segunda-feira, 29 de março de 2021

Mais interessa a virtude do que a reputação

As pessoas que são frágeis e sensíveis em relação à sua reputação assemelham-se às que, ao mais leve sinal de incómodo, tomam medicamentos, pois pensam que assim mantêm a sua saúde, enquanto, na prática, a deterioram. Aquelas que querendo manter tão delicadamente a sua reputação a perdem inteiramente, porque, com esta sensibilidade, se tornam bizarras, obstinadas, insuportáveis e provocam a malícia dos maledicentes.

A reputação é simplesmente como uma insígnia que dá a conhecer onde está alojada a virtude. Portanto, a virtude deve ser preferida em tudo e em toda parte. Se as pessoas dizem que és um hipócrita porque te submetes à devoção; se és tido como homem de pouca fibra porque perdoaste a injúria, não faças caso de tudo isto. 

Porque esses julgamentos são feitos por pessoas néscias e estúpidas na tentativa que a pessoa perca a sua reputação, mas nem por isso deve abandonar a virtude nem afastar-se do seu caminho, tanto mais que se deve preferir o fruto às folhas, isto é, o bem interior e espiritual a todos os bens exteriores. É preciso ser zeloso, mas não idólatra de nossa reputação; e como não se deve ofender os olhos dos bons, também não se deve querer contentar o dos malignos.

São Francisco de Sales in 'Introduction à la vie dévote' (III, cap. VII, I, 120-121)


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