quarta-feira, 1 de agosto de 2018

D. Athanasius Schneider: As manifestações “gay pride” e a resposta católica correta

Um Bispo Católico tem o grave dever moral de levantar a sua voz e tomar uma posição em relação ao fenómeno das “marchas gay”. Isto porque existe, na Civilização Ocidental, uma disseminação sistemática das “marchas gay”. Além disso, é visível um apoio crescente por parte de representantes do clero Católico ao fenómeno “gay pride”. Simultaneamente, verifica-se um silêncio generalizado, passivo e medroso por parte daqueles que na Igreja deveriam enfrentar a situação e proteger a vida da Igreja da infiltração do veneno da ideologia da homossexualidade e do género, e proclamar a verdade sobre a Criação de Deus e sobre os Seus santos mandamentos.  


Nas últimas décadas começaram a difundir-se nas cidades do mundo ocidental manifestações públicas, chamadas “gay pride” (”orgulho gay”). Este fenómeno, em constante crescimento, tem o objetivo claro de conquistar a praça pública de todas as cidades do mundo ocidental e, a longo prazo, as cidades do mundo inteiro, com excepção dos países islâmicos por causa do temor de previsíveis contrarreacções violentas.

Tais manifestações são realizadas com enormes recursos financeiros e logísticos, acompanhadas duma publicidade propagandística apoiada em uníssono pelos sectores mais influentes da vida pública, isto é, pela nomenclatura política, pelos meios de comunicação, pelos poderosos impérios económicos e financeiros. Um tal apoio unânime por parte das mencionadas instituições públicas era típico dos sistemas históricos totalitários, a fim de impor à sociedade uma determinada ideologia. As manifestações chamadas gay pride assemelham-se inconfundivelmente às marchas propagandísticas de diversos regimes políticos totalitários do passado.  

Resta apenas uma instituição importantíssima na vida pública que não entrou ainda oficialmente, ou em grande medida, neste coro unânime de apoio às marchas chamadas “gay pride”. Esta voz é a da Igreja Católica. O totalitarismo da ideologia homossexual ou do gender, persegue o seu objetivo mais ambicioso, isto é conquistar o último bastião de resistência que é a Igreja Católica. Entretanto este objetivo viu, infelizmente, alguns sucessos, pois se constata que um número crescente de sacerdotes, e até alguns bispos e cardeais, exprimem publicamente, e em diversos modos, seu apoio a tais marchas totalitárias, chamadas gay pride. Com isso, tais sacerdotes, bispos e cardeais tornam-se activistas e promotores duma  ideologia que representa uma ofensa directa a Deus e à dignidade do ser humano, criado varão e mulher, criado à imagem e semelhança de Deus.

A ideologia do gender, ou a ideologia da homossexualidade, representa uma revolta contra a obra criadora de Deus, uma obra admiravelmente sábia e amorosa. Trata-se duma revolta contra a criação do ser humano em dois sexos: masculino e feminino, que são necessária e maravilhosamente complementares. Os actos homossexuais ou lésbicos profanam o corpo masculino o feminino, o qual é o templo de Deus. De fato, o Espírito Santo diz: “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado - e isto sois vós” (1 Cor 3, 17). O Espírito Santo declara na Sagrada Escritura que os actos homossexuais são uma ignomínia, porque são contrários à natureza tal como ela foi criada por Deus: “Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relações contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario. Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Deus entregou-os aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento” (Rom 1, 26 - 28). O Espírito Santo declara pois que pessoas que cometam actos gravemente pecaminosos, aos quais pertencem também os actos homossexuais, não herdarão a vida eterna: “Não vos enganeis: nem os imorais, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os que praticam actos homossexuais, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os difamadores, nem os assaltantes hão de herdar o Reino de Deus” (1 Cor 6, 9-10). 

