quarta-feira, 29 de abril de 2020

Bispo avisa políticos italianos que as Missas vão recomeçar, quer queiram quer não

Mons. Giovanni D'Ercole avisou o Estado e os políticos italianos que o culto católico é um direito que eles não podem negar, e que o culto voltará em breve, a bem ou a mal.
Legendas: Fratres in Unum


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terça-feira, 28 de abril de 2020

Monge Beneditino escreve sobre o pânico geral provocado pelo Coronavirus

Na verdade, as pessoas têm demasiado medo de morrer ou até de se sentirem um pouco mal. E, neste momento, o medo é desproporcional comparado à ameaça que existe. E porquê? Talvez a razão mais profunda, ou uma das principais, seja a falta de perspectiva futura.

Aqueles que lutavam pela pátria e pela liberdade estavam dispostos a sacrificar as suas vidas precisamente porque o futuro era um bem superior ao presente. Da mesma forma para os católicos: O crente que prefere arriscar a sua vida e perdê-la, em vez de negar a sua fé, tem diante de si o futuro eterno, que existe além deste mundo, o paraíso. 

Hoje, porém, a nossa cultura já não tem futuro, está presa no presente, no efémero: Se perdemos o presente, perdemos tudo. Em geral, portanto, podemos dizer que a força da epidemia em curso neste momento não vem do número de vítimas ou do seu perigo objectivo, mas da fraqueza espiritual da Humanidade.

Dom Giulio Meiattini, Monge Beneditino


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quarta-feira, 22 de abril de 2020

Mons. Viganò aos portugueses: "Sois um povo com uma grande responsabilidade"

Apresentamos uma entrevista que Mons. Carlo Viganò, ex-núncio apostólico nos Estados Unidos, deu em exclusivo para o blog português Dies Irae:

Excelência, muito obrigado por nos conceder esta entrevista. Estamos a braços com a epidemia do COVID-19 que, nos últimos meses, tem vindo a condicionar a vida de milhões de pessoas e, inclusive, a provocar a morte a tantas outras. Face a esta situação, a Igreja, por meio das Conferências Episcopais, decidiu praticamente encerrar todas as igrejas e privar os fiéis de acederem aos Sacramentos. 
No passado dia 27 de Março, perante uma Praça de São Pedro vazia, o Papa Francisco, agindo de forma manifestamente mediática, presidiu a uma presumida oração pela humanidade. Foram muitas as reacções à forma como o Papa conduziu aquele momento, sendo que uma delas procurou associar a presença solitária de Francisco à Mensagem de Fátima, designadamente ao Terceiro Segredo. Concorda?   

Permita-me, antes de mais, que lhe diga que estou muito feliz por conceder esta entrevista aos fiéis de Portugal, que a Santíssima Virgem prometeu preservar na Fé também nestes tempos de grande provação. Sois um povo com uma grande responsabilidade, porque podereis, em breve, ter de proteger o sagrado fogo da Religião, enquanto as outras Nações se recusam a reconhecer Cristo como seu Rei e Maria Santíssima como sua Rainha.   

A terceira parte da mensagem que Nossa Senhora confiou aos pastorinhos de Fátima, para que eles a entregassem ao Santo Padre, permanece em segredo até hoje. Nossa Senhora pediu para ser revelada em 1960, mas João XXIII publicou, a 8 de Fevereiro daquele ano, um comunicado em que afirmava que a Igreja «
não quer assumir a responsabilidade de garantir a veracidade das palavras que os três pastorinhos dizem que a Virgem Maria lhes dirigiu». Com este afastamento da mensagem da Rainha do Céu, deu-se início a uma operação de encobrimento, evidentemente porque o conteúdo da mensagem revelaria a terrível conspiração dos seus inimigos contra a Igreja de Cristo. Até há algumas décadas, pareceria inacreditável que pudéssemos ter chegado ao ponto de amordaçar também a Virgem Maria, mas nestes últimos anos temos também assistido a tentativas de censurar o próprio Evangelho, que é a Palavra do Seu divino Filho.      

Em 2000, durante o Pontificado de João Paulo II, o Secretário de Estado, Cardeal Sodano, apresentou como Terceiro Segredo uma versão sua que, em relação a alguns elementos, apareceu claramente incompleta. Não admira que o novo Secretário de Estado, Cardeal Bertone, tenha procurado desviar a atenção sobre um evento do passado, a fim de fazer crer ao povo de Deus que as palavras da Virgem não tivessem nada que ver com a crise da Igreja e com o conluio entre modernistas e maçonaria realizado nos bastidores do Vaticano II. Antonio Socci, que investigou exaustivamente sobre o Terceiro Segredo, desmascarou este comportamento malicioso da parte do Cardeal Bertone. Por outro lado, foi o próprio Bertone a desacreditar fortemente e a censurar Nossa Senhora das Lágrimas de Civitavecchia, cuja mensagem concorda perfeitamente com o que Ela disse em Fátima.    


Não esqueçamos o ignorado apelo de Nossa Senhora para que o Papa e todos os Bispos consagrassem a Rússia ao Seu Imaculado Coração, como condição para derrotar o Comunismo e o materialismo ateu: consagrar não “o mundo”, não “aquela nação que Ela quer que Lhe consagremos”, mas “a Rússia”. Custava tanto fazê-lo? Evidentemente que sim, para aqueles que não têm um olhar sobrenatural. Preferiu-se percorrer o caminho da distensão com o regime soviético, inaugurado precisamente por Roncalli, sem compreender que sem Deus não é possível paz alguma. Hoje, com um Presidente da Confederação Russa que certamente é Cristão, o pedido da Virgem poderia ser atendido, evitando posteriores infortúnios para a Igreja e para o mundo.     

O próprio Bento XVI confirmou a actualidade da mensagem da Virgem, apesar de – segundo a interpretação difundida pelo Vaticano – se dever considerar cumprida. Quem leu o Terceiro Segredo disse claramente que o seu conteúdo diz respeito à apostasia da Igreja, iniciada precisamente no princípio dos anos sessenta e que, hoje, chegou a uma fase tão evidente que pode ser reconhecida por observadores seculares. Esta insistência quase obsessiva sobre questões que a Igreja condenou sempre, como o relativismo e a indiferença religiosa, um falso ecumenismo, o ecologismo malthusiano, a homoeresia e o imigracionismo, encontrou na Declaração de Abu Dhabi o cumprimento de um plano concebido pelas seitas secretas desde há mais de dois séculos.    

Em plena Semana Santa e no seguimento do funesto Sínodo sobre a Amazónia, o Papa decidiu instituir uma comissão para debater e estudar o diaconado feminino na Igreja Católica. Crê que se pretende, assim, abrir caminho para uma clericalização da mulher ou, por outras palavras, para uma tentativa de adulteração do Sagrado Sacerdócio instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo em Quinta-Feira Santa? 


