O Cardeal colombiano Darío Castrillón Hoyos enfrentou traficantes e políticos no seu país. Foi acusado inclusive de receber dinheiro de traficantes. Hoyos nunca poupou os poderosos do governo e do crime organizado nos seus sermões, sempre muito polémicos.
Sobre Hoyos, o escritor colombiano e vencedor do Prémio Nobel da Literatura, Gabriel García Marquez, chegou a afirmar que o cardeal era um "homem que tinha a severidade de um clérigo em guerra" e "como um poeta guiado pelo dom místico da inspiração".
Hoyos chegou a encontrar-se com o chefe do cartel de drogas de Medellín, o famoso Pablo Escobar, disfarçado de vendedor de leite, para pedir que se entregasse e acabasse com os assassinatos e sequestros. Nessa conversa o bom Cardeal conseguiu persuadir o traficante a confessar os seus pecados.
O traficante chegou a enviar, por intermédio de Hoyos, uma proposta ao governo - que a recusou. Quando Escobar perguntou a Hoyos quem ele representava, o Cardeal disse que representava "aquele que um dia iria julgá-lo". Escobar foi morto pela polícia colombiana em 1993, na cidade de Medellín.
Segundo o Monsenhor Francisco Arias, o hoje Cardeal Darío Castrillón Hoyos costumava, quando era apenas padre, andar à noite pelas ruas de Pereira, distribuindo alimentos para os sem-abrigo. "Ele podia ser encontrado nos piores lugares de Pereira. Ele não tinha medo de ninguém, de nada."
O Monsenhor disse ainda que, ao tornar-se bispo, Hoyos passou a vigiar a polícia de Pereira, acusando-a de matar prostitutas, meninos de rua e mendigos, durante os seus sermões.
"Depois de denunciá-los nos seus sermões, os assassinatos pararam e o director da polícia de Pereira deixou o cargo."
Em 1982, quando era bispo de Pereira, ele manifestou-se contra o então candidato à presidência da Colômbia Álvaro Gomez por este defender o direito ao divórcio. Em 1994, ele instruiu os eleitores católicos para que não votassem no candidato presidencial Ernesto Samper, que, segundo Hoyos, apoiava a legalização de drogas e era muito próximo a não era cristão.
Samper acabou por vencer a eleição. Em 1996, o Congresso colombiano julgou e absolveu Samper da acusação de ter recebido 6 milhões de dólares dos traficantes do cartel de Cali para financiar a sua campanha eleitoral. Samper disse não ter conhecimento de ter recebido dinheiro do tráfico.
A absolvição, no entanto, não bastou para pôr fim às acusações de Hoyos. "Uma pessoa não pode obter poder com dinheiro do crime e, se o obtiver dessa forma, mesmo sem saber, não pode continuar a exercê-lo", disse Hoyos á época.
Hoyos foi ordenado padre no dia 26 de Outubro de 1952, na cidade de Santa Rosa de Osos e, no 1º de Julho de 1976 foi elevado a bispo de Pereira. Em 21 de Fevereiro de 1998 foi criado cardeal pelo Papa João Paulo II.
Formado no Seminário de Santa Rosa de Osos (Noroeste da Colômbia), a sua formação universitária começou na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (onde obteve o seu doutoramento em direito canónico).
O Cardeal Hoyos foi presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei e também Prefeito da Congregação para o Clero. O Cardeal Hoyos era um grande apoiante da Missa Tradicional, celebrando-a publicamente por diversas vezes, uma das últimas em 2016 na celebração do 10º aniversário do Instituto Bom Pastor (que ele ajudou a fundar).
O bom Cardeal Darío Castrillón Hoyos morreu esta madrugada do dia 18 de Maio, na antiga cama de Pio XII, no seu quarto em Roma. Rezemos pelo seu descanso eterno:
Requiem aeternam dona ei, Domine, et lux perpetua luceat ei.
Requiescat in pace. Amen.
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