segunda-feira, 10 de março de 2014

Mario Palmaro, um pai de família que combateu o bom combate

No passado dia 9 de Março, depois duma longa doença, morreu Mario Palmaro. Com apenas 46 anos de idade, este professor universitário e escritor distinguiu-se como um dos melhores estudiosos e defensores da fé católica nos tempos difíceis em que vivemos.

Aqui ficam algumas palavras suas numa entrevista a ‘Il Foglio’, onde fala da sua vida depois de saber que tinha uma doença terminal:
 
A primeira coisa que decorre desta doença é que se abate sobre nós sem nenhum aviso prévio e numa altura que não decidimos. Estamos à mercê dos acontecimentos, e não podemos fazer mais do que aceitá-los. A doença grave obriga a ter consciência que somos mortais; mesmo que a morte seja a coisa mais certa do mundo, o homem moderno vive como se nunca fosse morrer.

Com a doença percebes pela primeira vez que o tempo de vida aqui em baixo é um sopro, suportas a amargura de não teres feito o trabalho de santidade que Deus queria, experimentas uma nostalgia profunda pelo bem que poderias ter feito e pelo mal que poderias ter evitado.

Olhas o Crucificado e percebes que aquele é o coração da fé: sem o Sacrifício o catolicismo não existe. E aí dás graças a Deus por te ter feito católico, um católico “pequeno pequeno”, um pecador, mas que tem na Igreja uma mãe extremosa. Então, a doença torna-se um tempo de graça, mas muitas vezes os vícios e misérias que nos acompanharam durante a vida permanecem, ou adensam-se. É como se a agonia já tivesse começado e combate-se o destino da alma, porque ninguém está certo da sua própria salvação.

Por outro lado, a doença fez-me descobrir uma quantidade de pessoas que me querem bem e que rezam por mim, de famílias que de noite rezam o terço com as crianças pela minha cura, e fico sem palavras para descrever a beleza desta experiência, que é uma antecipação do amor de Deus na eternidade. A maior dor que tenho é a ideia de ter que deixar este mundo do qual gosto tanto, e que é tão belo e tão trágico: ter que deixar tantos amigos, a minha família, especialmente a minha mulher e os meus filhos, que são ainda novos.


Às vezes imagino a minha casa, o meu escritório vazio, e a vida continua, mesmo sem mim. É uma ideia que custa, mas extremamente realista: faz-me perceber que sou, e fui, um servo inútil, e que todos os livros que escrevi, as conferências, os artigos, são apenas palha. Mas tenho esperança na misericórdia do Senhor, e no facto que outros recolherão as minhas aspirações e as minhas batalhas, para continuarem o antigo duelo. 


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