A Ordem Sagrada não pode, nem nunca poderá ser modificada na sua essência. O ataque ao Sacerdócio esteve desde sempre no centro de acção dos hereges e do seu inspirador, e é compreensível que assim seja: atingir o Sacerdócio significa destruir a Santa Missa e a Santíssima Eucaristia e todo o edifício sacramental. Entre os inimigos jurados da Ordem Sagrada, não faltaram sequer os modernistas, obviamente, que, desde o século XIX, teorizavam uma igreja sem sacerdotes, ou com sacerdotes e sacerdotisas. Estes delírios, antecipados por alguns expoentes do Modernismo em França, ressurgiram subtilmente no Concílio, com a tentativa de insinuar uma qualquer equivalência entre o Sacerdócio ministerial, derivante da Ordem Sagrada, e o sacerdócio comum dos fiéis, derivante do Baptismo. É significativo que, precisamente a jogar sobre este desejado equívoco, também a liturgia reformada tenha sido afectada pelo erro doutrinal da Lumen gentium, acabando por reduzir o Ministro ordenado a simples presidente de uma assembleia de sacerdotes. Em vez, o sacerdote é alter Christus, não por designação popular, mas por ontológica configuração ao Sumo Sacerdote, Jesus Cristo, a quem deve imitar na santidade de vida e na dedicação absoluta também representada pelo Celibato.             

O passo sucessivo deveria necessariamente cumprir-se, se não com a eliminação do Sacerdócio em si, pelo menos tornando-o ineficaz, alargando-o às mulheres, que não podem ser ordenadas: exactamente o que aconteceu nas seitas protestantes e anglicanas, que hoje também experimentam a embaraçante situação de ter bispas lésbicas na chamada igreja de Inglaterra. Mas é evidente que o “pretexto” ecuménico – ou seja, o aproximar-se às comunidades dissidentes e adquirir até os erros mais recentes – tem na base o ódio de Satanás ao Sacerdócio e conduziria inevitavelmente a Igreja de Cristo à ruína. Por outro lado, também o Celibato eclesiástico é objecto do mesmo ataque, porque é próprio e distintivo da Igreja Católica e constitui uma preciosa defesa do Sacerdócio que a Tradição zelosamente guardou ao longo dos séculos.                        

A tentativa de introduzir uma forma de ministério ordenado feminino na Igreja não é recente, não obstante as repetidas declarações do Magistério. Até João Paulo II definiu, de modo inequívoco, e com todos os requisitos canónicos de uma declaração infalível ex Cathedra, que não é absolutamente possível questionar a doutrina sobre este argumento. Mas como se pôde servir do Catecismo para declarar a pena de morte “não conforme ao Evangelho” – algo inédito e herético –, hoje está-se a tentar criar ex novo uma qualquer forma de diaconado feminino, evidentemente preparatória a uma futura introdução do sacerdócio feminino. A primeira comissão criada por Bergoglio há alguns anos, deu parecer negativo, confirmando o que, para além disso, nem deveria ser objecto de discussão; mas se aquela comissão não pôde obedecer aos desejos de Francisco, isto não significa que não possa fazê-lo uma outra comissão, cujos membros, escolhidos por ele, sejam mais “dóceis” e desinibidos na demolição de um outro pilar da Fé católica. Não duvido que Bergoglio disponha de métodos persuasivos e que possa exercer formas de pressão sobre a comissão teológica; mas estou igualmente certo de que, na eventualidade que este órgão consultivo devesse dar um parecer favorável, não se deveria necessariamente chegar a uma declaração oficial do Papa para se ver multiplicar diaconisas nas Dioceses da Alemanha ou da Holanda, no silêncio de Roma. O método é conhecido e, por um lado, permite atingir o Sacerdócio, e, por outro, dar um cómodo álibi àqueles que, dentro da estrutura eclesial, poderão sempre apelar ao facto de que “o Papa não permitiu nada de novo”. Fizeram o mesmo ao autorizar as Conferências Episcopais a legislar autonomamente sobre a Comunhão na mão, que, imposta pelo abuso, hoje se tornou prática universal.           

Deve-se dizer que esta vontade de promover as mulheres na hierarquia trai a inquietação de seguir a mentalidade moderna, que tirou à mulher o seu papel de mãe e esposa para desestruturar a família natural.              

Recordemos que esta abordagem dos dogmas da Igreja confirma um facto inegável: Bergoglio adoptou a chamada teologia da situação, cujos lugares teológicos são factos ou assuntos acidentais: o mundo, a natureza, a figura feminina, os jovens... Teologia esta que não tem como próprio centro fundante a verdade imutável e eterna de Deus, mas, pelo contrário, parte da constatação da urgência obrigatória dos fenómenos para dar respostas coerentes com as expectativas do mundo contemporâneo.       

Excelência, segundo historiadores de reconhecido mérito, o Concílio Vaticano II representou uma ruptura da Igreja com a Tradição, daí o aparecimento de correntes de pensamento que querem transformá-la numa mera “associação filantrópica” que abrace o mundo e a sua utopia globalista. Como vê este grave problema?                

Uma igreja que se destaca como nova em respeito à Igreja de Cristo, simplesmente não é a Igreja de Cristo! A Religião Mosaica, ou seja, a “igreja da antiga lei”, querida por Deus para conduzir o Seu povo até à vinda do Messias, teve o seu cumprimento na Nova Aliança e foi definitivamente revogada, no Calvário, pelo sacrifício de Cristo: do Seu lado nasce a Igreja da Nova e Eterna Aliança, que substitui a Sinagoga. Parece que também a igreja pós-conciliar, modernista e maçónica, ambiciona a transformar, a superar a Igreja de Cristo, substituindo-a por uma “neo-Igreja”, criatura deformada e monstruosa que não vem de Deus.                  

O objectivo desta neo-Igreja não é levar o povo eleito a reconhecer o Messias, como para a Sinagoga; não é converter e salvar todos os povos antes da segunda vinda de Cristo, como para a Igreja Católica, mas constituir-se como braço espiritual da Nova Ordem Mundial e defensor da Religião Universal. Neste sentido, a revolução conciliar teve que primeiro demolir o legado da Igreja, a sua Tradição milenar, da qual extraía a própria vitalidade e autoridade como Corpo Místico de Cristo, para depois se livrar dos expoentes da antiga Hierarquia, e só recentemente começou a propor-se, sem pretensão, para aquilo que pretende ser.                                 

Aquilo a que chama utopia é, na verdade, uma distopia, porque representa a concretização do plano da Maçonaria e a preparação do advento do Anticristo.                   

Também estou convencido de que a maioria dos meus Irmãos e, mais ainda, a quase totalidade dos sacerdotes e dos fiéis não estão absolutamente cientes deste plano infernal, e que os acontecimentos recentes tenham aberto os olhos a muitos. A sua fé permitirá a Nosso Senhor reunir o pusillus grex em torno do verdadeiro Pastor antes do confronto final.          

Para restaurar o antigo esplendor da Igreja, será preciso pôr em causa muitos aspectos doutrinais do Concílio. Que pontos do Vaticano II poria em causa?                                       


Creio que não faltam personalidades eminentes que expressaram melhor do que eu os pontos críticos do Concílio. Há quem acredite que seria menos complicado e certamente mais inteligente seguir a prática da Igreja e dos Papas como foi aplicada com o Sínodo de Pistoia: também nele havia algo de bom, mas os erros que afirmava foram considerados suficientes para deixá-lo cair no esquecimento.

