terça-feira, 25 de abril de 2023

Ladainhas Maiores a 25 de Abril

A Igreja romana conta ainda hoje quatro dias de Rogações: as Ladainhas maiores - a 25 de Abril (procissão de São Marcos) - e as Ladainhas menores, nos três dias que precedem a Ascensão (as Rogações). São dias que a Igreja consagra à prece constante, a fim de implorar a misericórdia de Deus em todas as necessidades temporais e espirituais e particularmente para obter a bênção sobre os frutos da terra.

Na antiga Igreja esses dias de orações eram muitas vezes prescritos. Ora eram regulares e se celebravam anualmente, ora eram extraordinários e prescritos em necessidades particulares como por exemplo para afastar a peste. As Ladainhas maiores datam da época que precedeu a S. Gregório I (cerca do ano 600). Este Papa fixou a sua data em 25 de Abril, dia em que, segundo a tradição, S. Pedro chegara pela primeira vez a Roma. Ele instituiu a igreja de S. Pedro como a igreja da estação desse dia litúrgico.

A Roma pagã celebrava nesse dia a “robigália”, procissão em honra de um deus pagão. As Ladainhas substituíram estas festas. A festa de S. Marcos não tem relação com as Ladainhas maiores e só foi marcada, muito depois, para 25 de Abril. A procissão realiza-se por isso neste dia, mesmo quando a festa de S. Marcos é transferida para outro dia.

A cerimónia consiste na procissão das Ladainhas e o ofício da estação que se segue. Na procissão temos um último vestígio das procissões de estação de que os Cristãos de outrora gostavam tanto e que faziam quase quotidianamente durante a Quaresma e a semana de Páscoa. Eles reuniam-se numa igreja chamada igreja da reunião (ecclesia collecta) de onde vem o nome da oração camada Colecta. Dali dirigiam-se em procissão com o Bispo e o clero para uma outra igreja. Durante caminho os fiéis recitavam as ladainhas dos Santos com o Kyrie eleison. A segunda igreja chamava-se igreja da estação (statio). Nela se celebrava-se a Santa Missa.

Os quatro dias das Ladainhas conservaram esse uso venerando que nos é tão caro. Realmente não devemos apenas com perseverança mas também rezar juntos. A essa oração perseverante e em comum, Cristo prometeu a força e o sucesso. Na procissão cantam-se as antigas Ladainhas dos Santos nas quais imploramos para todas as nossas necessidades a intercessão de toda a Igreja triunfante. As Orações finais das Ladainhas são belíssimas e muito edificantes.

Dom Pius Parsch in 'Testemunhas do Cristo' (1951)


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1 comentário:

Maria José Martins disse...


Quer queiramos ou não, a Igreja "dita" Tradicional era muito mais profunda espiritualmente ajudando o Homem, que em tudo via Deus, o Seu Amor, ou mesmo o castigo...mas isso também o obrigava a refrear e a corrigir as suas imperfeições.
Hoje, em nome duma autossuficiência egoísta, em que cada um age conforme lhe dá jeito, esquecemo-nos, tantas vezes, daquilo que na verdade seria mais justo para o outro e até para a Sociedade em geral, e de que é de Deus que vem TUDO, através da oração; é o próprio Jesus que no-lo diz: "Onde dois ou três estiverem reunidos Em Meu Nome, Eu estou no meio deles, e TUDO o que pedirem ao Pai lhes será concedido!"
Por isso-- e que me desculpe quem pensar de forma diferente, atendendo à sensibilidade do tema-- nos "escondemos" medrosos, durante a pandemia, fechando as igrejas...quando, a meu ver, deveríamos ter intensificado as nossas súplicas e as TAIS rogações conjuntas, a Deus PAI TODO PODEROSO!
Assim, todas "essas rezas", simplesmente, foram esquecidas ou ignoradas, porque a Fé dos simples e humildes também já não abunda, uma vez que somos muito esclarecidos, cultos e demasiado intelectuais, para nos sujeitarmos a "tão populares" manifestações de culto, e tão fora de moda: a Ciência acima de TUDO!
Que Deus nos PERDOE e que, se tudo voltar, púnhamos os olhos nos "antigos", que, sem medo, aproveitaram os tempos de crises idênticas, para mostrar ao MUNDO que não estamos sozinhos e que Ele, Jesus, continua VIVO, no meio de nós...mas, LITERALMENTE, tal qual o proclamamos.
E que não seja somente "da boca para fora!"