segunda-feira, 15 de junho de 2020

99º aniversário da sétima aparição de Nossa Senhora em Fátima

Na primeira aparição em Fátima, a 13 de Maio de 1917, Nossa Senhora disse aos Pastorinhos: "Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia e a esta mesma hora, depois vos direi quem Sou e o que quero. Depois voltarei aqui ainda uma sétima vez."

Poucos conhecem esta sétima aparição de Nossa Senhora, que aconteceu exactamente há 99 anos, no dia 15 de Junho de 1921. Francisco e Jacinta já tinham morrido, por isso Nossa Senhora aparece a Lúcia, que descreve assim a aparição nas suas memórias:

Foi o dia 15 de Junho de 1921, viste a minha luta, a indecisão e o arrependimento do sim que antes tinha dado, a incerteza do que iria encontrar, a resolução de voltar atrás. O conhecimento do que deixava, e a saudade a desgarrar-me o coração!

Esse Adeus a tudo, no desabrochar da juventude onde um belo futuro me sorria na casa da minha querida Senhora D. Assunção Avelar e outras que me ofereciam, o carinho maternal com igual afecto, deixar tudo e a casa paterna, por uma incerteza do que iria encontrar, oprimia-me o coração e fazia-me pressentir o que nem queria pensar!...

Podia lá ser? Perguntava a mim mesma. - Não, - digo a minha Mãe que não quero ir e com não aparecer amanhã em Leiria tudo está resolvido, volto depois para Lisboa, para Santarém para casa da minha querida Sr. D. Adelaide, ou para Leiria para as Senhoras Patrício, em qualquer dos sítios estou muito melhor, posso estudar e conseguir um bom futuro.

Para onde o Sr. Bispo me quer levar, não sei como será, é com a condição de não voltar mais a casa, por isso não voltarei mais a ver a família, nem estes lugares benditos! Cova de Iria, Loca do Cabeço, Valinhos, Poço do Arneiro, a Igreja onde fica o meu Jesus escondido e onde tantas graças tenho recebido! O sorriso da minha primeira Comunhão! Vila Nova de Ourém onde fica a Jacinta, o cemitério onde ficam os restos mortais de meu querido Pai e Francisco! Nunca mais voltar a pisar esta terra abençoada, para ir sabe Deus para onde! Sem nem sequer poder escrever directamente à minha mãe! Impossível, não vou!

E foi entre esta multidão de pensamentos sombrios que percorri o caminho desde a Igreja de Fátima, onde de manhãzinha cedo foi para assistir à Santa Missa e comungar por despedida, até à Cova de Iria.

Aí ajoelhada e debruçada sobre a pequena grade que resguardava a terra que tinha alimentado a feliz carrasqueira onde Nossa Senhora pousou os Seus Imaculados pés, deixei as lágrimas correrem em abundância enquanto que pedia a Nossa Senhora perdão de não ser capaz de oferecer-Lhe desta vez, este sacrifício que me parecia superior as minhas forças. Recordava sim, esse mais belo dia 13 de Maio de 1917, em que tinha dado o meu “Sim” prometendo aceitar todos os sacrifícios que Deus quisesse enviar-me. E esta recordação era como que uma luz no fundo da alma, um escrúpulo que me não dava paz, e me fazia verter uma torrente de lágrimas.

Nesse momento, bem longe estava eu de pensar num novo encontro, nem no cumprimento da promessa: “Voltarei aqui, uma sétima vez”. Tinha tantos mais dignos do que eu a quem podias manifestar-Te! Mas não é aos filhos mais pequeninos e necessitados que as mães socorrem em primeiro lugar? Por certo que, desde o Céu, o Teu maternal olhar me seguia os passos e no espelho Imenso da Luz que é Deus, viste a luta daquela a quem prometeste especial proteção. “Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.”

Assim solícita, mais uma vez desceste à terra, e foi então que senti a tua mão amiga e maternal tocar-me no ombro; levantei o olhar e vi-Te, eras Tu, a Mãe Bendita a dar-me a Mão e a indicar-me o caminho; os Teus lábios descerraram-se e o doce timbre da tua voz restituiu a luz e a paz à minha alma.

Disse Nossa Senhora:

- “Aqui estou pela sétima vez, vai, segue o caminho por onde o Senhor Bispo te quiser levar, essa é a vontade de Deus.

Repeti então o meu “Sim”, agora bem mais consciente do que, o dia 13 de Maio de 1917 e enquanto que de novo Te elevavas ao Céu, como num relance, passou-me pelo espírito toda a série de maravilhas que naquele mesmo lugar, havia apenas 4 anos, ali me tinha sido dado contemplar. Recordei a minha querida Nossa Senhora do Carmo e nesse momento senti a graça da vocação à vida religiosa e o atractivo pelo Claustro do Carmelo.

Tomei por protectora a minha querida Sóror Teresinha do Menino Jesus. Dias depois, por conselho do Sr. Bispo, tomei por norma a “Obediência” e por lema as palavras de Nossa Senhora narradas no Evangelho – “Fazei tudo o que Ele vos disser”.


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2 comentários:

Anónimo disse...

A luta travada pela Lúcia, antes seu do sim radical a Deus, é a de todos os "Escolhidos", para missões mais Elevadas. E a sua resistência inicial demonstra bem, o quanto humana ela era e, até certo ponto, egoísta! Se não tivesse tido a ajuda de Nossa Senhora, talvez nunca chegasse aonde chegou.
Podemos, então, depreender deste testemunho, que apoiados na Mãe do Céu-- Maria-- realmente, tudo se torna mais claro e, consequentemente, fácil.

Peçamos-Lhe sempre a Sua protecção e ajuda.

ndre da Silva disse...

É uma graça muito grande receber a visita de Nossa Senhora não sei como me sentiria se acontecesse comigo. Faria só um perdido a essa Mãe maravilhosa,dá-me a graça de poder amenizar o sofrimento das pessoas