O actual Pontificado representa o culminar de um processo que se abre com o Concílio Vaticano II, desejado no chamado “Pacto das Catacumbas”, ou ainda está numa fase intermédia?      


Como é próprio de cada revolução, os heróis da primeira hora acabam frequentemente por ser vítimas do seu próprio sistema, como aconteceu com Robespierre. Quem ontem era considerado o porta-estandarte do espírito conciliar, hoje quase parece um conservador: os exemplos estão à vista de todos. E já há aqueles que, nos círculos intelectuais do progressismo (como o frequentado por um certo Massimo Faggioli, altivo no nome mas dissonante no sobrenome), começam a propagar aqui e ali algumas dúvidas sobre a real capacidade de Bergoglio para fazer “escolhas corajosas” – por exemplo, de abolir o Celibato, de admitir mulheres ao Sacerdócio ou de legitimar a communicatio in sacris com os hereges – quase desejando que ele se afaste para fazer eleger um Papa ainda mais obediente àquelas elites que tinham no Pacto das Catacumbas e na máfia de São Galo os seus adeptos mais inescrupulosos e determinados.

Excelência, actualmente, nós, católicos, sentimo-nos frequentemente isolados pela Igreja e quase abandonados pelos nossos Pastores. O que pode Vossa Excelência dizer aos hierarcas e aos fiéis que, não obstante a confusão e o erro que se estão a difundir na Igreja, procuram perseverar nesta dura batalha de conservar a integridade da nossa Fé?      

As minhas palavras seriam, certamente, inadequadas. O que me limito a fazer é repetir as palavras de Nosso Senhor, Verbo eterno do Pai: 
E Eu estarei sempre convosco até ao fim do mundo. Sentimo-nos isolados, certo: mas não se sentiram assim também os Apóstolos e todos os Cristãos? Não se sentiu abandonado, no Getsémani, até mesmo Nosso Senhor? São os tempos da provação, talvez da provação final: devemos beber o cálice amargo e, mesmo que seja humano implorar ao Senhor que o afaste de nós, devemos repetir com confiança: Não se faça, contudo, a minha vontade, mas a Tua, recordando as Suas reconfortantes palavras: No mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o mundo. Depois da provação, por mais dura e dolorosa que seja, está preparado para nós o prémio eterno, que ninguém nos poderá tirar. A Igreja voltará a brilhar com a glória do seu Senhor depois deste terrível e prolongado Tríduo Pascal.  

Mas se a oração é, certamente, indispensável, não nos devemos eximir de combater o bom combate, fazendo-nos testemunhas de uma corajosa militância sob o estandarte da Cruz de Cristo. Não nos deixemos ser apontados, como fez a criada com São Pedro, no pátio do sumo sacerdote: «Também tu estavas com Jesus, o Galileu», para depois negar Cristo. Não nos deixemos intimidar! Não permitamos que se ponha a mordaça da tolerância a quem quer proclamar a Verdade! Peçamos à Virgem Maria que a nossa língua possa proclamar com coragem o Reino de Deus e a Sua Justiça. Que se renove o milagre da Lapa, quando Maria Santíssima deu voz à pequena Joana, nascida muda. Possa Ela, novamente, dar-nos voz também a nós, Seus filhos, que ficámos mudos durante muito tempo.    

Nossa Senhora de Fátima, Rainha das Vitórias, Ora pro nobis
 


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segunda-feira, 20 de abril de 2020

Transformação do altar durante a Vigília Pascal


Instituto de Cristo Rei e Sumo Sacerdote
(Saint Mary's Oratory - Rockford, Illinois)


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A mão de Deus e a mão dos homens

O cenário internacional da Primavera de 2020 é novo, inesperado e dramático. O que domina é a confusão porque ninguém pode dizer que sabe realmente o que aconteceu: de onde vem o Coronavírus, quando desaparecerá e como deve ser enfrentado. É certo, porém, que, no fundo deste cenário, continuam a combater-se na história duas cidades, Civitas Dei e Civitas diabuli: o seu fim é aniquilarem-se uma à outra. São as duas cidades de que fala Santo Agostinho: «Uma é a sociedade dos homens devotos, a outra dos rebeldes, cada uma com os anjos que lhe pertencem, em que de uma parte é superior o amor a Deus e da outra o amor próprio» (De Civitate Dei, liv. XIV, c. 13, 1).     
     
Esta luta mortal foi evocada, com palavras eficazes, por Pio XII no seu discurso, de 12 de Outubro de 1952, aos homens da Acção Católica. O Papa afirmava que o mundo estava ameaçado por um inimigo muito pior do que aquele representado, no século V, por Átila, “flagelo de Deus”: 

«Ó, não Nos pergunteis qual é o “inimigo”, nem que vestes usa. Encontra-se por toda a parte e no meio de todos; sabe ser violento e subtil. Nestes últimos séculos, tentou provocar a desintegração intelectual, moral e social da unidade no misterioso organismo de Cristo. Queria a natureza sem a graça; a razão sem a fé; a liberdade sem a autoridade; por vezes, a autoridade sem a liberdade. É um “inimigo” que se tornou cada vez mais concreto, com uma crueldade que ainda nos deixa atónitos: Cristo sim, Igreja não. Depois: Deus sim, Cristo não. Por fim, o grito ímpio: Deus está morto; mais: Deus nunca existiu. E aqui está a tentativa de edificar a estrutura do mundo sobre fundações que Nós não hesitamos em apontar como as principais responsáveis da ameaça que paira sobre a humanidade: uma economia sem Deus, um direito sem Deus, uma política sem Deus».         

A este terrível inimigo, a escola de pensamento contra-revolucionário, referindo-se ao ensinamento dos Papas, deu o nome de Revolução: um processo histórico plurissecular que tem como meta a destruição da Igreja e da Civilização cristã. A Revolução tem como seus agentes todas as forças secretas que actuam, de forma pública ou oculta, para este fim. Os contra-revolucionários são aqueles que se opõem a este processo de dissolução e que combatem pela instauração da Civilização cristã, a única civilização digna deste nome, como recorda São Pio X (Encíclica Il fermo proposito de 11 de Junho de 1905).               

O conflito entre revolucionários e contra-revolucionários continua na época do Coronavírus. É lógico que cada um deles tenta tirar o máximo proveito da nova situação. A existência de perturbadoras manobras revolucionárias para aproveitamento dos acontecimentos não significa, porém, que estas forças tenham criado a situação em que nos encontramos, nem que a controlam e dirigem. Os representantes dos mais diversos governos, da China aos Estados Unidos, da Grã-Bretanha à Alemanha, da Hungria à Itália, impuseram, nos seus países, as mesmas medidas sanitárias, como a quarentena, de que, no início, alguns deles desconfiavam. 

