quinta-feira, 1 de outubro de 2020

1 de Outubro, o dia em que morreu o Padre Cruz

O Padre Francisco Cruz morreu no dia 1 de Outubro de 1948, em Lisboa. Era considerado um santo. Não somente os crentes lhe beijavam as mãos e a orla da batina, mas também os inimigos da igreja se curvavam diante dele. 

Numa das horas mais difíceis da história de Portugal, foi um símbolo de Fé inabalável. Depois da revolução de 1910, os bispos foram exilados, os padres presos e o desânimo apoderou-se das almas. Então o Padre Cruz percorria incansavelmente as cidades e aldeias prometendo um futuro melhor. Ele não se enganou: Em 1917 aparecia em Fátima a Virgem Maria pedindo oração e penitência. Foi o Padre Cruz que lhe preparou o caminho. Ele dirigia há muito essa mensagem ao povo e praticou-a na sua vida. 

O Padre Cruz não era um orador eloquente, nem um organizador. Não construiu hospitais nem escolas; não fundou ordens nem sequer uma única irmandade. Atribuem-se-lhe casos extraordinários e inúmeras versões. Exercia o seu poder sobre os homens principalmente na escuridão do confessionário. Este modesto sacerdote dominou a tempestade e as nuvens da revolução que ameaçavam aniquilar a Fé em Portugal. Repeliu o espírito de descrença, tal como São João Maria Vianney, o cura d´Ars, ao qual tanto de assemelhava.

Vianney também não possuía o dom da palavra como os grandes oradores sacros franceses. Em Ars não se ouviam pregações brilhantes, nem máximas elaboradas. O Santo cura trazia a imagem de Cristo na sua alma. A paz do paraíso brilhava nos seus olhos. Uma palavra sua na homilia, uma pequena frase no confessionário, modificava uma vida inteira e iluminava a escuridão das consciências.

Não se podia pensar numa vida de prazer, depois de uma visita à modesta aldeia d´Ars. Vianney tinha lançado nas almas uma profunda inquietação. Preparou, como um segundo S. João Baptista, o caminho para a Virgem Maria que, poucos anos antes da sua morte, aparecia em La Salette e Lourdes.

Nossa Senhora repetiu as mesmas palavras que Vianney sempre proclamara aos que o escutavam, e que ele próprio viveu: oração e penitência. Na mesma semana em que o Santo cura d´Ars morreu, nasceu em 29 de Julho de 1859 Francisco Cruz, o precursor de Fátima. O "Padre Cruz", como todos lhe chamavam, tornou-se tal como Vianney, símbolo de contradição do seu tempo, do seu povo, da sua condição. 

O velho Portugal, que outrora na força da fé derrubou o crescente das ameias dos seus castelos, o país, cujos barcos ostentavam a cruz de Cristo e que descobriu novos mundos, há muito que enverdara por caminhos completamente diferentes.

A Igreja Portuguesa estava muito na dependência do poder civil, e o governo estava em geral dominado pela maçonaria. A monarquia liberal mais atraiçoada do que apoiada pelas massas das grandes cidades, procurava conduzir a barca do poder através de todas as crises e tempestades, fazendo numerosas concessões. Nesses tempos de perturbação da ordem, e negação de todos os valores, teve lugar a acção do Padre Cruz. Não se assemelhava a Santo António, que como um meteoro apareceu no céu e iluminou toda a Europa com o fogo da sua palavra. 

A vida do Padre Cruz é idêntica à chama ardente e orientadora da lâmpada do sacrário, que na tempestade anuncia a presença do Salvador. A veneranda figura deste sacerdote foi, para o seu povo, a âncora salvadora, quando a queda da monarquia ameaçava arrastar também a igreja para o redemoinho da destruição. Permaneceu firme, enquanto tudo à sua volta se desmoronava.

Durante mais de meio século pregou em centenas de igrejas, ouviu inúmeras confissões. Trouxe aos crentes coragem e confiança num futuro melhor e mais cristão.

A coroação da sua obra, a realização da sua mensagem foi Fátima. Aquilo que já há vinte anos ele vinha exigindo - oração e penitência - foi pedido a Portugal e ao mundo inteiro pela Virgem Maria, na Cova de Iria. O Padre Cruz foi o precursor de Fátima, e merece ser conhecido. A sua vida é a melhor explicação, a mais pura realização da lei renovadora de Fátima.

Autor: desconhecido


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2 comentários:

Maria José Martins disse...

Passei a minha infância a ouvir "histórias" de milagres, deste Santo--mesmo sem ter sido ainda canonizado-- contadas pela minha mãe. De tal forma, que recorri várias vezes à sua intercessão, através de novenas, acabando SEMPRE por ser escutada. Só lamento, que o seu processo de Canonização esteja parado no Vaticano, como já ouvi; ele é realmente UM SANTO!
Obrigada, porque vou continuar a recorrer a ele. Eu nem conhecia a data da sua morte.

Unknown disse...

Magnífico texto. Deus vos abençoe. Muito obrigada a todos

Tam