quinta-feira, 22 de junho de 2023

Santa Sé reconhece as 'virtudes heróicas' da Irmã Lúcia

A pastorinha de Fátima está mais perto da beatificação, depois de terem sido reconhecidas as suas virtudes heróicas. Deixámos aqui um texto no qual a Irmã Lúcia fala da importância de rezar o Terço:

Aos que dizem que o Terço é uma oração antiquada e monótona, devido à repetição das orações que o compõem, eu pergunto-lhes se há alguma coisa que viva sem ser pela repetição continuada dos mesmos actos. 

Deus criou tudo o que existe de modo a conservar-se pela repetição continuada e ininterrupta dos mesmos actos. Assim, para conservarmos a vida natural, inspiramos e expiramos sempre do mesmo modo; o coração bate continuamente seguindo sempre o mesmo ritmo. Os astros, como o Sol, a lua, os planetas, a Terra, seguem sempre a mesma rota que Deus lhes marcou. O dia sucede à noite, ano após anos, sempre do mesmo modo. A luz do Sol alumia-nos e aquece-nos na Primavera, vestem-se depois de flores, dão frutos e voltam a perder as folhas no Outono ou Inverno. 

E, assim, tudo o mais segue a lei que Deus lhe marcou, e ainda ninguém lhe ocorreu dizer que era monótono, por isso prescinde-se; é que precisamos disso para viver! Pois bem, na vida espiritual temos a mesma necessidade de repetir continuamente as mesmas orações, os mesmos actos de fé, de esperança e de caridade, para termos vida, visto que a nossa vida é uma participação continuada da vida de Deus. 

Quando os discípulos pediram a Jesus Cristo que os ensinasse a orar, Ele ensinou-lhes, como vimos atrás, a bela fórmula do "Pai-Nosso", dizendo: "Quando orardes dizei: "Pai..." (Lc 11,4). O Senhor mandou-nos rezar assim, sem nos dizer que, passado um certo número de anos, buscássemos nova fórmula de oração, porque esta teria passado a ser antiga e monótona. 

Quando os namorados se encontram, passam horas seguidas a repetirem a mesma coisa: "amo-te!". O que falta aos que acham a oração do Terço monótona é o Amor; e tudo o que não é feito por amor não tem valor. Por isso, nos diz o Catecismo que os dez Mandamentos da Lei de Deus se encerram num só, que é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. 

Os que rezam diariamente o seu Terço são como os filhos que todos os dias dispõem de alguns momentos para ir até junto de seu pai, para lhe fazer companhia, manifestar-lhe o seu agradecimento, prestar-lhe os seus serviços, receber os seus conselhos e a sua bênção. É o intercâmbio e a troca do amor, do pai para com o filho e deste para com o pai, é a dádiva mútua. 

Irmã Lúcia in Apelos da Mensagem de Fátima


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1 comentário:

Maria José Martins disse...

Esta é, na verdade, uma boa explicação para entendermos a "monotonia" da Oração do Terço.
Numa Sociedade onde tudo é a prazo e descartável: casamento, amizades, filhos, emprego...por causa da falência dos Grandes Valores Éticos e Morais considerados--até agora-- imutáveis, custa a entender que Deus seja tão Estável e Duradoiro--porque só Ele tem Palavras de Vida Eterna-- e nos peça algo de repetitivo, de maneira a que possamos PARAR um pouco e MEDITAR na Vida de Jesus Cristo, SEU FILHO, que tudo fez e faz para nos Salvar, dando-nos o SEU TESTEMUNHO, como EXEMPLO!
E, então, assim sensibilizados, possamos colher, dessa MEDITAÇÃO, o TAL AMOR-- a que Irmã Lúcia se refere-- a Ele, Jesus, e também a Nossa Senhora, Sua Mãe. Ela tornar-se-á, também, outro Exemplo a seguir, podendo ajudar-nos a RESTAURAR este mundo tão destruído pela instabilidade, pela incerteza do amanhã, pela falta de Esperança e de Sentido para a vida, motivados pela falta de afetos duradoiros, e que somente nos USA, enquanto tivermos UTILIDADE, seja ela de que ordem for!