Estes líderes políticos terão sido dominados por uma ditadura sanitária que lhes foi imposta pelos virologistas? Mas os virologistas, por seu turno, que inicialmente estavam divididos, porque alguns deles consideravam o Coronavírus apenas uma “má influência”, foram agredidos pela realidade e, hoje, concordam sobre a necessidade de medidas mais drásticas para conter o vírus. A verdade é que a ciência médica mostrou-se incapaz de erradicar o vírus. A escolha da quarentena, a mesma que é feita há milénios diante de uma grave epidemia, nasce do bom senso, não da sua específica competência médica.       

O problema não é, naturalmente, apenas sanitário, e, na sociedade interligada, o vírus poderia ter as suas mais graves consequências nos campos económico e social. Mas a solução deste tipo de problemas, que se agravam em todo o mundo, depende dos políticos, não dos médicos. E se a classe política internacional, para tomar as suas decisões, se abriga atrás do ecrã das autoridades de saúde, é por causa da inadequação daqueles que actualmente governam o mundo. O fracasso político é paralelo ao sanitário. Como esquecer que a suprema autoridade sanitária internacional, a Organização Mundial de Saúde, há trinta anos anunciava «um mundo sem epidemias», graças ao projecto “Saúde para todos até ao ano 2000”, com a consequência de, em muitos países, os fundos dedicados à saúde terem sido cortados ou direccionados principalmente para as doenças raras? 

O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, politicamente próximo da China comunista, foi, a 28 de Janeiro de 2020, a Pequim, onde, após um encontro com o presidente Xi Jinping, comunicou ao mundo que, em Wuhan, estava tudo controlado, minimizando a extensão da catástrofe. Só depois de muitas hesitações é que a OMS tomou nota da realidade, continuando a mentir sobre o número de contágios e de mortes por ela provocados, que certamente não são superestimados, mas subestimados.          

Aos problemas económicos e sociais, juntam-se, como consequência de um prolongado bloqueio e de uma radical mudança de vida imposta pelo Coronavírus, aqueles, igualmente graves, de ordem psicológica e moral. Mas aqui a palavra, mais do que aos médicos e aos políticos, caberia aos sacerdotes, aos bispos e, por último, ao supremo pastor da Igreja universal. No entanto, a imagem que o Papa Francisco deu no Tríduo Pascal é a de um homem abatido e deprimido, incapaz também ele de fazer frente à catástrofe com as armas espirituais de que dispõe. O mesmo pode-se dizer da grande maioria dos bispos. A classe eclesiástica, desprovida de sérios estudos teológicos e de autêntica vida espiritual, revela-se tão inadequada quanto a classe política para orientar o seu rebanho na escuridão do tempo presente.                 

Nesta situação, o que deveriam fazer os contra-revolucionários, os fiéis da Tradição, os católicos zelosos cheios de espírito apostólico? Qual deveria ser a sua estratégia diante das manobras das forças das trevas?                     

Deveriam, antes de mais, mostrar que está a colapsar um mundo, aquele mundo globalizado que os projectos disformes de Bill Gates e dos seus amigos não serão capazes de manter em pé, apesar de todos os esforços. O fim deste mundo, filho da Revolução, foi anunciado, há cem anos, em Fátima, e o horizonte que enfrentamos não é a hora da ditadura final do Anticristo, mas a do triunfo irreversível do Imaculado Coração de Maria, precedido pelos castigos anunciados por Nossa Senhora caso a humanidade não se tivesse convertido. Hoje, mesmo entre os melhores católicos, há uma resistência psicológica a falar de castigos, mas o conde Joseph de Maistre adverte: «O castigo governa toda a humanidade; o castigo guarda-a; o castigo vigia enquanto os homens de guarda dormem. O homem sábio considera o castigo como a perfeição da justiça» (Le serate di San Pietroburgo, trad. it. Rusconi, Milano 1971, p. 31).    

São Carlos Borromeu lembra, por sua vez, que «entre todas as outras correcções que a Sua divina Majestade manda, é habitual atribuir-se, de modo especial, à Sua mão o castigo da peste» e explica este princípio com o exemplo de David, o rei pecador, a quem Deus deu a escolher, como castigo, entre a peste, a guerra e a fome. David escolheu a peste com estas palavras: «Melius est ut incidam in manus Domini, quam in manus hominum»[1]. Portanto, conclui São Carlos, «a peste, entre a guerra e a fome, é muito especialmente atribuída à mão de Deus» (Memoriale ai Milanesi di Carlo Borromeo, Giordano Editore, Milano 1965, p. 34).           

É hora de reconhecer a mão misericordiosa de Deus nos flagelos que começam a atingir a humanidade.         

Roberto de Mattei in Corrispondenza Romana
Tradução: diesirae.pt

[1] Trad.: É melhor que eu me coloque nas mãos de Deus que nas mãos dos homens.


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domingo, 19 de abril de 2020

Eleição do Papa Bento XVI e o que significa ser Sacerdote

O Papa Bento foi eleito há exactamente 15 anos, no dia 19 de Abril de 2005. A missão de Papa aceitou-a no seguimento da missão de sacerdote. E esta, descreveu-a no livro sobre o celibato, que escreveu recentemente com o Cardeal Sarah:

O que significa ser sacerdote de Jesus Cristo? 

A essência do ministério sacerdotal é definida em primeiro lugar pelo facto de estar diante do Senhor, estar atento, estar disponível para Ele. (...) Isto significa que devemos estar diante do Senhor que está presente; isto é, aponta a Eucaristia como o centro da vida sacerdotal. (...) 

O Padre tem de ser um homem que observa. Deve estar vigilante diante dos poderes ameaçadores do mal. Ele deve manter o Mundo alerta para Deus. Deve ser alguém que está no limiar: face-a-face com o tempo corrente. Directo em relação à verdade. Directo no compromisso com o serviço do bem. 

Estar diante do Senhor significa também cuidar dos homens diante do Senhor, que, por sua vez, cuida de todos nós diante do Pai. E isso significa defender Cristo, a Sua Palavra, a Sua Verdade, o Seu Amor. O sacerdote deve ser recto, corajoso e até disposto a sofrer insultos pelo Senhor. (...) O sacerdote deve ser uma pessoa cheia de rectidão, vigilante, que esteja de pé. 

A tudo isto acrescenta-se a necessidade de servir. (...) Se a liturgia é um dever central do Padre, significa também que a oração deve ser uma realidade prioritária, que deve ser aprendida cada vez mais e mais profundamente na escola de Cristo e dos santos de todos os tempos.

Papa Bento XVI no livro 'Do profundo dos nossos corações'



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sexta-feira, 17 de abril de 2020

Cristo levanta-Se, Ele que é a ressurreição

Cristo Ressuscita do Túmulo (1546), Gaudenzio Ferrari 


Cristo levanta-Se, Ele que é a ressurreição, e transfigura com a sua beleza aquilo que estava sem beleza nem brilho (Is 53,2). Como alguém que dormia, Cristo acordou e desfez todas as manhas do inimigo. Ele ressuscitou e dá alegria a toda a criação; ressuscitou e esvaziou a prisão do inferno; ressuscitou e transformou o corruptível em incorruptível (1Cor 15,53). Cristo ressuscitado estabeleceu Adão na incorruptibilidade, na sua dignidade original.

