terça-feira, 31 de janeiro de 2017

São João Bosco aconselha a evitar os maus amigos

Há três espécies de companheiros: os bons, os maus e os que não são totalmente maus, mas nem são bons. Com os primeiros podeis entreter-vos e tirareis proveitos; com os últimos, tratai quando houver necessidade, sem contrair nenhuma familiaridade. Quanto aos maus, esses devemos absolutamente evitar. Mas quais são esses maus companheiros? Prestai atenção e ficareis sabendo quais sejam.

Todos os jovens que na vossa presença não se envergonham de ter conversas obscenas, de dizer palavras equívocas ou escandalosas, murmurações, mentiras, juramentos vãos, imprecações, blasfêmias, ou então procuram afastar-vos das coisas da igreja, os que vos aconselham a roubar, a desobedecer aos vossos pais ou a transgredir algum dever vosso, todos esses são maus companheiros, ministros de satanás, dos quais deveis fugir mais do que da peste e do diabo em pessoa.

Ah! meus caros, com as lágrimas nos olhos eu vos suplico que eviteis e aborreçais tais companhias. Ouvi o que diz o Nosso Senhor: quem andar com o virtuoso será também virtuoso. O amigo dos estultos tornar-se-á semelhante a ele. Foge do mau companheiro como da mordedura de uma cobra venenosa: quasi a facie colubri (Eccl. XXI, 22).

Em suma, se andardes com os bons, eu vos afianço que ireis com os bons ao Paraíso. Pelo contrário, estando com companheiros perversos, vos pervertereis também vós, com perigo de perder irremediavelmente a vossa alma. Dirá alguém: São tantos os maus companheiros, que seria preciso sair deste mundo para evitá-los todos. Bem sei que são muitos numerosos os maus companheiros e é por isso mesmo que vos recomendo com empenho que fujais deles.

E se, para não tratar com eles, fosseis obrigados a ficar sozinhos, felizes de vós, porque teríeis em vossa companhia Jesus Cristo, a bem-aventurada Virgem e o vosso Anjo da Guarda. Poderemos encontrar companheiros melhores do que esses?

Contudo pode-se também ter bons companheiros e serão os que frequentam os Santíssimos Sacramentos da Confissão e da Comunhão, os que frequentam a igreja, os que com as palavras e com exemplo vos incitam ao cumprimento dos vossos deveres e vos afastam da ofensa a Deus.

A estes deveis acompanhar e tirareis muito proveito. Desde que David, quando jovem, começou a ter um bom companheiro chamado Jónatas, tornaram-se ambos bons amigos com proveito recíproco, porque um animava o outro na prática da virtude. 

in O jovem instruído na prática de seus deveres religiosos


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1 comentário:

A disse...

Gosto da vida de São João Bosco, estes seus conselhos compreendem-se no seu contexto e para as suas crianças e jovens muito novos, ainda sem grandes estratégias além da fuga como defesa. Ainda assim, se bem me lembro, Domingos Sávio, aluno de São João Bosco, estava entre outros miúdos que viam cenas obscenas, falava com o pior da instituição e até o “converteu” por fim. Não se afastou de ninguém, e pensou mais nos outros do que nele mesmo. E para nós mais velhos o objectivo deverá ser a defesa como para os mais imaturos? As relações com os outros não devem priorizar o “tirar proveito” se procurássemos o beneficio e o proveito próprio nas relação, como levaríamos a verdade onde houvesse erro? E luz onde houvesse trevas? E se só nos déssemos com os bons como entraríamos onde houvesse ódio? E se eu tratássemos com o outro só quando houvesse necessidade, não faríamos tanto quanto amar só os que nos amam? Se evito os maus onde me assemelho a Jesus que veio chamar os pecadores e não os justos? Porque até os justos podem tornar-se em maus e os maus em justos.
A promoção da ausência de familiaridade, nunca me pareceu benéfica. Só o amor, a proximidade muda alguém, não a encenação do mesmo. É verdade que muito fez Teresinha sem proximidades excessivas evitadas, mas o que pode justificar a dor da falta de afectividade, para aquele que saiba gerir cada lugar? Em conventos na actualidade religiosos(as) sofrem nas suas selas/quartos muitas vezes doentes e sós rodeados de irmãos, sem verdadeira irmandade. Digo que sofrem, porquês eles mesmo diziam sofrer. Isto é falta de caridade.
A prática da virtude com o bom e santo deve ser maravilhosa, mas com o mau não é inferior, até poderá ser maior.