terça-feira, 23 de novembro de 2021

Morreu o último Trapista que tinha sobrevivido ao massacre de Tibhirine

O Padre Jean Pierre Schumacher morreu Domingo passado no mosteiro de Midelt (Marrocos), aos 97 anos. Foi um dos dois monges que sobreviveram ao massacre no mosteiro trapista de Tibhirine, na Argélia em 1996.

O falecido monge servia como porteiro noturno do mosteiro de Tibhirine no dia 27 de março de 1996, quando membros do Grupo Islâmico Armado sequestraram e posteriormente decapitaram sete dos seus confrades.

Os sequestradores, que entraram pelo porão, não passaram pela porta da frente onde o Padre Schumacher estava naquela noite. O único outro sobrevivente da comunidade, o Padre Amédée Noto, morreu em 2008.

Os sete monges mártires da sua comunidade foram beatificados no dia 8 de Dezembro de 2018, juntamente com 12 outros cristãos mortos durante a guerra civil argelina na década de 1990. O Padre Schumacher esteve presente na beatificação, que decorreu no Santuário de Nossa Senhora da Santa Cruz em Oran.

A história dos monges de Tibhirine foi dramatizada no filme francês de 2010, "Dos Homens e dos Deuses", que ganhou o grande prémio do júri no Festival de Cannes.

O Papa Francisco cumprimentou Schumacher e beijou a sua mão durante a visita apostólica a Marrocos, em Março de 2019.

Jean Pierre Schumacher nasceu em Lorraine, França, em 1924. Depois da Alemanha ter assumido o controle da Alsácia-Lorena, durante a Segunda Guerra Mundial, ele foi alistado à força na Wehrmacht, mas nunca foi enviado para a frente de guerra devido a uma tuberculose. Depois da guerra, ingressou no seminário dirigido pelos padres maristas e foi ordenado sacerdote em 1953. Alguns anos depois, ingressou no mosteiro trapista na Bretanha, França.

Foi enviado à Argélia para ingressar no mosteiro de Tibhirine em 1964, a pedido do arcebispo de Argel. Ele fazia parte da comunidade há 30 anos, quando os seus irmãos foram martirizados. Após o massacre, o Padre Schumacher restabeleceu o Mosteiro Notre Dame de L'Atlas, em Marrocos, juntamente com o Padre Noto.

O monge disse, numa entrevista em 2011, que rezou continuamente pelos extremistas muçulmanos que mataram os outros membros da sua comunidade, lembrando que o Prior da sua comunidade, o Padre Christian, perdoou os seus assassinos antes d seu martírio.

“Temos de perdoar. Deus pede para nos amarmos uns aos outros ”, disse o Padre Schumacher.



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1 comentário:

Maria José Martins disse...

Peço desculpa, se vou ser polémica, mas todas estas notícias me fazem refletir, para não dizer revoltar, na enorme CONFUSÃO, com que, a toda a hora, hoje, somos confrontados.
Se por um lado se elogiam os mártires, que, como sempre nos ensinaram, são a FONTE de Bênçãos do Céu, de Força para a Igreja e semente de vocações, por outro lado, defende-se uma "doutrina" relativista, morna...que, por ser assim, NUNCA nos poderá levar ao martírio, seja ele de que espécie for, pois, cada um pode adaptá-la às suas conveniências e, assim, viver um Cristianismo "ligth"!
E, depois, esta barbaria perpretada, constantemente, pelo Estado Islâmico, não é suficiente, para concluir, que de pacífico e fraterno ELE não tem nada?! Porque se teima em divulgar que "todas as religiões são verdadeiras?!"
E, para terminar, vou denunciar o que uma amiga me contou ter ouvido, há um mês, em Fátima, pela boca de um jovem Sacerdote, quando fazia uma análise circiunstancial das variadas consequências, CAUSA--EFEITO: FUNDAMENTALISMO GERA MARTÍRIO!
Acrescento que essa minha amiga até duvida que tenha ouvido bem, tal é o DESAFORO!