Santo Epifânio de Salamina 



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Desabafo de um Sacerdote sobre a suspensão das Missas públicas e celebrações do 13 de Maio

Caros amigos, preciso de partilhar convosco a minha dor, o meu sofrimento, que me impedem de viver em júbilo estes dias: a suspensão das celebrações dominicais, por causa da pandemia. Eu não estou a minimizar a gravidade da pandemia e eu próprio estou confinado à minha residência, obedecendo às orientações da DGS e às ordens do governo. 

Não me escandaliza o facto de o governo ter proibido as celebrações, tarefa que lhe foi facilitada pela antecipação dos bispos, dispensando os fiéis do preceito dominical. Deus quer que todos celebrem o dia que a Ele pertence, que Ele fez, como cantamos durante esta semana pascal e que se repete semanalmente ao domingo, dia do Senhor. Ao dispensar assim os fiéis deste mandamento divino, os bispos ultrapassaram os limites das suas competências. Ninguém pode dispensar ninguém de cumprir os Mandamentos da Lei de Deus. Ao fazerem isto, os bispos cometeram um grande pecado, de consequências inimagináveis. Como Adão, vão descobrir agora que estão nus, que perderam toda a sua autoridade. 

Foi feita a consagração de Portugal ao Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria no dia 25 de Março. Mas dizem-me que o mesmo bispo que presidiu à consagração já declarou a suspensão das celebrações do 13 de Maio… Minha Nossa Senhora, valei-me! Então Nossa Senhora não tem poder para proteger os peregrinos que a ela recorrem? Então para que serviu a consagração? Estamos a viver uma profunda crise de fé ao nível da mais alta hierarquia da Igreja. 

Talvez agora é que se cumpre a mensagem de Fátima: o Anjo e Nossa Senhora mostraram aos Pastorinhos a profunda «tristeza de Deus». Como Deus deve estar triste hoje! Porquê? Por causa da coronavírus? Por causa dos doentes com cancro? Por causa de outros males que nos afectam? Não, com certeza! Por causa da falta de fé; por causa dos pecados que «bradam aos céus»: sobretudo o homicídio voluntário, o aborto, que atinge proporções nunca vistas de calamidade mundial! O clamor do sangue das crianças que não deixam nascer sobe da terra aos céus, como o sangue do justo Abel. 

Por isso, mais do que triste, Deus deve estar indignado, zangado, tendo chegado ao limite da Sua divina paciência! Ao suspenderem as missas dominicais, contra o preceito divino, os bispos aparentemente tomaram uma decisão corajosa, mas comprometeram irremediavelmente a sua autoridade. Logo o governo «proibiu» todas as celebrações, não só as dominicais, e agora será o governo quem há-de decidir quando elas serão permitidas e em que condições, porque paira sempre no ar um perigo, real ou potencial, para a saúde pública. Em nome da nossa segurança, tiram-nos a liberdade. E tudo para o nosso bem, porque estamos todos no mesmo barco, até Deus, como disse o Papa na mensagem antes da bênção «Urbi et Orbi», e a nova versão da missa votiva em tempo de calamidade, recentemente aprovada pela Congregação dos ritos e dos sacramentos. Meu Deus, perdoai-lhes, porque não sabem o que dizem nem o que fazem! 

Nas circunstâncias actuais, tomo muito a sério aquela frase que li em Luisa Piccaretta e que já vos referi: «Quando permito que as Igrejas sejam abandonadas, os ministros dispersos, as missas reduzidas, significa que os sacrifícios são ofensivos para mim. As orações, insultos; as adorações, irreverência; as confissões sem fruto. Portanto, não mais encontrando a Minha glória, mas somente ofensas nem bem nelas, não Me servindo mais, Eu mesmo os removo». Então não foram nem os bispos que suspenderam as missas; nem o governo que as proibiu; foi o próprio Senhor que está cansado de tanta indiferença, falta de respeito, como naquela vez em que amaldiçoou a figueira, porque estava seca, sem fruto. E isso diz-nos a todos respeito, tanto aos padres como aos leigos, porque deixámos de ter o respeito devido ao Santíssimo Sacramento, com terríveis profanações e sacrilégios. 

Por isso, porque também eu sou pecador e preciso da misericórdia divina, porque estas palavras aceito-as como ditas, em primeiro lugar, para mim, vivo estes dias em atitude penitencial própria da quaresma. Este tempo festivo por excelência vivo-o como luto! S. Tomás tem uma frase que me consola nesta desolação: «Deus não permitiria um mal, se dele não pudesse tirar um bem maior». É esta esperança que me anima, porque Cristo Ressuscitou, venceu Satanás, o pecado e a morte. A Ele toda a glória e o poder para sempre.

Padre José Jacinto Farias - Professor de Teologia Dogmática na Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Lisboa


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Quando Bento XVI perdeu a noção do tempo diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima

Vídeo: CTV/Direto da Sacristia


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quinta-feira, 16 de abril de 2020

Parabéns Papa Bento XVI! 93 anos

Convido cada um a reflectir sobre esta sedução do diabo, sobre esta cultura a que dizemos 'não'. É um tipo de cultura onde a verdade não conta, ainda que aparentemente se diga querer apurar toda a verdade, só interessa o sensacionalismo e o espírito de calúnia e de destruição.

É uma cultura que não procura o bem e cujo moralismo é uma máscara para, na realidade, confundir e criar destruição. Contra esta cultura em que a mentira se apresenta mascarada de verdade e de informação; contra esta cultura que só procura o bem-estar material e nega Deus, dizemos ‘não’!”

Papa Bento XVI - 11/06/2012


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quarta-feira, 15 de abril de 2020

Consagração dos Povos de Língua Portuguesa a Nossa Senhora da Lapa

Se foi por Vós que Jesus Cristo, Senhor Nosso, veio ao mundo, é também por Vós que nele deve reinar

Ó Rainha e Senhora da Lapa!

Vós que sois a obra-prima e Filha dilectíssima do Altíssimo, a Mãe admirável de Deus Filho, a Esposa fiel do Espírito Santo, santuário e repouso da Santíssima Trindade, escutai a prece ardente que hoje contritos vos dirigimos.

Todos sabemos que a Terra está cheia da vossa glória. Incontáveis são os altares em vossa honra; muitas as nações, dioceses e cidades que Vos tomam por Padroeira; inúmeras as catedrais, basílicas e igrejas consagradas a Deus sob o Vosso santo patrocínio, e sem fim as Ordens, Congregações, Institutos e Confrarias a Vós dedicadas.

Aqui, neste pequeno recanto de Portugal, ergue-se o mais antigo Santuário a Vós dedicado sob a invocação de Nossa Senhora da Lapa, onde sois venerada há mais de cinco séculos por grandes e pequenos, ricos e pobres, sábios e ignorantes, irmanados todos por uma mesma fé.

Sabendo-nos embora réus da excelsa justiça de Deus e quão merecidos são os castigos que sobre o mundo ingrato e impenitente se possam abater, sabendo também como no passado a mão dos Santos Anjos os executou, varrendo à espada a Terra para bem das almas, mas sabendo-nos outrossim Vossos filhos, Vos pedimos, Mãe poderosíssima, nos deis enfim um coração e vida penitentes. 