No entanto, a graça de Cristo é tão grande que pode transformar um idólatra, um adúltero, um homossexual praticante num homem novo. O texto citado da Palavra de Deus continua dizendo: “Alguns de vós têm sido isso [idólatras, adúlteros, sodomitas]. Mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus. Mas fostes lavados, fostes santificados, fostes justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.” (1 Cor 6, 11). Diante desta verdade e realidade da graça resplandece no cenário anti-Divino e anti-humano da ideologia e da prática da homossexualidade a luz da esperança e do verdadeiro progresso, isto é, a esperança e a possibilidade real da transformação duma pessoa, que comete actos homossexuais, num homem novo, criado na verdade da santidade: “Vós, porém, não foi para isto que vos tornastes discípulos de Cristo, se é que o ouvistes e dele aprendestes, como convém à verdade em Jesus. Renunciai à vida passada, despojai-vos do homem velho, corrompido pelas concupiscências enganadoras. Renovai sem cessar o sentimento da vossa alma, e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade.” (Ef 4, 20 - 24). Estas palavras de Deus são a única mensagem digna da esperança e da libertação que um cristão, e muito mais ainda um sacerdote e um bispo, deveriam oferecer às pessoas que cometem actos homossexuais ou que propagam a ideologia do gender.

O totalitarismo e a intolerância da ideologia do gender requerem, segundo a própria lógica, também uma aceitação totalitária. Todos os sectores da sociedade, inclusive a Igreja Católica, deveriam, portanto, ser obrigados a exprimir de qualquer modo a aceitação desta ideologia. Um dos meios públicos mais difusos e concretos duma tal imposição ideológica é representado pelas marchas chamadas gay pride.

Não se pode negar que a Igreja Católica encontrar-se-á, num futuro não muito distante, diante duma situação semelhante à situação da perseguição pelo Império Romano nos primeiros três séculos, quando a adesão à ideologia totalitária da idolatria era obrigatória também para os cristãos. Naquela época o teste, ou a verificação de tal adesão, consistia no ato civil e politicamente correto de queimar alguns grãos de incenso diante da estátua dum ídolo ou do Imperador.

Hoje, em vez do ato de queimar grãos de incenso, foi introduzido o gesto de solidariedade para com as marchas chamadas gay pride por meio de palavras de boas-vindas da parte de clérigos, e até por meio de especiais celebrações religiosas para apoiar o suposto direito às actividades homossexuais e à difusão desta ideologia. Somos testemunhas do incrível cenário em que alguns sacerdotes, e até bispos e cardeais, sem envergonhar-se, estão já oferecendo grãos de incenso ao ídolo da ideologia da homossexualidade ou do gender sob os aplausos dos poderosos deste mundo, isto é, sob o aplauso dos políticos, dos media e de poderosas organizações internacionais.

Qual deveria ser a resposta certa dum cristão, dum católico, dum sacerdote e dum bispos diante do fenómeno assim chamado gay pride?

Em primeiro lugar deve-se proclamar com caridade a verdade Divina sobre a criação do ser humano, proclamar a verdade sobre a objetiva desordem psicológica e sexual da tendência homossexual, referindo a verdade da necessária, e discreta, ajuda às pessoas de tendência homossexual a fim de que recebam a cura e libertação da sua deficiência psicológica.

Ademais deve-se proclamar a verdade Divina sobre o carácter gravemente pecaminoso dos actos homossexuais e do estilo de vida homossexual, porque são ofensivos à vontade de Deus. Deve-se proclamar com preocupação verdadeiramente fraterna a verdade Divina sobre o perigo da perdição eterna das alms dos homossexuais praticantes e impenitentes.

Além disso, com coragem civil, e aplicando todos os meios pacíficos e democráticos, deve-se protestar contra o vilipêndio das convicções cristãs e contra a exibição pública de obscenidades degradantes. Deve-se protestar contra a imposição de marchas com carácter de militância politico-ideológica às populações de cidades inteiras  e países.

A coisa mais importante, contudo, encontra-se nos meios espirituais. A resposta mais poderosa e mais preciosa exprime-se nos actos públicos e privados de desagravo à santidade e à majestade Divinas, tão gravemente e publicamente ultrajadas com as marchas chamadas gay pride. 

