos, outros não; porém encontram-se unidos na defesa dos valores, da família, do Papa, da Igreja. Normalmente são famílias numerosas.

Sem qualquer tipo de exagero posso dizer que estes leigos que tomaram a decisão de seguir fielmente o caminho para Deus vivem de acordo com os ensinamentos da Igreja de forma total. São muito generosos e estão abertos a ter filhos. Paradoxalmente foi aqui – e não na Polónia – que conhecemos realmente muitas famílias numerosas (algumas com dez filhos, catorze ou até duas com dezasseis filhos!), muito envolvidas no serviço da Igreja, dando um grande testemunho. Também aqui encontramos várias igrejas abertas com Adoração permanente ao Santíssimo Sacramento, onde estão sempre alguns leigos e as listas com as inscrições estão sempre completas. Aqui, com grande admiração, podemos ver muitas famílias e casais na Missa diária de manhã. Aqui os leigos agarram-se com força à oração do terço em família, de acordo com a indicação do Papa, confiando aquela sociedade à Mãe. Aqui, algumas vezes aconteceu que, ao combinarmos um jantar, tivemos de adaptar os nossos planos recreativos à hora habitual de se rezar o terço em família. Aqui muitas famílias desistiram de fazer férias na praia para não estragar os filhos e não elevar o culto do corpo, que de qualquer maneira já é muito grande. Aqui raramente se encontra uma televisão em casa de uma pessoa crente…

A tensão que existe na Catalunha não permite a ninguém ser morno. Ou se é frio, ou quente. O frio entristece e é difícil, mas o calor dá muita esperança e é verdadeiramente digno de imitação. É este calor que podemos apenas desejar que surja na Polónia.

http://pismo.christianitas.pl/2011/01/w-czerwonej-katalonii/


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