Possa o Vosso Imaculado Coração, Mãe Santíssima, apiedar-se dos nossos corações aflitos e inspirar-lhes a penitência que almejamos. Assim, como Reitor deste Santuário, e unido aos outros santuários espalhados pelos países de língua portuguesa, a Vós hoje nos dirigimos para consagrar os nossos povos e Vos pedir que deles afasteis a actual pandemia que varre a Terra. Assim, ó Senhora da Lapa, Vos imploramos:

1. Que pela nossa fé e instante súplica, com os raios imperiosos da vossa cândida luz, afasteis, Rainha nossa, dos nossos povos esta tenebrosa pandemia que a todos ameaça;

2. Que o exemplo da Vossa perfeita humildade tome o lugar da soberba humana;

3. Que o exemplo das Vossas virtudes destrua os vícios e substitua os nossos pecados;

4. Que o incêndio da caridade de Vosso Imaculado Coração apague as nossas debilidades;

5. Que os Vossos excelsos méritos, sempre propícios junto do trono do Altíssimo, d'Ele obtenham o fim deste flagelo;

6. Que sejais a Rainha daqueles que vivem obscurecidos pelo erro, conduzindo-os pelo dogma da fé e pela tradição da Santa Igreja Católica, única via de salvação, a contemplarem um dia a sede de toda a verdade, Jesus Cristo, Nosso Senhor;

7. Que intercedais junto de Vosso Filho pela liberdade e exaltação da Santa Igreja e obtenhais para todas as nações tranquilidade e ordem, em tudo subjugadas enfim à Realeza de Nosso Senhor, mostrando hoje, Senhora Nossa, Vos suplicamos, o poder desta vossa intercessão a que confiadamente nos abandonamos, para bem das almas e conversão das nações, e expulsando prestes de uma extremidade a outra da Terra, contritos Vos rogamos, esta enfermidade que a todas ameaça;

8. Que tenhais compaixão de quantos dela padecem, obtendo-lhes a cura, cuidando para que não expirem sem o conforto dos santos sacramentos ou fora da paz do Pai celestial e intercedendo ainda pelos que já partiram, Vós que temos por Mãe e Advogada junto do trono celestial e do Soberano Juiz;

9. Que lanceis enfim o Vosso manto protector, afastando de nós todos as gravosas penúrias sociais e materiais fruto da terrível pandemia.

Ó dulcíssimo Jesus, Redentor do género humano, nós isto Vos pedimos, por intercessão da Senhora da Lapa, a quem hoje nos consagramos, e a nossa eterna salvação.


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domingo, 12 de abril de 2020

Esperança


Tudo morre neste mundo. Morrem pessoas e árvores, ideologias e línguas, morrem projectos, sonhos e civilizações. Tudo morre, mas o nosso povo sabe quem é a última a morrer: a esperança. "Toda a acção séria e recta do homem é esperança em acto." [Bento XVI, encíclica Spes Salvi (SS 35)].

Aqui reside o paradoxo que define a natureza humana. Como podem coexistir a certeza da morte e a permanência da esperança? Como é possível que do fundo da "caixa de Pandora", de onde brotam todos os males, ainda voe a luz da esperança? Esta é "a situação essencial do homem, uma situação donde provêm todas as suas contradições e as suas esperanças. De certo modo, desejamos a própria vida, a vida verdadeira, que depois não seja tocada sequer pela morte; mas, ao mesmo tempo, não conhecemos aquilo para que nos sentimos impelidos. Não podemos deixar de tender para isto e, no entanto, sabemos que tudo quanto podemos experimentar ou realizar não é aquilo por que anelamos" (SS 12).

"Enquanto há vida, há esperança", diz a sabedoria popular. Mas pode a Esperança vencer a morte? Só pela Fé em Algo maior que o mundo se passa para lá do fim. "Fé é substância da esperança" (SS 10). Na Fé cristã "a porta tenebrosa do tempo, do futuro, foi aberta de par em par. Quem tem esperança, vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova" (SS 2).

Mas esta Esperança que vai para lá da morte tem vindo a ser abandonada. A Idade Moderna é o tempo da ciência, da técnica, do progresso. Essa atitude trouxe avanços extraordinários, maravilhas inimagináveis. Mas também perdeu de vista a Esperança. "Agora, esta 'redenção', a restauração do 'paraíso' perdido, já não se espera da fé, mas da ligação recém-descoberta entre ciência e prática. Com isto, não é que se negue simplesmente a fé; mas esta acaba deslocada para outro nível - o das coisas somente privadas e ultraterrestres - e, simultaneamente, torna-se de algum modo irrelevante para o mundo. Esta visão programática determinou o caminho dos tempos modernos, e influencia inclusive a actual crise da fé que, concretamente, é sobretudo uma crise da esperança cristã" (SS 17).

A ânsia do progresso revelou-se no martírio da Igreja. Paroxismos de fúria e crueldade desabaram sobre os cristãos a partir precisamente das ideologias progressistas. Do marxismo ao nazismo, no México, Espanha, Alemanha, URSS, Vietname e tantos outros, confirmou-se a profecia de Daniel: "Vi um quarto animal, horroroso, aterrador, e de uma força excepcional. Tinha enormes dentes de ferro; devorava, fazia em pedaços e o resto calcava-o aos pés. Era diferente dos animais anteriores (Dn 7, 7) Porque razão o progresso tomou a Igreja como inimiga? A Igreja que fundara as universidades, conservara as bibliotecas, preservara a civilização? A Igreja a que pertencia a maioria dos génios, cristãos devotos, que criaram a ciência moderna (Copérnico, Kepler Galileo, Leibniz, Newton, Euler, Ampère, Gauss, Cauchy, Faraday, Mendel, Pasteur e tantos outros)? Tal raiva mostra que a questão fundamental não é progresso e bem-estar, mas algo muito mais profundo. "O progresso é a superação de todas as dependências; é avanço para a liberdade perfeita" (SS 18).

O homem de hoje quer ser senhor de si mesmo, dominar a própria vida, fazer o que lhe apetece. "Ser como Deus", como prometeu a serpente do Éden na suprema tentação (cf. Gn, 3,5). Assim, "torna-se evidente a ambiguidade do progresso. Não há dúvida que este oferece novas potencialidades para o bem, mas abre também possibilidades abissais de mal - possibilidades que antes não existiam. Todos fomos testemunhas de como o progresso em mãos erradas pode tornar-se, e tornou-se realmente, um progresso terrível no mal. Se ao progresso técnico não corresponde um progresso na formação ética do homem, no crescimento do homem interior, então aquele não é um progresso, mas uma ameaça para o homem e para o mundo" (SS 22).

Tudo morre. Apenas Um ressuscitou dos mortos. "Chegar a conhecer Deus, o verdadeiro Deus: isto significa receber esperança" (SS 3).