Inseparável dos actos de desagravo é a oração fervorosa para a conversão e para a salvação eterna das almas dos promotores e dos activistas da ideologia da homossexualidade e sobretudo das almas das pessoas desgraçadas que praticam a homossexualidade.

Que as seguintes palavras dos Sumos Pontífices reforcem a resposta católica correta ao fenómeno chamado gay pride.

Papa João Paulo II protestava contra o gay pride de Roma no ano 2000, dizendo: “Julgo imperioso fazer referência às bem conhecidas manifestações [gay pride], que se realizaram em Roma nos dias passados. Em nome da Igreja de Roma, não posso deixar de exprimir profunda tristeza... pela ofensa aos valores cristãos duma Cidade, que é tão querida ao coração dos católicos do mundo inteiro. A Igreja não pode deixar de falar a verdade, porque faltaria à fidelidade para com Deus Criador e não ajudaria a discernir o que é bem daquilo que é mal.” (Palavras antes da oração do Angelus, 9 de Julho de 2000).

O Pontífice reinante Papa Francisco alertou em várias ocasiões para o perigo da ideologia do gender, quando p.e. dizia: “Tu, Irina, mencionaste um grande inimigo actual do casamento: a teoria do gender. Hoje está em ato uma guerra mundial para destruir o casamento. Hoje existem colonizações ideológicas que o destroem, não com as armas, mas com as ideias. Por isso, é preciso defender-se das colonizações ideológicas.” (Discurso durante o encontro com os sacerdotes, religiosos, religiosas, seminaristas e agentes da pastoral, Tbilisi, 1 de Outubro de 2016). “Estamos a viver um momento de aniquilação do homem como imagem de Deus. E aqui gostaria de concluir com um aspecto concreto, porque por detrás dele estão as ideologias. Na Europa, nos Estados Unidos, na América Latina, na África, nalguns países da Ásia, existem verdadeiras colonizações ideológicas. E uma delas – digo-a claramente por «nome e apelido» - é o gender! Hoje às crianças – às crianças! –, na escola, ensina-se isto: o sexo, cada um pode escolhê-lo. E porque ensinam isto? Porque os livros são os das pessoas e instituições que te dão dinheiro. São as colonizações ideológicas, apoiadas mesmo por países muito influentes. E isto é terrível. Em conversa com o Papa Bento – que está bem e tem um pensamento claro – dizia-me ele: «Santidade, esta é a época do pecado contra Deus Criador». É inteligente! Deus criou o homem e a mulher; Deus criou o mundo assim, assim e assim; e nós estamos a fazer o contrário. Deus deu-nos um estado «inculto» para que o fizéssemos tornar-se cultura; e depois, com esta cultura, fazemos as coisas que nos levam ao estado «inculto»! Devemos pensar naquilo que disse o Papa Bento: «É a época do pecado contra Deus Criador»! (Discurso durante o encontro com os Bispos Polacos em ocasião da Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia, 27 de Julho de 2016).

Os verdadeiros amigos das pessoas que promovem e cometem acções degradantes durante as marchas chamadas gay pride, são os cristãos que dizem:

“Não queimarei nem sequer um grão de incenso diante do ídolo da homossexualidade e da teoria do gender, mesmo se – que Deus não o permita! – o meu pároco ou o meu bispos o fizessem.

Farei actos privados e públicos de desagravo e de orações de intercessão para a salvação eterna da alma de todos os que que promovem e praticam a homossexualidade.

Não terei medo do novo totalitarismo politico-ideológico do gender, porque Cristo está comigo. E já que Cristo venceu todos os sistemas totalitários do passado, Ele vencerá também o totalitarismo da ideologia do gender em nossos dias.”

Christus vincit, Christus regnat, Christus imperat!

28 de julho de 2018
+ Athanasius Schneider, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Maria Santíssima em Astana


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