André Reinoso, 'S. Francisco Xavier prega em a Goa', cerca de 1619, Santa Casa de Misericórdia, Lisboa |
São Francisco Xavier: um dos fundadores da Companhia de Jesus, junto com Santo Inácio de Loyola. A sua família fazia parte da nobreza de Navarra, território hoje pertencente à Espanha. Foi enviado pelo Rei de Portugal, D. João III, para realizar trabalho missionário nas Índias. Viajou pela África, Índia, Macau, Japão e Ilhas Molucas, na actual Indonésia. É o santo padroeiro dos missionários e da diocese de Macau, na República Popular da China.
A Igreja sempre se apoiou nos missionários para sua expansão no decorrer dos séculos. Primeiro foram os Apóstolos que se espalharam pelo mundo após a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Durante o período do Descobrimento, entre os séculos XV e XVI, o Cristianismo encontrou nos missionários da Companhia de Jesus, os Jesuítas, a forma de iniciar a evangelização nas Américas e no Oriente: Índia, Japão e China.
Francisco Xavier, nascido Francisco de Jasso Azpilcueta Atondo y Aznáres, considerado o maior dos missionários jesuítas, foi o fundador dessas missões no Oriente. Nasceu em Xavier, no Reino de Navarra, Espanha, em 7 de abril de 1506. Era filho de uma família nobre, que havia projectado para ele um futuro de glória e riqueza no mundo, matriculando-o, com 18 anos, na Universidade de Paris. Mas não foi no campo terreno que ele se sobressaiu mas sim no espiritual. Francisco formou-se em filosofia e leccionava na mesma Universidade, onde conheceu um aluno bem mais velho, e de ideias objectivas, e tudo mudou. Tratava-se do futuro Santo Inácio de Loyola, fundador dos Jesuítas.
Loyola sonhava formar uma companhia de apóstolos para a defesa e propagação do Cristianismo no mundo. Viu em Francisco alguém capaz de ajudá-lo na empreitada e tentou conquistá-lo para a causa. Tarefa que se revelou nada fácil, por causa do orgulho e da ambição que Xavier tinha, projectadas em si pela sua família. Loyola, enfim, convenceu-o com uma frase que lhe tocou a alma: "De que vale a um homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma?" (Mc 8, 36). Francisco tomou-a como lema e nunca mais a abandonou, nem ao seu autor, N. S. Jesus Cristo.
Os papéis inverteram-se, e Inácio passou a ser mestre do seu professor, ensinando-lhe o difícil caminho da humildade e dos exercícios espirituais. Xavier, por fim, retirou-se durante quarenta dias na solidão, preparando-se para receber a ordenação sacerdotal. Celebrou a sua primeira Missa com trinta e um anos, e tornou-se co-fundador da Companhia de Jesus. Passou, então, a cuidar dos leprosos, segregados pela Sociedade. Com outros companheiros, fixou-se, em 1537, em Veneza, onde recolhia das ruas e tratava aqueles a quem ninguém tinha coragem de tocar.
Foi então que D. João III, Rei de Portugal, pediu a Inácio de Loyola para organizar um grupo de sacerdotes que acompanhassem as expedições ao Oriente e depois evangelizassem as Índias. O grupo estava pronto e treinado quando um dos missionários adoeceu, e Francisco Xavier decidiu tomar o seu lugar. O navio com 900 passageiros, entre eles Francisco Xavier, partiu de Lisboa com destino às Índias. Foi o início de uma viagem perigosíssima e cheia de transtornos, que demorou praticamente um ano. Durante todo esse tempo, Francisco trabalhou em todos os serviços mais humildes do navio. Era auxiliar de cozinha, faxineiro e enfermeiro. Finalmente, chegaram ao porto de Goa.
Viagens de São Francisco Xavier
Desde aí, Francisco Xavier realizou uma das missões mais árduas da Igreja Católica. Ia de aldeia em aldeia, evangelizava os nativos, baptizava as crianças e os adultos. Reunia as aldeias em grupos, fundava comunidades eclesiais e deixava outro Sacerdote continuar a obra, enquanto investia em novas frentes apostólicas noutra região.
Acabou por sair das Índias para pregar no Japão, além de ter feito algumas incursões clandestinas na China. Numa delas, na Ilha de Sanchoão, adoeceu e uma febre persistente debilitou-o, levando-o à morte, no dia 3 de Dezembro de 1552, com apenas 46 de idade. Está sepultado na Basílica do Bom Jesus, em Goa Velha, Índia.
Foi beatificado pelo Papa Paulo V a 25 de Outubro de 1619 e canonizado pelo Papa Gregório XV, a 12 de Março de 1622, em simultâneo com Inácio de Loyola. Celebrado no dia da sua morte, como exemplo do missionário moderno, São Francisco Xavier foi, com toda a justiça, proclamado pela Igreja Patrono das Missões, e pelo trabalho tão significativo recebeu o apelido de São Paulo do Oriente ou Apóstolo do Oriente.
in Pale Ideas
2 comentários:
Impressionante as enormes distancias que São Francisco Xavier percorreu em suas viagens missionárias! Não é a toa que ele é chamado de São Paulo do Oriente!
E aqueles que viveram em Goa, Damão e Diu, quando eram portuguesas, bem testemunharam o amor dos Indianos, por S. Francisco Xavier, o qual veneravam, Católicos e não Católicos, chamando- lhe pai.
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