João César das Neves in Diário de Notícias


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sábado, 11 de abril de 2020

Adoração da Cruz e Missa dos Pré-Santificados em Roma

Na Sexta-Feira Santa não há Missa porque Nosso Senhor está morto. A celebração é chamada "Missa dos pré-santificados" porque a Sagrada Hóstia foi consagrada no dia anterior, na Missa in Coena Domini, sendo consumida na Sexta-Feira. Deixamos aqui algumas fotografias da adoração da Cruz e Missa dos pré-santificados na paróquia Trinità dei Pellegrini, em Roma.










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quinta-feira, 9 de abril de 2020

Quinta-Feira Santa: Instituição da Eucaristia


Quinta-Feira Santa. Jesus institui a Eucaristia, antecipando o Sacrifício da Cruz que teria lugar no dia seguinte. Depois da Ceia, tomando o pão diz: 
ISTO É O MEU CORPO.


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O Tríduo Pascal explicado pelo Papa Bento XVI

Já chegámos ao coração da Semana Santa, cumprimento do caminho quaresmal. Amanhã entraremos no Tríduo Pascal, os três dias santos em que a Igreja faz memória do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus. O Filho de Deus, depois de se ter feito homem em obediência ao Pai, tornando-se em tudo semelhante a nós excepto no pecado (cf. Hebreus 4, 15), aceitou cumprir até ao fim a sua vontade, de enfrentar por amor a nós a paixão e a cruz, para nos tornar partícipes da sua ressurreição, para que possamos viver n'Ele para sempre, na consolação e na paz.

Por conseguinte, exorto-vos a acolher este mistério de salvação, a participar intensamente no Tríduo pascal, fulcro de todo o ano litúrgico e momento de graça especial para cada cristão; convido-vos a procurar nestes dias o recolhimento e a oração, de modo a haurir mais profundamente desta nascente de graça. A este propósito, em vista das iminentes festas, cada cristão está convidado a celebrar o sacramento da Reconciliação, momento de adesão especial à morte e ressurreição de Cristo, para poder participar com mais proveito na Santa Páscoa.

A Quinta-Feira Santa é o dia no qual se faz memória da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio ministerial. Durante a manhã, cada comunidade diocesana, reunida na Igreja Catedral em volta do Bispo, celebra a Missa crismal, na qual são abençoados o sagrado Crisma, o Óleo dos catecúmenos e o Óleo dos enfermos. A partir do Tríduo pascal e durante todo o ano litúrgico, estes Óleos serão usados para os Sacramentos do Baptismo, da Confirmação, das Ordenações sacerdotais e episcopais e da Unção dos Enfermos; nisto evidencia-se como a salvação, transmitida pelos sinais sacramentais, brota precisamente do Mistério pascal de Cristo; com efeito, nós somos remidos com a sua morte e ressurreição e, mediante os Sacramentos, bebemos daquela mesma fonte salvífica.

Durante a missa crismal, amanhã, realiza-se também a renovação das promessas sacerdotais. Em todo o mundo, cada sacerdote renova os compromissos que assumiu no dia da Ordenação, para ser totalmente consagrado a Cristo na prática do sagrado ministério ao serviço dos irmãos. Acompanhemos os nossos sacerdotes com a nossa oração.

Na tarde de Quinta-Feira Santa tem efectivo início o Tríduo pascal, com a memória da Última Ceia, durante a qual Jesus instituiu o Memorial da sua Páscoa, cumprindo o rito pascal judaico. Segundo a tradição, cada família judaica, reunida à mesa na festa de Páscoa, come o cordeiro assado, fazendo memória da libertação dos Israelitas da escravidão do Egipto; assim, no cenáculo, consciente da sua morte iminente, Jesus, verdadeiro Cordeiro pascal, oferece-se a si mesmo pela nossa salvação (cf. 1 Cor 5, 7).

Pronunciando a bênção sobre o pão e o vinho, Ele antecipa o sacrifício da cruz e manifesta a intenção de perpetuar a sua presença no meio dos discípulos: sob as espécies do pão e do vinho, Ele torna-se presente de modo real com o seu corpo oferecido e com o seu sangue derramado. Durante a Última Ceia, os Apóstolos são constituídos ministros deste Sacramento de salvação; Jesus lava-lhes os pés (cf. João 13, 1-25), convidando-os a amarem-se uns aos outros como Ele os amou, dando a vida por eles. Repetindo este gesto na Liturgia, também nós somos chamados a testemunhar com os factos o amor do nosso Redentor.

Por fim, a Quinta-Feira Santa, é encerrada com a adoração eucarística, na recordação da agonia do Senhor no Jardim do Getsémani. Tendo deixado o Cenáculo, Ele retirou-se para rezar, sozinho, diante do Pai. Naquele momento de comunhão profunda, os Evangelhos narram que Jesus sentiu uma grande angústia, um tal sofrimento que o fez suar sangue (cf. Mateus 26, 38). Consciente da sua iminente morte de cruz, Ele sente uma grande angústia e a proximidade da morte. Nesta situação, sobressai também um elemento de grande importância para toda a Igreja. Jesus diz aos seus: permanecei aqui e vigiai; e este apelo à vigilância diz respeito precisamente a este momento de angústia, de ameaça, na qual chegará o momento traiçoeiro, mas diz respeito a toda a história da Igreja. 

É uma mensagem permanente para todos os tempos, porque a sonolência dos discípulos não era só um problema daquele momento, mas é o problema de toda a história. A questão reside no que consiste esta sonolência, em que consistiria a vigilância à qual o Senhor nos convida. Diria que a sonolência dos discípulos ao longo da história é uma certa insensibilidade da alma ao poder do mal, uma insensibilidade a todo o mal do mundo. Não nos queremos deixar perturbar demasiado por estas coisas, queremos esquecê-las: pensamos que talvez não é tão grave, e esquecemos. E não se trata apenas de insensibilidade ao mal, quando deveríamos vigiar por fazer o bem, para lutar pela força do bem. É insensibilidade a Deus: eis a nossa verdadeira sonolência; esta insensibilidade pela presença de Deus que nos torna insensíveis também ao mal.

Não ouvimos Deus – incomodar-nos-ia – e assim, naturalmente, também não ouvimos a força do mal e permanecemos no caminho do nosso bem-estar. A adoração nocturna da Quinta-Feira Santa, o estar vigilantes com o Senhor, deveria ser precisamente o momento para nos fazer reflectir acerca da sonolência dos discípulos, dos defensores de Jesus, dos apóstolos, de nós mesmos, que não vemos, não queremos ver toda a força do mal, e que não queremos entrar na sua paixão pelo bem, pela presença de Deus no mundo, por amor ao próximo e a Deus.

Depois, o Senhor começa a rezar. Os três apóstolos — Pedro, Tiago, João — dormem, mas de vez em quando acordam, e ouvem o refrão desta oração do Senhor: «Não seja feita a minha vontade, mas a Tua». O que é esta minha vontade, o que é esta tua vontade, de que o Senhor fala? A minha vontade é «que não deveria morrer», que lhe seja poupado este cálice do sofrimento: é a vontade humana, da natureza humana, e Cristo sente, com toda a consciência do seu ser, a vida, o abismo da morte, o terror do nada, esta ameaça do sofrimento. E Ele mais do que nós, que sentimos esta natural repulsa à morte, este medo natural da morte, ainda mais do que nós, Ele sente o abismo do mal. Sente, com a morte, também todo o sofrimento da humanidade. Sente que tudo isto é o cálice que deve beber, que se deve dar a si mesmo, aceitar o mal do mundo, tudo o que é terrível, a repulsa de Deus, todo o pecado.

