terça-feira, 22 de novembro de 2016

Padre Américo descreve na perfeição o Santo Sacrificio da Missa

Venho do Altar e trago este peito escaldante, a arder. Venho queimado. Por nada deste mundo troco esta hora matutina, em que eu e o Abel (NT: rapaz que servia à Missa), nós os dois, consagramos a Deus a nossa juventude (NT: a Missa Tradicional começa com a recitação do Salmo 42, "Introibo ad altare Dei: ad Deum qui lætificat juventutem meam"). Eu digo e o Abel responde. 

Depois eu subo e ofereço e comungo. Saio fora de mim e concentro-me. Cheira a cenáculo. Ouço o Mestre em oração. Sinto a agonia do Horto. Bebo o cálice. Ouço o abrir das covas. Sinto o martelo a ferir os cravos e estes a dilacerar a pele, desconjuntando nervos e ossos. 

Ouço soluços sufocados. Vejo a Mãe desolada. O Salvador a arder em sêde. Ouço e vejo tudo. Sexta-Feira Santa em Jerusalém! Tudo ali no nosso altar de pedra que foi cortada nas nossas pedreiras.

in "O pai Américo era assim", Padre Elias, Coimbra, 1958


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1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente sacerdote!
Fundador da Casa do Gaiato (Obra da Rua).
Andem para a frente com o processo de beatificação dele!