E podemos compreender como Jesus, com a sua alma humana, se sente aterrorizado perante esta realidade, que sente em toda a sua crueldade: a minha vontade seria não beber o cálice, mas a minha vontade está subordinada à tua vontade, à vontade de Deus, à vontade do Pai, que é também a verdadeira vontade do Filho. E assim Jesus transforma, nesta oração, a repulsa natural, a repulsa do cálice, da sua missão de morrer por nós; transforma esta sua vontade natural em vontade de Deus, num «sim» à vontade de Deus. 

O homem em si é tentado a opor-se à vontade de Deus, a ter a intenção de seguir a própria vontade, de se sentir livre unicamente se é autónomo; opõe a própria autonomia contra a heteronomia de seguir a vontade de Deus. Eis o drama da humanidade. Mas na verdade esta autonomia é errada e este entrar na vontade de Deus não é uma oposição a si, não é uma escravidão que violenta a minha vontade, mas é entrar na verdade e no amor, no bem. E Jesus puxa a nossa vontade, que se opõe à vontade de Deus, que procura a autonomia, puxa esta nossa vontade para o alto, rumo à vontade de Deus. 

Este é o drama da nossa redenção, que Jesus puxa para o alto a nossa vontade, toda a nossa repulsa à vontade de Deus e a nossa repulsa à morte e ao pecado, e une-a à vontade do Pai: «Não seja feita a minha vontade, mas a Tua». Nesta transformação do «não» em «sim», nesta inserção da vontade criatural na vontade do Pai, Ele transforma a humanidade e redime-nos. E convida-nos a entrar neste seu movimento: sair do nosso «não» e entrar no «sim» do Filho. A minha vontade existe, mas é decisiva a vontade do Pai, porque esta é a verdade e o amor.

Mais um elemento desta oração que me parece importante. As três testemunhas conservaram — como se lê na Sagrada Escritura — a palavra judaica ou aramaica com a qual o Senhor falou ao Pai, chamou-o: «Abbá», pai. Mas esta fórmula, «Abbá», é uma forma familiar da palavra «pai», uma forma que se usa só em família, que nunca se usou em relação a Deus. Aqui vemos no íntimo de Jesus como fala em família, fala verdadeiramente como Filho com o Pai. Vemos o mistério trinitário: o Filho que fala com o Pai e redime a humanidade.

Mais uma observação. A Carta aos Hebreus deu-nos uma profunda interpretação desta oração do Senhor, deste drama do Getsémani. Diz: estas lágrimas de Jesus, esta oração, este brado de Jesus, esta angústia, tudo isto não é simplesmente uma concessão à debilidade da carne, como se poderia dizer. Precisamente assim realiza o cargo do Sumo-Sacerdote, porque o Sumo-Sacerdote deve levar o ser humano, com todos os seus problemas e sofrimentos, à altura de Deus. E a Carta aos Hebreus diz: com todos estes brados, lágrimas, sofrimentos, orações, o Senhor levou a nossa realidade a Deus (cf. Hebreus 5, 7 ss.). E usa esta palavra grega «prosferein», que é o termo técnico para o que o Sumo-Sacerdote deve fazer para oferecer, para elevar as suas mãos.

Precisamente neste drama do Getsémani, onde parece que a força de Deus já não está presente, Jesus desempenha a função do Sumo-Sacerdote. Além disso diz que neste acto de obediência, isto é, de conformação da vontade natural humana com a vontade de Deus, é aperfeiçoado como sacerdote. E usa de novo a palavra técnica para ordenar o sacerdote. Precisamente assim se torna realmente o Sumo-Sacerdote da humanidade e abre desta forma o céu e a porta da ressurreição.

Se reflectirmos sobre este drama do Getsémani, podemos ver também o grande contraste entre Jesus com a sua angústia, com o seu sofrimento, em confronto com o importante filósofo Sócrates, que permanece pacífico, sem se perturbar diante da morte. E este parece ser o ideal. Podemos admirar este filósofo, mas a missão de Jesus era outra. A sua missão não era esta total indiferença e liberdade; a sua missão consistia em carregar sobre si os nossos sofrimentos, todo o drama humano.

E por isso precisamente esta humilhação do Getsémani é essencial para a missão do Homem-Deus. Ele carrega o nosso sofrimento, a nossa pobreza, e transforma-a segundo a vontade de Deus. E assim abre as portas do céu, abre o céu: esta tenda do Santíssimo, que até agora o homem fechou a Deus, está aberta a este sofrimento e obediência. Estas são algumas observações para a Quinta-Feira Santa, para a nossa celebração da noite da Quinta-Feira Santa.

Na Sexta-feira Santa fazemos memória da paixão e da morte do Senhor; adoraremos Cristo Crucificado, participaremos dos seus sofrimentos com a penitência e com o jejum. Dirigindo «o olhar para aquele que trespassaram» (cf. João 19, 37), poderíamos haurir do seu coração dilacerado que efunde sangue e água como de uma nascente; daquele coração, do qual brota o amor de Deus por todos os homens, recebemos o seu Espírito. Por conseguinte, acompanhemos também nós na Sexta-feira Santa Jesus que sobe ao Calvário, deixemo-nos guiar por Ele até à cruz, recebamos a oferenda do seu corpo imolado.

Por fim, na noite do Sábado Santo, celebraremos a solene Vigília Pascal, na qual nos é anunciada a ressurreição de Cristo, a sua vitória definitiva sobre a morte que nos interpela a ser n'Ele homens novos. Participando nesta santa Vigília, a Noite central de todo o Ano Litúrgico, faremos memória do nosso baptismo, no qual também nós fomos sepultados com Cristo, para poder ressuscitar com Ele e participar no banquete do céu (cf. Ap 19, 7-9).

Queridos amigos, procurámos compreender o estado de ânimo com que Jesus viveu o momento da prova extrema, para compreender o que orientava o seu agir. O critério que guiou cada opção de Jesus durante toda a sua vida foi a firme vontade de amar o Pai, de ser um com o Pai, e ser-lhe fiel; esta decisão de corresponder ao seu amor levou-o a abraçar, em todas as circunstâncias, o projecto do Pai, a fazer seu o desígnio de amor que lhe foi confiado de recapitular n'Ele todas as coisas, para reconduzir tudo a Ele.

Ao reviver o Tríduo santo, disponhamo-nos a aceitar também nós na nossa vida a vontade de Deus, conscientes que na vontade de Deus, mesmo se parece difícil, em contraste com as nossas intenções, encontra-se o nosso verdadeiro bem, o caminho da vida. A Virgem Mãe nos guie neste itinerário, e nos obtenha do seu Filho divino a graça de poder empregar a nossa vida por amor a Jesus, ao serviço dos irmãos. 

Papa Bento XVI in Audiência Geral, 20 de Abril de 2011


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